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Expatriada e dona de casa. De onde vem tanta dor?

Não, você não está sozinha, nem é mais fraca ou menos preparada por sentir esse cansaço, essa angústia, esse tédio em lidar com a casa!
Sabe qual é uma das maiores queixas das esposas que apoiam o marido transferido? 
Sobrecarga por cuidar da casa, dos filhos, da rotina e tudo sozinha, muitas vezes!
Aí vem a Organização Internacional do Trabalho e divulga o seguinte dado: O Brasil é o país com o maior número de empregadas domésticas. São 7 milhões, quase a população da Dinamarca! 
Aí a historiadora Marília Ariza, ouvida nessa matéria do Uol, explica: "A ideia de ter um servo na família era muito comum, mesmo entre quem não era rico e vivia nas regiões semiurbanas do século 19 (...) O Brasil do século 21 herdou do passado colonial, imperial e escravista uma profunda desigualdade na sociedade que não foi resolvida." 
Aí eu concluo: ter empregada está no DNA do brasileiro!
Mas você pode perguntar (meio chorando de tristeza ou quase gritando de raiva): "o que isso tem a ver exatamente comigo, que deixei muita coisa de lado para apoiar a carreira do meu marido em outro lugar? Tinha minha vida, meu trabalho, minha renda e hoje eu tenho uma atividade que não termina nunca, o trabalho de cuidar da vida doméstica da família!"
Eu respondo: "eu acho que esse número da OIT pode explicar muito dessa coisa ruim e desconcertante que você vem sentindo."
Ok, posso estar julgando. Então, vou lançar umas perguntas:

  • Será que o cansaço por não ter ajuda 'longe do ninho' tem mais a ver com uma batalha interna por causa de uma crença que está em xeque do que com o trabalho propriamente dito de lidar com a casa? 
  • Será que a angústia por ter que assumir as tarefas de casa tem mais a ver com o fato de nós brasileiros, especialmente - mas não somente nós - não valorizarmos o trabalho doméstico, por acreditarmos que o trabalho doméstico só é 'digno' de ser feito por gente pobre e sem estudo? 
  • Será que se o normal fosse não ter empregada ou faxineira seria mais fácil tocar a casa em um outro lugar, sem ficar sobrecarregada?
  • Até que ponto a cultura de ter empregada tira a autonomia doméstica da nossa família e a responsabilidade nossa, do marido e de nossos filhos por limpar a própria sujeira?
  • Até que ponto a cultura de ter empregada impede que as tarefas sejam divididas de forma justa? 

As respostas podem servir como um inventário das crenças que adquirimos ao longo da vida, desde muito pequenininhos. Das crenças que temos, não percebemos e que acabamos perpetuando. Das crenças que não nos ajudam, que nos deixam exaustas e até deprimidas. Das crenças que nos impedem de olhar para a vida de expatriada com olhos mais positivos. Das crenças que ceifam a autonomia em vez de adubá-la! Crenças que fazem com que a gente monte uma casa que nos escraviza e aprisiona em vez de nos servir.
Sei que esse é um assunto árido! É muito difícil porque mexe com valores muito primitivos. Mexe com o seu orgulho, com o brio do seu marido - que pode pensar que, como um profissional expatriado, tem a hora muito cara para usá-la lidando com a casa. Mas esse tema precisa ser abordado. Tem que ser tratado como prioridade na família. Porque a casa é 'coisa' da família, criação e responsabilidade de todos que moram nela. Como resume Hilda Hilst: 

"A minha Casa é guardiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências."

Quer lidar melhor com esse tema? Sou Coach de Esposas Expatriadas e Organizadora Profissional especializada em famílias transferidas. Saiba como eu posso te ajudar clicando em www.leveorganizacao.com.br



Carmem Galbes

Imagem: Freeimages

Qual deveria ser o salário da esposa expatriada?


Quanto vale o trabalho de uma pessoa que acompanha um profissional transferido? Qual deveria ser o pagamento para uma pessoa que deixa a própria carreira para apoiar a carreira de alguém em outro lugar? Se a Coexpatriada - clique na palavra para saber mais sobre o termo - tivesse um salário, de quanto seria?
Eu fiz um levantamento de todas as atividades - que eu me lembrei - exercidas pela esposa do profissional transferido. Já falo sobre os valores...
A fonte de consulta foi o site www.pisosalarial.com.br, que faz o levantamento nos departamentos de RH das empresas e considera apenas os trabalhos reconhecidos por lei. Tomei por base o piso pago por cada função exercida.
Preparada?
Então saiba que você deveria estar recebendo por mês, no mínimo, R$ 59.669,41 para fazer tudo o que você faz!
Isso mesmo: cinquenta e nove mil, seiscentos e sessenta e nove Reais e quarenta e um centavos!
Assustou?Acha muito? Acha pouco? Acha que ninguém pagaria?
Então, entenda como cheguei a esse valor e o motivo de você merecer, no mínimo, esse salário!
  • Agente de viagem - se é você quem programa as férias e todos os passeios para alegrar a família longe de casa: 1.306,11
  • Almoxarife - se é você quem cuida de todo o fluxo de mercadorias da casa: 1.083,10
  • Arquivista de documentos - se é você quem organiza a papelada: 1.079,76
  • Auxiliar de enfermagem - se é você quem cuida das idas ao pediatra, ao dentista, oftalmologista, dermatologista, à fono, à terapeuta... e é também quem administra os horários de medicamentos e suplementos:  1.184,98
  • Auxiliar de contabilidade - se é você quem organiza as finanças: 1.346,09
  • Auxiliar de desenvolvimento infantil - se você é a responsável pela integridade física e bem estar das crianças em casa: 1.015,26
  • Auxiliar de escritório em geral- se é você quem cuida de toda a burocracia da casa: 1.108,57
  • Babá - se é você quem toma conta das crianças: 992,68
  • Bibliotecário - se é você quem está a frente de todo o processo de leitura da família: 2.722,34
  • Cabeleireiro - se você dá um jeitinho no cabelo de todos em casa até encontrarem um profissional que atenda ao padrão da família: 1003,93
  • Camareira - se é você quem arruma a casa: 957,67
  • Chefe de cozinha - se é você quem elabora o cardápio em casa: 1.591,39
  • Cozinheiro de serviço doméstico - se é você quem cozinha em casa: 1.012,27
  • Comissário de voo - se é você quem cuida da segurança e bem estar de todos entre tantas idas e vindas: 1.519,80
  • Contador - se é você quem faz a declaração de imposto de renda, que pode ser ainda mais absurdamente complicada quando se vive fora do Brasil : 3.297,34
  • Controlador de entrada e saída - se é você quem administra o fluxo de pessoas da casa: 1.173,74
  • Copeiro - se é você quem serve a comida, limpa e organiza a cozinha de casa: 954,00
  • Corretor de imóveis - se é você quem busca pela moradia na transferência e quem mantém contato com o administrador do imóvel: 1.256,04
  • Costureira de reparação de roupas - se você é o ponto focal para pregar botões, fazer barras ou bainhas (aí depende da sua origem): 1.008,62
  • Decorador de eventos - se é você quem decora a casa para as festas de aniversários, almoço entre amigos ou colegas de trabalho e eventos para receber a família que vem de longe em épocas como o Natal, Páscoa e férias: 1.184,85
  • Demonstrador de mercadoria - se é você quem tem que encantar a família com os produtos disponíveis na nova cultura: 1012,89
  • Designer de interiores - se é você quem busca deixar a casa com cara de lar: 1.627,74
  • Detetive profissional - se é você quem faz a investigação para encontrar o melhor médico, o açougue que vende a carne de melhor qualidade, a padaria que tem pão que lembra o do Brasil: 1.448,58
  • Economista doméstico - se é você quem otimiza todos os recursos da casa: 2.345,77
  • Empregado doméstico nos serviços gerais - se é você quem limpa a casa: 967,92
  • Esterilizador de alimentos - se é você quem cuida da higiene e consumo dos alimentos em casa: 1.113,04
  • Intérprete - se é você quem traduz a nova cultura, mesmo que você também não entenda direito como ela funciona: 1.311,77
  • Lavador de roupas - se é você quem lava a roupa em casa: 967,92
  • Motorista de carro de passeio - se é você quem leva todo mundo pra baixo e pra cima: 1.235,38
  • Nutricionista - se é você quem faz as contas e as pesquisas para manter a alimentação saudável, apesar de não conhecer boa parte dos alimentos normalmente consumidos na nova cultura: 2.215,64
  • Organizador de evento - se é você quem organiza festas de aniversário, almoços e jantares para os novos amigos, lanches para os amigos das crianças: 1.714,42
  • Ouvidor - se é você quem tem que encaminhar e dar as respostas para as reclamações e insatisfações da família: 2.613,84
  • Passador de roupas em geral - se é você quem passa a roupa em casa: 954,00
  • Porteiro de locais de diversão - se é você quem fica atenta quando o pessoal da escola está em casa:  958,17
  • Professor leigo do ensino fundamental - se é você quem dá aquela força na tarefa de casa:  1.284,67
  • psicólogo - se é você quem segura a onda: 2.343,98
  • Recreador - se é você quem está sempre pronta para divertir: 1.047,24
  • Relações Públicas - se é você quem cuida e preserva a "marca" da sua família, externa e internamente: 2.937,76
  • Repositor de mercadorias - se é você quem faz a lista de mercado, as compras e bota tudo no lugar: 954,00
  • Salva-vidas - se é você quem fica na beira da piscina berrando com a molecada: 1.174,94
  • Socorrista - se é você quem corre para emergência em caso de doença ou acidente: 1.174,90
  • Terapeuta holístico - se é você quem deixa de lado conceitos e preconceitos e recorre às técnicas alternativas para ver sua família bem: 1.466,30

Devem ter muitas outras atividades que não me vieram à cabeça. Assim como deve ter alguma atividade que você não exerce. Sem problemas. Consulte o site, acrescente o valor daquilo que você faz e retire o que você não faz.
Esse levantamento pode parecer uma piada, pode parecer brincadeira, mas meu objetivo com ele é mostrar na prática o valor da mulher que deixa muita coisa de lado para apoiar a carreira de outra pessoa em outro lugar. Isso para quem entende a vida só através dos números...porque, como sabemos,  há coisas difíceis de precificar, afinal, qual é o preço do suporte, o valor do incentivo,do apoio?
Gostou? Esse texto levantou seu ânimo? Que ótimo! Ele serve para te mostrar que seu trabalho, infelizmente ainda muito invisível, vale muito, muito mais que você imagina! A ideia com essas palavras é dar um up na autoestima, ajudar você a segurar a onda, é ajudar a te mostrar que sem você, voce bem, em plena saúde física, emocional e espiritual, a expatriação tem grande chance de afundar...porque, como amo dizer: expatriação é um projeto em família!!
Mas...como perco amigo, não a piada, o  texto também pode ajudar a embasar o sarcasmo naqueles dias em que você fica sem paciência...Como? Imagina aquela ceninha típica:
Alguém: "Então, tá de férias sem prazo para acabar, hein...o que você faz o dia todo?"
Você: "trabalho escravo!" Foco na cara de ué! kkkkkkk
Mas é muito azedume, né não?
Então da próxima vez que te fizerem a pergunta, explique tintim por tintim cada função exposta aqui. Use e abuse do tempo da tal pessoa abusada!
No mais, se você entendeu o seu valor, internalizou e agora  quer ir além de todos esses papéis desempenhados, mas não sabe como, conte comigo! Descubra como o Coaching pode te apoiar nesse processo! Visite: www.leveorganizacao.com.br

Carmem Galbes


ah...um pedido, se gostou dessa reflexão e for usar esse material como base para algum texto, comentário ou como fonte de inspiração, por favor, seja legal, em todos os sentidos do termo, cite a fonte! Claro que você pode aproveitar esse conteúdo, desde que cite o blog da Leve, a autora, no caso eu, Carmem Galbes, e compartilhe o link! Agradeço a sua ética e seus bons modos!


Finanças, casamento e expatriação: é preciso colocar os pingos nos is!

Dizem que cada um de nós é uma empresa Ltda, decidimos de forma autônoma e independente.
Quando casamos "vendemos" parte de nossas ações e viramos uma empresa de capital aberto. Não podemos mais agir sem ouvir todos os sócios - marido, esposa e filhos - a não ser que queiramos fracassar como S.A. 
E quando a família é expatriada? Aí digo que entramos para o Novo Mercado! O Novo Mercado é uma categoria do mercado brasileiro  de ações em que, para fazer parte, a empresa tem que atender ao mais alto grau de transparência e práticas éticas.
Então seu marido recebe um convite para trabalhar em outro lugar ou a família já aceitou e  se mudou. Será que vocês estão prontos para viver de acordo com o modelo exigido por esse Novo Mercado?
Vou me limitar aos aspectos financeiros:
  • Você sabe qual é o salário do seu marido? 
  • Você sabe se há outras entradas e valores?
  • Você sabe quanto a família gasta? 
  • Você sabe se sobra dinheiro no fim do mês, quanto sobra e onde esse dinheiro é investido? 
  • Você e seu marido conversam sobre investimentos? 
  • Quais são os objetivos da família nessa expatriação?
  • Todos da família sabem desses objetivos?
  • Os objetivos incluem criação de poupança e aumento de patrimônio?
  • Se seu marido fosse demitido hoje, você saberia dizer quanto tempo a família consegue manter os gastos sem salário?
  • Você sabe quais gastos cortaria primeiro?
  • A família tem um plano de aposentadoria? Ele inclui a coexpatriada que não está empregada em uma empresa?
  • Quanto você e seu marido planejam ter de renda aos 65 anos?
Se você quer ter poder no papel de Coexpatriada (para saber o significado do termo, clique na palavra) tem que se informar! Informação é poder!
Eu sei, eu sei, o tema é pra lá de delicado. Tem a questão do regime de bens entre os cônjuges, da criação, da história, da experiência e dos valores que cada um tem com relação ao ganhar, guardar, multiplicar e gastar dinheiro. Algumas podem defender que querer saber da vida financeira de outra pessoa é invasão de privacidade. Outras estão tão deslocadas de sua identidade que acreditam realmente que perderam a independência financeira e estão a mercê de um provedor que tem a última palavra porque, afinal, é ele que sustenta a casa.
Eu digo: Oi?
Você deixa de lado a sua carreira para apoiar o sucesso profissional do seu marido, demite-se do emprego - abrindo mão do reconhecimento profissional, acaba assumindo grande parte dos cuidados com a casa e com os filhos - porque o marido está abarrotado na nova função - é a principal ponte entre a família e a nova cultura e não sabe qual é o retorno financeiro de todas essas decisões e responsabilidades? 
Pior, além de não fazer ideia do retorno sobre o investimento, você tem que se dar por satisfeita por receber uma "mesada". Mesada? Isso não seria coisa que filho recebe quando ainda não tem renda porque não trabalha? Você trabalha e muito (creio eu) para fazer essa expatriação dar certo. E se não é por seu empenho e entusiasmo a chance desse projeto fracassar é enorme! Sabia que, de cada 10 empresas que expatriam, 8 dizem que quando a expatriação não dá certo é porque a família não se adaptou ao novo modo de vida? Então olha a importância da sua função! E dê uma olhada também na pesquisa da Global Line, que tem outros dados interessantes!
É lógico que cada família tem seus acertos. Cada casal funciona de um jeito. Tem casal que não consegue guardar nada e tem aquele que não consegue gastar nada. Tem o que não faz ideia do quanto ganha e quanto gasta.Tem o que combina quanto pode gastar no mês, quanto vai guardar para atingir um objetivo e por aí vai. Mas tudo é acertado em comum acordo, sem um achar que é mais que o outro ou tem direito exclusivo ao voto, porque é o que "sai de casa para matar o mamute". Todos estamos matando o mamute, só que em cenários diferentes! 
O que não dá para aceitar é a infantilização de quem acompanha o profissional expatriado, aqui falo com a mulher, mulher que é essencial para fazer a expatriação virar. Não ter acesso às informações financeiras, boas ou ruins, é viver num mundo de faz de conta, de café com leite. Já ouvi muitos maridos dizerem que não abrem os dados financeiros porque a mulher é muito "gastona" ou porque deprimiria se soubesse da real situação econômica da família. Bom, aí o problema é mais embaixo e acredito que uma ajuda profissional - de terapeuta, orientador financeiro, coach - seria interessante.
Sei que hoje peguei pesado. Não se sinta julgada. Encare essas palavras como uma forma diferente de pensar sobre expatriação: um processo em família, que exige total presença e transparência de todos os envolvidos. Exige, principalmente, maturidade do casal.
Ah...passei o texto defendendo a importância da mulher no processo de expatriação e como devemos adotar e viver na prática o discurso que "tudo o que entra e sai é de todos na família". Então, também não vale dizer que você não vê a hora de voltar a ter sua renda para não ter que dar satisfação a ninguém sobre seus gastos. Lembre-se sempre: você está num casamento, num sistema S.A. 
Só para pontuar, falo com a esposa expatriada porque escolhi falar com a maioria. É que, de cada 10 expatriações profissionais, 8 ainda são motivadas pela carreira do homem e é a mulher que acaba tendo que abrir mão de muita coisa para seguir ao lado de alguém.
Carmem Galbes

O que é essa tal de paciência que dizem que toda expatriada deve ter?

Levanta a mão a expatriada que ao dizer: "puxa, não estou feliz aqui..." ouviu aquela super dica da amiga que segue no ninho: "tenha paciência!"
Outro dia, uma querida perguntou: "mas o que quer dizer exatamente ter paciência em um uma vida que você não entende o que falam, não é compreendida, está longe do que é conhecido, distante dos amigos, sem o colo dos parentes, sem o reconhecimento da vida profissional e sobrecarregada com o fato de ser a ponte entre a família e a nova cultura e - ao mesmo tempo - ter que lidar com as próprias angústias?
Ai Machado, diz pra amiga da minha amiga o que você pensa sobre a paciência! "Suporta-se com muita paciência a dor no fígado alheio."
Pois é... como é chato ouvir "tenha paciência" quando se está sofrendo. Mas por mais que a gente odeie essa frase com cara de crítica, paciência é quase  um mantra em uma expatriação, especialmente para a mulher que deixa muita coisa de lado para acompanhar o marido em uma transferência profissional.
É preciso ter paciência para suportar o tempo de estudo até se sentir mais confortável com o idioma local. Paciência para aceitar que, com dedicação, você vai - sim - ter vocabulário mais rico para poder expor suas opiniões como uma adulta, não como uma criança de 5 anos. Paciência para suportar a distância e criatividade para matar a saudade. Paciência para aceitar que tem hora que é você mesma que precisa se dar colo. Paciência para entender que você pode ser a atriz coadjuvante agora, mas vai chegar o momento também de escrever a sua própria história e ser a estrela dela. Paciência com o seu papel de ponte, que tende a ficar mais ameno conforme a família vai vivendo...Paciência com você, com o fato de ser tudo muito novo. Paciência com o fato de você ter que mudar o seu modo de pensar, sentir e agir, o que sabemos que não é tarefa fácil.
Então inspire-se em Rousseau, que sintetiza bem como é quando precisamos nos munir dessa tal virtude: "a paciência é amarga, mas seu fruto é doce."
Confesso que não me sinto lá muito confortável com essa palavra, tenho medo que ela seja geneticamente modificada e vire conformismo...mas levo comigo sempre um estoque de doçuras para aqueles dias em que a gente fica em dúvida se está sendo paciente, trouxa ou medrosa:
"Tudo tem seu tempo determinado e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e tempo de morrer. Tempo de plantar e tempo de colher. Tempo de matar e tempo de curar. Tempo de destruir e tempo de edificar. Tempo de chorar e tempo de rir. Tempo de prantear e tempo de dançar. Tempo de espalhar pedras e tempo de juntar pedras. Tempo de abraçar e tempo de se separar. Tempo de buscar e tempo de perder. Tempo de guardar e tempo de lançar fora. Tempo de rasgar e tempo de costurar. Tempo de calar e tempo de falar. Tempo de amar e tempo de odiar. Tempo de guerra e tempo de paz." Eclesiastes 3, 1:8

O tempo agora é de ter uma realização pessoal, só sua, nessa expatriação que foi provocada pelo seu marido? Não saber por onde começar? Fale comigo! Estou sempre no contato@leveorganizacao.com.br
Mais informações: www.leveorganizacao.com.br
Carmem Galbes

Mulher de expatriado, mulher expatriada, mulher e expatriada. Como fica a identidade de quem acompanha um profissional transferido?

Uma das decisões mais difíceis quando a mulher aceita mudar de cidade, de país - enfim, de modo de vida -  por causa da carreira do marido é abrir mão dos próprios projetos.
Já vi gente usar a mudança como motivo para deixar de fazer um  monte de coisa que detestava.
Mas tenho visto também muita gente perder a chance de viver uma experiência incrível porque não refletiu sobre suas possibilidades e - de alguma forma - não soube levar os próprios projetos na mudança. Guardou a identidade no fundo da mala...
Concordo que a proposta para cruzar as fronteiras - recheada de benefícios, alguns até interpretados como mimos e caprichos - entorpece.
Ela mexe com os sentidos porque flutua na esfera da promoção, do prêmio. Como, então, fazer com que aquela vozinha: "ei, e eu?" seja ouvida nessa atmosfera de "cê tá louca? Olha só quanta coisa a gente vai ter-viver-conquistar-bla-bla-blá"?
Mas uma hora a conta chega!
E não há grana, carrão, casona, escola paga, clube bacana e vida em país "desenvolvido" que acabe com aquela sensação que a mulher que deixa-muita-coisa-de-lado-para-seguir-ao-lado-de-alguém acaba tendo com o passar do tempo:"acho que saí perdendo nessa..."
Se você foi só em nome do outro e das coisas, é legítima e real essa sensação. Quem não parte com um projeto próprio perde muito. Perde-se de si mesma.
Ok, o começo de uma expatriação exige muita doação. Como está "sem trabalho", cabe - muitas vezes  - à mulher a tarefa de abrir as portas de um novo sistema de vida. Ela atua equilibrando pratos:  estrutura o lar, desbrava a cidade, dá suporte ao parceiro - para que tenha tranquilidade ao mergulhar nas novas atribuições, dá atenção e presença aos filhos, para que consigam se adaptar à nova cultura. Mas isso é motivo para dar um chega pra lá nas próprias necessidades?
Você está nessa situação? Partiu sem acolher os próprios anseios? 
O legal é que sempre há tempo para resgatar o bom relacionamento com a gente mesma!
E o bom relacionamento é baseado na escuta. Escute-se!
Do que você precisa para dar conta do próprio bem estar nessa vida "coexpatriática"? 
O que você pode fazer para sua vida voltar a ter sentido? 
Como você pode resgatar aquela vontade de seguir em frente?
Como você pode recuperar o brilho? O brilho dos seus olhos?
O que você poderia fazer para aproveitar o tempo aí e enriquecer: sua vida, suas experiências, suas relações, suas emoções, suas finanças, seu currículo?
O que você pode aprender "longe de casa"?
O que você vai fazer para passar de mulher de expatriado para mulher e expatriada?
Por onde começar?
Eu sugiro começar! Comece! Uma ação! Um comportamento diferente! Apenas comece...
Carmem Galbes

Quando a mãe vira uma expatriada...

Pense em um filho demorando para andar, para falar, que prende o cocô, que não come nem ar, com aquele nariz que não para de escorrer, sem se adaptar na escolinha. 
Mesmo que esteja tudo ok, que o pequeno esteja demonstrando todos os sinais esperados de desenvolvimento - inclusive com as devidas birras - pense em você tendo que lidar com o dia dia - normalmente - sozinha da Silva. Lembre de você podre de cansaço. Agora imagine tudo isso em outra língua!
Imaginou? Tudo bem, um-dois,três, respira, vooolta é só um exercício. E olha, tranquilo, tem gente que garante ser possível sobreviver a isso. Melhor, tem mulher que fala que maternidade no exterior pode ser fortificante.
Achei bem interessante o relato  da publicitária Camila Furtado sobre criar filho em outro país. No caso dela, na Alemanha.
Ela faz uma lista - daquelas que a gente adora por aqui - sobre tudo o que já aprendeu sendo uma mãe expatriada.
Dá um pulo lá no blog "Tudo sobre minha mãe." Espero que o texto te encoraje, te de um norte, um alívio. Porque ser mãe é...nossa não tenho nem palavras para qualificar as maravilhas da maternidade, mas todas nós também sabemos que não é fácil...pra lá da fronteira então...
Para ler o texto da Camila, clique aqui.
Precisa de ajuda para por as coisas, as ideias, os sentimentos no lugar para poder aproveitar todo o potencial da vida longe do ninho? Vamos converar, eu sei como te ajudar!
Estou sempre no contato@leveorganizacao.com.br
Mais iformações: www.leveorganizacao.com.br
Carmem Galbes

Expatriação e maternidade.

Em se tratando de maternidade, tenho certeza que nos seus sonhos, assim como nos meus, o mundo é perfeito. 
E a maternidade é mesmo incrível. A parte linda é maravilhosa. O amor, o carinho, os sorrisos, as brincadeiras, as palavrinhas, o desenvolvimento, as conquistas. A possibilidade de reeditar a própria infância! De recriar a própria vida. Um mundo de descobertas e a descoberta de um novo mundo!
A questão é a parte difícil.
Vamos lá:
Pense em náusea. Agora pense em um enjoo que deveria - eu disse de-ve-ria - terminar passando o terceiro mês de gravidez. 
Pense no parto. No que você deseja e no que será possível fazer. 
Agora pense nos primeiros dias em casa com um ser que depende absolutamente de você.
Pense em você sem dormir direito, sem comer direito, sem tomar banho direito e sem saber direito o motivo daquele choro...o do bebê e o seu. 
Pense em como vai ser quando ele deixar o peito, o que vai comer, se vai comer direito. 
Pense na febre que não passa, na tosse que insiste, no sintoma que você nunca tinha ouvido falar.
Ainda, pense no desenvolvimento, pode ser que ele fale mais tarde, ande bem depois, não ganhe tanto peso, não cresça tanto...
Pense no primeiro dente, nos tombos, nas birras. 
Imagine a escolinha, a escolinha perfeita que não existe. Pense no choro pela separação nos primeiros dias, primeiras semanas, primeiros meses...Pense na primeira mordida...
Agora pense em tudo isso em outra língua, num ambiente com costumes diferentes dos seus, longe de casa. Pior, longe de casas: dos avós, tias, primas, amigas e de toda aquela gente que poderia te dar uma tremenda força!
Mas por que tudo isso agora?  Porque a blogueira e mãe Gisa Hangai pediu para contar no blog Mãe Bacana como é a experiência de criar filhos no exterior. 
Então se você está em busca de experiências mais concretas, dá uma passada lá no blog da Gisa que ela fez uma série de posts com mamães expatriadas. Interessante!!
Não está lá sabendo como conciliar os papeis de mulher, esposa, mãe expatriada? A expatriação não está sendo a experiência enriquecedora que você esperava? Vamos conversar que eu sei como te ajudar! Estou sempre no contato@leveorganizacao.com.br
Mais informações: www.leveorganizacao.com.br
Carmem Galbes

Mamãe expatriada.

Dois dedinhos de prosa.
Para quem ainda tem dúvida: a profissional brasileira transferida para o exterior tem direito à licença maternidade assim como teria no Brasil. Como está explicado no site JusBrasil: "com base no dispositivo legal  infere-se que ao empregado transferido para o exterior são assegurados todos os direitos previstos na legislação trabalhista brasileira, salvo quando a legislação local for mais benéfica. Logo a gestante transferida para o exterior fará jus à licença-maternidade de 120 dias e salário-maternidade equivalente a 100% seu salário-de-contribuição, conforme preconiza a legislação previdenciária brasileira."
Tomara que você esteja em um lugar que seja super com as mamães, tipo, na Suécia, onde a mulher pode ficar em casa por até 1 ano e 4 meses, recebendo 80% do salário.
Agora, sobre amamentação pelo mundo...vixe...isso sim dá muita conversa.
Quais países encaram - de verdade - numa boa a amamentação? Posso dar de mamar em qualquer lugar? Tenho que me cobrir? Ir com meu bebê ao banheiro? Até quando amamentar? São tantas minhocas quando o normal deveria ser por o "tetê" pra fora e deixar o nenê "mama"...
Então, pra encurtar e você correr para o abraço, fica a orientação da OMS: aleitamento materno exclusivo até os seis meses e, a partir daí, com outros alimentos, pelo menos até os dois anos. 
Como vai ser o processo? Aí você avalia o que vai ser mais confortável para vocês dois. Estudar a cultura local pode ser meio caminho para evitar um estresse num período em que você "não vai estar podendo..."
Feliz dia das mães! 
Está em busca de uma orientação para lidar melhor com os papéis de mãe e expatriada? O coaching pode te ajudar! Vamos conversar! Estou sempre no contato@leveorganizacao.com.br
Mais informações: www.leveorganizacao.com.br
Carmem Galbes

Expatriado feliz, expatriadinho idem.

Tenho a impressão de que tem mãe ou pai por aí que acredita estar criando um ser global pelo simples fato de o pequeno - aos 3 anos de idade - já dizer hello, yellow e Thank you.
Claro que não vou contestar o fato de que aprender mais de um idioma - e logo na primeira infância - pode incrementar nossa mobilidade entre lugares e entre situações.
Mas penso que a lapidação de um expatriado feliz está muito mais nas entrelinhas, nos detalhes, no dia a dia mesmo, do que em um esquema "the book is on the table". Acontece que ensinar pela cartilha do cotidiano exige presença, disponibilidade e um olhar atento de quem cuida.
A gente não pode querer, por exemplo, que o filho entre sem traumas em uma outra cultura se briga para que a prefeitura remova um albergue ou não construa uma estação de metrô porque vai trazer um povo "diferenciado" para o bairro.
Não dá pra acreditar que ele estará apto a experimentar novos sabores se o que sempre provou foi a mesmice das comidas industrializadas, congeladas, de isopor.
É loucura achar que o filho vai se aventurar em ir e vir se ele nunca teve um porto seguro, se nunca soube onde encontrar apoio e amor.
Também não se pode desejar que ele tenha a disposição de encarar o estranho se toda a vida teve que se espremer em um padrão. Aqui faço questão de ser mais específica.
A cena: procura por jardim da infância.
Coordenadora pedagógica de uma escola tida como exemplar diz: "vamos conversar lá fora, parece que seu filho não gosta de lugar fechado."
Aproveitando: "como lidam com uma alma que tem certa resistência à paredes?"
"Então", começa a expert em crianças: "tem que vir da rotina da famíia. Você tem que diminuir as saídas, acostumá-lo a ficar mais dentro de casa."
Ah...tá! Poderia, imagino, começar dizendo a ele que lá fora tem bicho papão, que correr na areia da praia é nojento e que brincar no parquinho pode ser muito perigoso, já pensou no tombo do escorregador?

Ah, e poderia ainda convencê-lo de que vento, Sol e chuva só existem para atrapalhar a vida.
COMO UMA COORDENADORA PEDAGOGICA PODE SUGERIR TAL DOMESTICAÇÃO? Tá, desculpe, me exaltei.

Mas será que não existem outras maneiras de mostrar que também pode ser interessante ficar em sala de aula?
Mas, enfim, não é esse o ponto.
O que penso ser importante na formação do tal ser global - seja na busca por colégio, na escolha do lazer, no emitir uma opinião, no oferecer um prato, é ajudar a armazenar ferramentas para desbravar, abrir caminhos, vasculhar, atravessar opiniões, preconceitos e fronteiras.
Meu papel como mãe é ampliar e não conter. É expandir e não reter. É mostrar que o mundo é grande e repleto de vertentes.
Quero é passar adiante um dos meus principais aprendizados sobre a vida: a de que ela é repleta de possibilidades. E quanto mais arraigada essa ideia, desconfio que mais felizes poderemos ser.
Carmem Galbes

Que o diferente nunca fique igual, mas que todos os envolvidos em uma expatriação sejam valorizados!

Olá, Coexpat!
Quando eu nasci, os sutiãs já tinham sido queimados.
A minha mãe e o meu pai já acreditavam que fosse filho ou filha, tinha que estudar e se preparar para ser autossustentável.
Em casa, lavar louça e limpar o carro, fazer comida e tirar o lixo sempre foram vistas como atividades unissex.

Da minha parte: adorava ajudar meu pai com o carro, não conseguia evolução na cozinha - o que ocorre até hoje e sempre amei limpar e arrumar a casa, até hoje. 
Nesse momento de altos debates, e às vezes, de embate entre homem e mulher, admito: meus pais ainda são da antiga. Gente - absurdo - eles ainda acreditam que meninas e meninos são - no mínimo - biologicamente, fisiologicamente, neurologicamente diferentes. Pode? Nossa, na idade deles, que liberdade, eles podem tudo!
Para eles o humano tem de carregar um princípio básico: respeito, próprio e ao próximo. Para eles, menino e menina têm a mesma essência: raciocínio, sentimentos, emoções. Mas eles também acreditam que homens e mulheres conversam, pensam, sofrem e amam de maneiras diferentes.
Existem correntes que dizem que tudo isso é uma construção social. Defendem que meninas e meninos podem ser absolutamente iguais. Pode ser, ou não...mas acho que eu também acredito que somos de Vênus e eles de Marte, é isso, ou o contrário? Enfim, somos de planetas diferentes...me julguem, eu aguento!
Você: "ok, tudo bem, mas o que o salto tem a ver com a meia calça? O que esse assunto tem a ver com o mundo 'expatriático?"
Tudinho!
O ponto em que quero chegar é que, para uma expatriação dar certo, homem e mulher tem que embarcar juntos nessa, tirando proveito das igualdades e, principalmente, das diferenças, sejam nossas, sejam deles.
Se, na expatriação, levamos na mala a armadura, cada ponto positivo pode ser usado como arma para crítica, tensão e disputas. Aí, as habilidades de cada um, que deveriam equilibrar a relação, podem servir mesmo é para romper.
Só para exercitar, vamos supor a cena: tentativa de ida com os filhos ao parque depois do jantar.
Ela, cuidadosa: "crianças, ponham o tênis, peguem capacete e joelheira se quiserem andar de patins."
Ele, prático: "não precisa, vamos de chinelo, só pra andar um pouco por aí."

A partir daí, o que vem a seguir é só loucura:
Ela: "você não está nem aí 'pras' crianças."
Ele,: "para!"
Ela: "por que? Tá cansado, né? Só pensa no seu trabalho!"
Ele: "para, vai!"
Ela: "é só isso que você sabe dizer?"
Ele: "não! Eu quero dizer que não tem sido fácil a vida aqui e tem ficado pior com uma louca neurótica que só sabe reclamar e impor as suas vontades!"
Ela: "você não me escuta, não está nem aí pra tudo o que deixei pra trás para te acompanhar!"
Ele: "tudo bem, a gente volta, eu procuro outro emprego."
Ela: "vai a mer..!"

Ele: "vai você!"
E as crianças só queriam ficar em casa, na sala, com todo mundo junto. A pequena curtindo suas fantasias. O pequeno "quebrando" qualquer brinquedo. Mas os dois querendo ver papai e mamãe em paz, reclamando aqui, tirando sarro ali, resmungando acolá, mas juntos, cúmplices no crime de enriquecer a experiência de vida no exterior.
Você pode ter achado essa conversa machista demais. "Por que, no exemplo, papai trabalha e mamãe está em casa?"
Realidade, baby...Lembra que quando o assunto é família expatriada, de cada 10 famílias transferidas, 8 embarcaram por causa da carreira dele? Então, pelo menos quando o assunto é expatriação, o debate/embate ele x ela está ainda nos anos de 1950. 

Nesse caso, não defendo a igualdade, que aqui seria o casal tendo as mesmas oportunidades profissionais no exterior (isso seria maravilhoso, mas - na prática - cruel com os filhos). O que defendo é o mesmo nível de valorização das atividades exercidas, seja ele "botando o dinheiro dentro de casa" seja ela "deixando a casa em pé" ou vice-versa. Defendo a valorização da família expatriada como um todo, que - embora receba benefícios para deixar sua pátria - ainda embarca sozinha, rumo ao desconhecido e pode, sim, se despedaçar por falta de um olhar que admita que todos os envolvidos estão exercendo um papel fundamental para a expatriação ser um sucesso!
Se você sente-se só, sem apoio e não está feliz longe de casa, apesar de todo o potencial de enriquecimento que uma expatriação traz, não se convença que é assim mesmo. Converse comigo que eu sei como te ajudar!
Estou no contato@leveorganizacao.com.br

Não desperdice nenhuma chance de viver a vida que você quer!
Carmem Galbes

Expatriação em estudo.

Olá, Coexpat!
Tudo começou de repente. Foi mais forte que eu. Eu não fazia a mínima ideia de como isso funcionava, nem de como mudaria a minha vida.
Confesso que não recebi nenhum convite. Me envolvi por pura curiosidade. Começou com uma olhadela aqui, uma pesquisada ali. Quando me dei conta, não tinha mais volta! O blog estava no ar.
Essa aventura “bloguística” me ajudou um bocado nos últimos tempos. Não só por ter me envolvido com algo novo para mim - a blogosfera - mas por, entre outras coisas, ter tido a chance de conhecer mais de perto esse mundo “expatriático”.
Interessante que quando caí nessa vida - há um ano e meio - não encontrava, ou não sabia procurar? - muitos estudos e livros sobre o tema.
Agora estão pipocando.
Vira e mexe encontro algo. E mexe e vira me perguntam sobre especialistas, bibliografia e pessoas com experiência prática no assunto.
Para facilitar a ponte entre pesquisadores e pesquisados, abre-se mais um espaço nesse ambiente: “Expatriação em estudo”.
Funciona mais ou menos assim: você manda um e-mail para contato@leveorganizacao.com.br, falando um pouco sobre o estudo e quem gostaria de contactar para seguir no projeto. Para facilitar a vida de todo mundo, disponibilize um e-mail.
Começamos com um chamado da psicóloga, especialista em gestão internacional, Graziele Zwielewski.
Ela busca famílias expatriadas, com filhos de qualquer idade que tiveram dificuldade de adaptação na cultura anfitriã. Essas famílias vão embasar uma pesquisa científica sobre adaptação cultural.
O contato da Graziele é: grazizw@hotmail.com
Quem já teve de vasculhar o Google atrás de uma luz para as angústias da expatriação sabe da importância de ajudar a organizar o pensamento sobre o tema.
Ela agradece!
Carmem Galbes

Leve Entrevista. Crianças expatriadas.

Olá, Coexpat!
Conversamos bastante por aqui sobre os impactos da expatriação. Se para gente grande a coisa pode ser complicada, imagine para os pimpolhos.
Na década de 1960, a socióloga Ruth Hill Useeem passou a classificar como Cross Culture Kid a criança que vive o período escolar, ou de formação, em outro país.
O sociólogo David Pollock fala em Third Culture Kid. Segundo ele, a criança com uma terceira cultura carrega características do país de origem e do local onde está vivendo, formando um cenário todo particular, uma cultura que não pertence a nenhuma região específica.
A psicóloga Simone Eriksson é quem nos ajuda a entender um pouco mais sobre o que se passa com os expatriadinhos durante as mudanças.
Com vivência nos Estados Unidos, Suécia, Polônia e Itália, ela foi fundo nas angústias de mãe para armazenar experiência profissional e poder auxiliar famílias que estão de partida, através de programas e workshops desenvolvidos pela Interculturalplus.
Simone salienta que o impacto no desenvolvimento da criançada é inevitável, e pode ser positivo ou negativo dependendo da experiência de cada família e da cada criança. “A minha experiência de 13 anos no exterior com meus dois filhos, agora com 8 e 15 anos, me ensinou que precisamos levar a sério as crianças, uma vez que elas não conseguem explicar a complexidade da experiência que estão vivendo, e, na maioria das vezes, não sabem dar nome ao que sentem. Devemos estar atentos e caso tenhamos dúvidas, recomendo sempre procurar profissionais com experiência própria em expatriação”, salienta.
Aproveite a entrevista!


Leve - A sra. concorda que ainda se dá pouca atenção à criança brasileira que vive um processo de expatriação?
SE - Infelizmente tanto as empresas quantos alguns pais despreparados ainda subestimam as dificuldades das crianças. Isso acontece porque esquecemos que a percepção das crianças e adolescentes é diferente das dos adultos. A minha pesquisa com crianças na fase de adaptação confirma que existem processos psicológicos específicos afetados pela mudança, fases de transição e adaptação das crianças dependendo da idade.

Leve – Como o processo de expatriação atinge a criança?
SE - O processo de expatriação atinge as crianças, de modo geral, nos processos psicológicos típicos de seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Ou seja, esta experiência é vivida e interpretada a partir do nível de desenvolvimento de cada criança.

Leve – Como a mudança deve ser abordada?
SE - Eu costumo dizer que uma mudança terá sempre seu impacto, ela pode ser bem ou mal sucedida, dependendo da assistência familiar, das diferenças culturais e de aspectos da personalidade de cada criança. Existem, no entanto, instrumentos práticos a serem usados para auxiliar pais e professores durante as fases de transições. Esses instrumentos aumentam a probabilidade que esta experiência seja vivida como algo estimulante e positivo.

Leve - Os autores Adrian Furnham e Stephen Bochner apontam que o expatriado passa por quatro fases durante o processo: euforia com a nova situação, choque cultural, adoção da rede social local até atingir o relacionamento intercultural. As crianças também passam por essas fases?
SE - Com certeza as crianças passam pelas mesmas fases, a diferença é que elas têm uma percepção mais concreta e egocêntrica da situação e isso pode dificultar seu entendimento.

Leve - Quais os maiores desafios na expatriação de uma criança? Há casos de expatriação mal-sucedida? Como identificar que algo não vai se encaixar?
SE - Durante uma expatriação, especialmente para pais de primeira viagem, os desafios estão em acompanhar atentamente os sintomas, informar a criança em uma linguagem infantil, e saber como ajudá-las. Os casos mal-sucedidos são - infelizmente - mais comuns que imaginamos. Tenho casos onde a criança para totalmente de falar, casos que elas vomitam todos os dias para não ir à escola, perdem os cabelos, etc. Porém, vale ressaltar que mesmo os casos não tão extremos necessitam de acompanhamento e esclarecimento para os pais.

Leve - É possível falar em idade crítica ou melhor fase para expatriação?
SE - A idade por si só não facilita nem piora o processo, são somente desafios diferentes. Aliás, a expatriação tem seu impacto - positivo ou negativo - tanto na infância e adolescência quanto na idade adulta.

Leve - A criança brasileira é preparada para viver em outro país? Como pode ser feita tal preparação?
SE - É muito difícil generalizar, mas a qualidade do preparo dos pais influencia a experiência dos filhos independente da nacionalidade. Desenvolvi um método chamado Expat Kid Plus®, que será lançado em breve, juntamente com um livro infantil, que auxilia os pais e também crianças e jovens de 5 a 18 anos no processo de expatriação.

Leve - Faz alguma indicação de leitura?
SE - Eu começaria pelo livro Third Culture Kids, de David Pollock & Ruth Van Reken.

Carmem Galbes

Leve Entrevista. Adaptação ao Diferente.

Olá, Coexpat!
Com uma bagagem que inclui a própria expatriação, a psicóloga Andrea Sebben fala sobre assuntos bem conhecidos de quem está longe do ninho, como medo e solidão. 
A profissional, especialista em ajudar @ brasileir@ a ser bem-sucedid@ lá fora, trata das dificuldades da expatriação e sugere caminhos para que essa seja, sim, a melhor viagem da vida. Aproveite!

Leve: O seu trabalho é uma prova de que as empresas estão empenhadas em investir na adaptação d@ expatriad@ e sua família. No que se refere à família, ela conseguem ter a noção dos desafios pessoais dessa experiência ou a maioria ainda subestima o futuro dia a dia em uma cultura diferente?
Andrea: Acho que a grande maioria ainda subestima as dificuldades da expatriação. Há algumas razões para isso, no meu ponto de vista. A principal delas é defender-se de seu próprio medo e angústia, afinal de contas, não se pode falar em migração sem falar em medo e insegurança. Portanto, menosprezar as dificuldades é uma forma também de sentir-se mais seguro e no controle da situação - o que é praticamente impossível. Migração é risco e é ambivalência também. Lidar com esses aspectos é muito difícil mesmo. Outra razão é a quantidade de aspectos burocráticos que precisam ser resolvidos não deixando tempo para uma reflexão mais consistente.

Leve: Assim como há pessoas que não possuem determinados talentos, é possível dizer que há profissionais que não têm e não conseguirão desenvolver um perfil para a expatriação?
Andrea: Sim, é possível dizer isso à luz da psicologia Intercultural, que define as personalidades migratórias. Existem pessoas que são naturalmente bem-sucedidas na migração por terem facilidade em criar vínculos, em experimentar coisas novas, em adquirir um novo idioma e, principalmente, porque conseguem participar de grupos muito facilmente. Fazer parte de uma comunidade e vincular-se ao país hospedeiro são cruciais para o expatriado - o que explica tantos grupos de expatriados ao redor do mundo.
Outra personalidade é aquela que sofre com a separação, que tem dificuldade em criar vínculos, em sentir-se parte do grupo, em aprender um novo idioma, em experimentar novos alimentos, enfim. Essa sofre na partida, durante a expatriação e quando volta - pois uma vez que se estabelece na cultura estrangeira, sofre demais também ao retornar ao país de origem.


Leve: No seu livro "Intercâmbio Cultural:um guia de educação intercultural para ser cidadão do mundo" a senhora fala sobre stress aculturativo, desentendimentos, gafes e retorno ao país de origem. Quais seriam as principais características da família e da escola preocupada em formar um expatriad@ feliz?
Andrea: Nesse caso você está falando d@ estudante estrangeir@ numa casa de família hospedeira. Acho que tanto os hospedeiros como as escolas deveriam fomentar a amizade com nativos - e não com estrangeir@s. Tenho uma certa resistência às escolas americanas - ou escolas internacionais como chamamos aqui no Brasil - que fazem uma grande reunião de estrangeir@s e falam outro idioma que não o português. É praticamente a criação de um gueto, porém, de estrangeiros.
@ estudante pode aprender a apreciar a escola, o idioma e a cultura local e é nesse sentido que se criam vínculos interculturais - na diversidade. De que adianta, por exemplo, ir aos Estados Unidos e frequentar uma escola de brasileiros e falar português? Quando isso acontece aqui no Brasil acho que todos perdem, sobretudo a criança.

Leve: Qual a sugestão para @ expatriad@ que ainda não conseguiu identificar as belezas e delícias dessa experiência?
AS: Abrir-se definitivamente. Não se entra na experiência intercultural com uma visão fechada, etnocêntrica, que nos convida apenas à comparação e ao julgamento. Enquanto não conseguirmos apreciar as pessoas, os sabores e as paisagens a partir do contexto local, não conseguiremos compreender, perceber e apreciá-los tais como são.


Andrea Sebben é psicóloga, mestre em Psicologia Social e membro da IACCP - International Association for Cross-Cultural Psychology. www.andreasebben.com.br

Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...