Quando a gente não sabe, a gente aprende!

Dia desses levei meu filho em uma pista específica para ele brincar com o hoverboard, essa coisa elétrica de duas rodas, um tipo de skate ou patinete sem guidão. 
Ele nunca tinha subido num negócio desses...
Capacete, cotoveleiras e joelheiras no lugar, lá vai ele para as instruções: para ir para frente, incline o corpo para frente. Para dar ré, jogue o corpo para a trás...sempre direcione o corpo para o lugar que você quer ir. Se cair: levante. Para subir de novo no brinquedo: pise aqui e aqui. 
Pronto!
Bora curtir?
Eu sentei e fiquei observando... como criança aprende rápido! A instrutora deve ter segurado um minutinho só nas mãos dele...
Vi como ele teve paciência e cuidado até pegar segurança...
Ele caiu? Trocentas vezes.
Levantou? Trocentas vezes. 
Percebi que a cada tombo ele levantava mais rápido, afinal ele tinha meia hora para deslizar, não podia ficar pensando muito sobre a queda. Era uma escolha: ou ele se lamentava ou voltava logo a brincar. O que ficou mais fácil a cada tombo foi subir sem ajuda no equipamento.
Eu lá sentada e mentalizando o equilíbrio do meu pequeno, resolvi abstrair...e a expatriação começou a piscar nos meus pensamentos como um luminoso.
Uau: ser coexpatriada é como andar pela primeira vez de hoverboard!
Você embarca em uma experiência totalmente nova. Mas por mais que você receba orientação, é totalmente natural você cair, cair muito e continuar caindo. Mas você foi instruída a se levantar. E a cada tombo, você se levanta e, cada vez mais rápido, volta a deslizar. É difícil? Concordo, não é fácil. Mas é um processo que pode ser aprendido a ponto de você se esquecer como tombou no começo!
Tem risco? Claro que tem! Para meu filho poder andar nesse troço, eu assinei um termo assumindo toda a responsabilidade em caso de tombos, roxos, contusões e quebradeiras.
Tem risco em uma expatriação? Zilhões! O correto seria você se informar e ser informada, como aconteceu na pista de hoverboard, sobre todos os riscos.
Mas saber sobre os riscos não torna o processo mais fácil ou seguro, só exime responsabilidades, mas te prepara em caso de emergências!
Bom, meu filho pode se machucar nisso? Qual o hospital mais próximo?
Bom, posso passar por isso e aquilo em um outro país? Onde vou buscar socorro? O que eu vou fazer para me recuperar? 
Eu poderia ter falado para meu filho: você não vai é muito perigoso! Mas ali eu achei que não era pra tanto.
Você também pode optar por não embarcar em uma expatriação se você considerar os riscos muito altos. A decisão é sua.
Se eu estivesse convicta de que andar de hoverboard é muito perigoso, meu filho poderia protestar, chorar, me odiar, que eu não deixaria...
Se você estiver convicta de que uma mudança vai machucar demais, não vá...mas aguente os protestos, choros e aquela dúvida: será que eu não aguentaria mesmo?
Então é isso: como pilotar hoverboard, expatriação tem a ver - principalmente - com aprendizado: sobre cultura, modo de vida e sobre você!! E tem muito a ver também com paciência, autonomia, responsabilidade sobre os próprios atos e sentimentos, humildade, fé e disposição de criança para começar de novo e de novo. 
Pronta para aprender?
Não sabe como fazer? Converse comigo, sei como te ajudar!
Estou sempre no contato@leveorganizacao.com.br
Mais informações em www.leveorganizacao.com.br

Carmem Galbes

Estamos nos preparando direito para uma expatriação?

O que mais pesa em uma transferência, a mudança cultural ou a mudança da rotina da família, dos filhos, da mulher que acompanha o profissional transferido? 
É possível separar os dois?
Todas nós tememos o famoso choque cultural. Desconfio que ele pode até matar (de medo, de tristeza, de angústia, de vergonha...), tanto que muitas empresas que mandam seus funcionários para outro lugar investem pesado para tentar apresentar o máximo da cultura antes da família partir: promovem encontros em que se fala sobre os costumes, as leis, o clima, as tradições locais.  Investem em treinamento intercultural. Pagam pela mudança, pelo transporte do bichinho de estimação. Custeiam serviços especializados para ajudar a família a encontrar casa, comida, escola e contratar serviços no novo endereço. Patrocinam reuniões com brasileiros que já vivem no país de destino. Bancam cursos de idioma.
Isso tudo é fundamental! Uma ação e tanto para que a vida comece com dignidade em uma nova cultura.
Mas isso basta?
Tratar a questão cultural, entender as 4 fases da adaptação em uma nova cultura e ter paciência para passar por elas são suficientes para que, após um ano ou dois, estejamos nos sentindo confortáveis com a nova vida?
Se é isso, como explicar o sentimento ambíguo de parte das coexpatriadas: a de, sim, se sentir em casa após um tempo, mas completamente desconectada de si mesma e insatisfeita?
Se é uma questão de fazer de forma competente uma transição cultural, como explicar  a mesma dor que percebo em muitas mulheres que acompanham seus parceiros em uma transferência profissional dentro do Brasil? Aqui não há mudança de idioma, talvez de uma palavra ou outra. Há alguns costumes e comportamentos típicos do lugar, mas nada que seja ofensivo ou muito difícil de lidar.
Será que dedicamos devida atenção ao choque na rotina que sofremos quando deixamos o nosso endereço de sempre?
A  mulher pode não ser a "estrela principal" do processo de expatriação. A mudança pode não ter sido motivada pela carreira dela (como acontece em 80% dos casos), mas a sua vida é virada do avesso por causa dessa transferência: deixa amigos, referências, rede de apoio, a própria carreira, independência financeira...
O que mais me preocupa é que temos "virado nossa vida do avesso" na base da sorte, da tentativa e erro, do "vamos ver no que vai dar."
Será que esse lado B de uma expatriação entra, pelo menos, em pauta na hora de se decidir pela transferência de alguém?  Será que a equipe envolvida na expatriação pensa, em algum momento, como a mudança vai afetar a vida, a felicidade, a saúde de quem acompanha o profissional transferido? Será que quem transfere e a família transferida ainda pensa que o valor do salário compensa tudo?
Encarar essa reviravolta na vida de quem acompanha não seria um caminho pra oferecer um suporte adequado? 
Pesquisas mostram que os pacotes de expatriação oferecem, em média, 13 benefícios. Mesmo assim, das expatriações que fracassam, 75% foram porque a família diz não ter se adaptado. Como assim, se há tanto esforço para a adaptação? Não se adaptou a que, ao local ou a vida totalmente diferente da que se tinha?
Não seria a hora de começar a encarar com mais seriedade esse lado B da expatriação para que a família possa buscar e as empresas possam oferecer um suporte mais adequado e, assim, evitar danos tão profundos na vida das pessoas expatriadas?
Percebo que algumas empresas começam a olhar para esse lado que, quando mal administrado, pode afetar em cheio o desempenho de seu colaborador. Tem empresa, por exemplo, que paga um salário para a esposa do funcionário. Já vi em pacotes de expatriação que a empresa disponibiliza assessoria para recolocação profissional do acompanhante (voluntariado), isso mesmo, voluntariado entre parênteses, porque visto para a esposa trabalhar é outro assunto.   
Pela minha experiência, meu trabalho como coach de esposas expatriadas, tenho certeza que a abordagem precisa mudar. Mas preciso ter isso tabulado, passado no papel para que vire um documento! Quem sabe as coisas não mudem?
Por isso, eu gostaria que você me falasse como se sente com relação a sua experiência como a mulher que acompanha um profissional transferido.
Proponho algumas perguntas. O link dessa pesquisa está aqui e no fim do texto.
Você não precisa se identificar. Caso faça, seus dados estão protegidos.
Se queremos um resultado diferente com relação ao sucesso pessoal e profissional nos processos de expatriação, temos que começar a agir diferente.
Para responder a pesquisa, clique aqui.
Obrigada pela sua participação!


Carmem Galbes
Imagens: Freeimages

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...