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Cinco perguntas e uma boa surpresa. Canadá.

No imaginário "expatriático", se o Canadá fosse uma pessoa seria linda, descolada, madura e responsável. E conversando por aí, parece que é isso mesmo.
Vamos lá:
O governo é parlamentarista.
A rainha é a mesma que a da Inglaterra, Elizabeth II.
A moeda é o dólar canadense, que na cotação de hoje vale R$ 1,67.
O segundo maior país do mundo em área tem um dos mais altos índices de desenvolvimento humano e é o 13o. na lista das nações com maior renda per capta.
Dizem que uma de suas principais marcas é o multiculturalismo.
Pelas contas do governo, 20% dos cerca de 33 milhões de habitantes são estrangeiros.
Inglês e francês são os idiomas oficiais. Mas pode-se ouvir por lá mais de 60 idiomas de 70 etnias.
Só que esse cenário não garante não uma expatriação tranquila, mesmo porque tal mudança parece ser muito mais um processo emocional que geográfio.
Mas quem pode falar um pouco mais pra gente sobre isso é a corretora de imóveis Marden Bastos.
Há 7 anos, a carreira do marido foi o passaporte para a mudança de toda família.
Ela aprendeu Inglês na raça, mudou de profissão e assumiu de vez a vida por lá.
Para quem está precisando daquele incentivo para aceitar o convite, aqui vão as palavras dessa mineira "Se um dia você decidir sair do seu país, prepare-se para os desafios, aprenda o idioma, ainda que só um pouco e, sobretudo, vá com os dois pés. Não deixe uma parte de si para trás, pois isso não ajudará na adaptação e também não ajudará a sua família. Não pense nas suas perdas e invista energia naquilo que você pode ganhar e conquistar. O passado passou e o seu futuro está nas suas mãos. Curta as estações, a cultura local e cada coisa que você tem hoje, mesmo que elas sejam menos do que você tinha antes. Procure coisas novas para fazer, participe de associações, voluntariados porque isso ajuda a fazer novas amizades e a entender a cultura local."
E aqui fica a dica, se você estiver a caminho do Canadá, dê uma passada antes no blog da Marden: Conversa entre Penélopes.

Cinco Perguntas:
Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
Marden - Eu comecei a me sentir em casa no Canadá quando compramos nossa casa e aquela sensação de vida temporária - morando de aluguel em casa mobiliada que não era exatamente do meu gosto, não poder mudar nada, nem comprar muita coisa porque não tinha onde colocar - começou a dar lugar a uma continuidade de algo que havia parado.
Depois, quando meu inglês melhorou e eu perdi a dependência do meu marido para poder conversar.

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
Marden - Basicamente foram duas coisas. Primeiro foi não saber falar inglês. Meu marido veio ao Canadá participar de uma avaliação numa empresa que havia sido comprada pela empresa que ele trabalha e veio o convite para ficar. Nós não tínhamos planos de mudar.
Segundo foi engavetar meus planos pessoais, pois sem falar inglês eu não poderia pensar em trabalhar ou estudar.

Leve- O que faria diferente?
Marden - Eu entraria numa imersão de inglês para poder me sentir menos perdida. Aprender um idioma é fácil quando você ainda é criança. Não era o meu caso. Quando você tem de aprender do zero, com todas as instruções dadas numa língua que você não entende, isso vira coisa de maluco. Você usa todos os recursos possíveis e fala mais com a mão do que com a boca. É meio constrangedor, mas a gente tem de vencer a barreira da vergonha senão não aprende. É mais fácil desenvolver uma base, ainda que mal feita, do que construir uma às escuras. Assim, perde-se menos tempo e menos dinheiro.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
Marden - Sim. Apesar dos muitos desafios vividos, é uma experiência muito enriquecedora. Além disso o Canadá é um país acolhedor e muito bonito, e que proporciona uma ótima qualidade de vida.

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
Marden - Concretizado: A nossa vida familiar virou realidade. No Brasil eu trabalhava 12 horas por dia, 6 dias por semana. Meu marido saia de casa às 5 da manhã e só chegava depois das 8 da noite. A gente só tinha tempo nos fins de semana que ele não era chamado para alguma emergência e quando eu não trabalhava. Aqui passamos a jantar juntos todos os dias, a sair depois do jantar com as crianças para os parques e passear de rollerblade, ou jogar bola, ou simplesmente andar à toa . Temos mais tempo juntos. Em seis meses estávamos morando na nossa casa, em 7 meses já tínhamos nossos carros. Todo mundo aprendeu inglês, fizemos amizades, viajamos.
Como gosto de lidar com o público, resolvi me tornar corretora de imóveis e fiz um curso técnico para isso. Agora estou fazendo novo curso na área de Home Staging e Home Redesign para oferecer um diferencial aos meus clientes e também criar uma carreira paralela à minha.
Não concretizado: fui dona de casa por um bom tempo até ter um nível de inglês para fazer novo curso. Minha idéia de reconhecer meu diploma em farmácia foi descartada depois de alguns anos, pois o processo é difícil, caro e longo, e eu iria atuar numa área da profissão que não gosto, que é a farmácia pública.

A boa surpresa:
Superar os obstáculos do processo, fazer novas amizades e criar novas possibilidades. Ver meus filhos crescerem sem medo de violência, aproveitando a adolescência.
Carmem Galbes

Cinco perguntas e uma boa surpresa! Itália.

Olá, Coexpat!O destino de hoje tinha tudo para exercitar os sentidos, e a moda, a culinária, a arte, os vinhos poderiam ser alguns dos caminhos para isso.
Pena que as delícias italianas têm sido ofuscadas nos últimos tempos pela recessão - que já teria acabado - e corrupção. Uma das potências da zona do Euro está com quase 8% da população economicamente ativa sem emprego. Em 2010, o endividamento do país pode corresponder a 127% do PIB, seria o mesmo que dizer que toda a riqueza que a nação produzir no ano que vem não será suficiente para pagar a dívida.
Tem ainda a desmoralização política, com denúncias contra o primeiro ministro Silvio Berlusconi.
Mas essa é uma visão muito calculista sobre a “Bota”. Que tal uma pitada mais pessoal sobre a vida, especialmente a de brasileiros, na Itália?
A Cristiane será nossa guia. A história dela como expatriada começou há dois anos. O amor por um italiano fez com que partisse do Rio rumo a Florença.
O relato sóbrio da Cristiane só faz aumentar a crença de que, sim, somos capazes - quando queremos - de fazer seja lá o que for. “Uma frase que eu gosto muito e que devemos levar sempre no pensamento, independente do país que a gente viva: nosso tempo nesta terra é sagrado, e devemos celebrar cada momento", diz.
Para mais detalhes da vida pela Itália, dê um pulo no Notícias da Bota, o blog dela.
Valeu Cris!

Cinco Perguntas:

X - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
Cris - O processo realmente é muito lento, devagar quase parando. Não posso dizer que não me sinto adaptada (acredito que o pior já passou), mas também não posso afirmar que me sinto totalmente em casa. Vamos dizer que estou no meio do caminho, que, às vezes, me sinto em casa, mas em algumas ocasiões sinto que jamais vou conseguir. Quando estou aqui, sinto falta do Brasil, mas quando vou ao Brasil de férias, sinto falta daqui, da minha casa. Não me sinto em casa aqui, e também não me sinto em casa no Brasil. Um dia eu chego lá...

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
Cris - O mais difícil de tudo é a concorrência desleal com os "nativos". Eu nunca vou conseguir disputar com eles nada com igualdade de condições, isso implica na vida profissional. Eu tinha uma vida profissional definida e de sucesso no Brasil, e aqui, por mais que eu estude, retorne pra Universidade, por mais que eu me esforce, nunca vou conseguir chegar ao ponto que eu cheguei no Brasil. E tudo isso simplesmente porque sou estrangeira. Abrir mão da minha vida profissional foi o mais difícil de tudo.

Leve - O que faria diferente?
Cris - A única coisa que eu faria diferente seria estudar mais línguas...Inglês, francês, alemão, chinês...todas as línguas que eu pudesse! O motivo? Quem fala diversas línguas aqui encontra portas abertas para todos os lados. Quanto mais idiomas você fala, mais portas abertas você encontra!

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
Cris - Taí uma pergunta que eu não sei te responder! Hoje eu diria que não, que eu não teria saco para recomeçar...Mas meu espírito aventureiro pode falar mais alto...é um mistério!!!

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
Cris - A expectativa de voltar a estudar se concretizou. Recomecei a universidade numa área diferente que eu exercia no Brasil. Acho que para o meu curriculo, principalmente se algum dia eu voltar a viver no Brasil, será algo grandioso. O que virou pó, ou está virando pó, é voltar a trabalhar na minha área de atuação, que é Recursos Humanos.

A boa surpresa:
Descobrir, através da experiência, que o ser humano é completamente adaptável e que a felicidade existe dentro da gente, independente da onde vivemos e das pessoas que nos rodeiam.

Cinco perguntas e uma boa surpresa! Tailândia.

Olá, X!
Praias lindas, férias dos sonhos. Mas a Tailândia tem sido muito mais que uma opção turística. A falta de profissionais qualificados transformou a região em um importante destino para os expatriados.
O país saiu da recessão, e no fim de outubro o Banco Central de lá elevou a expectativa de crescimento do PIB de 3,3 para 5,3% em 2010.
Um dos maiores exportadores mundiais de arroz, a economia desse país asiático também se apóia na agricultura, além da venda para o exterior de produtos como computadores, sapatos e brinquedos.
O país monárquico, essencialmente budista, tem no Tai o idioma oficial. A moeda é o Baht. No câmbio de hoje Bht 1 vale R$ 0,05.
Quem dá mais detalhes sobre como pode ser a vida dos brasileiros por lá é a Renata, que prefere ser conhecida como uma esposa expatriada.
O marido recebeu o convite para a mudança profissional, a família aceitou. ”Não foi muito difícil decidir, posto que sabíamos que seria uma oportunidade única para todos nós”, diz.
Então em abril empacotaram tudo e partiram.
Outros detalhes da vida deles na Tailândia você confere no blog dela: http://www.umaesposaexpatriada.blogspot.com/
Valeu Renata!
Cinco Perguntas:
X - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
RC - Antes de me mudar, vim (sem as crianças) conhecer o país. Tive uma boa impressão do lugar, pois pareceu muito com uma cidade do interior do Rio de Janeiro: Campos dos Goytacazes, onde, inclusive, minha mãe nasceu. Isso foi muito importante. Nessa ocasião, conheci uma expatriada holandesa que me disse: “traga alguma coisa pessoal, da sua casa, como um quadro, por exemplo”. Bem, não somente trouxe “um quadro”, mas todos os quadros, móveis, enfeites, etc. Isto também foi decisivo para me “sentir em casa” - extensivo à toda minha família.
Como sou muito disciplinada e organizada, logo (em menos de um mês) estava com a casa toda pronta e montada, e, assim, pude começar a “viver o país”.
X - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
RC - Antes de me mudar com meus três filhos para cá, fiquei 45 dias sem meu marido. Nunca tinha ficado tanto tempo sem ele! E tive um tremendo “jetleg”. Se meu casamento suportou isso, pode suportar qualquer coisa! Rsrsrsrsrs!
X - O que faria diferente?
RC - Na verdade acho que nada...
X - Toparia ser expatriada de novo?
RC - Claro! É uma experiência impar à família, que se já era unida, fica ainda mais forte. Posso ainda conhecer novos países, novas regiões, novas culturas e treinar/usar meu inglês! Para as crianças é igualmente rico, e para o meu marido uma super oportunidade profissional!
X - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
RC - Sinceramente? Só se decepciona quem se ilude. Aprendi essa frase quando ainda era uma estagiária... e acredito nisso. Muita gente não compreende meu temperamento neste campo, mas não sou de criar muita expectativa sobre o “novo”. Conto com ele, e vou a luta!
Ademais, desde o começo tinha um “plano” secreto: criar um blog, e consegui! Eu estou amando! Cada dia parece que consigo aprimorá-lo e torná-lo uma revista semanal! Está sendo delicioso cuidar dele. Vocês precisam visitá-lo, toda semana tem novidades: http://www.umaesposaexpatriada.blogspot.com/

A boa surpresa:
Ver que eu tinha razão em relação à criação de meus filhos e de que minha família era realmente feliz e unida! Explico a questão dos filhos: sempre os criei para serem pessoas globais, com mente aberta para o mundo, e eles nada estranharam tantas novidades a que foram impostos!

Cinco Perguntas e uma boa surpresa! Emirados Árabes.

Olá, X!
O Expatriadas desembarca hoje nos Emirados Árabes Unidos.
Considerado um dos berços da humanidade, esse país asiático está entre aqueles em que Islã e petróleo de misturam.
Independente da Inglaterra desde 1971, o território é dividido em sete emirados, cada um governado por um Xeque. A cada 5 anos o conselho de emires - os descendentes de Maomé - se reúne para escolher entre eles os próximos presidente e vice-presidente.
Como consta na página do consulado, atualmente o chefe de Estado é o presidente Sua Alteza Xeque Khalifa Bin Zayed Al-Nahyan e o chefe de governo: primeiro-ministro Sua Alteza Xeque Mohammed L Rashid L Maktum.
O idioma oficial é o árabe e a moeda é o Dirham, que neste momento vale R$0,48.
Metade dos 4,4 milhões de habitantes é estrangeira. Por isso o inglês predomina. Por isso a maior abertura cultural.
Quem traz mais detalhes sobre a região é Solange Barros Piñeiro, que vive em Dubai.
Ela deixou o Rio de Janeiro há quase 4 anos para acompanhar o marido, piloto de avião.
Solange diz que a ideia é ficar por lá por mais uns 9 anos, “conta feita pelo marido para conseguir reservas pessoais e se aposentar.”
Solange é corretora de imóveis, mas se define como uma mulher de negócios em geral. “Aparece uma oportunidade eu desenvolvo e sigo fechando negócios.” Ela atua como guia turístico exclusivamente para brasileiros, “apenas para a família ou grupo de amigos”, diz.
Então vamos aproveitar esse atendimento vip para conhecer um pouquinho dos costumes da região. Obrigada Solange! Outros detalhes aqui, no blog dela.

Cinco Perguntas:

X - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
SP - Isso nunca aconteceu!!!
X - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
SP - Vender minhas coisas pessoais. Deixar um filho de 29 anos no Brasil, isto é, dividir a família ao meio porque veio comigo o filho de 11 anos na época. Hoje ele tem 14 anos e o do Brasil está casado e me deu um neto, que hoje tem um ano.
X - O que faria diferente?
SP - Terminaria minha faculdade de direito, porque faltava apenas um ano. Em paralelo, faria um intensivo em inglês.
X - Toparia ser expatriada de novo?
SP - Sim. No Brasil não tem campo de trabalho saudável para a profissão do meu marido, piloto da Emirates Air Line.
X - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
SP - A que se concretizou foi o filho de 11, hoje com 14, ter fluência em Inglês.
A que virou pó foi eu achar que também teria essa fluência. Ilusão! Estou cercada de brasileiros. Aqui os locais não se dedicam aos estrangeiros, e os estrangeiros estão cuidando da própria sobrevivência e sem tempo de criar novos laços. Aqui todos estão de passagem, ninguém veio para se estabelecer e morar para sempre.

A boa surpresa:
Conseguir trabalhar sem dominar o inglês, idioma predominante - já que todos são estrangeiros de algum lugar do planeta.

Cinco perguntas e uma boa surpresa. Argentina.

Olá, X!
Há pouco mais de três anos Marília Pontes embarcou para a Argentina. Mas, como ela mesma diz, a especialização profissional que buscava era, na verdade, uma trilha para realizar o sonho de morar em Buenos Aires.
A história dessa expatriada é recheada de tentativas, de erros - como acontece com todo mundo - e também, claro, de conquistas pessoais e profissionais. “Essa experiência, com todas as coisas boas e ruins que me aconteceram, me fez chegar à conclusão de que é muito importante batalhar por nossos sonhos. Sinto-me uma pessoa muito mais forte hoje porque encarei obstáculos até conseguir realizar o que queria. Sempre digo que a clássica dúvida ‘E se..?’ me deixa louca e nunca poderia ter seguido minha vida com ela na cabeça. Sempre pensaria: ‘E se tivesse ido morar em Buenos Aires? O que teria acontecido?’ Para evitar fazer essa pergunta a mim mesma no futuro, corri atrás e realizei o que, na época, era o meu sonho”, conta a jornalista que, aliás, também é blogueira.
Que bom que a Marília escolheu dividir com a gente a experiência dela! Obrigada Marília!

Cinco Perguntas:
X - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
MP - Sinto que tenho dias em que me sinto em casa e poderia seguir vivendo aqui. Por outro lado, há outros que tenho vontade de sair correndo. Em linhas gerais, somos povos latinos, os brasileiros e argentinos, e temos semelhança em algumas características de nossas culturas. Entretanto, no dia-dia, é possível observar comportamentos diferentes, sobretudo em Buenos Aires. São, muitas vezes, detalhes que se tornam gigantes, dependendo de quão frágeis estamos nesse dia.
Quando eu cheguei à Argentina, há três anos e meio, queria muito me integrar com as pessoas daqui, mas não foi tão fácil assim. Passei muito tempo na companhia somente de estrangeiros, como eu. Hoje tenho amigos argentinos muito próximos, mas acredito que isso aconteceu gradualmente, depois que comecei a trabalhar.
X - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
MP - Eu sempre encarei tudo como um desafio e com muito entusiasmo. No começo foi pura empolgação, pois era tudo novo. Sinto que as dificuldades começam a partir de agora, com tanto tempo longe da família e sem poder participar de momentos importantes, como aniversários. Vejo fotos de minha família toda reunida e fico pensando que poderia ter estado ali também e se vale realmente a pena passar por tudo isso, todo esse esforço.
X - O que faria diferente?
MP - No meu primeiro ano aqui, só estudava. Hoje, penso que deveria ter começado a trabalhar antes, o que teria me ajudado a fazer amigos locais e, de quebra, economizado meu dinheiro.
Além disso, logo no princípio, comecei a namorar um rapaz daqui. Isso foi negativo por dois aspectos: Primeiro porque ele era muito ciumento e possessivo e não queria que eu tivesse contato com pessoas que ele não tivesse confiança. Em segundo lugar, porque quando o estrangeiro chega a um país diferente tem um monte de coisas novas para descobrir e o ideal é fazê-lo sozinho, trilhando seu próprio caminho.
X - Toparia ser expatriada de novo?
MP - Eu aceitaria me mudar para outro país, sim, mas não da mesma forma como fiz quando vim pra Argentina. Quando me mudei aqui, tudo dependia só de mim, e eu tinha outra energia, era mais nova. Hoje em dia eu o faria somente no caso de ser expatriada pela empresa, contando com o respaldo de uma companhia e a estrutura que ela poderia me proporcionar.
X - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
MP - Acho que quando a gente assume o desafio de ir morar em outro país há muitas ilusões e sonhos em jogo. Obviamente, grande parte das vezes, a maioria nunca vai se tornar realidade e a gente tem que estar consciente de que isso vai acontecer de qualquer maneira, porque nem tudo é como planejamos.
No meu caso, posso concluir que tive sorte. Tenho amigos muito especiais e vivo numa cidade linda, com vários parques, bares interessantes e opções culturais. Procuro aproveitar tudo que Buenos Aires tem para me oferecer e curti-lo enquanto estou aqui, porque quando não estiver mais, quero guardar boas lembranças desse período.
A boa surpresa:
Os amigos que fiz aqui. São pessoas que, mesmo que eu volte para o Brasil, estarão presentes em minha vida para sempre.

Cinco perguntas e uma boa surpresa. Cingapura.

Olá, X!
Dessa vez o olhar de expatriada vem da Ásia.
Um caldeirão cultural, Cingapura - com C ou com S, as duas formas são encontradas - está entre a Malásia e a Indonésia. República parlamentarista desde 1959, quando deixou de ser colônia britânica, o país é uma potência industrial e tecnológica, além de ter um forte mercado financeiro. Diferente do que se vê nos outros tigres asiáticos, o valor do trabalho em Cingapura não é barato, um dos sinais do alto nível de escolaridade dos habitantes.
A moeda é o dólar de Cingapura, que na taxa de hoje vale R$ 1,27.
Mas quem fala um pouco mais sobre o país, inclusive no que se refere ao impacto da crise econômica, é uma paulista que fez as malas para acompanhar o namorado expatriado.
Maria Claudia Araujo desembarcou por lá há 5 meses, tempo que ainda carrega uma boa carga do que eu chamo de TPM, tensão pós-mudança.
A Relações Públicas diz que já se articula para entrar no mercado de trabalho cingapuriano. Enquanto isso ela detalha o dia-dia por lá em seu blog.

A gente agradece as dicas!

Cinco Perguntas:
X
- Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
MC - Antes de mudar para Singapura passei um semestre na Holanda, a trabalho. Como meu namorado é holandês, morava com ele, o que facilitou muito o processo de adaptação. Apesar de algumas diferenças como o clima, comida e idioma, eu me sentia verdadeiramente em casa. Já em Singapura, não posso dizer o mesmo. Estamos aqui há quase 5 meses e sei que ainda é cedo para afirmar que não me sinto em casa, mas o país é realmente muito diferente do que estava acostumada, até na Europa. Mas Singapura é um país multicultural, com 4 idiomas oficiais - inglês, mandarim, malaio e tâmil - e gente do mundo inteiro, e fica difícil absolutamente todo mundo se sentir em casa, né? Mas ao mesmo tempo que não me sinto em casa, também não me sinto uma estranha no ninho. Não tive grandes choques culturais.

X - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
MC - A parte mais difícil é a busca por trabalho. Tenho uma boa formação e inglês fluente, e achei que fosse ser muito mais fácil conseguir um emprego do que está sendo. Mas há dois agravantes: o primeiro é o momento atual - as empresas não estão contratando muita gente e, se contratam, têm que dar preferência para os cingapuriano (iniciativa do governo); e o segundo é o meu visto - como não sou casada, não tenho visto de dependente. Mesmo meu visto estando atrelado ao do meu namorado, quando uma empresa quiser me contratar vai ter que tratar da papelada no ministério e muitas empresas preferem contratar alguém que já esteja com a situação regularizada.

X - O que faria diferente?
MC - No momento, ainda não posso avaliar o que gostaria de fazer diferente. Estou muito confortável com as decisões que tomei, inclusive a de não casar só por causa do visto.

X - Toparia ser expatriada de novo?
MC - Sem dúvidas!! Essa já é a terceira vez que moro fora (a primeira foi em Barcelona para estudar, a segunda na Holanda e agora Singapura) e adoro. É uma oportunidade única para viver novas experiências, se reinventar, mudar a rotina... é trabalhoso, e às vezes difícil, mas vale muito a pena!!

X - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
MC - Eu esperava um país moderno, limpo e seguro - exatamente o que encontrei. A tranquilidade de morar aqui não tem preço. Também esperava morrer de calor e não gostar da comida local, o que também aconteceu! Mas nada impossível de administrar. A expectativa de encontrar emprego rápido virou pó, mas ainda tenho esperança que, quando a economia der uma melhorada, novas oportunidades apareçam.

A boa surpresa:
A possibilidade de viajar para vários lugares tão distantes do Brasil que eu nem sonhava! Tailândia, Malásia, Bali, Ilhas Maldivas, Camboja, Vietnam... é tudo aqui "do lado"!

Cinco perguntas e uma boa surpresa. Suécia.

Olá, X!
O Expatriadas volta a receber a valorosa impressão de brasileiras que cruzaram fronteiras.
Dessa vez o relato vem da Suécia, precisamente da capital Estocolmo.
Essa monarquia parlamentarista tem como vizinhos a Noruega e a Finlândia.
Um dos países mais desenvolvidos da Europa, com a economia baseada no setor de serviços, a Suécia assumiu esse ano a presidência da União Europeia. 1 Euro (EUR) = R$ 2,64.
As temperaturas médias variam de -3 a 18 graus.
Já são quase 8 anos longe. Tudo começou quando Paola - aos 23 anos - deixou o Rio Grande do Sul rumo à Inglaterra, onde passou um período estudando.
Em 2007 o amor ao parceiro definiu o novo endereço: Suécia.
Quando Paola aceitou gentilmente o convite para essa troca de experiência, se classificava como “jornalista e relações públicas no passado e atualmente estudante 200%” do tempo. Mas como não existe essa de ex-jornalista, ela já tratou de atualizar as informações no seu blog “
Na Suécia não tem barata!” Paola é agora a professora de Global Media na universidade de Karlstad.
A gente agradece a conversa e aproveita para desejar sorte nesse novo desafio “expatriático”: a carreira em terras estrangeiras.

Cinco Perguntas:
X - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
PS - Para falar a verdade eu não sei o que é se sentir em casa, já me perguntei várias vezes. É falar a língua? Ser independente? Gostar do lugar? Ter amigos? Eu me pergunto porque nos dois primeiros anos em que eu morei em Londres eu me sentia bastante em casa, tinha muitos amigos, era independente, mas depois eu fui me cansando de outras coisas que me incomodavam na cidade. Aqui na Suécia eu sinto que ainda falta alguma coisa para eu me sentir "em casa", aprender a língua ajudou bastante, mas eu acho que ainda falta alguma coisa que eu preciso resolver comigo mesma e não consigo explicar o que é, apesar de gostar bastante do país.

X - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
PS - O mais difícil sempre é ficar longe das pessoas que eu gosto, não fazer mais parte da vida diária dessas pessoas, não poder chamar para sair ou encontrar com frequencia. Dificuldade de adaptação eu nunca tive porque eu sempre procuro aceitar a cultura do país onde estou, sem ficar me lamentando que no Brasil é muito melhor.

X - O que faria diferente?
PS - Eu acho que ajudaria muito se eu tivesse estudado um pouco de sueco antes de mudar para cá, mas eu sou uma pessoa que não consegue estudar por conta própria, preciso de professor e sala de aula e na época isso não era possível.

X - Toparia ser expatriada de novo?
PS - Sem dúvida nenhuma, o mundo é muito grande para passar a vida inteira num lugar só.

X - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
PS - Bom, quando eu saí do Brasil não tinha planos de morar por muito tempo no exterior, então não tinha muitas expectativas. Por conta disso as coisas foram acontecendo meio que de surpresa. Hoje em dia tenho expectativas (e muita angústia) quanto à minha carreira, quero poder fazer algo que eu goste, num lugar em que eu me sinta útil e que me realize pessoalmente.

A boa surpresa:
Londres: ter feito amigos muito queridos, ter conhecido meu parceiro.
Suécia: o fato de as pessoas serem mais abertas do que eu imaginava.

Cinco peguntas e uma boa surpresa. Espanha.

Olá, Coexpat!A Bianca Rocha é dessas expatriadas que toda X! precisa um dia conversar. Não é só porque ela é do tipo que soma, é que mesmo sempre colocando tudo em perspectiva, não deixa de revelar como a experiência em outro país pode ser absurdamente deliciosa, apesar dos desafios.
Com quase 6 anos de bagagem “expatriática”, a artista plástica é do time das que concordam em deixar o Brasil para dar aquela força na carreira do marido, mas ela não deixaria de construir seu caminho em Madrid...
Encontrei a Bianca depois de ficar horas de olho bem aberto no Buraco da Fechadura, blog em que ela conta como tem sido essa vida no “estrangeiro”.
A gente agradece e já abre espaço, porque a Bianca tem muito o que falar: “há algo importante que aprendi com as mudanças e é não comparar com o passado. Quando você compara, normalmente perde. É fundamental buscar o que há de melhor em cada lugar e aproveitar a oportunidade de crescer. Não acho que a gente precise perder o senso crítico, os problemas existem e aprendemos com eles. Mas problemas se resolvem e não se remoem. O risco de idealizar um passado e esperar por um futuro que não existe é enorme. E o pior é perder um presente interessante e divertido.”

Cinco Perguntas:Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
BR - Depende do que se entenda por se sentir em casa. Venho de uma família que já mudava com frequência e segui o mesmo caminho. Portanto, há muitos anos não tenho grandes dificuldades em mudar. Sempre brinco que levei uns 15 minutos para me adaptar a Madri. Onde durmo é minha casa.
Agora, se a pergunta diz respeito a não se sentir estrangeira, a resposta é outra, por exemplo, a cada vez que abro a boca é evidente que não sou daqui. Entretanto, depois de algum tempo, não lembro exatamente quanto, talvez depois do primeiro ano, isso passou a ser secundário. Ou seja, se não posso mudar o fato de ser estrangeira, não uso mais como parâmetro para me sentir em casa. O curioso é que quando volto ao Brasil, também me sinto um pouco estrangeira.

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
BR - O processo de documentação, porque além de extremamente burocrático e desgastante, é como se você tivesse que provar o tempo inteiro quem você é, e isso mexe com sua identidade. Aqui descobri que não importa o motivo pelo qual vim, sou uma “imigrante” e esse conceito me pesou.
Outra dificuldade grande é a distância da família. Logo que mudei, todos estavam saudáveis, portanto, minha única preocupação era saudade. Mas nossos pais não ficam mais jovens e, às vezes, a dúvida entre esperar uma resposta e embarcar correndo em um avião para o Brasil é angustiante.

Leve - O que faria diferente?
BR - Negociaria melhor minha saída do Brasil, no que diz respeito à documentação. Porque saí apenas com o visto de residência e não de trabalho, o que é bastante limitador. No mínimo, me informaria melhor, fui aprendendo no caminho e me decepcionei bastante.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
BR - Sim, no mesmo minuto. E “de novo” é muito mais fácil, porque ainda que as respostas mudem, você sabe as perguntas, os caminhos são mais rápidos.
No Brasil, minha primeira mudança significativa de cidade, ou seja, quando tinha idade para entender o que isso significava, foi duríssima! As seguintes foram radicalmente mais fáceis. Como expatriada, antes de morar na Espanha, moramos nos EUA e foi uma experiência difícil, porque me preparei para problemas que não tive e tive outros que não estava preparada. Mesmo assim, hoje chegaria com uma postura completamente diferente e também aceitaria voltar. A gente aprende a lidar com a situação.
Acho a experiência impagável e imperdível, amplia sua visão do mundo e te ajuda a por tudo em perspectiva. Você pode ler ou se informar a respeito, mas vivenciar outras culturas te ensina muito mais, você não só imagina o que é, você sabe. É possível que uma pessoa tenha uma grande experiência e conhecimento sem mudar de país, mas requer um esforço maior. Um expatriado é exposto todos os dias.
Aprendemos a ter uma atitude mais aberta, aceitamos melhor outras possibilidades e visões sem que isso nos agrida ou assuste. Perdemos ou diminuímos bastante o medo de tentar coisas novas, arriscar, mudar. A resistência traz sofrimento.
E no lado prático, profissionalmente é importantíssimo, te dá um perfil internacional, o que hoje em dia é um atributo valorizado.


Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
BR - Não alimentei grandes expectativas, preferi esperar para ver. Mesmo assim, alguma coisa a gente sempre imagina.
No caso de Madri, a expectativa que se concretizou é o fato da cidade ser viva, animada, de verdade. Existe uma boa segurança pública e um nível de desigualdade social relativamente pequeno, o que permite caminhar nas ruas com tranquilidade.
O que virou pó foi acreditar que, por estar na Europa, as pessoas seriam mais cultas, de vanguarda. E na prática, em média, são muito conservadoras e provincianas. A aceitação de algo novo é sempre complicada. Mesmo que seja uma opção melhor, o diferente ao “de toda la vida” assusta e é rejeitado.

A boa surpresa dessa experiência foi:
Descobrir que posso mudar em essência e não apenas de lugar.
Descobrir que seus amigos se tornam sua família, eles não a substituem, mas adicionam, se convertem em parte dela. As pessoas te ajudam felizes em favores gigantes, porque conhecem a falta real de ter alguém em quem contar.
Aprender e absorver outra cultura não necessariamente elimina a sua própria. Não é necessário negar sua origem para se adaptar em outro país. Em contrapartida, não é preciso denegrir outra cultura para se defender. A chave é o respeito.

Cinco perguntas e uma boa surpresa! Holanda.

Olá, Coexpat!As cinco respostas de hoje vêm dos Países Baixos, que acho que a gente sempre chamou de Holanda.
A área mais populosa da União Européia é também a que tem a relação comercial mais intensa com o Brasil, isso entre os países europeus.
O idioma oficial é o Neerlandês. Mas acho melhor deixar a Naldy – que está há seis anos por lá - falar mais sobre o país das Tulipas.
A história de expatriação da Naldy tem a ver com muito amor. Um holandês ganhou o coração dela e convenceu essa carioca a deixar o endereço brasileiro pra trás.
Hoje Naldy trabalha como administradora de uma empresa americana, e vive com o marido e os dois filhos na região de Noord Brabant , cidade de Eindhoven, centro-sul da Holanda.
Nem o clima holandês mexe com o bom humor dela que deixa um recadinho antes das respostas: “Nunca desista dos seus sonhos.” Naldy também faz um convite: “se quiser acompanhar nosso dia-a-dia aqui na Holanda, clique no meu blog
http://www.dynaholanda.blogspot.com/
Com certeza, Naldy! Obrigada pelas suas dicas!


Cinco Perguntas:
Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
N - Cheguei a Holanda em novembro de 2003. Mas já havia vindo aqui antes da decisão final (morar). Acredito que é importante visitarmos o local tanto em férias de verão como no inverno.
Cheguei à conclusão que me sentia em casa na Holanda quando voltei ao Brasil de férias pela primeira vez. Já não era mais a minha casa. Sentimento muito estranho, posso dizer. Acredito que nos sentimos em casa quando temos uma rotina definida, quando o telefone de casa toca para você, e quando você recebe cartas dos correios do próprio local onde mora.

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
N - O idioma. Foi e ainda é o mais difícil ponto de todo o processo.

Leve - O que faria diferente?
N - Nada. Fiz exatamente da forma como programei. Visitei o país, visitei os lugares, pesquisei a lei do país, local de possível empregos, igreja (para mim importante) e conheci brasileiras mesmo antes de vir para cá como expatriada.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
N - Sim. Estou sempre aberta à novas experiências.

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
N - Trabalhar na minha profissão do Brasil: essa virou pó.
Aprender o idioma: essa finalmente posso dizer que se concretizou.

A boa surpresa:
Hoje posso dizer que sou independente financeiramente, coisa que nunca pensei que pudesse acontecer fora do meu país. Mas o melhor de tudo não é isso, é ver meus filhos totalmente felizes morando aqui, viver nesse país que eu aprendi a amar, apesar desse tempinho chuvoso.

Carmem Galbes

Cinco perguntas e uma boa surpresa! Estados Unidos.

Olá, Coexpat!

Conheci a Jacqueline durante o meu processo de ambientação nos Estados Unidos.
Entre toda a burocracia - que envolve aluguel de casa, compra de móveis, papelada para carteira de motorista, de identidade, etc e tal - não foi difícil perceber como um conterrâneo pode facilitar, e muito, a vida nos primeiros meses em outro país.
Jacqueline foi expatriada em 1995. Hoje vive em Houston, Texas, onde garante ter encontrado seu lugar. Mas o Rio aí da foto continua com espaço especial na memória dessa profissional da aviação.
Obrigada Jacqueline por essa troca de experiência!
Cinco Perguntas:
Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
J - Levou uns quatro ou cinco anos para eu viajar para o Brasil e sentir que estava indo de férias, e não voltando pra casa. Eu fazia muitas comparações entre o que vivi no Brasil e o que vivia aqui nos Estados Unidos. Mas meu processo foi definitivo e não temporário como é o caso de muitos.

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
J - Aceitar o fato que meus sogros tinham de nos ver todos os fins de semana e meus pais não tinham esta oportunidade. Me entristecia saber que minha mãe estava deprimida por isso.
Também foi muito difícil aceitar a cultura americana - especificamente a de Newark, em Nova Jersey - em relação à lei do menor esforço no trabalho, quando no Brasil você tem que ralar muito pra encontrar e manter um emprego.

Leve - O que faria diferente?
J - Não faria nada diferente. Eu ainda penso que você tem que dar o seu melhor naquilo que faz.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
J - Sim, se fosse pela mesma razão, casar-me com quem me casei.

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
J - Hoje minha vida é aqui. Estou feliz e tento repartir felicidade com os que estão ao meu redor e com os que estão longe.

A boa surpresa:
É realmente surpreendente como são os humanos e como nos adaptamos se estivermos dispostos a fazê-lo.

Cinco perguntas e uma boa supresa! França e Alemanha.

Olá, Coexpat!
Eu não sei se acontece com todas, mas tenho percebido que muitas Xs! têm um profundo desejo de comunicar, de falar, de dar dicas. E assim a gente se depara com muita coisa interessante e pra lá de útil. Dia desses, por exemplo, a Silvia - Silvinha para os blogueiros - trouxe um guia bem didático sobre o transporte coletivo em Berlim. Um apoio e tanto, já que o senso de direção parece ficar bem lelé quando somos recém-chegados ao desconhecido. "Às vezes podemos ajudar alguém mesmo sem conhecer a pessoa," diz.
Silvia está fora do Brasil há 2 anos e meio. O motivo? Os estudos, ela e o marido são pesquisadores. A experiência "expatriática" dela começou em Paris, onde ficou por um ano. Em seguida, embarcou para Alemanha. É de lá que Silvia conta como tem sido a vida de estrangeira.
Antes de começar, ela traduz a frase na foto: assim começa um belo dia!
Obrigada, ou Vielen Dank, Silvia!


Cinco Perguntas:
Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
S - Foi um processo longo, com dias melhores - nos quais eu não me canso de falar como a vida pode ser boa aqui, e piores - quando uma grosseria me desmonta, por exemplo. Mas hoje posso dizer que eu me sinto em casa. Acho que eu senti isso na primeira vez em que uma pessoa me pediu informação na rua e, além de eu entendê-la, efetivamente dei a informação!

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
S - A língua, certamente. Penso que se estivesse num país de língua inglesa teria me adaptado com muito mais facilidade.

Leve - O que faria diferente?
S - Eu tentaria manter as expectativas baixas. Meu primeiro destino foi Paris, e, embora eu soubesse que teria de viver num apartamento pequeno e caro, eu não imaginava que as coisas pudessem ser tão difíceis. Para quem chega sem conhecer absolutamente ninguém, deparar-se com exigências para alugar um apartamento, como fiador com casa própria e emprego estável, é complicado.
Acostumar-se à imensa burocracia francesa, à falta de gentileza, às pessoas que bateram o telefone na minha cara quando eu procurava apartamento ao saberem que eu sou brasileira, não foi nada fácil. Tampouco ter de pagar mais do que o normal para ter um alojamento, pela simples falta de opção.
Já o meu estabelecimento na Alemanha não poderia ter sido melhor. Então a lição a ser tirada é que ter algum contato, um apoio, ainda que mínimo no país ao qual você se destina, é muito importante. Para quem chega sem nenhum vínculo, pode ser incrivelmente difícil.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
S - Dependendo do país, com certeza! O crescimento que se ganha individualmente e como casal e o contato com o diferente são enriquecedores. Além do mais, eu adoro viajar.

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
S - Estabelecer-me num lugar seguro era a principal expectativa. Sair na rua sem precisar agarrar a bolsa (ou carregar um aparelho de choque dentro dela), com relógio e aparelhos eletrônicos sem medo de ser furtada. Eu ainda não cansei de me admirar com os caixas automáticos nas ruas, ao alcance de todos. E também não precisar desconfiar se um determinado prestador de serviço está te enganando.
O que não se confirmou? Bem, nada é perfeito. Quanto mais utópica for sua visão, maior é a decepção. E também percebi o quão é difícil viver longe da comida brasileira :)

A boa surpresa:
Foi eu me adaptar muito mais facilmente à sociedade alemã do que à francesa. Pois os alemães são comumente vistos como frios e distantes, têm um peso histórico enorme a carregar, e os franceses não. Mas, no final das contas, aqui eu me deparei com muito mais simpatia, tolerância e uma retidão inquestionável.

Cinco perguntas e uma boa surpresa! Índia.

Olá, Coexpat!Já disse como essa experiência “expatriática” vem me proporcionando uma outra viagem: a “bloguística”. Muitas vezes, os blogs - alguns em forma de diário pessoal, outros com jeitão de guia mesmo - funcionam, pelo menos em Português, como a principal fonte de informação para quem está longe de casa.
E foi “blogando” por aí que encontrei o Indi(a)gestão. A página traz a visão de Sandra Bose sobre a Índia. Com posts diários, a psicanalista procura ir além das informações geralmente disponíveis, como as que indicam que a Índia é o segundo país mais populoso do planeta - com 1 bilhão de habitantes - e a 10ª. economia industrializada do mundo.
Sandra partiu por amor, “deixei o Brasil e vim para Índia somente para casar-me com um indiano”, diz.
Há dez anos na capital Nova Delhi, os últimos três relatados no blog, Sandra dá a dica para quem prepara a mudança para esse país asiático: “creio ser muito importante a pessoa pesquisar extensivamente antes de vir para a Índia, para quando aqui chegar não levar um choque cultural muito grande. Om Shanti.”
Obrigada, Sandra! Paz e Luz para você também!
Voltando ao assunto “internético”, parto amanhã para um simpósio de jornalismo digital na “capitar” Austin. A gente volta, então, a conversar na segunda!


Cinco Perguntas:
Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
SB - Namaskar.
Isso ainda não aconteceu. Apesar de 10 anos na Índia, ainda não me "sinto em casa", sinto-me somente um pouco mais adaptada. A diferença cultural é muito grande, os costumes, hábitos, alimentação, etc são realmente MUITO diferentes. Não é fácil sentir-se em casa na Índia.

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
SB - A falta de informações honestas e precisas sobre a Índia foi o mais difícil. Vim para cá sem conhecer a verdadeira Índia e acabei tomando um enorme susto!! As reportagens sobre a Índia são sempre artificiais, ninguém tem coragem de mostrar e falar a verdade como faço no Indiagestão. Se alguém naquela época tivesse tido a coragem que eu tenho de expor a Índia como ela realmente é, não sei se teria vindo para cá; mas em 1999 a Internet era ainda muito primitiva, não se tinha MSN, blog, Orkut, redes de amizade, NADA. Tive que me virar sozinha com as ridículas informações que encontrei nos websites patéticos de turismo. Nem mesmo as embaixadas e consulados tinham websites naquela época!

Leve - O que faria diferente?
SB - Não teria vindo à Índia se soubesse naquela época como este pais realmente é no seu dia-a-dia.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
SB - Claro que sim. Depois que se mora na Índia, consegue-se morar em qualquer lugar do mundo!

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
SB - O que se concretizou foi meu casamento com o Swapan, pois vim para a Índia somente para casar-me com ele.
O que virou pó foi a ideia de uma Índia limpa, civilizada, espiritualizada e zen. Descobri que a Índia é absolutamente o oposto do que costumam escrever sobre ela. Na verdade, poucos jornalistas vêm aqui conhecê-la pessoalmente e somente reproduzem as asneiras que foram escritas na década de 60 quando os ocidentais "redescobriram" a Índia.

A boa surpresa:A boa surpresa com certeza foi ver a beleza e a grandeza dos monumentos históricos indianos com seus fortes, palácios e tumbas magnânimos! Sou apaixonada pela história do norte da Índia e por sua arquitetura. Foi com os pés em uma cidade cercada que finalmente me caiu a ficha das minhas aulas de história na sétima série, sobre o Feudalismo. Poder ver, sentir e tocar um antigo feudo é um verdadeiro orgasmo para mim. Compro, leio e estudo livros de história sobre a Índia. Absolutamente amo tudo isso!!

Cinco perguntas e uma boa surpresa! Noruega.

Olá, Coexpat!
Foi nesse ambiente de troca de informações e ideias sobre a vida de expatriada que entrei em contato com Maria Ribeiro.
A oferta profissional para o marido foi o que faltava para ela realizar o desejo de morar fora e ter outras experiências. Diferente de muita gente, que conta no calendário o dia da volta, Maria partiu para Oslo - capital da Noruega - sem a passagem de retorno.
Há sete meses longe, essa pedagoga tem feito mais que colecionar vivências. Pelo o que a gente conversa, percebo que ela tem ido fundo nesse processo de aprender na prática e sentir sem medo. Nesses últimos tempos, por exemplo, Maria tem se dedicado a estudar o universo das crianças expatriadas. Um desafio, já que o Brasil não tem muita pesquisa sobre o tema.
Interessante ouvir o que ela sentiu ao dividir com a gente parte desse processo, “aconteceu uma coisa engraçada, porque quando eu estava respondendo, passou um filme na minha cabeça com todos os fatos, a mudança, os primeiros meses aqui... Foi muito bom reviver esse início, que pode ter tido uma conotação ruim, mas que hoje reflete momentos de amadurecimento. Obrigada pela oportunidade”.
A gente é que agradece, Maria!


Cinco Perguntas:
Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
MR - Meu processo não foi lento, como geralmente acontece. Eu acho que me adaptei rápido demais, o que foi uma surpresa para mim. Antes da mudança, eu pensava/imaginava que teria problemas, que ficaria doente, que choraria de saudade. Na verdade, o período entre o convite de trabalho, a decisão da mudança e a mudança foi muito curto. Não tivemos muito tempo, e ainda tinham as consequências dessa decisão, ou seja, pedir demissão no trabalho, entregar apartamento, casar, arrumar malas. Eu não pensava como seria morar na Noruega, como eu lidaria com o tempo, como seria comer outras comidas. Eu imaginava a mudança, mas não como seria a vida nos primeiros meses, quando os planos inicias mudaram. Então tive que buscar meus caminhos alternativas para lidar com os medos e as inseguranças. Eu me sinto em casa, tenho clareza que não sou norueguesa, mas tenho todos os direitos de um norueguês. Eu acho que isso ajuda bastante, ter os direitos respeitados e ter deveres a cumprir.

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
MR - O mais difícil é e sempre será ficar longe da família e dos amigos. Isso até é possível amenizar. Com as ferramentas de comunicação online estamos sempre perto, mesmo longe. Quando estávamos organizando a mudança, foi difícil vender meus livros, não tinha onde deixá-los, eram muitos, então, resolvi vender parte deles, o que me fez chorar. Naquele dia senti a mudança, porque me desfazer de objetos foi fácil, mas dos livros foi dolorido. Depois, já com tudo organizado, casa arrumada, objetos no lugar, acho que foi difícil ocupar o tempo. Como eu não trabalho, me senti (talvez até sinta) meio perdida. Mas depois fui buscando coisas, mantive vínculos com alguns projetos no Brasil. Hoje, me falta tempo! Uma coisa que me ajudou muito no início foi aceitar a ideia que minha estada na Noruega não era limitada, não tinha data para acabar. Desde o início, eu pensava em projetos a longo prazo, pensava em uma mudança definitiva.

Leve - O que faria diferente?
MR - Acho que não viria com tanta expectativa em relação a uma determinada situação. No meu caso, tinha uma possibilidade de trabalho, na qual eu me agarrei e fiquei frustrada porque não deu certo. A vaga não foi criada e eu fiquei emocionalmente abalada, questionando se tinha feito o certo. Mas depois eu percebi que não era o momento, porque eu precisava melhorar meu inglês, me adaptar, para depois me aventurar no mercado de trabalho. Então, não criaria tantas expectativas, deixaria acontecer.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
MR - Com certeza! Quero morar em outros lugares, conhecer outras culturas, aprender a fazer comidas diferentes, viajar. Abraçar o mundo!

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
MR - As expectativas que se concretizaram estão relacionadas à qualidade de vida, esperava ter uma vida mais calma, morar numa cidade segura, ter o Estado presente. Isso é muito importante para o processo de adaptação, quando você percebe que sua vida pode ser melhor do que era antes. Eu imagina que Oslo era uma cidade sem graça, sem muitas coisas para fazer, mas depois, com o passar do tempo, percebi que o que temos é coisa para fazer, como passeios, visitas, viagens. Não comer arroz e feijão também virou pó, pois consigo comprar tudo e até fazer feijoada. Aprendi a controlar a saudade também, manter o contato com os amigos, conhecer pessoas novas. Outra coisa que foi por terra foi o medo do frio, que era uma preocupação inicial. E achava que não aguentaria, que sentiria muito, ficaria doente. Nunca fiquei gripada ou dei um espirro, não deixei de sair de casa nenhuma vez porque tinha neve ou fiquei triste com os dias escuros. Mas confesso que estou ansiosa pelo verão.

A boa surpresa:
Foi perceber que amadureci, deixei minha ansiedade de lado e aprendi a viver um dia de cada vez, sem medos e expectativas.

Cinco perguntas e uma boa surpresa! México.

Olá, Coexpat!
Lembro bem do cenário antes do embarque. Os sentimentos variavam da euforia pelas inúmeras possibilidades à ansiedade pelos desafios que ela e o marido iriam encarar. Psicóloga de formação e vocação, Vivian engrossa a lista dos que toparam essa viagem por causa da profissão do parceiro. Mas em terras mexicanas Bíbian (segundo a pronúncia espanhola) seguiu o próprio caminho. Estudou idiomas, começou um mestrado, fez planos para ser chef, até que engravidou!
Restabelecida no Brasil, depois de quase 5 anos fora, ela relembra uma parte dessa experiência. Vale ressaltar que, por ser uma otimista nata, qualquer que fosse o resultado desse período - bom ou ruim - ela teria ótimas coisas para contar. Em tempo, a vivência dela, minha irmã de sangue e alma, facilitou e muito esse meu caminho “expatriático”! Obrigada Vivi!


Cinco Perguntas:
Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
Vi - Bom, o dia, ou melhor dizendo, o período em que eu realmente comecei a me sentir em casa foi quando saía para ir ao supermercado ou ao shopping, encontrava amigos e conhecidos e passava o passeio acenando. Isso não acontecia mais quando vínhamos de férias ao Brasil. Lógico que isso levou um tempinho que não saberia dizer quanto, mas foi todo um processo de ir à festas, conversar com vizinhos, fazer amizade na escola, participando da agenda extracurricular, etc.
Outro fator que ajudou a me sentir em casa mais rápido foi desmontar meu apartamento no Brasil e “construir” um outro fora. Aos poucos fomos criando uma historia e um vínculo na nova casa, aí, quando vínhamos ao Brasil, sentíamos saudades da nossa casa fora daqui: saudades da cama, do banheiro, dessas coisas que a gente diz quando viaja por muito tempo.

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
Vi - Definitivamente conhecer pessoas. Digo isso porque só pude começar a frequentar uma escola (onde aprendemos a cultura mais rapidamente e o próprio idioma para podermos nos aproximar das pessoas) depois que saiu meu visto. Esse processo demorou mais de 3 meses. O fato de a gente não ter filhos na época atrasou o processo de socialização. A escola da criança é uma porta aberta de oportunidades para você conhecer a cultura, o idioma e as pessoas. Você tem que entrar no país “pedalando” para que seu filho se adapte prontamente e com isso você também acelera seu processo de adaptação.
Outro fator muito difícil para mim foi ficar doente. Toda vez que eu adoecia era deprimente. Foi a maior sensação de desamparo já sentida em toda minha vida. Sem amigos, sem falar o idioma, sem entender a cultura e o sistema de saúde do país, sem saber como funcionava minha assistência médica, sem conhecer os hospitais, as clínicas e debilitada fisicamente, tinha que procurar serviços médicos. Nossa, isso me faz chorar só de pensar. Horrível.

Leve - O que faria diferente?
Vi - Certamente estudaria mais. Se ocorrer novamente esse processo conosco, tratarei de vasculhar a internet procurando informação sobre o novo país. Tentarei me comunicar previamente com famílias brasileiras que vivem no local, etc.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
Vi - Sem sombra de dúvida. Foi o processo de desenvolvimento mais rico que já sofri em toda minha vida. Saber outras línguas é fantástico e te libera para se comunicar com o mundo, mas ser multicultural enriquece sua alma, te libertando de preconceitos e te fazendo entender e sentir que “o diferente” é você e não o outro.

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
Vi - Felizmente a expectativa de que eu, um dia, poderia falar quase que perfeitamente outro idioma que não o meu se eu tivesse a oportunidade de viver em outro país. Isso, modéstia a parte, se concretizou.
O que rapidamente virou pó depois da mudança foi achar que facilmente eu me adaptaria em outra cultura por me achar uma pessoa aberta às mudanças. Duramente descobri que sou um ser humano 100% resistente à mudança. Cheguei muito feliz no meu destino, cheia de amor pra dar, e desmoronei quando percebi que nada servia de referência para mim. Até um simples arroz com feijão eu não tinha mais.

A boa surpresa:Deixei marcas!! Desenvolvi um processo de trabalho num curto espaço de tempo. Pude implantá-lo em uma universidade e fui reconhecida por isso. Fui a 1ª estrangeira a ganhar uma bolsa de estudos de 100% nessa universidade. Isso falando da vida profissional, porque a grande surpresa na minha vida pessoal foi descobrir que também sou uma excelente dona de casa! Amei.

Imagem: SXC

Cinco perguntas e uma boa surpresa! Inglaterra e EUA.

Olá, Coexpat!Não foi decisão da Alana Leahy-Dios a primeira expatriação. Foi a especialização da mãe dela que motivou a saída de toda a família do Brasil. Depois do colegial em Londres, faculdade no Rio e doutorado em New Haven, a engenheira química estabeleceu residência em Houston onde fica até...quem sabe? Em “Cinco Perguntas e Uma Boa Surpresa”, a cidadã do mundo e coisa nossa - como diria seu Sílvio - fala um pouco da suas estratégias de adaptação, construídas em meio a tanto vai-e-vem. Obrigada Alana!

Cinco perguntas:
Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
AD - Nunca me senti completamente em casa fora do meu país. Morei na Inglaterra dos 15 aos 18 anos. Voltei ao Brasil e - depois de quase 3 anos - fui para Michigan passar um ano; não me senti em casa em nenhum momento durante esse tempo. Voltei ao Brasil e, passados outros 3 anos, retornei aos Estados Unidos. Dessa última vez, apesar de planejar voltar ao meu país, tinha a nítida impressão que não voltaria mais para casa tão cedo (e ainda não voltei). Nessa última saída do Brasil, acho que demorei uns 3 anos para me sentir confortável onde eu morava, me sentindo relativamente pertencendo ao lugar. Agora que mudei de estado dentro dos Estados Unidos, me sinto de novo estrangeira, e sei que vou levar anos novamente para me sentir inserida na cultura. Interessante que as voltas ao Brasil também exigiam processos de adaptação, ainda que mais fáceis. Depois que eu casei com um verdadeiro cidadão do mundo, tenho dúvidas se voltarei algum dia a me sentir parte integral de um lugar ou cultura, inclusive no Brasil.

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
AD - A saudade do Brasil, dos amigos e da cultura para mim são as partes mais difíceis. Saber que eu não faço mais parte ativa da vida das pessoas que eu amo, e vice-versa, sempre me doeu.

Leve - O que faria diferente?
AD - Difícil dizer... Acho que tentaria ser tão aberta aqui fora como sou no Brasil.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
AD - Acho que está no sangue! Não só toparia, como quero muito! De preferência um lugar bem diferente do que eu conheço, para aprender bastante.

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
AD - Não criei expectativas para não me decepcionar e para não ficar ansiosa, então não sei dizer quais se concretizaram. A única certeza que eu tinha era da volta ao Brasil depois de 5 anos. Essa certeza virou pó!

A boa surpresa dessa experiência foi:Desde a primeira experiência de expatriação, a melhor surpresa foi a abertura da cabeça e o aprendizado de que não existe cultura, costumes e povo melhores ou piores.
Imagem: SXC

Cinco perguntas e uma boa surpresa! Estados Unidos.

Olá, Coexpat!
Alma livre, mente aberta, profissional pra lá de preparada. Adriana Reis sempre pensou na possibilidade de ter uma experiência fora do país. A carreira do marido foi impulso que faltava para ela seguir viagem.
Há quase dois anos em Houston, Texas, a jornalista está envolvida com mil atividades. Trabalha, faz mestrado, é mãe...ou é mãe, trabalha, faz mestrado, enfim, ela toca tudo com um entusiasmo e um senso de perfeccionismo de deixar a gente encabulada.
Mas ela não é dada a mal-estar. Um dos seus talentos, aliás, é facilitar o aconchego. A Dri foi uma das primeiras a me detalhar Houston, uma gentileza e tanto para quem tinha acabado de chegar e precisava lidar com tanta coisa ao mesmo tempo!
Em “cinco perguntas e uma boa surpresa” ela divide com a gente como vem encarando esse tempo longe da cidade maravilhosa. Obrigada Dri!


Cinco perguntas:
X - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
AR - Não sei se isso acontecerá algum dia. A única razão pela qual me sinto confortável aqui é o fato de que aqui vivem também meu marido e meu filho e que todos temos a nossa rotina por aqui agora. No entanto, lembro que sou estrangeira sempre que me faltam palavras para expressar algum sentimento ou opinião, sempre que sou mal-interpretada ou vivencio algum choque cultural.
Da mesma forma, ser carioca sem acompanhar o Big Brother Brasil, a novela das 8, o Jornal Nacional e o Fantástico me fazem sentir um pouco turista quando vou ao Brasil.
Imagino que a tendência natural é que eu me sinta cada vez mais turista no meu país de origem, sem deixar de me sentir estrangeira por aqui. Aliás, não pretendo deixar que isso aconteça! Quando estamos longe da nossa pátria, aprendemos a valorizar mais as coisas boas. Pretendo deixar bem claro que sou estrangeira sempre que pintar uma oportunidade para esclarecer que o idioma no Brasil é o Português (e não Espanhol), que churrasco tem que ter farofa e que o fio dental não é o traje típico do meu país.

X - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
AR - A saudade da família e dos amigos que ficaram no Brasil. Tive que aprender na marra a difícil lição de que não precisamos estar perto para amar e ser amado. Felizmente, minha expatriação aconteceu na Era da Mídia Social, portanto, a saudade tem sido bastante aliviada graças ao Skype, ao Orkut e ao email.

X - O que faria diferente?
AR - Antes de vir morar aqui fui orientada a deixar todos os eletrodomésticos no Brasil. Disseram-me que nada funcionaria aqui e que os preços eram tão baixos que valia a pena comprar tudo de novo. Mentira! Para usar os aparelhos do Brasil, basta comprar um adaptador para colocar na tomada. Além disso, os hábitos alimentares aqui são bem diferentes, portanto, encontrar um espremedor de laranja, por exemplo, não é uma tarefa tão simples assim. Qualquer mercadinho vende máquina de waffle, mas não espremedor de laranja.

X - Toparia ser expatriada de novo?
AR - Com certeza!

X- Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pódepois da mudança?
AR - Lidar com a saudade é realmente a parte mais difícil da expatriação. Não lembro de nenhuma expectativa que tenha virado pó...
A boa surpresa:
Foi perceber que o lado bom de deixar tudo para trás é ter a chance de refletir antes de recomeçar, sonhar antes de reconstruir e reavaliar antes de fazer novas escolhas.

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...