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Crise e ódio.

Olá, Coexpat!
Crise, desvalorização, desemprego, desânimo...
Paro na nota do Valor Online. A IBM, que já havia cortado 4.600 vagas em janeiro, nos Estados Unidos, vai demitir mais 5 mil funcionários por aqui.
O assunto me faz resgatar um estudo da Organização Internacional para Migração. O trabalho busca prever o impacto da crise financeira para quem vive longe de casa.
De acordo com o documento, os imigrantes – não só eles, claro – podem esperar aumento de desemprego, especialmente nos setores da construção, finanças, comércio e serviços. Para quem conseguir segurar a vaga, a ameaça é de redução de salário e de benefícios.
Na avaliação da Organização, há ainda a possibilidade de aumento da imigração ilegal. Resultado da decisão política de limitar a distribuição de vistos de trabalho, como já fizeram Itália e Reino Unido. Um erro na análise dos especialistas. As crises do petróleo, na década de 1970, e da Ásia, em 1988, indicam que turbulência econômica não impede o vai-e-vem global. De algum jeito as pessoas vão seguir por aí, com permissão ou não...
Outra coisa perigosa, segundo o estudo: há grande chance de aumento da discriminação e do ódio ao estrangeiro – o ladrão do emprego aos olhos dos nativos.
Aí vem o Lula e diz que foi gente branca e de olhos azuis que causou a crise. Mas essa é outra história. Aqui as pessoas não têm ódio de quem - só um exemplo, ok? - distribui bônus rechonchudo depois de ter sido salvo pelo dinheiro do contribuinte.
Nesse caso parece que sentir ódio não é nobre...


Carmem Galbes

Expatriação do mal.

Olá, Coexpat!
Palavra para mim é algo que vai além do conteúdo. Tem forma, aparência, cor, cheiro, sabor. O radical expatri, por exemplo, carrega uma aura positiva. Tem um som que remete a desafio, aventura, mudança, sucesso. Essa combinação de letrinhas, não importa a desinência - se expatriação, expatriado, expatriadas, expatriar - vem sempre em cores vibrantes, tem cheiro de chuva batendo na terra seca.
Quando tocamos no assunto, falamos - geralmente - em pacote de incentivos, programa de adaptação, plano de carreira...
Mas existe um aspecto bem sombrio do tema. Não falo do lado B da expatriação, sobre os efeitos colaterais dessa vivência que mexe para sempre com ideias e sentimentos.
Falo da expatriação para o mal.
A rede de TV MSNBC exibiu nesse domingo o documentário “Undercover: Sex Slaves in America”, algo como o submundo da escravidão sexual nos Estados Unidos. Veja aqui e aqui.
O material mostra como a oferta de emprego e de estudo no exterior pode esconder um poderoso e bilionário esquema de tráfico de pessoas e de exploração da prostituição.
Mulheres que conseguiram fugir, hoje testemunhas em investigações policiais e feitas pelo congresso americano, contam como caíram nessa.
A jornada começa com oferta de emprego que exige pouca qualificação ou de programa de estudos em universidade atrelado a um trabalho para pagar os custos. Já em solo americano, com pouco domínio do idioma e com fé cega, as “selecionadas” ouvem falar em mudança de planos e seguem todas as orientações que recebem.
Em uma cidade desconhecida e com o passaporte em poder da quadrilha, as vítimas são informadas da “dívida” que têm com os “empregadores” e como vão pagá-la. É aí que a ficha cai!
Sem dinheiro, sem contato, trancadas em locais como casas de massagem ou cantinas mexicanas - caso de Houston, sob a vigilância de câmeras, e envolvidas em uma atmosfera de violência física e emocional - com ameaças à família que ficou, a experiência de expatriação dessas mulheres vai se resumir à prostituição forçada.
No relato de uma universitária ucraniana, que acreditava ter embarcado para estudos na Virgínia, a indignação por não ter desconfiado de nada. Ela disse que ouvia falar desse tipo de esquema , mas que não imaginava que poderia ser vítima dele.
É realmente difícil entender. Como pode?! Penso que o sonho e a expectativa pintam de rosa o perigo.
Os defensores dos acusados de tráfico argumentam que as mulheres escolhem estar nessa situação. É mesmo? Resgato um alerta da ucraniana: “sorriso no rosto não significa que a pessoa faz o que faz por livre e espontânea vontade.”
Aproveitando esse mês em que se costuma fazer um balanço das conquistas das mulheres: vejo que ainda estamos batendo pedra para fazer fogo. Que mundo é esse?


Carmem Galbes
Imagem: SXC

Tentei falar das flores.

Olá, Coexpat!

Hora de acordar, de comer, de dormir. Uma pequena alteração na rotina, e nosso relógio fica maluquinho da Silva. Assim como temos um despertador interno, acho que o corpo também guarda espaço para um calendário biológico.
Para mim sempre foi muito claro, calor é coisa de dezembro, janeiro, fevereiro, março e abril. Frio só lá para o começo de maio.
Mas a expatriação acabou criando aberrações climáticas. Meu último ano, dado que fiquei entre Rio de Janeiro e Texas, teve uns 10 meses de verão! Consegui pegar todo o calor lá e cá. Mesmo criada em um país em que o clima é meio doido - como faz falta o ciclo das estações! Parece que o corpo pede: “ok, o Sol já deu, é hora do aconchego de um cobertor” ou “o gelo foi bom, agora preciso de Sol.”
Mas aos poucos o calendário vai se ajeitando. Depois de um inverno com direito à neve - uma exceção em Houston - amanhã começa a primavera no hemisfério norte. Como é característico da estação, a temperatura está instável, friozinho pela manhã e um calor de agitar a alma à tarde.
Por falar em primavera, o período é de pausa nas salas de aula daqui. O spring break funciona como a nossa semana do saco cheio, em outubro.
Os parques em Houston estão lotados. Congestionamento também nos shoppings, apesar da crise...
Universitários usam o período para viagens. Cancún é o destino predileto.
Mas a coisa está estranha. É que além da crise econômica e do escândalo do pagamento de bônus aos executivos da AIG, a guerra contra o tráfico de drogas no México é o outro assunto com grande destaque por aqui.
Uma situação que não deve ficar tranquila pelo menos até agosto, acredita o Departamento de Estado americano. O órgão alerta para o perigo de viajar para o México, especialmente para locais próximos à fronteira. O cenário é de disputa pelo controle do tráfico, com aumento de índices de assaltos, sequestros e assassinatos. Nossa, que familiar!
Mas esse texto ficou esquisito! A ideia era falar das delícias da estação das flores...


Carmem Galbes
Imagem: SXC

A crise e a volta antecipada.

Olá, Coexpat!

Onde cortar, onde investir, onde se proteger. Essa crise vem estimulando exercícios e conversas mundo afora. Para quem vive em endereço gringo, a crise sustenta ainda outra dúvida, será que o cronograma da expatriação vai mudar?
Essa semana, o New York Times abordou o assunto. Com o título “A longa viagem para casa”, a matéria traz que muitas empresas - especialmente as do setor financeiro - estão antecipando a volta de seus expatriados de olho na economia que podem conseguir com isso.
Já conversamos um pouco aqui sobre o retorno ao lar. Especialistas no assunto dizem que a repatriação deve receber a mesma atenção que foi dada à família quando ela seguiu para um outro canto do mundo.
O problema é que empresas e funcionários ainda acreditam que voltar para casa é sempre muito mais fácil que partir. Uma pesquisa da KPMG, por exemplo, mostra que apenas 4% dos executivos de Recursos Humanos acham que preparar a família para a repatriação não é um investimento que traga lá tantos benefícios.
O fato é que quem já voltou diz que o retorno não é tão simples como o esperado e que a inserção em outra cultura pode abrir horizontes, mas dificulta a adaptação no próprio país.
Na matéria do NYT, Margery M. Marshall, presidente da Vandover, empresa de suporte à transição de expatriados, acrescenta que a atual situação está difícil para quem foi transferido e assustadora para quem largou tudo para acompanhar um expatriado. É que retomar a carreira na volta não é tarefa fácil e pode ficar ainda pior em meio à turbulência econômica.
Fazer o que? O jeito é tentar controlar as expectativas - isso para quem vem ou vai. Como? Minha estratégia tem sido acreditar que situações do momento, por mais difíceis que sejam, servem sempre de preparação para acontecimentos mais complexos. Resumido: relaxa, porque a tendência é que a vida enrole mais e mais... Culpa sua! Quem mandou embarcar nessa viagem?


Carmem Galbes
Imagem: SXC

Só não vale ficar mudo!

Olá, Coexpat!
Se tem uma coisa que expatriado aprende na marra é pensar antes de falar. Não, isso não tem nada a ver com amadurecimento, embora acredite que a experiência em outro país tende a abrir a cabeça.
Essa coisa de pensar antes de dar com a língua nos dentes está mais no nível básico de tentar ter domínio sobre a fala e se esforçar para ser compreendido.
Já conversamos aqui sobre o peso do idioma natal e como pode ser dolorida a adaptação à nova gramática, ao novo vocabulário e ao sentido das frases em uma língua estranha.
Mas o jeito é mesmo não ficar afobado. É que sempre tem alguém pra mandar pra longe o balde e o pau da barraca. Já vi gente fazendo mistureba de dicionários e metendo desenho, mímica, pirueta e até dança onde deveria haver simplesmente voz. E tudo bem, isso se for “no estrangeiro” e em prol da boa comunicação.
Porque tem gente que diz que no Brasil esse negócio de importar termos não pode!
Então expatriados, repatriados - ou seja lá qual for sua condição - atenção redobrada na tradução!
Como resgatado na última edição da revista Você SA, ficar aportuguesando outro idioma no Brasil pega super mal. Primeiro porque falam que é petulante, segundo porque aumenta o risco de mal-entendidos. Mas, pelo jeito, who cares - ops - quem se importa?
O fato é que por mais que isso machuque tradicionalistas, puristas e todos os istas não lembrados aqui, a língua é o que os falantes querem que ela seja e não, necessariamente, o que a norma diz que ela é. 

Carmem Galbes

Imagem: SXC

Mais um pouco sobre o tempo de quem é expatriado...

Olá, Coexpat!Ainda no esquema de usar o meu tempo pesquisando o que melhor fazer com ele, encontrei uma sugestão interessante para quem tem se sentindo perseguido por essa coisa que dizem não passar de um conceito.
No blog Mais Tempo, no post de hoje, o consultor especializado em administração do tempo - Christian Barbosa - abre uma clareira. Ele sugere uma trilha para quem está tentando dar a largada para horas mais bem aproveitadas e para você não ser pego de surpresa se a sua agenda virar de ponta cabeça.
Entre as provocações estão:
- Você está realizando atividades que vão fazer você se destacar em sua área de atuação profissional?
- Você está investindo algum tempo no desenvolvimento de um Plano B, para o caso de mudanças bruscas na sua rotina profissional ou pessoal?
- Você está conseguindo tempo para você mesmo equilibrar sua vida pessoal, seus relacionamentos importantes e sua saúde?
- Você sente que sua vida está evoluindo na direção de seus objetivos ou apenas agindo frenéticamente para resolver as urgências diárias?
Então, se está podendo, aproveite para pensar no assunto. 

E, por favor, espalhe se conseguir respostas simples.
Carmem Galbes

Imagem: SXC

Touchdown!

Olá, Coexpat!
Domingo me entreguei à "pesquisa antropológica" e entrei de cabeça no clima do Super Bowl.
Tv, appetizers, bebericos e olho no laaaance! Ééééééééé touchdown! Que essa cabeça de mulher traduz livremente como gooooooool!
Tudo bem, ainda não entendi direito as regras do jogo, mas deu pra perceber o peso do evento por aqui.
Aprendi que o negócio vai além de pura "pancadaria" em campo. Tem a ver com as premissas de todo esporte como dedicação e, no caso dessa modalidade, trabalho em equipe e tem a ver - claro - com altas cifras.
A final do campeonato nacional de futebol americano é uma festança.

Entre as curiosidades: dizem que é um dos dias em que o americano mais come, a data fica atrás apenas do dia de Ação de Graças.
O jogo não acontece necessariamente na casa de um dos finalistas. A cidade é eleita nos moldes da escolha para a sede da Olimpíada, ela se candidata e tem que provar que é capaz de receber o público, gente do país inteiro. Um grande negócio!
Por causa da grande audiência, algumas campanhas publicitárias são lançadas no horário da transmissão da final, que ocorre entre cinco da tarde e nove da noite - mais ou menos. Um espaço de 30 segundos na TV pode custar US$ 3 milhões!
Escutando rádio hoje, descobri que tem concurso depois para que os ouvintes escolham o melhor comercial.
No mais, lembra muito o que a gente está acostumado: comentaristas, convidados, bastidores.
Mas não tem jeito, no fim do jogo, mesmo sem entender lá muita coisa, já estava vibrando, xingando o juiz e reclamando de jogador folgado, acho que era saudade...Pode, saudade de futebol?!
Bom, o que eu mais gostei? Gosto de ver a paixão e o entusiasmo do povo. Mas o melhor foi mesmo a companhia durante o jogo e o show de 20 minutos do Bruce Springsteen durante o intervalo.

Carmem Galbes
Fotos: Jamie Squire - Getty Images.

Bolo de cenoura!

Olá, Coexpat!
Gostei do último post da também expatriada Aninha. Ela deixou o povo com água na boca ao servir uma série de delícias brasileiras. Pode parecer meio estranho, pra não dizer engraçado - dada a minha total falta de habilidade na cozinha - mas também vou listar a minha receita!
Bolo de cenoura! Pra falar a verdade não sei se o quitute é brasileiro, mas, no meu cardápio, ocupa lugar de destaque por adoçar a boca, as lembranças e os encontros. Minha irmã - com toda sua paciência e didática - bem que tentou, mas foi mesmo a minha mãe que me ensinou a fazer.
É tão simples que até eu acerto.

- Coloque em uma tigela:

  • 3 xícaras de farinha de trigo.
  • 2 xícaras de açúcar.
  • 3 colheres (sobremesa) de fermento em pó.
- Coloque no liquidificador:

  • 3 ovos.
  • 1 xícara de óleo.
  • 1 xícara de leite.
  • 3 cenouras médias (sei que isso é relativo, o que é médio pra mim pode ser grande pra você, enfim, siga seu coração).
Bata. Pare quando a mistura estiver como um creme. Ponha esse creme na tigela onde tem farinha, açúcar e fermento. Misture bem. Seja feliz, nada de batedeira, vá misturando com calma até não haver mais pontinhos brancos de farinha ou açúcar. Derrame a mistura, agora mais espessa, em uma forma média untada.
Coloque no forno. Você vai saber, até eu consigo ver, quando o bolo estiver pronto.
Eu gosto de fazer alguns furos com garfo no bolo e jogar por cima uma mistura de leite e chocolate. Depois cubro tudo com brigadeiro, que tem que ser mais cremoso - não pode estar no ponto de enrolar.
Sirva como quiser, mas o bolo fica ainda mais gostoso quando acompanhado de boa gente e bom papo!


Carmem Galbes

Pra inglês ver.

Olá, Coexpat!Água e esgoto encanados, luz, vacinas, geladeira, microondas, máquina de lavar, de secar, carro, metrô, avião, foguete, telefone, comida enlatada, bebê de proveta, televisão, computador, internet, clone...
O que me separa da minha bisavó ? Além do além - e que ela esteja no céu - muitos interruptores, patentes e aparatos marcam a distância.
Mas nunca me senti tão lá atrás na história e tão perto dela como hoje.
O país que se diz o mais aberto à igualdade de sexo teve que baixar uma lei para esclarecer de uma vez por todas que não pode existir discriminação salarial.
O presidente americano assinou a lei por causa da batalha de Lilly Ledbetter. A supervisora da Goodyear descobriu que o salário dela era 40% menor que o dos homens que exerciam a mesma função e tinham as mesmas responsabilidades.
Ela entrou na justiça, mas teve negado o pedido de equiparação salarial durante os 15 anos que ocupou a função. A justificativa: perda de prazo.
Fico pensando se o gesto de Obama vai vingar. Em época em que há mais peças que tabuleiro, qual a força dessa lei?
Que é muito vantajoso ter alguém que trabalhe por menos, isso até eu sei, mas dizer que uma lei vai ser capaz de dar início à formação de uma nova mentalidade é muita, mas muita sacanagem de quem ganhou a eleição sob a bandeira da mudança.
Não é pessimismo, é senso de realidade. Tudo bem, a batalha da supervisora deu gás ao debate, mas debate que vai esvaziar exatamente por causa da criação da lei. A assinatura pra mim quer dizer mais um “ok, fiz minha parte, agora vamos mudar de assunto”.
O Brasil também não permite discriminação salarial, seja entre homem e mulher, homem e homem, mulher e mulher.
Mas, na prática, quem vai ficar comparando holerite, quando o que se quer é ter as contas pagas?
Isso me lembra um número do universo “expatriático”. Em cada 10 profissionais transferidos, apenas um é mulher . Diante desse abismo, será que essa “sortuda” que está tendo a chance da vida vai levar adiante uma batalha contra o sistema se descobrir que um colega de companhia, guardada a igualdade de função e de responsabilidade, foi expatriado em melhores condições?
Sei não.
Você pode me pedir então uma saída. Eu não tenho. Só sei que é difícil proibir o que não se tem condições de controlar.


Carmem Galbes

Imagem: Site da Casa Branca

Clima e adaptação.

Olá, Coexpat!
Depois de uns dias de temperaturas que lembraram bastante a primavera, o frio voltou a encapotar os forasteiros desse mundão que é o Texas. Nada comparado, claro, à geladeira da parte de cima da terrinha do tio Sam.
Hoje pela manhã o meteorologista anunciava 1 grau. “Cruzis”. Mas é difícil de acreditar nesse povo. Não, até que eles acertam bastante a previsão. Mas não sinto em casa o frio que paralisa lá fora. E ainda bem, né?
Mesmo assim fico pensando no porquê de em São Paulo, por exemplo, mesmo no aconchego do meu, então, lar, quase congelava a uma temperatura de cinco graus e aqui nem a de 1 exige grandes providências de vestimenta.
Aquecimento não é a resposta, acionei pouquíssimas vezes o sistema por aqui.
Talvez seja o material dos imóveis, um misto de papelão, isopor e compensado - com o perdão da minha ignorância no que diz respeito ao setor da construção civil. Esse revestimento que, aos olhos brasileiros, parece frágil e assusta na temporada de furacão pode ser um grande aliado em dias gelados, fazendo com que o frio não entre e o calor não queira sair.
Pode ser também o fato de americano adorar carpete. Aqui quase todas as residências têm pelo menos no quarto, o que deixa o ambiente - no mínimo - com melhor acústica.
Outra coisa: o povo daqui odeia abrir janela. Algumas são mesmo só uma placa de vidro. É ar, quente ou frio, ligado o tempo todo e spray, vela ou incenso para disfarçar fedor e incrementar odor.
O fato é que, se não saio de casa, vejo o frio simplesmente derrubar as folhas. O que estaria de acordo com a minha teoria de que a vida aqui pode ser vivida, às vezes, em um grande cenário. Planta quase de verdade, gosto quase de verdade, sensações quase de verdade.
Mas como quem faz o circo é o palhaço, lá vou eu dar uma volta. Vou sentir a brisa açoitar a pele, porque daqui a pouco o inverno parte para outras bandas e verão aqui é quente que só.


Carmem Galbes

Foto: Charles Bertram: Lexington Herald-Leader.

Brasileiro expatriado e a revisão de conceitos sobre segurança.

Olá, Coexpat!32 mil militares e US$ 150 milhões. Esses números sobre o esquema de segurança para a posse de Obama na última terça, em Washington, me fizeram parar para pensar sobre o meu esquema de proteção.
Não, não tenho mania de grandeza e também acho que, dadas as minhas condições de ser anônimo e desprovido de ambições político-empresariais, não careço de um aparato assim em lugar algum do mundo.
De qualquer forma, parei pra pensar.
Quem já viveu em cidades como São Paulo, Recife e Rio tem um esquema próprio, interno de vigilância permanente. A gente fica esperta ao entrar e sair de casa, ao tirar dinheiro do caixa eletrônico, ao andar a pé e de bicicleta, ao dirigir, ao pegar taxi e ônibus. A gente aprende a não ostentar, mesmo quando o valor do objeto é meramente emocional.
O conceito de perigo pelas bandas de cá é diferente. Hoje em dia, acho que Houston já não vive sob o medo da ameaça terrorista, mas tem os mesmos problemas de uma cidade grande, só que em uma escala diferente da que estou acostumada.
O Medo aqui está mais relacionado a não conseguir gastar como antes. Então toda informação que possa ser usada para roubar sua identidade e seu crédito é guardada como jóia. O povo fica atento até onde joga o lixo com esse tipo de informação.
Mas quando o assunto é segurança na rua, fica até engraçado. Ontem mesmo vi uma entrevista em que o Xerife aconselhava o povo a trancar a porta do carro e a não deixar objetos de valor expostos. Mais interessante ainda foi ver o “seo” guarda deixando bilhete nos veículos dos mais desligados: “feche o vidro na próxima vez”.
Outra coisa, aqui é raro ter porteiro nos edifícios residenciais e não se faz registro para subir nos comerciais. Cada escritório que se cuide. Além disso, a segurança em locais como shopping é pública. É polícia mesmo rondando, segurança particular só dentro das lojas mais caras.
Mas o que é incomum pra mim é não ver câmera pra todo lado. Tenho uma suspeita do motivo. É que o povo aqui, apesar de ser cada um na sua, não deixa de botar a boca no trombone. Denuncia mesmo. Chama a polícia! Então parece que todo mundo se vigia o tempo todo. É a lei do “se-eu-não-posso-ninguém-pode”.
Isso não quer dizer que não tem coisa errada. Tem sim, claro. Vou dar um exemplo de como o negócio pode ficar feio.
Outro dia, entrando em um restaurante bem conceituado, leio o aviso na porta: “proibido entrar armado”.
Ahh...lembrei de outra coisa: uma matéria, na época do ano novo, alertava para o fato de ser proibido dar tiro para o alto durante as comemorações da virada. Gente!!!
Resumindo, aqui não é normal alguém te apontar a arma no cruzamento, mas é normal andar armado. E ser humano é desequilibrado por definição. Então, fica difícil comparar...

Carmem Galbes

Imagem: SXC

O tempo e a paciência de quem é expatriado...

Olá, Coexpat!
Olha o “causo”.
A cena: inscrição para o curso de pronúncia aqui nos States.
A rotina: depois de avaliação oral e escrita, sigo para uma sala onde um primeiro ser humano anota dados pessoais e o código do curso. Sigo para uma segunda sala.
Percebo que o código do curso refere-se a outro horário. Em vez de um dois no final de sequência de 5 números, há um zero. Nessa segunda sala alerto para a questão. O segundo ser se limita à: “vamos ver como vai sair no recibo”, e me manda para o caixa.
Sigo assim para uma terceira sala, onde falo com um terceiro ser sobre o código do curso. Enquanto passa o cartão, o sujeito se limita: “não é minha área”. Claro que o recibo traz o curso com o horário errado.
Volto à segunda sala. O segundo ser diz: “vá à quarta sala”. Lá, um quarto ser preenche uma requisição de troca de horário e me diz: volte à segunda sala”.
Volto. O segundo ser me recebe com ar de que não se lembra de mim. Acerta o horário e diz: “volte ao caixa”.
Lá o terceiro ser arruma o horário e diz: “prontinho”.
Duração do percurso: não sei, foram tantos seres que esqueci de olhar para o relógio...
Burocratas eles? Não, eu é que sou. Deveria ter mudado o número à mão mesmo, antes de entrar na segunda sala!
Jeitinho brasileiro? Não, praticidade, economia de tempo e de rugas!


Carmem Galbes

Imagem: SXC

Igreja cá e lá.

Olá, Coexpat!
Dia desses botei na cabeça que tinha que ir à igreja. É meio que um ritual turístico, se bem que moro em Houston. O fato é que ainda não havia ido a igreja por aqui. Tenho disso: católica desnaturada, de alma ecumênica e com menos fé do que preciso.
Gosto do ambiente das igrejas pelo que ele é e pelo que representa. Acho interessante a arquitetura e a decoração - se é que esse é o termo mais adequado. Gosto do silêncio.
Surpresa para mim foi a dificuldade para entrar num lugar desses. É que, diferente do que estou acostumada no Brasil, igreja aqui só fica aberta durante os rituais: missa, batismo e casamento.
Tentei dar uma espiada enquanto um funcionário da manutenção deixava o lugar e foi ele que me deu a dica.
“Quer rezar? Tem a capela ali. Para conhecer, só durante o tour”. 
Então tá, assim me juntei ao grupo de velhinhas.
Diz a história que a Catedral de Houston foi o primeiro espaço religioso oficial construído na cidade. Foi levantado no centro em 1839, quando Texas ainda era um país e Houston era a capital.
Como aconteceu com muita igreja por aí, o local também enfrentou seu incêndio, com prejuízo principalmente para as obras do altar, mas seus vitrais nunca se abalaram nem diante de um furacão.
Na contramão do que acontece em outros estados, o bispo fica aqui, e não na capital Austin. O motivo: o tamanho da cidade, a quarta mais habitada dos EUA.
Mas vamos às coisas que me chamaram a atenção:


  • A entrada principal fica na lateral e não no fundo da igreja. 
  • O local tem, claro, um memorial para os mortos em guerra. 
  • O espaço tem muito madeira. 
  • É tudo impecável. 
  • Tudo limpo, tudo bem cuidado. 

Achei a igreja muito bonita.
Mas não tem gente! Não tem vela acesa! Não tem reza! Não tem ninguém fazendo promessa!

Estranho...

Carmem Galbes

Fotos: arquivo pessoal

Natal cá e lá.

Olá, Coexpat!
Quanto tempo...É essa época, parece que todo mundo fica doido. Até o relógio fica com pressa. Falta tempo pra tudo. Pra comer com calma. Pra falar com calma. Até o bom dia vira um bom diaaaa.
Então mais um tópico para minha lista “1000 coisas que são absolutamente iguais lá e cá”: espírito de natal. Como não tenho os dados compilados vou me limitar ao que tenho observado nesses últimos dias...
* Estacionamento em shopping: faz parte da cultura daqui as pessoas não se importarem com o fato de você já estar esperando pela vaga. Se tiverem chance, cortam mesmo a sua frente. Imagine essa característica em um ambiente superlotado. Engraçado que o povo briga para parar na porta da loja. Olha aí um exemplo de cultura competitiva, quanto menos se anda a pé mais o ser se sente um vencedor, o campeão das paradas mais próximas de lojas superengarrafadas...
* Decoração natalina: na maioria, os enfeites são bonitos e criativos, mas esse é mais um ponto em que a cultura competitiva entra em cena. Aí você vê coisas inacreditáveis, difíceis até de descrever. Mas que tem casa que deve ser visível da Lua nessa época, ah, isso tem...
* Papai Noel em shopping: o ser fica lá, horas e mais horas, fila grande de dar dó, molecada chorando, correndo, os pais de cara virada um para o outro...O que eu percebi de diferente é que a criançada não ganha balinha. Outra coisa: nada de pai fotógrafo. Fotos são permitidas só pela empresa autorizada. É click na máquina e crash no bolso.
* Folga: como é inve
rno, o povo não se anima muito para viajar. As escolas param apenas por duas semanas. Sei de escritório que vai funcionar pelo menos meio período no dia 24.
* Presente: deve ser igual em todo lugar, todo mundo gosta e todo mundo quer!
* Promoção: é preciso ter cuidado com as farsas. Tem lojinha engraçadinha que primeiro dobra o preço para depois cortar pela metade, espertinhos...
* Cartões de natal: as malas diretas de sempre.
* Comida: ainda não sei, só posso falar sobre isso depois de amanhã...
* Amigo secreto: aqui quem dá o presente é que é secreto. Quem recebe é que tem que descobrir quem deu. Mas esse é assunto para a nossa próxima conversa. Meu secret Sant foi muito interessante!


Carmem Galbes
Fotos: Greater Houston Convention and Visitors Bureau

Expatriação e casamento.

Olá, Coexpat!
“Expatriação não é para quem gosta de viajar, é para quem pode mudar o seu jeito de viver.” Com essa frase a professora da Fundação Getúlio Vargas, Maria Ester de Freitas, conclui uma pesquisa sobre como vivem os executivos expatriados e suas famílias.
Venho matutando sobre o tema não só porque sou esposa de expatriado, mas também porque tenho ouvido histórias de relacionamentos que se complicaram depois da mudança. Infelizmente, tenho acompanhado o sofrimento de uma coexpat que viu seu casamento afundar em terras estrangeiras...mas isso é coisa para o blog dela, se ela tiver um...
Navegando por aí, achei poucos, mas importantes dados sobre o tema. Um exemplo, a estabilidade familiar está entre os três principais fatores para o sucesso ou fracasso da expatriação e a principal causa para o retorno antecipado do expatriado é a não adaptação do cônjuge - traduzindo: happy wife, happy life!
Mas quem se importa? Ah, as empresas têm se importado sim. Afinal, fracasso na expatriação e prejuízo financeiro andam juntos. O fato é que ninguém fala claramente sobre o casamento no processo de expatriação.
As empresas contratadas para ajudar na transição cultural sabem muito bem como apresentar a cidade, mostrar escolas para os filhos e indicar a marca de sabão em pó. Mas não sabem preparar o terreno para o fator mais importante e que tende a ficar vulnerável nesse período: a relação familiar.
Em sua pesquisa, a professora Maria Ester de Freitas diz que “a esposa, ainda que compartilhe das esperanças do futuro promissor de seu marido, estará contabilizando as perdas... Ela se sente despojada de sua casa, onde tudo funcionava; da cidade, onde ela tudo conhecia; do idioma, que era a sua pátria; da sua profissão, que ela não pode exercer por razões burocráticas; do seu status pessoal e social, pois agora ela é apenas a esposa de alguém; de todo o seu conhecimento do cotidiano. A perspectiva do seu olhar é localizada no passado e no presente; o primeiro que lhe dá a segurança de que ela não é uma incompetente, o segundo que lhe atesta a necessidade de começar do zero, de descobrir o enigma existente em cada detalhe da vida diária. Nos momentos de desespero o presente vai ficar muito pesado, o passado será idealizado e o futuro não será visto. A sua energia emocional será investida em manter os pés no chão, de sobreviver ao teste da realidade, de ter os sonhos postergados. Não é de se estranhar que a vida não seja fácil durante os primeiros meses em que a esposa está gerindo as suas dificuldades, bem como se ressentindo do papel de coadjuvante onde a emoção positiva e o glamour ficou todo concentrado no outro personagem. A vida aqui vai girar em rotações diferentes e paradoxais... Temos expectativas sobre o comportamento do outro, mas não o temos sob controle e isso eleva o nível de nossa vulnerabilidade.”
Mas quem tem coragem de falar que vai doer? Por que não dizer que vai doer tudo, mas que passa e que a experiência pode estreitar laços e aumentar a cumplicidade? Mas quem tem a receita? Eis a delícia, não tem receita! Por um breve momento temos a chance de desenvolver nossos próprios métodos e isso pode ser uma gratificante aventura.
E sem puxar sardinha para nosso lado querida Coexpat, nas palavras da professora Maria Ester: “é a infraestrutura domiciliar quem vai dar o suporte para a produtividade e para as decisões criativas do nosso expatriado. O sucesso da empresa vai depender da esposa e não
do expatriado!”


Carmem Galbes
Imagem SXC

Depende...

Olá, Coexpat!

Tenho uma professora que costuma iniciar a aula com uma pergunta do tipo “qual você prefere?" São geralmente extremos: gastar ou guardar? Calar ou falar? Ir ou ficar? E quase sempre a resposta é depende.
Ela simplesmente não aceita. Quer argumentos para apenas um lado. O exercício é interessante. Escolhemos um lado, nos prendemos a ele, nos apaixonamos, criamos vínculos profundos para convencer a gente mesma de que o lado escolhido é definitivamente o melhor, mas sempre fica aquela pontinha de “por outro lado...”
E por que é mesmo que a gente tem que viver só em uma margem se uma outra está disponível, além de um rio no meio? Diz ela que é para treinar a argumentação. Ótimo exercício, péssima prática - no meu “humirde” ponto de vista.
É que acho que quanto mais a gente escorrega para um lado, mais a gente afunda, mais a gente complica, mais a gente se perde.
Alguém pode dizer, mas e os valores? Ok, se você preferir, pode repetir pra você mesma que os valores têm de ser imutáveis, mas que de tempos em tempos a gente tem que revisitar os motivos para determinadas filosofias de vida, ah isso a gente tem! Não que eu goste de sarna. O fato é essa cachola repleta de leis, regras, normas e condutas é como guarda-roupa, às vezes fica meio ultrapassado, sabe...Tem coisa que está fora de moda ou apertada, tem coisa que está gasta, tem muita tranqueira também, sem contar aquilo que você nem lembrava mais que tinha.
Botar o armário abaixo é um porre? Minha professora que me perdoe, mas só uma resposta é capaz de satisfazer esta coexpat aqui: DEPENDE!


Carmem Galbes
Imagem: SXC

Black Friday pra lá de preto...

Olá, Coexpat!
Muito interessante a dinâmica por aqui. Depois de passar a penúltima quinta-feira de novembro em sintonia com a energia da gratidão - não, o propósito do dia de Ação de Graças não é só encher a pança de peru - o americano acorda na sexta pronto para fazer o que mais ama, comprar!
Dizem que os preços despencam. É um dia à La Magazine Luiza, em que as pessoas acampam na porta das lojas para ter a chance de comprar bens que pareciam inatingíveis.
Não consegui acompanhar de perto...mas quem enfrentou o Black Friday chegou com a sacola cheia.
No rádio, em vez da situação do trânsito, informações sobre a lotação dos estacionamentos nos shoppings, o tempo de espera por uma vaga e por aí vai...
A loucura é tamanha que esse ano saiu até morte. Um funcionário do Walmart foi pisoteado pelos consumidores.
Foi uma sexta pra lá de preta pra ele e, apesar da recessão, bem gorda para o comércio, que vendeu 1% a mais em relação ao mesmo dia do ano passado.
Não bastasse o Black Friday tem ainda o Cyber Monday, versão virtual da sexta, com vendas bombando pela internet, só que na segunda-feira. Resultado positivo também. Em média um celular foi vendido a cada 12 segundos nesse dia, um recorde diz o povo aqui.
Ouvi falar que o termo Black Friday vem do Black Tuesday de 29, aquela terça de 1929 em que a bolsa de Nova York quebrou. Começou a ser usado nos anos 60 para traduzir o caos no trânsito na volta do feriado. Como aqui a quinta de Thanksgiven é dia de passar com a família - mais ou menos como o nosso natal - o povo lota as estradas. Nos anos 70, o Black Friday virou sinônimo de lotação nas lojas. Porque é na sexta pós Thanksgiven que os comerciantes dão a largada à queima de estoque, já que ninguém aqui é adepto de mercadoria encalhada.
Mas o que me chama a atenção é essa história de você agradecer e depois praticamente galopar rumo às compras. Sei bem que quando dinheiro entra em cena a gente perde a compostura, parece que a gente fica com o diabo no corpo...e - não vem não - que isso acontece com todo mundo pelo menos uma vez na vida ou até um baita arrependimento bater...
Mas o que vem ao caso é que necessidade é essa? Que tanto a gente precisa comprar? Que bom negócio é esse que deixa o povo louco a ponto de não enxergar que tem um ser sob o sapato de alguém?
Ok, você pode argumentar que é fácil falar, que é difícil resistir ao apelo do bom negócio ou que estou dizendo isso porque não tive chance de cair nessa farra.
Sei não...acho que falta criar um dia da reflexão, tipo castigo de criança, sabe? “fica aí sentando pensando um pouco”. Mas a quem interessa isso? O comerciante fica feliz de vender e o consumidor satisfeito por pagar um preço de big Mac - porque banana aqui é cara pra caramba! Dessa vez até o cara da funerária ficou feliz! Ah, lembrou do funcionário do Walmart. Se ele gostou? Piadista você, hein... Depois desse Black Friday só mesmo uma mesa branca pra saber...


Carmem Galbes
Imagem: Paskova/Getty - Daily News

Blá-blá-blá fashion.

Olá, Coexpat!

Quanto tempo! É que no mais fiel modelo americano de ser, fiz as malas e parti para a casa de gente queridíssima para passar o dia de Ação de Graças, ou Thanksgiven Day.
Foi super bom, para não dizer supimpa. É muito interessante esse negócio de moda na língua, não é mesmo? Não, não tem nada a ver com piercing ou coisas do gênero. Tô falando do jeito de falar, mora?
Você sabe que vida a pessoa leva pelo jeito que ela fala. Ok, isso não é novidade, é, aliás, motivo de piada, quando não, de preconceito...
Mas o fato é que o povo que está longe acaba ficando meio démodé no “Portuga” - outros dois termos que entregam - no mínimo - a idade...
Mas gostei do flash back e vou continuar o lero nesses termos.
A viagem foi tranquila. Não enfrentamos congestionamento, dizem que é um feriado louco porque muitas firmas emendam na sexta e todos querem curtir...
Sobre o jantar, o peru estava do peru. Mas como a noite é uma criança, depois de alguns “drinques”, belisquetes e umas horinhas de sono, vestimos nossas japonas e caímos na night.
Claro que Nova York não está nem um pouco aí para o fato de alguém falar que a noite está quente ou que a noite está agitada, mesmo porque a noite bomba sempre.
O lance é que foi da hora poder tirar o dia para agradecer...e no maior estilo W de ser: WHATEVER*, outra que, segundo os mais plugados, já era...
Então já é, já foi, tô zarpando. Beijo nas crianças.
*Tanto faz, não me importo, não ligo e por aí vai...

Carmem Galbes
Imagem: SXC

Viva o canivete!

Olá, Coexpat!

Tem gente por aí especialista em criar ferramenta. A pedra, por exemplo, virou fósforo, depois isqueiro, acendedor automático e deve vir mais por aí...
Agora se tem uma coisa que todo muito é especialista é em improvisar ferramenta.
Já vi chiclete virar durex e durex fazer as vezes de band-aid. Já vi clips dar uma de botão e granpeador bancar máquina de costura. Já testemunhei também chapinha de cabelo passando barra de calça e lápis de escrever corrigindo sobrancelha falha. Essa é famosa: base de unha na meia-calça.
E acho que a vida é isso mesmo, um constante exercício de improviso.
Claro que é bom sonhar e planejar! Isso é bom e saudável. Mas é loucura achar que as coisas vão sempre sair como o desenhado. Aí, quando se espera um prego e vem um parafuso, o gênio não faz outra coisa com o martelo, além de segurar. Tem umas doidas que dão com ele na cabeça, mas isso é outra história.
Quando penso em mudanças, novidades e desafios, essa é a imagem que vem: uma grande caixa de ferramentas escancarada, com as coisas meio espalhadas, meio organizadas. Sei que vou em busca das mais adequadas, mas que vou ter sucesso mesmo se for criativa e se não abrir mão do meu canivete, daqueles cheios de surpresas. Mas o melhor da história é que muitas outras ferramentas vão passar a fazer parte da minha coleção.
E para que servem aquelas chavinhas do móvel novo senão para montar o próximo que a gente comprar? Pra que servem as experiências senão para preparar a gente para situações ainda mais complexas?
Tudo bem que as ferramentas certas facilitam a vida, e não sou contra pares perfeitos como martelo e prego, chave de fenda e parafuso. O fato é que nem sempre isso é possível. Além do mais sou - na maioria do tempo - do tipo que acha que a vida não é mesmo fácil, e por que seria?


Carmem Galbes

Champanhe francês, endereço africano.

Olá, Coexpat!
Navegando por aí, fui parar na África e fiquei sabendo que Luanda - capital da Angola - é a cidade mais cara do mundo para o expatriado.
O levantamento foi feito por uma consultoria de RH, a ECA. A empresa avaliou o custo de vida em 370 cidades e concluiu que o expatriado gasta muito mais para viver lá porque a lista de compras é recheada de produtos importados. Vem comigo para a nossa conversa de ontem. Aí está a confirmação prática e literal do meu argumento. Quando a gente resiste às mudanças e impede a aproximação de novos costumes a gente pode pagar caro por isso. Lógico que não há como ignorar que Angola está sendo reconstruída, que por 26 anos enfrentou uma guerra civil de lascar e que os últimos cinco anos não têm sido um mar de rosas... Mas lembra daquele negócio de sair na chuva? Então, vou além: tá no inferno, dá um uta no capeta. Sei que essa é uma mudança radical. Ter que viver em meio a ameaças, escassez e escombros não é tarefa fácil, mas penso sempre na oportunidade da experiência. Sempre penso que - no mínimo - a gente vai ter história pra contar, nem que seja para o terapeuta... Você deve estar se perguntando, ok, mas o que tem a ver a meia com o cadarço? Tem a ver que expatriado costuma ter um impulso na renda e tende a achar que “uhu, to podendo!” Nessa, não sobra espaço para a tentativa, porque - geralmente - a gente tenta mesmo só quando aperta de verdade, quando a água bate na sunga... Mas é muito fácil falar, né? Se tivesse lá, provavelmente ajudaria a ratificar a conclusão do especialista. Mas só me resta mesmo dar pitaco, afinal estou nas bandas de cá, onde o povo tá meio assim de gastar, onde importado não passa de sinônimo para preocupado - exemplo: tenho me importado com os padeiros - onde todo dia tem uma ultra mega liquidação, a atual - aliás - é a do dia dos veteranos. A propósito, a segunda cidade mais cara para o expatriado é Oslo, capital da Noruega. Paris e Londres? Cara pra turista!

Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...