A Teoria das Necessidades e as necessidades da esposa expatriada.

Quais são as necessidades da "esposa expatriada"?
O que falta na vida de quem está em uma realidade de renda familiar alta e com acesso aos benefícios do pacote de expatriação?
Alguns poderiam responder: não falta nada! 
Então por que tanta insatisfação, tanta dor de quem está nesse papel?
Flertei com a Pirâmide de Maslow para tentar desvendar esse enigma.
Criada pelo psicólogo norte americano Abraham H. Maslow, na metade do século passado, essa teoria atribui uma hierarquia ao que a gente precisa. Pelo esquema, nós só subimos na pirâmide conforme satisfazemos as necessidades de cada nível. Então, não adianta nada querer falar sobre autoestima para uma pessoa que passa fome. Primeiro ela tem que comer bem, dormir bem, para poder pensar em deixar uma situação de violência, por exemplo.

Fitando a pirâmide, quase acredito que a "esposa expatriada" já poderia estar bem lá no alto na satisfação de suas necessidades.
Mas sabe o que eu acho mesmo? Que essa mulher que está longe de casa para apoiar o sucesso do profissional transferido simplesmente toca o terror nessa pirâmide e bota tudo abaixo!
Começando pela base:

  • Necessidades Fisiológicas: comer, matar a sede, dormir e fazer sexo.

* Essa mulher está comendo bem? Sim a família tem dinheiro para comida, mas ela aceita a culinária do lugar onde está vivendo. Seu organismo recebe bem os condimentos, os ingredientes ou isso tem arrebentado com o estômago e o fígado dela
* Essa mulher está dormindo bem? Ou seu cansaço por ter que lidar com a casa e a rotina sem a rede de apoio a que estava acostumada tem lhe roubado horas de descanso? Será que seu sentimento por ter deixado carreira, renda, posição social tem mexido com a qualidade do sono?
* Será que essa mulher tem tido relações sexuais na quantidade e qualidade que precisa? Será que o casal está bem ou a mudança de vida na rotina da mulher e do homem tem mexido com a disposição dos dois?


  • Necessidades de Segurança: Liberdade, ausência de guerras, proteção contra violência, qualidade do meio ambiente.

* Será que essa mulher está vivendo em um local em que se sente segura ou tem que sair de casa em
carro blindado, apenas para uma determinada região, em determinado horário porque pode ser roubada, sequestrada, estuprada
* Será que ela está em um local em que os atos terroristas estão comuns
* Será que ela tem que viver em um determinado endereço, fechada em um condomínio por estar em uma zona de conflito, de guerra
* Será que ela se sente livre ou não pode usar a roupa que quer, não pode dirigir, não pode falar como gostaria por ser mulher, pela tradição local não permitir? 
* Será que essa mulher está sempre insegura porque mudou-se para uma área onde os terremotos são comuns? Onde há furacões? Ou é uma usina nuclear que atormenta a sua vida?

  • Necessidades Sociais: família, amigos, grupos sociais, comunidade.

*Onde estão os pais, os irmãos, tios, primos, amigos dessa mulher? Estão longe? Como ela lida com essa distância
* Ela conseguiu estabelecer uma rede de amizades com pessoas que ela realmente se identifica
*Como é o dia dessa mulher? Com quem ela conversa? Ela tem interação real, cara a cara com alguém? Ela sai de casa
*Ela consegue entender o que falam e se fazer entender no idioma local
*Ela consegue ter um diálogo adulto
*Ela consegue traduzir os códigos culturais
*Ela tem vizinhos? Conversa com eles

  • Necessidade de Estima: aprovação da família, aprovação dos amigos, reconhecimento das comunidades.

* Como a família encara a mudança? Aprova ou a expatriação é motivo de briga, de manipulação emocional, de distanciamento das relações
* Será que as decisões que tomou em nome da mudança são reconhecidas e o papel dela na expatriação é valorizado pela própria família?
* Será que os amigos entendem a decisão dela de mudar a própria vida em nome do desenvolvimento de outra pessoa, ou ela é julgada por ter tomado essa decisão
* Será que ela desenvolve alguma atividade que ela mesma atribui valor e que é valorizada
* Será que essa mulher pode trabalhar ou seu visto não permite, o diploma não pode ser validado?

  • Necessidade de autorealização: educação, religião, passatempos, crescimentos pessoal.

Dependendo da situação dos outros níveis, como imaginar que uma mulher que tem suas necessidades não atendidas sistematicamente pode ter ânimo, ímpeto para buscar um crescimento pessoal, para ter fé em algo, para relaxar, se divertir e aproveitar para também se desenvolver com a expatriação?

Nossa, desenhando parece que fica tudo mais claro, né?
Não adianta exigir uma postura madura, de apoio ao processo de expatriação, quando necessidades tão básicas estão sendo sistematicamente negligenciadas.
Ok, Carmem, mas quem tem que olhar para isso?
Todos, todos os envolvidos em uma transferência e vou além, todos que são próximos da família transferida. 
É preciso identificar e entender os desafios de um processo de expatriação para que a família tenha chance de perceber como ela pode se preparar para eles. Isso é papel da própria família e de quem está trabalhando para transferí-la. 
É preciso que as pessoas próximas tenham um olhar atento para apoiar essa família e fortalecer a mulher. Pode ser pai, mãe, amigo, faxineira, professora do filho, profissional de Global Mobility, esposa expatriada do colega de trabalho expatriado...não importa, expatriação é para ser feita em rede!
Cônjuge apoiado, apóia!
Cônjuge olhado, olha!
Cônjuge reconhecido, reconhece!
Cônjuge abraçado, abraça!
Cônjuge feliz, família bem, expatriação também!

Carmem Galbes

Expatriação: quando todo dia pode ser incrível!

Olá, Coexpat

12 de outubro: feriado aqui no Brasil!!
Isso me leva à uma reflexão: hoje feriado pra mim é legal porque a família fica reunida! Ponto!
Mas quantas vezes o feriado foi FAN TÁS TI CO? Não pelo que ele me proporcionava, mas pelas coisas das quais ele me afastava! Coisas que eu simplesmente detestava fazer mas não me desapegava...Por que? Salário, reconhecimento alheio, medo, preguiça, desconhecimento...
Quantas vezes passei a semana à espera do sábado e do domingo - domingo que ficava deprimente já no fim da tarde...
Quantas vezes passava o mês esperando o feriadão ou o ano não vendo a hora de o período de férias chegar? 


Quantas vezes fiquei doente de verdade - gripada, com garganta infeccionada? De pensar que o tratamento que precisava mesmo era de uma folga, de um tempo. O que eu precisava de verdade era fazer o que eu realmente gostava, o que fizesse sentido para mim.
Foi fácil descobrir?
Não! 
Foi preciso uma coexpatriação, melhor - várias - foi preciso largar crachá, terninhos...foi preciso descer do salto para perceber o que me faz bem.
Foi fácil abraçar isso?
Não! Todo dia preciso descartar um monte de lixo para seguir em frente.
O que me ajudou e ajuda ainda hoje? Autoconhecimento, método, prática, paciência e essa perguntinha:
O que você faria até de graça? 
Aí vem aquela pulguinha: fazer o que ama? Ser feliz? Como? E a fome, a miséria, as desgraças do planeta?
Então tá, deixa eu adocicar a pergunta: como a sua paixão pode ajudar a salvar o mundo? 

O que falta você fazer o que ama e amar o que você faz
Não sabe por onde começar para conseguir essas respostas? 
O coaching pode ser o caminho.
Não sabe o que é coaching? 
Coaching é um processo com início, meio e fim, que te leva de uma situação A (não desejada) para uma situação B (desejada). O coach, que é o profissional que conduz o processo, adota uma metodologia para isso.  
É assim que funciona! Você quer mudar, às vezes  nem sabe o que, não sabe como, mas quer fazer diferente, quer ser diferente e busca a parceira com um coach para te ajudar nisso.
Mas e quando a pessoa tinha a vida que queria e não tem mais? Quando tinha a casa que amava, as amigas por perto, a rede de apoio funcionando, uma carreira que trazia independência financeira e reconhecimento social? Pior, e quando ela perde isso e sabe que não voltará a ter, pelo menos igual ao que tinha antes de embarcar nessa vida "longe de casa", em um outro estado, em um outro país?
Para a mulher que coloca os próprios interesses em segundo plano para apoiar a carreira do parceiro em outro lugar, ter força para reconhecer no coaching uma fonte de apoio nem sempre é algo simples.
Quase ouço pensamentos agora: "Para que fazer coaching se 'virei' dona de casa? Como vou pensar em um objetivo se não tenho ânimo para planejar um jantar? De onde vou tirar dinheiro para bancar isso?"
Aí que está a importância de um processo especialmente desenhado para a esposa expatriada.
Nesse caso, o coaching é conduzido como um grande processo de organização externa e interna. É preciso que a esposa expatriada - que eu, carinhosamente chamo de coexpatriada - aterrisse de forma suave nesse novo ambiente. E, se por acaso despencou, é preciso que ela junte as peças e organize-se.
O endereço mudou. A alimentação mudou. Os horários mudaram. A rotina mudou. As demandas da família mudaram. A mulher mudou.
É preciso um passo a passo É preciso abrir e organizar - também - todas essas caixas: a agenda da mulher tem que voltar a existir, a rotina tem que ser restabelecida, os recursos internos, os talentos têm que ser novamente identificados, as ideias tem que ser limpas, o ânimo restaurado e um objetivo tem que ser declarado! Não importa o que, não importa o tamanho, pode ser qualquer coisa, desde que seja único e exclusivo da mulher! 
Tudo isso para que a coexpatriada tenha, também, a oportunidade de ter uma realização pesssoal, só dela, nessa transferência, apesar de ela ter sido motivada pela carreira de outra pessoa.
Para mim, coaching para quem acompanha o profissional transferido já deveria estar no pacote de benefícios faz tempo! Já deveria ser um acordo do casal quando a conversa sobre a transferência começa.
Esse suporte tem que chegar rápido, o quanto antes, se possível, antes do embarque, antes de a mulher entristecer, antes de a mulher perder a fé em si mesma, antes de a mulher adoecer, antes de uma família desmoronar!
Poderia argumentar que isso é fundamental porque expatriação mexe com gente, mexe com vidas, e todos merecem viver em sua melhor versão.
Mas, talvez, os números falem mais alto. A pesquisa Mobility Brasil indica que expatriação é algo caro e de alto risco de fracasso. Dos motivos para esse fracasso, a situação de quem acompanha o profissional transferido é o que tem o maior peso.
Não desperdice nenhuma chance de viver a vida que você quer!

Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...