Black Friday pra lá de preto...

Olá, Coexpat!
Muito interessante a dinâmica por aqui. Depois de passar a penúltima quinta-feira de novembro em sintonia com a energia da gratidão - não, o propósito do dia de Ação de Graças não é só encher a pança de peru - o americano acorda na sexta pronto para fazer o que mais ama, comprar!
Dizem que os preços despencam. É um dia à La Magazine Luiza, em que as pessoas acampam na porta das lojas para ter a chance de comprar bens que pareciam inatingíveis.
Não consegui acompanhar de perto...mas quem enfrentou o Black Friday chegou com a sacola cheia.
No rádio, em vez da situação do trânsito, informações sobre a lotação dos estacionamentos nos shoppings, o tempo de espera por uma vaga e por aí vai...
A loucura é tamanha que esse ano saiu até morte. Um funcionário do Walmart foi pisoteado pelos consumidores.
Foi uma sexta pra lá de preta pra ele e, apesar da recessão, bem gorda para o comércio, que vendeu 1% a mais em relação ao mesmo dia do ano passado.
Não bastasse o Black Friday tem ainda o Cyber Monday, versão virtual da sexta, com vendas bombando pela internet, só que na segunda-feira. Resultado positivo também. Em média um celular foi vendido a cada 12 segundos nesse dia, um recorde diz o povo aqui.
Ouvi falar que o termo Black Friday vem do Black Tuesday de 29, aquela terça de 1929 em que a bolsa de Nova York quebrou. Começou a ser usado nos anos 60 para traduzir o caos no trânsito na volta do feriado. Como aqui a quinta de Thanksgiven é dia de passar com a família - mais ou menos como o nosso natal - o povo lota as estradas. Nos anos 70, o Black Friday virou sinônimo de lotação nas lojas. Porque é na sexta pós Thanksgiven que os comerciantes dão a largada à queima de estoque, já que ninguém aqui é adepto de mercadoria encalhada.
Mas o que me chama a atenção é essa história de você agradecer e depois praticamente galopar rumo às compras. Sei bem que quando dinheiro entra em cena a gente perde a compostura, parece que a gente fica com o diabo no corpo...e - não vem não - que isso acontece com todo mundo pelo menos uma vez na vida ou até um baita arrependimento bater...
Mas o que vem ao caso é que necessidade é essa? Que tanto a gente precisa comprar? Que bom negócio é esse que deixa o povo louco a ponto de não enxergar que tem um ser sob o sapato de alguém?
Ok, você pode argumentar que é fácil falar, que é difícil resistir ao apelo do bom negócio ou que estou dizendo isso porque não tive chance de cair nessa farra.
Sei não...acho que falta criar um dia da reflexão, tipo castigo de criança, sabe? “fica aí sentando pensando um pouco”. Mas a quem interessa isso? O comerciante fica feliz de vender e o consumidor satisfeito por pagar um preço de big Mac - porque banana aqui é cara pra caramba! Dessa vez até o cara da funerária ficou feliz! Ah, lembrou do funcionário do Walmart. Se ele gostou? Piadista você, hein... Depois desse Black Friday só mesmo uma mesa branca pra saber...


Carmem Galbes
Imagem: Paskova/Getty - Daily News

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