Cinco perguntas e uma boa surpresa. Argentina.

Olá, X!
Há pouco mais de três anos Marília Pontes embarcou para a Argentina. Mas, como ela mesma diz, a especialização profissional que buscava era, na verdade, uma trilha para realizar o sonho de morar em Buenos Aires.
A história dessa expatriada é recheada de tentativas, de erros - como acontece com todo mundo - e também, claro, de conquistas pessoais e profissionais. “Essa experiência, com todas as coisas boas e ruins que me aconteceram, me fez chegar à conclusão de que é muito importante batalhar por nossos sonhos. Sinto-me uma pessoa muito mais forte hoje porque encarei obstáculos até conseguir realizar o que queria. Sempre digo que a clássica dúvida ‘E se..?’ me deixa louca e nunca poderia ter seguido minha vida com ela na cabeça. Sempre pensaria: ‘E se tivesse ido morar em Buenos Aires? O que teria acontecido?’ Para evitar fazer essa pergunta a mim mesma no futuro, corri atrás e realizei o que, na época, era o meu sonho”, conta a jornalista que, aliás, também é blogueira.
Que bom que a Marília escolheu dividir com a gente a experiência dela! Obrigada Marília!

Cinco Perguntas:
X - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
MP - Sinto que tenho dias em que me sinto em casa e poderia seguir vivendo aqui. Por outro lado, há outros que tenho vontade de sair correndo. Em linhas gerais, somos povos latinos, os brasileiros e argentinos, e temos semelhança em algumas características de nossas culturas. Entretanto, no dia-dia, é possível observar comportamentos diferentes, sobretudo em Buenos Aires. São, muitas vezes, detalhes que se tornam gigantes, dependendo de quão frágeis estamos nesse dia.
Quando eu cheguei à Argentina, há três anos e meio, queria muito me integrar com as pessoas daqui, mas não foi tão fácil assim. Passei muito tempo na companhia somente de estrangeiros, como eu. Hoje tenho amigos argentinos muito próximos, mas acredito que isso aconteceu gradualmente, depois que comecei a trabalhar.
X - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
MP - Eu sempre encarei tudo como um desafio e com muito entusiasmo. No começo foi pura empolgação, pois era tudo novo. Sinto que as dificuldades começam a partir de agora, com tanto tempo longe da família e sem poder participar de momentos importantes, como aniversários. Vejo fotos de minha família toda reunida e fico pensando que poderia ter estado ali também e se vale realmente a pena passar por tudo isso, todo esse esforço.
X - O que faria diferente?
MP - No meu primeiro ano aqui, só estudava. Hoje, penso que deveria ter começado a trabalhar antes, o que teria me ajudado a fazer amigos locais e, de quebra, economizado meu dinheiro.
Além disso, logo no princípio, comecei a namorar um rapaz daqui. Isso foi negativo por dois aspectos: Primeiro porque ele era muito ciumento e possessivo e não queria que eu tivesse contato com pessoas que ele não tivesse confiança. Em segundo lugar, porque quando o estrangeiro chega a um país diferente tem um monte de coisas novas para descobrir e o ideal é fazê-lo sozinho, trilhando seu próprio caminho.
X - Toparia ser expatriada de novo?
MP - Eu aceitaria me mudar para outro país, sim, mas não da mesma forma como fiz quando vim pra Argentina. Quando me mudei aqui, tudo dependia só de mim, e eu tinha outra energia, era mais nova. Hoje em dia eu o faria somente no caso de ser expatriada pela empresa, contando com o respaldo de uma companhia e a estrutura que ela poderia me proporcionar.
X - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
MP - Acho que quando a gente assume o desafio de ir morar em outro país há muitas ilusões e sonhos em jogo. Obviamente, grande parte das vezes, a maioria nunca vai se tornar realidade e a gente tem que estar consciente de que isso vai acontecer de qualquer maneira, porque nem tudo é como planejamos.
No meu caso, posso concluir que tive sorte. Tenho amigos muito especiais e vivo numa cidade linda, com vários parques, bares interessantes e opções culturais. Procuro aproveitar tudo que Buenos Aires tem para me oferecer e curti-lo enquanto estou aqui, porque quando não estiver mais, quero guardar boas lembranças desse período.
A boa surpresa:
Os amigos que fiz aqui. São pessoas que, mesmo que eu volte para o Brasil, estarão presentes em minha vida para sempre.

Uma expatriada em Honduras.

Olá, X!
Golpe de estado. Presidente deposto. Toque de recolher. Confrontos nas ruas. Suspensão de garantias constitucionais.
Hoje a conversa é com uma brasileira que está tendo que conviver com a confusão que se instalou em Honduras.
Elisa Vieira, casada com um hondurenho, é presidente da Associação dos Brasileiros Residentes em Honduras.
Em seguida à rápida conversa, Elisa pede que seja divulgado um relato dela sobre os acontecimentos em Honduras.

X - Os brasileiros em Honduras receberam alguma orientação especial do consulado?
EV - Não, não recebemos nenhuma orientação.

X - A sua família tomou alguma providência em especial?
EV - Não, até agora não houve nenhuma implicação grave para os cidadãos hondurenhos ou residentes de outros países. É só não andar no meio da bagunça que não tem problema.

X - Qual tem sido a sensação entre os brasileiros? Há relatos de desejo de voltar para o Brasil?
EV - Grande parte dos brasileiros que moram aqui já tem amor ao país. Muitos têm filhos aqui, negócios, muitas brasileiras são casadas com hondurenhos. Só voltaríamos ao Brasil se a coisa ficasse muito feia.

X - Vocês têm conseguido sair de casa para atividades corriqueiras, como ir ao mercado, ao trabalho, à escola, ao médico etc? Há falta de produtos?
EV - Por 2 dias não pudemos sair as ruas e tudo estava fechado. Agora as pessoas estão trabalhando normalmente. Funcionam normalmente supermercados, escolas... mas apenas das 6 da manhã às 8 da noite. Depois das 8 da noite está tendo toque de recolher.

X- Na sua opinião, de alguma forma o apoio do governo Lula ao presidente deposto Manuel Zelaya pode prejudicar a futura relação cotidiana entre brasileiros e hondurenhos?
EV - A vida cotidiana da gente, não. Os hondurenhos sempre gostaram muito dos brasileiros e já temos uma vida feita aqui neste país que nos recebeu de braços abertos. Mas a situação política e comercial entre os dois países pode, sim, ser muito afetada.
A carta de Elisa Vieira:
Estimados amigos compatriotas, jornalistas, políticos, família e todos aqueles que se preocupam e querem saber a verdade sobre a situação em Honduras,
Recebi um e-mail hoje que me deixou indignada. Foi uma entrevista feita por uma jornalista brasileira a um senhor chamado Ramon Navarro. Neste e-mail, o tal Ramon falava que aqui em Honduras há “campos de concentração”, que o exército está “matando companheiros que fazem passeata” e que há “torturas, desaparecidos e mortos”. Eu moro em Tegucigalpa, Honduras, faz 6 anos e posso afirmar que não está acontecendo nada disso. Aqui não existem “campos de concentração”. Não há torturas, nem desaparecidos nem mortos pela repressão. Sim, está tendo toque de recolher e a polícia joga bombas de gás lacrimogêneo para controlar os manifestantes que estejam fazendo muita bagunça. Mas sabem por quê? Porque alguns manifestantes da “resistência” (como são chamados aqui os que defendem o Manuel Zelaya) começam a incendiar pneus, jogar pedras nas casas, atentar contra a vida das pessoas. O exército e a polícia têm sido muito tolerantes com tudo o que eles têm feito, pra não serem mal vistos pelos organismos internacionais e pelos direitos humanos. Os manifestantes da “resistência” têm saído às ruas de Tegucigalpa em plena luz do dia, pixando muros, quebrando vidros de lojas, incendiando restaurantes, saqueando supermercados, lojas e bancos! E a polícia não estava fazendo nada! Não sei se é por falta de policiais suficientes para controlar toda essa bagunça ou simplesmente para não falar que há repressão aqui. Algumas poucas vezes, em que os militares ou policiais estavam presentes, jogaram bombas de gás ou água para poder controlar a atitude violenta dos manifestantes. E claro, agora com o Manuel Zelaya instalado na Embaixada do Brasil, a situação se complicou muito mais porque os manifestantes da resistência ficaram mais violentos, queriam tirar o ex-presidente Zelaya da Embaixada e têm feito anarquia em vários lugares do país. Um dos tais “campos de concentração” ao que este Ramon deve estar se referindo é a um campo de Baseball que está perto da minha casa. É verdade que levaram várias pessoas detidas aí, pessoas que estavam fazendo alvoroço nas ruas. Mas não tinha nada de tortura nem nada. Da minha casa dá pra ver tudo o que acontece aí e os detidos estavam sentadinhos na grama, só esperando. Depois de algumas horas, a polícia liberou todo mundo, não houve nenhum fichamento na polícia nem golpes nem nada.
Agora, para que saibam a situação do povo hondurenho: o povo hondurenho está dividido. Há muitas pessoas que estão a favor do Manuel Zelaya, mas há muitos que estão contra (provavelmente a maioria). E nós, brasileiros residentes em Honduras, estamos muito tristes e decepcionados com a postura do governo brasileiro de emprestar a Embaixada do Brasil pra ser usada como Quartel General pelo ex-presidente Zelaya. Isto é uma crise política interna, que tem que ser resolvida pelos hondurenhos. O governo brasileiro está violando o princípio da não intervenção entre os países. Manuel Zelaya colocou mais de 150 pessoas dentro da Embaixada do Brasil, ativistas seguidores dele, pessoas armadas, etc. E não respeitava os funcionários brasileiros da Embaixada, fazia o que queria lá, como se fosse a casa dele. E de lá estava incitando seus seguidores a lutar nas ruas, fazer manifestações pra sua volta ao poder. E ele é muito contraditório porque tem hora que fala uma coisa e depois fala outra. No começo chegou com um discurso falando que vinha em missão de paz, que não queria voltar ao poder, que só queria estar em seu país. Algumas horas mais tarde estava gritando: “Restituição ou morte!”
E nosso querido presidente Lula (eu votei nele nas 2 eleições) fala que é necessário restituir o Zelaya na presidência para preservar a democracia. Ora, vocês sabem o que levou a retirada do Manuel Zelaya do poder? Mel Zelaya violou a Constituição Hondurenha, desrespeitou o Congresso Nacional, o Tribunal Supremo Eleitoral, o Exército Nacional. Ele estava tentando sabotar as eleições para continuar no poder como um ditador socialista, financiado e apoiado pelo Hugo Chávez, da Venezuela. Ele invadiu a sede das Forças Armadas para tirar de lá as urnas para uma suposta “Consulta Popular” que tinha sido considerada ilegal, já que esta estava diretamente relacionada com sua tentativa de permanecer no poder e dissolver o Congresso Nacional. Isto é democracia? Querer passar por cima de tudo e de todos pra continuar no poder e fazer tudo o que lhe convém, sem respeitar as leis e os demais poderes do Estado?
Muitas pessoas que o apóiam são idealistas, pessoas que acreditam no socialismo, na igualdade social, seguidores do Che Guevara, Gandhi, Martin Luther King. Eu também admiro todos eles que lutaram pelo povo e por melhores condições de vida a todos e contra o racismo. E gostaria que pudéssemos viver em um mundo melhor. Mas é idealista a pessoa que nasceu de família fazendeira rica, que estudou só o básico porque não gostava dos estudos, que nunca teve que trabalhar duro na vida, que quando chegou ao poder gastou mais de 10 milhões de lempiras (equivalente a 1 milhão de reais) em gastos pessoais, luxo, passeios das filhas no avião do governo à Cuba e a outros lugares, compra de motos e cavalos caros, tudo com o dinheiro do povo? Que colocou várias pessoas da sua família em cargos públicos onde roubaram milhões de lempiras? Que desviou milhões de lempiras dos cofres públicos para sua campanha de reeleição sem se importar com os hospitais que não tem remédios, a desnutrição no país, a falta de educação de qualidade? Alguém que só quer poder e dinheiro e que está usando o povo para conseguir isso?
Outro discurso dele e dos seus seguidores é que só a classe rica está contra ele. Mentira! Eu viajei pelo país faz pouco tempo e tive a oportunidade de conversar com pescadores, taxistas, faxineiras, camponeses. A grande maioria não está a favor dele! Ninguém quer viver numa ditadura “socialista” como a Venezuela do Hugo Chávez!
Queremos paz neste país que nos recebeu de braços abertos! E a intromissão do governo brasileiro só está causando mais problemas, mais confusão! Até quando o governo brasileiro pretende manter Mel Zelaya na Embaixada do Brasil? Até quando vai continuar a se intrometer sem saber a realidade deste país e do seu ex-governante?
Por favor, conheçam e divulguem a realidade desta pequena-grande nação chama Honduras! E se alguém puder fazer alguma coisa para nos ajudar, faça!
Elisa Rezende Vieira
Presidente da Associação de Brasileiros Residentes em Honduras (ABRAREH)

Pode acontecer...

Olá, X!
Tem coisa que pode acontecer em qualquer lugar do mundo, seja lá no idioma que for.
Pode acontecer de um comerciante conseguir manter seu negócio aberto mesmo sem alvará. Pode acontecer de a loja dele explodir. Pode acontecer de a explosão matar dois e deixar 100 desabrigados.
Também pode acontecer de um ladrão fazer como refém a dona da farmácia que iria assaltar. Pode acontecer de a polícia chegar. Pode acontecer de o atirador de elite não errar. Tiro na cabeça do bandido! E, pode acontecer, como ocorreria em qualquer parte do globo, de a imagem ser reprisada como um mantra.
Ah, pode acontecer ainda de um motorista bêbado matar uma pedestre.
Pode ser que o segurança do banco esconda uma câmera no uniforme dele. Grave toda a agência e passe aos bandidos à quadrilha que vão facilitar o roubo.
Também pode acontecer de você estar na fila para pagar seu pão na chapa com café. De a fulana cortar sua frente e ainda argumentar que você tem uma cara boa e que você não vai se importar.
Nossa, pode acontecer tanta coisa, em tantos lugares. Mas tudo em um mesmo dia, em um mesmo país? Coincidência, né?
Quem sabe um dia pode acontecer de eu me acostumar de novo com tudo isso...
Imagem: SXC

Expatriada, nem por isso descabelada.

Olá, X!
Dia desses a gente conversava sobre aquelas coisinhas da vida que podem dar um up no dia-dia de quem está longe. Uma manicure, por exemplo.
Pensar na morte da bezerra, lidar com os medos, tratar das angústias pode ser mais fácil, ou no mínimo mais belo, quando fazemos isso fitando - mesmo com aquele despretensioso olhar baixo - unhas com cutícula em ordem, esmalte inteiro...
Naquele bate-papo eu dizia da dificuldade de se encontrar uma profissional no exterior mestre na arte de tratar as pontas dos dedos.
Mas para a expatriada Bianca - que vive na Espanha - difícil mesmo é encontrar depiladora e cabeleireiro competentes. Vai ver que é por isso que tantas Xs! conseguem deixar as madeixas mais longas durante a experiência “expatriática”...Vou parar na cabeleira...
A Bianca tem razão. Se no Brasil já é difícil você sair do salão com o corte que sonhava, imagine lá longe.
A primeira barreira é a da língua. Leva um tempo até você descobrir como pedir para cortar só as pontinhas, desfiar só um pouquinho, etc e tal.
Outra coisa, para evitar reclamação, tem profissional que faz exatamente o que você pede, se você não pede, não vai ter...No começo pode ser difícil aquela troca de ideia, tipo: “ai...o que você acha, vai ficar legal?”
E tem mais, entender a cultura local é fator decisivo para um bom relacionamento entre cliente e fornecedora. Por exemplo, não sei se os profissionais nos salões da Califórnia conseguem entender as tais das luzes californianas, bem famosas no Brasil.
Complicado mesmo pode ser na hora de acertar as contas. Não tem jeito, nas primeiras vezes é normal você ficar com aquela sensação de estar esbanjando...Mas cabelo é assunto delicado, na minha leiga opinião, vale o investimento em um profissional que vai te fazer sentir melhor e não pior!
O fato é que, mesmo pagando caro, tem serviço que exige muita reflexão, caso da “queridésima” escova progressiva.
A Veja dessa semana traz em uma matéria aquilo que a gente já desconfiava: a escova brasileira está domando os fios mundo afora.
Boa notícia para quem esperava as férias de fim de ano para correr ao salão brasileiro. Mas vamos com calma.
Dois pontos: no exterior o tratamento custa em média US$ 300, no câmbio de hoje R$ 540 - se bem que já defendi aqui que não acredito ser muito saudável ficar fazendo essa conta o tempo todo. A outra questão é a fórmula. No Brasil, muitos salões avisam já na recepção que não usam formol em seus tratamentos, por ser perigoso à saúde e por haver restrição da Agência de Vigilância Sanitária. Lá fora não há nenhuma restrição. Só que ninguém quer couro cabeludo queimado, fios danificados...ainda mais longe de casa.
Bom, o que posso fazer para tentar ajudar é dividir minha primeira experiência “cabelística” no exterior. Evitei tratamentos químicos no começo. Preferi conhecer a profissional testando a destreza dela com a tesoura. Resumindo: para não ter mal-entendido, tentei me garantir com um recorte de revista. Cheguei e disse que gostaria de um corte daquele jeito. Tudo bem que tem profissional que não gosta de ficar copiando. Mas senti que a cabeleireira ficou mais à vontade com a minha estratégia. Gostei do resultado. Ela da gorjeta. Fui para casa feliz!
Imagem: SXC

Comprar x alugar, mais um pitaco na sua dúvida.

Olá, X!
Ainda sobre o dilema comprar ou alugar lá fora.
Um brasileiro - dono de 60 propriedades em Londres - é um exemplo de como essa decisão exige pesquisa e sangue frio.
Expatriado há 9 anos, ele conta à reportagem da BBC que, em um ano de crise, perdeu 10% do que tem investido em imóveis.
No caso dele, o ciclo escassez do crédito - queda do consumo - desemprego resultou na perda de 40 inquilinos, a maioria estrangeiros que voltaram para a terra natal.
Para tentar estancar a debandada de moradores, o investidor teve que baratear o aluguel. Ele diz que o prejuízo só não foi maior porque os juros dos financiamentos das casas dele também cairam.
Como acompanhamos na entrevista abaixo, os especialistas dizem que o momento está bom para as compras.
O expatriado brasileiro ouvido pela reportagem diz que não pretende por a mão no bolso pelo menos até o ano que vem. Aí vai de cada um...
Imagem: SXC

X! Entrevista. Mercado Imobiliário.

Olá, X!
Comprar ou alugar?
Para quem está longe de casa e sabe que vai ficar nessa condição por um tempo determinado a resposta é quase certa. Mas em um momento em que os economistas dizem que o mundo já está na fase pós-crise e em que os preços de imóveis ainda está em baixa, a pergunta merece um pouco mais de reflexão.

O CEO do Grupo Catena&Castro, Inácio Rodrigo de Castro, especialista em marketing imobiliário, nos ajuda nesse processo.
Ele fala sobre os locais que apresentam as grandes oportunidades de investimento e alerta para os cuidados a serem tomados quando buscamos um imóvel no exterior.
Aproveite a entrevista!

X - O expatriado é um morador que está de passagem. Mesmo longe de casa ele considera a famosa questão “comprar ou alugar” um imóvel?
IRC - Nossa experiência comprova que 90% dos expatriados procuram imóveis para alugar. Quando compra um imóvel, o expatriado está buscando um investimento, não uma moradia.

X - A inadimplência no setor imobiliário levou a uma queda no preço das moradias. Em países como Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo, os preços seguem cerca de 11% mais baixos em comparação a 12 meses atrás. O momento é de comprar?
IRC - Nos últimos 2 meses cresceu significativamente o interesse em compra de imóveis em cidades como Nova York e Miami. Isso é um sinal de que o investidor está otimista com relação à recuperação desse setor. A crise - apesar de cruel para quem perdeu a casa - acabou criando um terreno interessante para investimento, com excelentes ofertas e forte tendência de retomada de preços.

X - Quais países guardam grandes oportunidades de negócios? De quais lugares os brasileiros devem ficar longe das compras?
IRC - Rússia é um dos países emergentes mais promissores tratando-se de mercado imobiliário. Os países da América do Sul também. Mas o brasileiro deve voltar os olhos mesmo é para o Brasil. Relatórios, como o do Banco Mundial, colocam o Brasil entre os cinco países mais interessantes para investimentos no setor.Ressalto que um dos fatores mais relevantes na aquisição e investimentos imobiliários é a segurança do capital investido. Não aconselho investir em países com sérios problemas políticos e instabilidade governamental.

X - O que levar em consideração na hora de comprar um imóvel no exterior?
IRC - Comprar imóveis por preço que tenham liquidez no futuro, ou seja, que não fuja da média de preço da região. Buscar lugares e cidades que tenham sempre uma grande demanda por investimento e contar com uma assessoria profissional para verificação da documentação e todos os impostos devidos a serem recolhidos.

X - Quais as principais armadilhas do mercado imobiliário internacional?
IRC - A compra de imóveis no exterior não é tão simples como parece, pois existem inúmeros procedimentos a serem seguidos - desde o envio da remessa financeira para o pagamento do imóvel desejado até o recolhimento de impostos que é peculiar em cada país. O importante nesse processo de compra internacional é a contratação de profissional especializado para assessoria completa. A compra direta entre investidor e proprietário não é aconselhada em lugar algum do mundo, principalmente tratando-se de uma compra em outro país.

X - Há fontes de pesquisa ou de informação para o brasileiro que pensa em comprar uma casa em outro país?
IRC - Existem sites internacionais que podem auxiliar no estudo de mercado e preços, tanto de venda como de locação. Indicamos o condo.com.
Orientamos ainda que o investidor pesquise a situação da cidade em que pretende adquirir um imóvel. Podem ajudar na decisão informações como segurança, infraestrutura, investimento público, potencial de valorização, sistema de transporte...

Contratando.

Olá, X!
Essa vai para quem está “doidio” para voltar, mas não sabe por qual caminho.
Um ano depois do início da chamada maior crise econômica desde 1929, as notícias parecem ser mais amiguinhas.
Um levantamento conduzido em 35 países pela consultoria de recursos humanos, Manpower, revela que as empresas no Brasil estão entre as que mais vão contratar no último trimestre do ano, atrás apenas da Índia.
A expectativa é que os setores de serviços e financeiro sejam os campeões em contratações.
A China é outro país que vai abrir vagas. Nas Américas, Colômbia e Argentina também pretendem aumentar seus quadros de funcionários.
Já os empresários dos Estados Unidos e México indicam que vão, no máximo, conseguir manter o número de colaboradores.
O estudo está na edição de hoje do Valor Econômico - matéria disponível só para assinantes.
Pela pesquisa, as demissões no período devem ocorrer principalmente na Europa, Oriente Médio e África.
Pedro Guimarães, diretor comercial da Manpower Brasil, disse ao repórter Rafael Sigollo que "o mais importante é que não se trata apenas de simples otimismo, mas de planos concretos das companhias para aumentarem seus quadros."
Imagem: SXC

"Pirambulando"

Olá, X!
Já conversamos várias vezes sobre a importância de cuidar da saúde do corpo, da mente e da alma quando decidimos embarcar na aventura da expatriação.
É que pode acontecer cada coisa nesse processo...a lista é grande: tem de dor de barriga à depressão.
Navegando por aí, fiquei sabendo que estamos sujeitos a desarranjos ainda mais estranhos...
Por exemplo, você conhece a síndrome de Stendhal?
Pois é, ela atinge estrangeiros maravilhados com as atrações mundo afora. Sim, tem gente que enlouquece com tanta beleza! Os sintomas são vistos mais em mulheres solteiras, com menos de 40 anos, que viajavam sozinhas e se manifestam sob forma de vertigem, perda do sentido de identidade, falta de ar, taquicardia e alucinações.
Em geral, dizem os especialistas, as pessoas melhoram assim que deixam o local, fonte de tanto encanto.
Segundo a matéria publicada no Le Monde e divulgada pelo Uol, “essa síndrome acomete (principalmente) japoneses que vão morar em Paris e não conseguem se adaptar, deprimidos por uma cidade que não é como eles haviam idealizado.”
E sobre a síndrome da Índia, já ouviu falar?
Os ocidentais são as principais vítimas. Segundo Régis Airault, psiquiatra que trabalhou no consulado de Mumbai, o choque cultural é tamanho que alguns perdem a cabeça. "A viagem, como uma separação, uma mudança, pode causar um colapso nervoso nas pessoas...Essa desconexão física parece se produzir com mais facilidade em certos lugares carregados de sentido pela história e pela cultura de origem da pessoa", explica.
Então o negócio é ficar atenta. Ninguém está livre de "pirambular", de dar umas piradinhas esporádicas, o bom é que para algumas delas a gente já consegue dar - pelo menos - nome!
Imagem: SXC

Cinco perguntas e uma boa surpresa. Cingapura.

Olá, X!
Dessa vez o olhar de expatriada vem da Ásia.
Um caldeirão cultural, Cingapura - com C ou com S, as duas formas são encontradas - está entre a Malásia e a Indonésia. República parlamentarista desde 1959, quando deixou de ser colônia britânica, o país é uma potência industrial e tecnológica, além de ter um forte mercado financeiro. Diferente do que se vê nos outros tigres asiáticos, o valor do trabalho em Cingapura não é barato, um dos sinais do alto nível de escolaridade dos habitantes.
A moeda é o dólar de Cingapura, que na taxa de hoje vale R$ 1,27.
Mas quem fala um pouco mais sobre o país, inclusive no que se refere ao impacto da crise econômica, é uma paulista que fez as malas para acompanhar o namorado expatriado.
Maria Claudia Araujo desembarcou por lá há 5 meses, tempo que ainda carrega uma boa carga do que eu chamo de TPM, tensão pós-mudança.
A Relações Públicas diz que já se articula para entrar no mercado de trabalho cingapuriano. Enquanto isso ela detalha o dia-dia por lá em seu blog.

A gente agradece as dicas!

Cinco Perguntas:
X
- Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
MC - Antes de mudar para Singapura passei um semestre na Holanda, a trabalho. Como meu namorado é holandês, morava com ele, o que facilitou muito o processo de adaptação. Apesar de algumas diferenças como o clima, comida e idioma, eu me sentia verdadeiramente em casa. Já em Singapura, não posso dizer o mesmo. Estamos aqui há quase 5 meses e sei que ainda é cedo para afirmar que não me sinto em casa, mas o país é realmente muito diferente do que estava acostumada, até na Europa. Mas Singapura é um país multicultural, com 4 idiomas oficiais - inglês, mandarim, malaio e tâmil - e gente do mundo inteiro, e fica difícil absolutamente todo mundo se sentir em casa, né? Mas ao mesmo tempo que não me sinto em casa, também não me sinto uma estranha no ninho. Não tive grandes choques culturais.

X - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
MC - A parte mais difícil é a busca por trabalho. Tenho uma boa formação e inglês fluente, e achei que fosse ser muito mais fácil conseguir um emprego do que está sendo. Mas há dois agravantes: o primeiro é o momento atual - as empresas não estão contratando muita gente e, se contratam, têm que dar preferência para os cingapuriano (iniciativa do governo); e o segundo é o meu visto - como não sou casada, não tenho visto de dependente. Mesmo meu visto estando atrelado ao do meu namorado, quando uma empresa quiser me contratar vai ter que tratar da papelada no ministério e muitas empresas preferem contratar alguém que já esteja com a situação regularizada.

X - O que faria diferente?
MC - No momento, ainda não posso avaliar o que gostaria de fazer diferente. Estou muito confortável com as decisões que tomei, inclusive a de não casar só por causa do visto.

X - Toparia ser expatriada de novo?
MC - Sem dúvidas!! Essa já é a terceira vez que moro fora (a primeira foi em Barcelona para estudar, a segunda na Holanda e agora Singapura) e adoro. É uma oportunidade única para viver novas experiências, se reinventar, mudar a rotina... é trabalhoso, e às vezes difícil, mas vale muito a pena!!

X - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
MC - Eu esperava um país moderno, limpo e seguro - exatamente o que encontrei. A tranquilidade de morar aqui não tem preço. Também esperava morrer de calor e não gostar da comida local, o que também aconteceu! Mas nada impossível de administrar. A expectativa de encontrar emprego rápido virou pó, mas ainda tenho esperança que, quando a economia der uma melhorada, novas oportunidades apareçam.

A boa surpresa:
A possibilidade de viajar para vários lugares tão distantes do Brasil que eu nem sonhava! Tailândia, Malásia, Bali, Ilhas Maldivas, Camboja, Vietnam... é tudo aqui "do lado"!

Quando a manicure não vai na bagagem.

Olá, X!
Diante da complexidade da experiência, você pode pensar com os seus cantinhos do dedão: “quem está preocupada com as unhas em meio à tanta coisa nova?”
Pode acreditar, se você é uma fiel cliente das profissionais brasileiras vai, sim - entre um suspiro e uma espiada para a cutícula gritando - sentir no peito a dor da saudade de quem deixava você pronta para dedilhar por aí.
Mas o interessante mesmo é perceber de que forma um episódio carregado de pecado - a vaidade - pode indicar como o preconceito ameaça deixar seu dia-dia em terras distantes menos produzido e, portanto, um pouco mais difícil.
Lembro que deixei o Brasil com a plena convicção de que ou aprenderia a cuidar das minhas próprias unhas ou iria ter de aceitá-las como são. Motivos: o alto preço e a baixa qualidade do serviço das manicures que atuam em outros países. Isso é o que falam por aí...Então, tentei de tudo: de unhas postiças - horrendas - ao faça você mesmo - um desastre.
Até que, abrindo a mente e batendo papo, consegui uma indicação. Cheguei a um salão de vietnamitas. Sim, em Houston, são elas as experts no assunto.
Claro, claro, elas tiram cutícula, lixam as unhas e fazem uma massagem que avança até ao antebraço. Nada de esmalte borrado. Trinta minutos, 15 dólares e 20% de gorjeta depois, você está pronta! Pé e mão saem por 25 dólares. Com o suporte de uma conta bem rápida, você argumenta: 50 Reais pé e mão, fora a gorjeta? Um absurdo!
Eu digo: enlouquecedor é ficar convertendo os gastos sem fazer o mesmo com os ganhos...mesmo assim rola uma culpa...O que pode acontecer é você não se dar esse trato toda semana...
Mas nem é esse o ponto que eu quero chegar. O fato é que, de volta para casa, fui, sem medo de ser feliz, para a manicure. Pasme! As duas experiências foram frustrantes até agora: as “magas” no assunto arrancaram cada bife que vou te falar.
Não sei se é a cultura americana de processar todos por tudo, se é o cuidado ou a delicadeza das profissionais, sei lá, mas nunca vi uma pontinha de sangue enquanto o alicate trabalhava no salão que eu ia em Houston!
Ok, manicure é cargo de confiança, vou ter que encontrar a minha! Será que tem vietnamita por aqui?
Olha o preconceito, menina!
Imagem: SXC

Expatriação: nem todo mundo entende o que é.

Olá, X!
Tenho que confessar: sou da geração que ama explicar as coisas com números, apesar de admitir que a estatística é cruel quando a exceção é a gente.
Pois bem, a última edição da revista Você SA traz aqui e aqui alguns dados interessantes sobre o universo “expatriático”. As matérias procuram indicar que a expatriação já não tem mais aquele “gramourrr” todo e que tem muita gente pensando 107 vezes até fazer as malas.
E não é que as porcentagens estampadas nos textos são de arrepiar:
* 40% das expatriações são malsucedidas. O principal motivo: a família tem dificuldade em se adaptar à cultura estrangeira- Mercer Consultoria.
* 42% das empresas garantem um cargo ao funcionário que está de volta - Mercer Consultoria.
* Apenas 8% dos expatriados são promovidos quando voltam do exterior - Hay Group Consultoria.
* 15% dos repatriados pedem demissão até dois anos após o retorno - Ernst & Young. Motivos: muitos ficam sem lugar na empresa, não recebem promoção ou voltam para as mesmas tarefas.
Eu sei, eu sei, já falaram aqui que expatriação não é pra todo mundo. Concordo! Mas é fato que tem gente que só de ouvir dizer que a água está fria, nem leva o maiô.
A repórter recorre à uma pesquisa da Companhia de Talentos Consultoria para ilustrar a resistência à mudança: “entre 2003 e 2009, o item carreira internacional caiu do segundo para o nono lugar entre as prioridades dos jovens ao escolher um emprego”. Na GE, por exemplo, o assunto está prestes a virar tabu. “Atualmente, cerca de 40% dos funcionários sondados pela companhia para uma vaga lá fora não querem deixar o país.”
Eu - “humirdemente” - poderia defender que vale a experiência. Que a vivência longe de casa planta em nossas almas as sementes da liberdade e da autossuficiência, porque, apesar de todo o suporte, a estrada da expatriação tem muitos trechos que devem ser trilhados sozinho.
E tem outra verdade que pouca gente gosta de encarar: carreira é uma, e apenas uma, das motivações da vida...
Imagem: SXC

Off road.

Olá, X!
O Estadão de hoje traz duas histórias típicas de gente que nasceu em um país marcado por tormentas econômicas, mas que nem por isso está preparada para lidar com o problema lá fora.
Na reportagem, uma brasileira - manicure na Espanha - conta como a clandestinidade e a crise fizeram com que ela voltasse para a prostituição em Madrid.
No Japão, é um operário de 52 anos - agora sem teto - quem relata como as exigências tem afunilado o já estreito mercado de trabalho nipônico.
Toda vez que recebo notícias sobre dramas de brasileiros no exterior a linguística furta meus pensamentos.
O dicionário Michaelis traz que imigrante é aquele que se estabelece em país estranho. Expatriado é quem deixa voluntariamente a pátria. Então, todo aquele que vive pra lá da fronteira é imigrante ou expatriado, tanto faz - ou faria. É que a semântica trata de diferenciar bem os dois. Tanto é que o imigrante pode carregar o adjetivo clandestino. Nunca vi um expatriado ilegal.
Diria que enquanto o imigrante parte com um planejamento próprio, o expatriado conta com uma rede de apoio que envolve aspectos psico-sócio-econômicos, o que ajuda - e muito - a integração e a permanência no exterior.
O fato é que, na recessão ou não, com ou sem apoio, quem decide partir tem que carregar na bagagem uma maleta pessoal de primeiros socorros.
É que se o imigrante não tem nenhuma garantia de que vai viver bem ao chegar ao novo endereço, o expatriado não tem nenhuma certeza de sucesso na volta para casa.
Portanto, mesmo que a viagem tenha começado em uma linda estrada pavimentada,
quem está longe corre sempre o risco de cruzar com trechos off-road, e sem GPS!
Mas...o que levar mesmo na maletinha? Cada um sabe onde o calo aperta.
Imagem: SXC

X! Entrevista. Expatriação e guarda-roupa.

Olá, X!
A cama abarrotada de roupa. Você enrolada na toalha, plantada em frente às portas escancaradas do armário e com aquela pergunta atormentando enquanto o relógio não espera: com que roupa em vou?Se até Noel Rosa ficou em dúvida, imagine quem está bem longe de casa e dos costumes?
O bom é que sempre tem alguém para facilitar o caminho de quem precisa se ajustar a um guarda-roupa gringo.
A consultora de imagem
Alana Rodrigues Alves - uma das pioneiras no Brasil - é quem conversa com a gente. Ela ressalta a importância de se conciliar o gosto próprio aos costumes locais e traz um roteiro pra lá de útil para expatriadas e expatriados viverem com elegância essa fase da vida.
Aproveite as dicas!

X - Roupa, cabelo, unha, maquiagem...Respeitar a cultura que nos recebe é fundamental, ainda assim é possível a adequação aos padrões locais sem agredir o próprio conceito do que é belo?
A história da vestimenta surgiu com a necessidade de proteção do corpo contra agentes externos, como o frio - por exemplo. Mas já faz tempo que percebemos como uma pessoa pode se diferenciar da outra por meio da roupa. Hoje a imagem que refletimos é de extrema importância e de rápida absorção por todos os meios - pessoal, social ou profissional.
Muitos locais possuem códigos de vestimentas diferentes da nossa cultura, por isso é importante que se pesquise sobre o destino para diminuir as chances de gafes e constrangimentos.
Interessante que os problemas podem ocorrer dentro de um mesmo país. Acompanhe essa história: uma brasileira integrada aos costumes de uma metrópole americana vivia seu dia-dia com roupas de grifes, saltos, maquiagem marcante e cabelo sempre escovado.Um dia se deparou com a transferência do marido para uma cidade do interior, onde tudo era calmo, pacato e com quase nenhuma opção de consumo. Ela continuou usando o que estava acostumada, até sair de casa e perceber que as pessoas olhavam de forma diferente para ela. Na escola de seus filhos ninguém nem a cumprimentava, nos lugares que frequentava - como mercados, farmácia, shoppings - se sentia um peixe fora d'água.
O problema é que, naquele lugar, ela transmitia ostentação excessiva e um ar de superioridade. Essa imagem afastava as pessoas que se sentiam ofendidas e incomodadas com a presença dela.
Percebendo isso, ela passou a usar roupas mais simples - mas sempre de excelente caimento e qualidade de tecido - uma maquiagem mais suave e reservou a escova só para os finais de semana. Restringiu o uso de jóias e acessórios muito pesados e trocou saltos altos pelos mais baixos e sapatilhas. Isso a deixou mais suave, com uma aparência mais receptiva. Ao mesmo tempo ela não perdeu sua personalidade e estilo. Ela teve sabedoria para unir o que sempre considerou belo ao que era aceitável em sua nova comunidade. Então é importante - sim - manter sua identidade em qualquer lugar do mundo, mas é preciso adequar seus gostos à vestimenta local.

X - A mudança de endereço provocada pela expatriação pode ser um bom motivo para reavaliar o guarda-roupa. Sabemos que essa seleção depende de preferências pessoais, mas quais peças deveriam definitivamente ficar no Brasil - pois só são usadas aqui - e quais deveriam embarcar nessa nova fase da vida?
Eu desconheço peças que SÓ podem ser usadas aqui. O que pode acontecer é que, dependendo do país de destino - por exemplo a Turquia, você com certeza não irá usar uma mini-saia ou decotes profundos. Por isso, se informar sobre os costumes no novo endereço é o melhor caminho, isso ajudará você a conhecer os códigos da região, facilitando a adaptação do seu estilo ao guarda-roupa local.
Vale a dica: é sempre bom dar especial atenção a tudo que mostre muito corpo - das roupas curtas e muito justas, aos decotes profundos e até as rasteirinhas.
Peças muito características de um local devem ficar nesse local. Explico: se você mora no Rio de Janeiro e está de mudança para Paris, não leve cangas, shorts muito curtos, tops, rasteirinhas e regatas simples, pois lá - por mais que seja verão - a mulher é menos casual.
Caso esteja indo para um local muito frio, valem as botas, casacos, mantôs e tricots mais pesados.

X - O que não pode faltar no guarda-roupa de uma expatriada?
O que não deve faltar é sempre um bom jeans - para quem gosta, calças de alfaiataria, camisas brancas, camisetas em bom tecido - aqui não falo das largas, de algodão, da Hering e sim daquelas que deixam o look mais arrumado. Um blazer casual é sempre útil. Um vestido discreto e em excelente tecido - o famoso pretinho básico - é indispensável. Tricots em fio modal são simples e fazem ótimas produções. Sapatos que goste e se sinta confortável, claro que chinelo é só para praia.

X - É possível ter um guarda-roupa global, que “sirva” em qualquer cultura?
Acredito que as peças discretas são globais. Menos é mais, isso vale em qualquer lugar do planeta.

X - Que tal dicas de um look global para certas ocasiões que os expatriados enfrentam?
Jantar de negócios
Feminino
: um vestido em cor neutra - preto, marinho, cinza, bege, marrom - em excelente tecido, com comprimento no joelho e decote discreto - o canoa é perfeito. Pode ou não ter mangas, dependendo do clima. Sapato fechado com salto médio - no máximo 5 cm e formal, nada de plataformas ou salto de madeira. Bolsa carteira, jóia ou acessórios discretos - brinco, anel ou colar - e caso esteja um pouco frio, um casaquinho de tricot de seda finaliza bem a produção. Dependendo do país, o uso da calça é obrigatório.
Aqui o que deve chamar a atenção são os negócios e não o seu corpo ou um acessório em especial.

Masculino: Sempre mais fácil. Terno em excelente qualidade com comprimentos de mangas, calça e paletó corretos e em cor preto, marinho ou cinza escuro - nada de ternos em cores claras. Uma bela camisa e gravata que combine com a camisa e o terno escolhido. Um bom relógio e sapatos im-pe-cá-veis. Barba sempre feita.

Encontro com colegas e suas famílias
Feminino
: uma calça em jeans ou sarja em bom estado e que esteja vestindo bem. Uma blusa que esteja de acordo com o clima, mas nada de peças justas, muito decotadas, cavadas, que apareça a alça do sutiã. Sapatilha ou um sapato mais confortável, nem pensar em tênis e roupa de ginástica. Se estiver mais quente, pode-se usar um vestido discreto em modelagem, mas com estampas e cores mais vivas - comprimento no joelho, e uma sandália confortável.
Se estiver frio, um bom trench com uma bela echarpe ou pashimina e bota.
Aqui o que conta é o estado da sua roupa e se está se vestida adequadamente ao corpo que tem. Se esses dois pontos estiverem ok, estará bem. Isso vale para os homens também.

Masculino: uma calça jeans ou casual com uma pólo e sapatênis fazem bem o papel. O que não dá são bermudões floridos, chinelos, camiseta estampada, camisas em poliéster, sapatos ou tênis muito gastos.
A regra para homens e mulheres que querem transmitir uma boa aparência é: roupas em boas condições, que vistam bem - isso não quer dizer que se estiver em forma pode usar roupas justas e curtas. Os sapatos devem estar sempre limpos e bonitos.

X - No caminho inverso, que dicas daria para a expatriada que está voltando para o Brasil? O que não deixar de trazer?
Tudo para um clima de verão, afinal tudo aqui é mais usável. Quanto ao guarda-roupa, não temos muitos pudores. As peças muito invernais - como casacos e blusas de lã, peles, luvas, boinas, um monte de botas, roupas térmicas e de esqui - ficarão guardadas no armário por um bom tempo. Aqui o inverno é muito sutil e rápido.

X - Faz alguma indicação de leitura ou pesquisa?
Os livros da Gloria Kalil: Chic Homem e Chic Mulher, Chic(érrimo) e Alô Chics.

X - Gostaria de acrescentar algo?
A arte de se vestir bem e de causar uma boa impressão está baseado no auto-conhecimento. Como isso não é fácil e, muitas vezes, nosso senso crítico não vem acompanhado de técnicas, o auxílio de um consultor de imagem pode ajudar muito no
processo.

Destino: ali na esquina.

Olá, X!
Eu sei, a carreira tem pautado nossas últimas conversas. É que, vira e mexe, tem alguém falando sobre como o expatriado - ou aquele que quer ser um - deve trabalhar o currículo para embarcar nessa aventura.
Eu também sei que a família que planeja uma mudança dessas viaja legal nas promessas de regiões como Europa e Estados Unidos, mas tem gente dizendo que esse trajeto anda meio congestionado.
O jornal Valor Econômico traz na edição de hoje uma matéria que aponta que muitas das vagas para expatriação estão por aqui mesmo na América Latina.
Texto na íntegra só para assinantes do Valor.
O repórter Rafael Sigollo ouviu Carlos Ferreira, o
responsável pela Michael Page, consultoria especializada no recrutamento de executivos de média gerência. O entrevistado aponta os endereços em alta. "Nosso foco está na contratação e movimentação de executivos em países como Colômbia, Peru, Costa Rica, Panamá e Venezuela", diz.
Na reportagem, Ferreira comenta as particularidades de cada destino. "A Colômbia tem um grande mercado e é um dos que mais contratam hoje. Já a Venezuela possui profissionais com excelente formação e dispostos a se mudarem devido à situação política e a falta de oportunidades do país. No Panamá, por sua vez, a remuneração é muito atraente e há demanda por executivos, mas falta pessoal qualificado. Geralmente, os expatriados ocupam os cargos mais seniores por lá", afirma.
Então tá, o negócio e dar um gás no espanhol...
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Qualificação, expatriação e a "marvada".

Olá, X!
Dia desses conversamos aqui sobre como esse tal de mercado está cada vez mais seletivo com quem planeja incluir no currículo a badalada experiência estrangeira.
Ok, você pode abarrotar seu portfólio com requisitos tecno-sócio-culturais, mas no fim das contas quem decide se você vai ou se fica lá longe tem sido mesmo uma dona poderosa, a tal da crise, aquela que começou com o rerererefinanciamento de imóveis nos Estados Unidos.
Pois bem, apesar de o secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, ter dito que "já melhoramos muito”, ele advertiu que “ainda precisamos melhorar muito mais".
O fato é que enquanto as coisas não têm essa melhora pretendida pelo secretário, cabeças - ou melhor - cabeções - rolam pelo mundo.
Um exemplo. A Espanha é o país com a maior taxa de desempregados na zona do Euro: 18,1%. Um levantamento da Universidade de Navarra aponta que a situação é menos grave entre os espanhóis com diploma universitário, faixa em que o nível de desemprego é de 8,1%. Até aí, nada de novo. Minha bisavó já dizia que diploma ajuda.
A coisa está pesada mesmo para os “colaboradores” estrangeiros com alta qualificação. Nesse caso nem o canudo salva a lavoura. O índice de desemprego entre imigrantes com nível universitário que vivem na Espanha atingiu 20,3%, mais que o dobro entre os nativos com terceiro grau.
Aí você pode pensar que o jeito é enfiar a viola no saco e fazer o caminho de volta. O interessante é que uma pesquisa do HSBC feita com expatriados em 26 países - inclusive Espanha - mostra que apenas 15% falam em repatriação mesmo com a "marvada" na cola...

Cinco perguntas e uma boa surpresa. Suécia.

Olá, X!
O Expatriadas volta a receber a valorosa impressão de brasileiras que cruzaram fronteiras.
Dessa vez o relato vem da Suécia, precisamente da capital Estocolmo.
Essa monarquia parlamentarista tem como vizinhos a Noruega e a Finlândia.
Um dos países mais desenvolvidos da Europa, com a economia baseada no setor de serviços, a Suécia assumiu esse ano a presidência da União Europeia. 1 Euro (EUR) = R$ 2,64.
As temperaturas médias variam de -3 a 18 graus.
Já são quase 8 anos longe. Tudo começou quando Paola - aos 23 anos - deixou o Rio Grande do Sul rumo à Inglaterra, onde passou um período estudando.
Em 2007 o amor ao parceiro definiu o novo endereço: Suécia.
Quando Paola aceitou gentilmente o convite para essa troca de experiência, se classificava como “jornalista e relações públicas no passado e atualmente estudante 200%” do tempo. Mas como não existe essa de ex-jornalista, ela já tratou de atualizar as informações no seu blog “
Na Suécia não tem barata!” Paola é agora a professora de Global Media na universidade de Karlstad.
A gente agradece a conversa e aproveita para desejar sorte nesse novo desafio “expatriático”: a carreira em terras estrangeiras.

Cinco Perguntas:
X - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
PS - Para falar a verdade eu não sei o que é se sentir em casa, já me perguntei várias vezes. É falar a língua? Ser independente? Gostar do lugar? Ter amigos? Eu me pergunto porque nos dois primeiros anos em que eu morei em Londres eu me sentia bastante em casa, tinha muitos amigos, era independente, mas depois eu fui me cansando de outras coisas que me incomodavam na cidade. Aqui na Suécia eu sinto que ainda falta alguma coisa para eu me sentir "em casa", aprender a língua ajudou bastante, mas eu acho que ainda falta alguma coisa que eu preciso resolver comigo mesma e não consigo explicar o que é, apesar de gostar bastante do país.

X - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
PS - O mais difícil sempre é ficar longe das pessoas que eu gosto, não fazer mais parte da vida diária dessas pessoas, não poder chamar para sair ou encontrar com frequencia. Dificuldade de adaptação eu nunca tive porque eu sempre procuro aceitar a cultura do país onde estou, sem ficar me lamentando que no Brasil é muito melhor.

X - O que faria diferente?
PS - Eu acho que ajudaria muito se eu tivesse estudado um pouco de sueco antes de mudar para cá, mas eu sou uma pessoa que não consegue estudar por conta própria, preciso de professor e sala de aula e na época isso não era possível.

X - Toparia ser expatriada de novo?
PS - Sem dúvida nenhuma, o mundo é muito grande para passar a vida inteira num lugar só.

X - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
PS - Bom, quando eu saí do Brasil não tinha planos de morar por muito tempo no exterior, então não tinha muitas expectativas. Por conta disso as coisas foram acontecendo meio que de surpresa. Hoje em dia tenho expectativas (e muita angústia) quanto à minha carreira, quero poder fazer algo que eu goste, num lugar em que eu me sinta útil e que me realize pessoalmente.

A boa surpresa:
Londres: ter feito amigos muito queridos, ter conhecido meu parceiro.
Suécia: o fato de as pessoas serem mais abertas do que eu imaginava.

As indecifráveis qualificações de um expatriando.

Olá, X!
Primeiro vem o zum-zum-zum de abertura de vaga. Para a rádio corredor divulgar os candidatos é um pulo. O convite chega. O estômago gira. Lá está você fazendo mil planos para a mudança e com a maior fé de que a expatriação seja uma baita alavanca em sua vida, e será...de uma forma diferente para cada pessoa, mas será!
Diante das promessas, muita gente abraça a causa e embarca nessa espécie de fila de transplante, já que depois da experiência internacional seu coração, seu cérebro, seu estômago...nunca mais serão os mesmos.
Se você é um dos que planejam entrar para o grupo dos X, segue um resuminho dos requisitos que o mercado avalia ao decidir quem vai embora pra longe.
Sob o título de “Globalização made in Brazil” a repórter Elida Oliveira, do Estadão, ouviu especialistas e listou as qualificações.
Sugiro uma pitada de abstração na interpretação. Boa sorte!
“Quem pensa que só a faculdade é suficiente estará em desvantagem. É preciso ter perspectiva global.” Rodolfo Eschenbach, líder da área de organização e talentos da consultoria Accenture.
“Precisamos de profissionais que analisem, entendam e interfiram no mundo.” Matias Spektor, coordenador do Centro de Estudos Internacionais da FGV.
“Cada vez mais as equipes são multiculturais e precisamos de pessoas que tenham uma visão de mundo diferente e complementar. Isso é viver a globalização.” Vivian Broge, gerente de Recursos Humanos da Natura.
Expatriado “é alguém que desenvolve projetos e, ao mesmo tempo, opera redes de gestão dispersas no mundo.” Roberto Carlos Bernardes, especialista em estratégia empresarial e gestão da inovação do Centro Universitário FEI.
“Precisaremos de pessoas fluentes em mandarim. Leva-se em média oito anos para aprender o idioma. Os jovens de hoje devem correr.” Denise Gregory, diretora-executiva do Centro de Estudos Brasileiros de Relações Internacionais (Cebri) e analista de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento.
Imagem: SXC

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...