Férias.

Olá, Coexpat!

A gente aprende na escola: se pressão e temperatura mudam, o resultado tende a ser diferente. Então para a coisa não ficar estranha, o blog entrou em férias.
Enquanto isso, que tal aproveitar para visitar ou rever alguns assuntos desse nosso mundinho "expatriático"?
No canto direito há entrevistas com profissionais do ramo, participações de expatriadas, muitas impressões e algumas ideias.
Volto em 15 de junho com troca de experiência direto da Espanha, além de uma conversa com dicas de saúde bem interessantes para quem se prepara para a mega mudança de endereço.
Até lá!

Carmem Galbes

Leve Entrevista. Crianças expatriadas.

Olá, Coexpat!
Conversamos bastante por aqui sobre os impactos da expatriação. Se para gente grande a coisa pode ser complicada, imagine para os pimpolhos.
Na década de 1960, a socióloga Ruth Hill Useeem passou a classificar como Cross Culture Kid a criança que vive o período escolar, ou de formação, em outro país.
O sociólogo David Pollock fala em Third Culture Kid. Segundo ele, a criança com uma terceira cultura carrega características do país de origem e do local onde está vivendo, formando um cenário todo particular, uma cultura que não pertence a nenhuma região específica.
A psicóloga Simone Eriksson é quem nos ajuda a entender um pouco mais sobre o que se passa com os expatriadinhos durante as mudanças.
Com vivência nos Estados Unidos, Suécia, Polônia e Itália, ela foi fundo nas angústias de mãe para armazenar experiência profissional e poder auxiliar famílias que estão de partida, através de programas e workshops desenvolvidos pela Interculturalplus.
Simone salienta que o impacto no desenvolvimento da criançada é inevitável, e pode ser positivo ou negativo dependendo da experiência de cada família e da cada criança. “A minha experiência de 13 anos no exterior com meus dois filhos, agora com 8 e 15 anos, me ensinou que precisamos levar a sério as crianças, uma vez que elas não conseguem explicar a complexidade da experiência que estão vivendo, e, na maioria das vezes, não sabem dar nome ao que sentem. Devemos estar atentos e caso tenhamos dúvidas, recomendo sempre procurar profissionais com experiência própria em expatriação”, salienta.
Aproveite a entrevista!


Leve - A sra. concorda que ainda se dá pouca atenção à criança brasileira que vive um processo de expatriação?
SE - Infelizmente tanto as empresas quantos alguns pais despreparados ainda subestimam as dificuldades das crianças. Isso acontece porque esquecemos que a percepção das crianças e adolescentes é diferente das dos adultos. A minha pesquisa com crianças na fase de adaptação confirma que existem processos psicológicos específicos afetados pela mudança, fases de transição e adaptação das crianças dependendo da idade.

Leve – Como o processo de expatriação atinge a criança?
SE - O processo de expatriação atinge as crianças, de modo geral, nos processos psicológicos típicos de seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social. Ou seja, esta experiência é vivida e interpretada a partir do nível de desenvolvimento de cada criança.

Leve – Como a mudança deve ser abordada?
SE - Eu costumo dizer que uma mudança terá sempre seu impacto, ela pode ser bem ou mal sucedida, dependendo da assistência familiar, das diferenças culturais e de aspectos da personalidade de cada criança. Existem, no entanto, instrumentos práticos a serem usados para auxiliar pais e professores durante as fases de transições. Esses instrumentos aumentam a probabilidade que esta experiência seja vivida como algo estimulante e positivo.

Leve - Os autores Adrian Furnham e Stephen Bochner apontam que o expatriado passa por quatro fases durante o processo: euforia com a nova situação, choque cultural, adoção da rede social local até atingir o relacionamento intercultural. As crianças também passam por essas fases?
SE - Com certeza as crianças passam pelas mesmas fases, a diferença é que elas têm uma percepção mais concreta e egocêntrica da situação e isso pode dificultar seu entendimento.

Leve - Quais os maiores desafios na expatriação de uma criança? Há casos de expatriação mal-sucedida? Como identificar que algo não vai se encaixar?
SE - Durante uma expatriação, especialmente para pais de primeira viagem, os desafios estão em acompanhar atentamente os sintomas, informar a criança em uma linguagem infantil, e saber como ajudá-las. Os casos mal-sucedidos são - infelizmente - mais comuns que imaginamos. Tenho casos onde a criança para totalmente de falar, casos que elas vomitam todos os dias para não ir à escola, perdem os cabelos, etc. Porém, vale ressaltar que mesmo os casos não tão extremos necessitam de acompanhamento e esclarecimento para os pais.

Leve - É possível falar em idade crítica ou melhor fase para expatriação?
SE - A idade por si só não facilita nem piora o processo, são somente desafios diferentes. Aliás, a expatriação tem seu impacto - positivo ou negativo - tanto na infância e adolescência quanto na idade adulta.

Leve - A criança brasileira é preparada para viver em outro país? Como pode ser feita tal preparação?
SE - É muito difícil generalizar, mas a qualidade do preparo dos pais influencia a experiência dos filhos independente da nacionalidade. Desenvolvi um método chamado Expat Kid Plus®, que será lançado em breve, juntamente com um livro infantil, que auxilia os pais e também crianças e jovens de 5 a 18 anos no processo de expatriação.

Leve - Faz alguma indicação de leitura?
SE - Eu começaria pelo livro Third Culture Kids, de David Pollock & Ruth Van Reken.

Carmem Galbes

A arte de viver fora.

Olá, Coexpat!

Hoje a dica é da Maria Ribeiro, expatriada na Noruega - uma super colaboradora aqui do Expatriadas.
Ela sugere a leitura da matéria “
A experiência de trabalhar fora do Brasil”, da Época Negócios online.
O material traz depoimentos de brasileiros que moram nos Estados Unidos, Espanha, França, China e Cingapura.
São falas de gente que já vive as delícias de uma carreira bem sucedida, mas que nem por isso deixa de enfrentar os desafios dessa aventura longe de casa.
Aproveite!


Carmem Galbes

Essa baixa autoestima...

Olá, Coexpat!

Você se esforça para acessar a cultura estrangeira. Lê o que pode, se empenha no idioma, se enfia em associações, agremiações, conselhos de pais, de amigos dos bichos, das árvores, das frutas... Se mete em grupos de oração, esotéricos, de voluntários... Se aventura pela culinária...pela flora e fauna... Tudo para ir chegando, conhecendo e, aos poucos, ir mostrando o lado B - de bom - da cultura brasileira, tudo aquilo que vai muito além de carnaval, caipirinha e Pelé.
Aí, em plena sexta-feira, durante uma sabatina da Folha de S. Paulo, vem o Ronaldo - o jogador - e diz que o filho dele é quase europeu.
Até aí, por mim, ele pode ser o que der na telha. Brilhante foi a explicação: “ele é doce, não fala palavrão e é educado.”
Como diria uma brasileira: “zente!”
Então, se o guri tivesse sido criado no Brasil seria amargo, boca suja e uma peste?
Diante do zumbido da platéia, Ronaldo concordou que o moleque é mesmo brasileiro - tem passaporte brasileiro,  só que acrescentou: "mas eu prefiro que ele tenha amiguinhos europeus do que amiguinhos brasileiros. Os brasileiros são muito malandros(...) A gente não queria que fosse assim. Esta diferença é uma realidade e, se posso escolher, prefiro que meu filho tenha uma educação européia.”
Bem, de duas uma: ou o cara se acha um fracasso como pai, incapaz de educar uma criança independente da cultura em que esteja inserida ou ele vive em uma bolha - ou seria uma bola? - e ainda não percebeu que tem criança de todo tipo em todo lugar do mundo, assim como tem malandro, esperto, honesto e bocó em todo canto do planeta.
Pra encurtar essa coisa: se o Ronaldo - como brasileiro - se acha muito malandro, ele que fale por ele! Cada um com seus “pobrema”. Aff...


Carmem Galbes

Tropeços "expatriáticos".

Olá, Coexpat!Nem é preciso ser bidu para adivinhar que a nossa vida tende a ser mais fácil no exterior à medida que a gente se envolve com o idioma e a cultura locais.
O psicanalista Fernando Megale já explicou que “a língua, além de ser o principal meio de nos comunicarmos, representa o marco de nossa identidade.”
Os códigos de etiqueta também podem ajudar quando se exige uma rápida adaptação. Acho que ninguém duvida que é melhor saber com antecedência, por exemplo, que a vaca é sagrada na Índia.
Então que se apresente a expatriada ou expatriado que nunca passou por constrangimento tentando tocar o dia a dia em outra cultura.
Mas, passado o clássico "ops, foi mal", o que importa mesmo é que gafe sempre rende causos pra contar...
Os links a seguir são só um exemplo de como é normal se perder - e se achar - nesse mundão “expatriático”...
Inglês pra Inglês ver.
Inglês pra Inglês ver 2.


Carmem Galbes

Cinco perguntas e uma boa surpresa! Holanda.

Olá, Coexpat!As cinco respostas de hoje vêm dos Países Baixos, que acho que a gente sempre chamou de Holanda.
A área mais populosa da União Européia é também a que tem a relação comercial mais intensa com o Brasil, isso entre os países europeus.
O idioma oficial é o Neerlandês. Mas acho melhor deixar a Naldy – que está há seis anos por lá - falar mais sobre o país das Tulipas.
A história de expatriação da Naldy tem a ver com muito amor. Um holandês ganhou o coração dela e convenceu essa carioca a deixar o endereço brasileiro pra trás.
Hoje Naldy trabalha como administradora de uma empresa americana, e vive com o marido e os dois filhos na região de Noord Brabant , cidade de Eindhoven, centro-sul da Holanda.
Nem o clima holandês mexe com o bom humor dela que deixa um recadinho antes das respostas: “Nunca desista dos seus sonhos.” Naldy também faz um convite: “se quiser acompanhar nosso dia-a-dia aqui na Holanda, clique no meu blog
http://www.dynaholanda.blogspot.com/
Com certeza, Naldy! Obrigada pelas suas dicas!


Cinco Perguntas:
Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
N - Cheguei a Holanda em novembro de 2003. Mas já havia vindo aqui antes da decisão final (morar). Acredito que é importante visitarmos o local tanto em férias de verão como no inverno.
Cheguei à conclusão que me sentia em casa na Holanda quando voltei ao Brasil de férias pela primeira vez. Já não era mais a minha casa. Sentimento muito estranho, posso dizer. Acredito que nos sentimos em casa quando temos uma rotina definida, quando o telefone de casa toca para você, e quando você recebe cartas dos correios do próprio local onde mora.

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
N - O idioma. Foi e ainda é o mais difícil ponto de todo o processo.

Leve - O que faria diferente?
N - Nada. Fiz exatamente da forma como programei. Visitei o país, visitei os lugares, pesquisei a lei do país, local de possível empregos, igreja (para mim importante) e conheci brasileiras mesmo antes de vir para cá como expatriada.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
N - Sim. Estou sempre aberta à novas experiências.

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
N - Trabalhar na minha profissão do Brasil: essa virou pó.
Aprender o idioma: essa finalmente posso dizer que se concretizou.

A boa surpresa:
Hoje posso dizer que sou independente financeiramente, coisa que nunca pensei que pudesse acontecer fora do meu país. Mas o melhor de tudo não é isso, é ver meus filhos totalmente felizes morando aqui, viver nesse país que eu aprendi a amar, apesar desse tempinho chuvoso.

Carmem Galbes

Espanha, crise e repatriação.

Olá, Coexpat!
A conversa hoje é rápida, se resume à uma dica.
A BBC Brasil fez um apanhado sobre a situação dos estrangeiros na Espanha, país com a maior taxa de desemprego na Europa.
O material, levantado pela repórter Babeth Bettencourt, traz - além de um histórico sobre a expatriação de brasileiros para a Espanha - informações sobre os direitos dos imigrantes por lá e sobre o pacote de incentivo para quem está pronto para voltar.
Veja a matéria aqui.


Carmem Galbes

Leve Entrevista. Serviço de Orientação Intercultural - USP.

Olá, Coexpat!

Temos conversado bastante nos últimos dias sobre a mobilidade internacional e como essa crise econômica tem feito muita gente voltar para “casa”.
A questão é que não importa se você está indo ou voltando, aventurar-se longe do ninho exige, além de todo o planejamento das questões práticas, cuidado com os próprios sentimentos durante o processo.
Mas você não precisa passar por essa sozinha.
A Universidade de São Paulo disponibiliza o Serviço de Orientação Intercultural, um atendimento desenhado para dar suporte a quem está de partida ou está com passagem de volta.
Uma das fundadoras e coordenadora do programa, a psicóloga Sylvia Dantas, dá mais detalhes sobre o atendimento. A pesquisadora buscou na própria experiência de expatriada as respostas para muitas dúvidas e dilemas que atravessam a vida de estrangeiro.
O serviço de Orientação Intercultural é gratuíto, mais informações aqui ou pelo telefone 11 3091-4360.
Aproveite a entrevista!


Leve - Como nasceu o Serviço? Houve uma demanda específica? Qual o objetivo do trabalho e quantas pessoas já foram atendidas pela equipe?
SD - Morei fora por de 12 anos, entre idas e vindas para os EUA. Na última vez fiquei 7 anos no exterior, período em que realizei minhas pesquisas de mestrado e doutorado sobre famílias brasileiras imigrantes nos EUA. A tese foi publicada em forma de livro nos EUA, “Changing gender roles: Brazilian immigrant families in the US”.
Quando voltei para o Brasil passei pelo processo do retorno e também realizei
pesquisa sobre isso, o resultado dos estudos faz parte do livro “Psicologia, E/Imigração e Cultura”.
O serviço nasceu assim, da minha percepção da necessidade de um acompanhamento psicológico desse processo de mudança de país a partir de minha experiência pessoal e de pesquisa.
Idealizei um projeto de pesquisa junto com Professor Geraldo Paiva no departamento de Psicologia Social da USP. Assim, ao mesmo tempo em que estudamos as implicações psicológicas do contato entre culturas, prestamos um serviço de auxílio ao expatriado e repatriado.

Leve - Qual o perfil do público atendido?
SD - A procura por atendimento no Serviço de Orientação Intercultural se dá por pessoas das mais diversas nacionalidades e ascendências, e de pessoas que se preparam para partir para outro país ou que estão voltando para o local de origem.
Até o momento assistimos imigrantes da Bolívia, Japão, Peru,
México, Espanha, EUA, Alemanha, Congo, Angola, Guiné-Bissau, que vinham dos Estados Unidos, Japão, Alemanha, Israel, Portugal e Canadá.
Também já atendemos brasileiros descendentes de imigrantes do Japão, Coréia, China, Bolívia e pessoas que iriam emigrar para Austrália, Canadá, Alemanha, Cuba, Irlanda e França.
A faixa etária varia entre 21 e 58 anos, a maioria tem grau superior.
Cabe ressaltar que todos que nos procuraram relataram sentir-se aliviados ao perceberem que os questionamentos pelos quais estavam passando eram compreendidos e acolhidos pelos profissionais do Serviço de Orientação Intercultural.

Leve - Qual a metodologia do trabalho? Que tipo de orientação o expatriado ou repatriado recebe no Serviço?
SD - Trabalhamos com psicoterapia breve e orientação individual, grupal e familiar, e preparo de quem vai para fora. Realizamos também assessorias e parcerias no sentido de oferecer workshops de preparo intercultural a grupos de expatriados e famílias.

Leve - Sei que cada caso é uma caso, mas é possível falar em um padrão quando nos referimos aos impactos de uma experiência internacional?
SD - Sim. Todos sofrem um choque cultural quando entram em contato com uma nova cultura. Todos passam por um processo de estresse de aculturação que vai depender de uma série de fatores que podem influir para que esse estresse seja maior ou menor, como por exemplo, a similaridade ou não entre uma cultura e outra - quanto mais diferentes as culturas maior o estresse que isso ocasiona – a idade da pessoa na mudança, a fase de vida e assim por diante.

Leve - Costumo comparar a experiência de expatriação com a experiência de saída do corpo. Longe de “casa”, entramos em contato com novas sensações, novos valores estéticos, novas formas de pensar, de agir e de classificar o mundo. É tudo tão novo que, muitas vezes, é difícil dimensionar o quanto nossa vida pode mudar. Sendo assim, como preparar alguém para viver algo tão novo para os próprios padrões, algo complicado de elaborar, inclusive na prática?
SD - Sua pergunta é ótima. O preparo tem uma parte informativa e outra formativa. A partir do que sabemos do impacto que o contato ocasiona transmite-se isso à pessoa. Contudo, é necessário que esse trabalho seja também interativo e não apenas informativo a fim de que possa ser elaborado, refletido e assimilado.

Leve - O especialista Demetrios Papademetriou disse que há indícios de que a crise econômica está provocando um retorno para “casa”. O repatriado tende a classificar a volta como um processo mais tranquilo, como a sra. avalia essa tendência de minimizar os efeitos do reingresso na própria cultura?
SD - O retorno é uma nova migração. Em geral as pessoas tendem a crer que voltam para casa, para o conhecido, o familiar. Contudo, elas mudaram e quem ficou também não parou no tempo. Afinal, estamos falando de cultura o que é algo dinâmico.
O olhar daquele que foi para fora mudou em relação ao país de origem. As experiências por que passou não são compartilhadas por aqueles que ficaram, isso cria um certo hiato.
Há, portanto, um período de reajuste no retorno e a comparação com o que foi vivido e o que é encontrado é inevitável.
Por isso, falo que se trata também de um processo de ajuste, uma aculturação de retorno.

Leve - Faz alguma sugestão de leitura?
SD - Mencionei o livro Psicologia, E/Imigração e Cultura da Editora Casa do
Psicólogo, que publicamos em 2004.

Leve - Gostaria de acrescentar algo?
SD - Essa é uma área relativamente nova no Brasil, mas que tem sido percebida como fundamental com a crescente internacionalização das instituições, empresas e organizações.


Quando a expatriação é para o país de origem.

Olá, Coexpat!Parece que esse negócio de voltar pra casa está em pauta mesmo.
A Elite Internacional Careers - EIC - empresa inglesa de recrutamento, lançou um programa de repatriação de latinos. Ou a expatriação para o seu próprio país! 

Explico: basicamente, a empresa vai em um país com alta concentração de imigrantes e elevado nível de desemprego e seleciona candidatos para vagas nos locais de origem desses profissionais. A notícia está no Estadão dessa quinta-feira.
O último grande cliente foi a construtora Norberto Odebrech. O repórter Paulo Justus informa que 2 mil profissionais mandaram currículo. Perfil dos candidatos: idade média de 34 anos e a maioria com MBA.
A seleção foi feita em Barcelona - Espanha, onde dos 3,6 milhões desempregados, 500 mil são estrangeiros.
Além de abrir vagas no Brasil, a empresa também selecionou engenheiros, arquitetos, economistas e administradores para trabalhar na Argentina, México, Panamá, Peru e República Dominicana.
A matéria salienta que, ao substituir expatriados por profissionais dos países em que mantém operação, a construtura pretende aumentar a identificação com as comunidades locais. Mas a empresa admite que a atenção está focada na crise e no corte de custos.
A Odebrech tem 6,3 mil expatriados de 53 nacionalidades nos 20 países em que atua. O pacote de expatriação inclui pagamento de moradia, assistência médica, escola para filhos e passagens.
A EIC anunciou que tem mais dois programas de repatriação de latinos em 2010.
Interessante isso, porque a gente já viu aqui como o pacote de benefícios e recompensas pode ajudar na hora de convencer um profissional a partir para locais não tão fáceis de se tocar a vida. Mas quando já se é natural de um endereço assim, quando a crise bate à porta, o caminho de volta pode ser mesmo mais nítido e colorido.
Carmem Galbes
Imagem: SXC

Passagem de volta.

Olá, Coexpat!
A repatriação motivada pela crise já foi assunto de nossas conversas aqui e aqui.
E parece que a revoada está mesmo forte. Pelo menos é isso o que indica as empresas de recrutamento ouvidas pela repórter Andrea Giardino, da revista Você SA.
A edição de maio mostra como a desaceleração da economia nos Estados Unidos e na Europa vem motivando brasileiros no exterior a fazer o caminho de volta, seja pela demissão ou pela ameaça de ficar sem emprego longe de casa.
Um indicativo desse movimento é dado pelo diretor da Hays, Gustavo Costa. Na matéria, ele diz que dos 280 currículos recebidos para uma vaga de segurança e meio ambiente, 20% eram de brasileiros interessados em voltar.
Profissionais de recursos humanos já falaram aqui que o Brasil tem sido um território de oportunidades em meio à tanta turbulência. Tanto que já vimos aqui que a busca por visto de trabalho para estrangeiros no Brasil tem aumentado.
Resta saber como vai ser depois que essa onda, ou tsunami - como preferem alguns - passar. O especialista em imigração, Demetrios Papademetri
ou, alerta que “quando a prosperidade retornar, a economia dos países ricos sofrerá se demorarem a reconquistar os imigrantes necessários. Os trabalhadores mais flexíveis são os imigrantes, e sua mobilidade geográfica é extremamente importante para os mercados de trabalho.”
Carmem Galbes
Imagem: SXC

Expatriação e endereço, é possível encontrar a casa ideal?

Olá, Coexpat! 

Se isso já é complicado no Brasil pesquisar, barganhar e fechar negócio, em outra língua exige - no mínimo - paciência com você mesma para definir seu novo endereço.
Ok, não tem milagre, a gente sabe que a verba é o que direciona a estratégia de busca por um teto. Mas definido o orçamento, outras coisinhas podem ajudar na escolha.

Antes de tudo, a família deve se perguntar:



  • Quem vai passar mais tempo na casa?
  • Quem vai administrar a casa na maior parte do tempo (limpar, organizar...)?A família vai ter ajuda pra isso? O tamanho pode fazer a diferença no tempo gasto com esse trabalho.
  • Que lugar faria a família se sentir em casa?
  • O profissional transferido irá viajar muito a trabalho?
  • É melhor a casa ficar mais perto do trabalho ou da escola?
  • É melhor a casa ficar mais perto de transporte público ou de lugares com ampla oferta de serviços ou os dois?

Com respostas definidas, sigam em frente!
Como cada país tem suas peculiaridades nas transações e cada cidade tem suas características, não é demais dizer que informação é o alicerce dessa empreitada.
Claro que cada caso é uma casa. Para alguns, qualidade de vida é estar em um ponto badalado ou morar longe do barulho ou em um lugar espaçoso ou poder almoçar em casa ou morar perto de outros brasileiros...Tem gente que tem que conciliar o endereço com a escola das crianças, já que em alguns lugares o cep pode definir um ensino de melhor qualidade.
Enfim...Vou partir da minha experiência. Tomo como exemplo minha busca quando mudei para os Estados Unidos.
Ainda no Brasil, fazendo aquela pesquisa frenética que toda expatriada em potencial faz, cheguei a um resumo básico sobre Houston: cidade grande, com péssimo transporte público, muito congestionamento, clima hostil - com furacões e tempestades que provocam alagamentos. Na pesquisa também levantei as principais áreas de comércio e a localização das melhores universidades.
Para o trânsito não me fazer romper com o relógio, seria importante buscar um lugar “perto de tudo”, que, para mim, é um meio termo entre trabalho, escola e comércio. Deveria ainda evitar o andar térreo - por causa das enchentes - e o último andar - para não correr o risco de ficar sem telhado durante uma ventania.
O bom é que a cidade é pensada para receber inquilino. Em cada esquina tem um condomínio de casas ou apartamentos com promoções interessantes. Está tudo ali, prontinho, gostou? E só pagar o depósito - a ser restituído no fim do contrato - e mudar.
Como em todo lugar do mundo, uma carta referência do seu trabalho ou do gerente do seu banco no Brasil pode ajudar a reduzir burocracia, ou alguns valores, como o do depósito de segurança.
Depois de uma semana de pesquisa, tempo curto se comparado com o período de procura no Brasil, e entre opções que tinham diferenças mínimas, preferi ficar com um espaço zero quilômetro. Acho que o cheirinho de lugar novo acabou dando gás àquela ideia de vida nova. Como as casas por lá já são equipadas com eletrodomésticos, poder contar com máquina de lavar, geladeira e coisas do tipo sem uso também foi um diferencial.
Acho ainda que acertei ao não escolher nada grande. Serviço doméstico é caro nos Estados Unidos e, não adianta, faxina brasileira? Só no Brasil. Então é bom facilitar a vida e se preparar para encarar o estilo “faça você mesma”.
Gostou da sua escolha? Ótimo! 

Ficou decepcionada? Se vale uma última dica: ajuda ter sempre em mente que nada é para sempre! Ainda mais para expatriado...Se o seu endereço estiver afetando muito a sua adaptação e qualidade de vida, avalie se não seria melhor buscar um novo local. Dessa vez coloque tudinho no papel. Faça uma coluna de prós e contras.
Só não deixe sua vida "parar" por uma escolha feita - muitas vezes - na sorte. Seja mais doce e tolerante com você mesma e encare alguns gastos extras como parte do pacote de mudança para uma vida completamente nova! 
No universo "expatriático" errar é mais que humano, é esperado! Então siga em frente e seja feliz!
Só uma coisinha: a ajuda do pessoal da empresa de relocation é crucial, principalmente quando o assunto é papelada, mas não deixe de fazer a SUA busca por informações. Só você e sua família sabem o que é importante para vocês!
Carmem Galbes
Imagem: SXC

Gravidez e expatriação.

Germinando fora do ninho.
Sou daquelas que pensam que o universo conspira a favor quando se leva uma outra vida dentro de você.
É claro que existem dificuldades quando se engravida longe do seu país, da sua cultura, do seu idioma, do seu sistema de saúde, do seu ninho...Tudo será um desafio dobrado.
Passei por essa etapa da minha vida no México e, por sorte, eles seguem quase os mesmos procedimentos do Brasil no que diz respeito a pré-natal e parto.
Mas, não importa, se você é uma grávida-expatriada ou uma expatriada-grávida, penso que o espírito prático ajudará muito nesse momento tão sensível, repleto de sentimentos “nunca dantes navegados” e de muitas dúvidas.
Então, mãos à obra!
Busque informações e pessoas - amigos, conhecidos, professores, etc - que possam te ajudar de verdade. Fuja de quem torce contra! Por favor, tenha ouvido seletivo nesses nove meses!
Mantenha seu computador em ordem. Você vai abusar ainda mais dessa máquina! Corra se inscrever em sites de grávidas do seu país e do país onde está vivendo. É muito importante saber como a cultura onde você está vê a gravidez e lida com a futura mamãe.
É fundamental você saber como funciona o seu plano de saúde. Estar ciente de coberturas e políticas ajuda a evitar os sustos que gravidinha nenhuma merece passar.
Se você deseja ter o bebê no Brasil, comunique já seu obstetra brasileiro e, claro, o que você tem no país onde está vivendo. Pode ser que eles tenham que trocar informações, além de ser importante que o médico do Brasil saiba que fará apenas o seu parto e não participará do pré-natal.
Combinei com meu obstetra brasileiro - detalhe: não o conhecia antes de engravidar, foi indicação de uma amiga de longa data - de enviar um e-mail para ele após cada consulta, informando resultado de exames, sintomas da gravidez, etc. Achei um ótimo procedimento, isso criou um vínculo entre nós apesar da distância.
Se você tem uma amiga nativa, ninguém melhor do que ela para te indicar médicos e hospitais. Geralmente a nativa tem uma história de longa data com um obstetra/ginecologista da cidade.
Outra coisa muito interessante que eu e meu marido fizemos foi um “curso de pais”. Não sei se esse tipo de curso existe em vários lugares, mas se tiver no país onde você está é bem interessante fazer para conhecer mais casais “grávidos”, aumentando assim o repertório para lidar com esse momento longe das pessoas amadas.
Geralmente você vai conseguir informação sobre cursos, palestras e literatura no hospital ou na clínica onde você faz o pré-natal. Sem contar que o seu médico também deve ser uma ótima fonte de informação.
As lojas especializadas em moda gestante e bebê são outro importante endereço de consulta. Aproveite a “disponibilidade e atenção” das vendedoras para perguntar...
Ah, não esqueça das revistas locais que tratam especialmente do assunto, além de te informar sobre a gravidez, elas aumentam o seu vocabulário específico de grávida no idioma local então, de quebra, você aprende mais uma: como ser grávida em outra língua!
Espero ter sido útil e desejo muitas bênçãos para quem estiver germinando fora do ninho!
Vivian.

Cinco perguntas e uma boa surpresa! Estados Unidos.

Olá, Coexpat!

Conheci a Jacqueline durante o meu processo de ambientação nos Estados Unidos.
Entre toda a burocracia - que envolve aluguel de casa, compra de móveis, papelada para carteira de motorista, de identidade, etc e tal - não foi difícil perceber como um conterrâneo pode facilitar, e muito, a vida nos primeiros meses em outro país.
Jacqueline foi expatriada em 1995. Hoje vive em Houston, Texas, onde garante ter encontrado seu lugar. Mas o Rio aí da foto continua com espaço especial na memória dessa profissional da aviação.
Obrigada Jacqueline por essa troca de experiência!
Cinco Perguntas:
Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
J - Levou uns quatro ou cinco anos para eu viajar para o Brasil e sentir que estava indo de férias, e não voltando pra casa. Eu fazia muitas comparações entre o que vivi no Brasil e o que vivia aqui nos Estados Unidos. Mas meu processo foi definitivo e não temporário como é o caso de muitos.

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
J - Aceitar o fato que meus sogros tinham de nos ver todos os fins de semana e meus pais não tinham esta oportunidade. Me entristecia saber que minha mãe estava deprimida por isso.
Também foi muito difícil aceitar a cultura americana - especificamente a de Newark, em Nova Jersey - em relação à lei do menor esforço no trabalho, quando no Brasil você tem que ralar muito pra encontrar e manter um emprego.

Leve - O que faria diferente?
J - Não faria nada diferente. Eu ainda penso que você tem que dar o seu melhor naquilo que faz.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
J - Sim, se fosse pela mesma razão, casar-me com quem me casei.

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
J - Hoje minha vida é aqui. Estou feliz e tento repartir felicidade com os que estão ao meu redor e com os que estão longe.

A boa surpresa:
É realmente surpreendente como são os humanos e como nos adaptamos se estivermos dispostos a fazê-lo.

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...