Família, família...

Olá, X!
Demorou para os experts darem o braço a torcer. Aliás, tem gente que ainda resiste em admitir. Embora não precise ser gênio para saber, o diretor do curso de especialização da escola de negócios do MIT, Stephen Sacca, salienta que sem o ajuste da família não há estudante expatriado - por mais brilhante que seja - que tenha sucesso no programa. "Como grande parte dos alunos vem de outros países, tentamos criar uma comunidade sólida de relacionamento e apoio para suas esposas, maridos e filhos. Assim, as famílias não se sentem tão deslocadas durante o período do programa", diz.
Sacca conversou com o repórter do Valor Econômico, Rafael Sigollo. Texto completo só para assinantes.
Lendo sobre as estatísticas do curso do MIT, difícil mesmo não prever o peso da família no processo.
Para começar, a média de idade dos alunos é de 38 anos, período - geralmente - de criançada correndo pela casa.
O curso é puxado. Exige dedicação integral, além de disponibilidade para viagens, durante um ano.
Para completar, o investimento é alto. O próprio MIT prevê que, em 12 meses, o aluno gaste cerca de US$ 80.000 - isso com matrícula, livros, casa, comida e roupa lavada.
O fato é que metade dos alunos tem bolsa de suas empresas, além de licença remunerada. Então não dá para levar - e nem seria possível - o programa na brincadeira.
Quem financia quer, no mínimo, envolvimento e grandes resultados.
Mas tem uma coisa que o poderoso do MIT não salientou. O apoio da família é fundamental, inclusive, depois do canudo conquistado. É que - como já conversamos aqui - por mais que o investimento da empresa seja alto, não há garantia de nada na volta para a casa.
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Expatriado Virtual.

Olá, X!
Você pode ser uma expatriada e não saber. Aliás, você pode ser uma expatriada mesmo sem botar o pé fora do Brasil. É que para ser expatriada hoje basta estar conectada!
A edição de outubro da newsletter da consultoria Mercer usa uma palavrinha para dar uma abrangência e tanto ao conceito de expatriação, virtual. Isso mesmo, as empresas agora tem o expatriado virtual, “este colaborador caracteriza-se por ter um local de trabalho num determinado lugar, mas com responsabilidades e papéis em outros países, com os quais mantém contato permanente via videoconferências, conversas on-line, etc. Viaja para os outros países ocasionalmente por curtos períodos de tempo”, explica o texto.
Pelo jeito não adianta mesmo. Você pode até recusar o convite de transferência, mas não tem como escapar à tal das adaptações culturais, porque de repente puf, e você é uma expatriada...sem as angústias da mudanças, mas sem as compensações financeiras do processo...
A consultoria tem percebido ainda algumas mudanças nos processos de expatriação. A mobilidade internacional vem descendo os degraus hierárquicos, “cada vez mais os processos de expatriação estão abertos a colaboradores mais juniores, que ainda se encontram numa fase inicial de carreira.”
Isso, de acordo com a consultoria, traz consequências interessantes. As chamadas transferências de curto prazo - menos de um ano - têm sido mais constantes, assim as famílias têm por opção não acompanhar o profissional expatriado, que volta com mais frequência para a casa.
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Quando o pimpolho já nasce um expatriadinho.

Olá, X!
Hoje a conversa é inspirada nas amigas de longe, abençoadas pelo crescimento da família.
Dizem que o planeta está com menos fronteiras - particularmente não acredito muito nisso. Dizem que o bom é ser cidadão do mundo. Nossa, falam tanta coisa. O fato é que se a gente não sabe para onde vai, tem que ao menos ter uma noção de onde vem.
Isso foi um problemão até pouco tempo atrás para o filhote de brasileiros que nascia no exterior.
Entre 1994 e 2007 muitos pimpolhos simplesmente ficaram sem nacionalidade porque uma emenda à Constituição dizia que para ser brasileiro nato não bastava, como previa a Carta de 1988, que a criança expatriada fosse registrada no consulado brasileiro. Passou a ser necessário que ela vivesse no Brasil antes dos 18 anos.
Você pensa, “ok, meu filho vai ter a nacionalidade de onde nasceu.” Só que a gente sabe que a vida não é simples assim. Como alguns países não dão nacionalidade local aos bebês de pais estrangeiros, muitos brasileiros acabaram apátridas. A estimativa é de que 200 mil brasuquinhas ficaram sem um registro de referência.
A confusão foi resolvida com o ajuste da lei em 2007. Se o seu baby nasceu nesse período nebuloso, em que se emitia passaporte provisório para os herdeiros de brasileiros lá fora, fique atenta às regras.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, “para que filho de cidadão brasileiro tenha a nacionalidade brasileira é necessário realizar o registro de nascimento em repartições consulares brasileiras até a data em que a criança completar 12 anos. Após essa data, o registro de nascimento somente poderá ser efetuado no Brasil, por ordem judicial. A certidão consular de nascimento deverá ser posteriormente transcrita, no Brasil, no Cartório do Primeiro Ofício do Registro Civil do local de residência do registrando. Na falta de residência ou domicílio no Brasil, a transcrição será feita no Cartório do Primeiro Ofício do Registro Civil do Distrito Federal.”
Já ouvi, sim, brasileiro dizendo que não fazia questão de o filho ser também brasileiro, e acrescentava um sonoro “nada como ter passaporte de uma região desenvolvida...”
Mas, como lembra o advogado Marcel Moraes Mota, a palavrinha nato faz - sim - diferença, “os casos previstos na Constituição são quatro: extradição (art. 5º, LI), cargos (art. 12, § 3º), função (art. 89, VII) e direito de propriedade (art. 222).
Sei que seu filho será a melhor pessoa do mundo, mas vai que...
O brasileiro nato em nenhuma hipótese pode ser extraditado, o que não ocorre com o naturalizado, que poderá ser entregue à Justiça de outro país em caso de crime comum, cometido antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico de drogas afins.
Outra coisa, vai que sua cria queira entrar para a carreira política pelas bandas de cá. Só brasileiro nato pode seguir carreira diplomática, ser presidente ou vice-presidente da República, ser presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, ministro do Supremo Tribunal Federal ou da Defesa.
E se ele tiver a chance de se transformar em um mega empresário? A propriedade de empresa jornalística e de radio é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos. “Não se trata de impedir, de forma absoluta, aos naturalizado tais propriedades, mas de condicioná-la a prazo de dez anos de naturalização”, explica Marcel.
Então, se o seu expatriadinho está quase chegando, aproveite para se atualizar sobre os trâmites burocráticos na hora do registro. A página do Ministério das Relações Exteriores traz mais informações sobre o assunto.
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Quando a porta não é grande o bastante.

Olá, X!
A ideia hoje era conversar sobre o registro de filho de brasileiros que nasce no exterior.
Só que tinha me esquecido de como tem coisa que simplesmente muda o curso do dia, apesar de esse tipo de acontecimento não ter nada de grave.
Quer situação mais sacal que ficar esperando a entrega de algo, seja lá o que for?
Pois é, mudança tem disso. Hoje passei o dia à mercê do entregador do sofá. Ele poderia aparecer entre 8 da manhã e 6 da tarde. Perfeito. Assim não tem problema, pra ele, né?
O moço até que não judiou. Apareceu 2 da tarde. Mas o móvel era grande demais para as portas do Ap. Fez viagem de volta para ser desmontado. Ai que saudade do Ikea...isso pra ser bem suave...
Resuminho: tempo perdido para mim e para ele, irritação de saber que vou ter outro dia assim de espera e total falta de concentração para falar de qualquer coisa que exija um pouco mais de cuidado, caso da cidadania brasileira.
Eu sei, Deus é brasileiro. O assunto de cidadania por aqui parece simples, mas teve um período - até 2007 - em que muitos brasileirinhos nascidos pra lá da fronteira simplesmente ficaram sem pátria por causa de uma confusão na nossa lei.
Mas isso é assunto para amanhã...
A cada dia basta o seu sofá emperrado na porta!
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Expatriação! Aceito?

Olá, X!
Outro dia vimos aqui que tem muita gente que, apesar de receber o tão desejado convite para fazer as malas, escolhe não cruzar as fronteiras. Os motivos vão do receio de que a família não se adapte à nova cultura até a dúvida de que a experiência internacional realmente gere benefícios para a carreira.
O bom é que medos e incertezas para fulano podem ser a oportunidade que beltrano esperava.
É fato que as empresas não vão deixar de expatriar, ainda mais em um mapa-múndi cada vez mais padronizado.
Então segue um contraponto para a matéria da edição de setembro da Revista Você SA.
O Jornal Valor Econômico de hoje mostra, por exemplo, que a Odebrecht tem investido pesado na expatriação. Texto só para assinantes do jornal.
A reportagem de Marli Olmos aponta que dos 90 mil funcionários da empresa 47 mil trabalham longe de seus países de origem.
O vice-presidente internacional de pessoas e organização, Genésio Lemos Couto, diz no texto que “ao se internacionalizar a empresa percebeu necessidade ainda maior de dissipar a cultura entre os empregados nos países onde atua. Ao mesmo tempo, percebeu-se que enquanto sobrava mão de obra qualificada em alguns lugares havia falta em outros. Isso trouxe a necessidade do intercâmbio de talentos.”
Então para você que está aí em meio aos sinais de mais e de menos, vai mais um dado para ajudar a dificultar a sua escolha de ficar ou de partir. Porque se a decisão fosse simples, tenho certeza que você trataria logo de complicá-la.
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Endereço real, mundo virtual e o jeitinho brasileiro.

Olá, X!
Que saudades!
Eu juro que venho tentando manter uma certa regularidade em nossos encontros, mas a mudança de endereço vai além de acertos geográficos. É móvel pra comprar, utensílio pra lavar, roupa pra guardar, papelada pra organizar e serviços, muitos serviços para instalar. A rima - bem ordinária, aliás - é só para lembrar que essa rotina ameaça abalar até esse seu resistente bom humor.
Exemplo: o mundo virtual pode avançar o quanto quiser e na velocidade que puder, que o mundo real sempre vai estar lá para lembrar que as coisas não são tão fáceis quanto um click.
Só agora, depois de quase um mês na casa definitiva - até segunda ordem - tenho, finalmente, acesso à internet.
Tentamos a Oi. Mas parecia até uma espécie serviço pré-pago. A rede ficava disponível no máximo 15 minutos por dia e caía. Depois de algumas conversas no call center e muitos números de protocolos, decidimos mudar de fornecedor. Agora é torcer para dar certo!
O bom é que, se o Brasil segue pecando pela qualidade no fornecimento de serviço, ainda é possível encontrar gente com boa vontade, funcionários que querem resolver - independente do logo que representam, do salário que recebem, etc e tal.
Pode não parecer, mas isso ajuda enormemente. O tal do jeitinho - alvo de tanta crítica - é o que tem segurado a barra de muitas empresas, inclusive das gringas.
É muito interessante. Lá fora o protocolo soa muito profissional. O funcionário que entra na sua casa para prestar um serviço segue todo uma metodologia. Primeiro ele vai ter certeza de que o espaço pode receber o tal serviço. Se há algum empecilho, passa o caso para o apoio técnico, não tem muito essa de ficar buscando soluções criativas junto com você. Ele só segue em frente se está tudo ok. Aí sim separa equipamentos e ferramentas. Preenche os formulários. Faz a instalação. Ele não aceita água, não puxa conversa e procura ao máximo não agredir costumes. Lembro do caso de uma amiga japonesa que pediu para o instalador da TV a cabo tirar os sapatos para entrar na casa dela. Ele disse que não faria isso - entendo: o chulé, a unha grande, a meia rasgada, enfim...mas o fulano tinha uns saquinhos para envolver os sapatos que possibilitaram o desfecho diplomático para a cena. Sem crise.
Aqui o cara pede água, pede para usar o banheiro, aproveita para observar a casa enquanto procura o cabo da TV, brinca, sem crise também...A vantagem é que se a internet não funciona, o ser, sem cerimônia, bate à porta do vizinho, pede o moden emprestado para testar e descobre que o aparelho que está na sua casa tem defeito. E quando você percebe, o vizinho, o bichinho de estimação do vizinho, o ajudante do prédio...tá todo mundo na sua casa na batalha para você poder entrar na internet!
E assim as coisas vão se resolvendo e se encaixando. Assim a repatriação vai acontecendo. Assim a gente volta a se falar. Que bom!
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Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...