Sobre sacolinhas, mochilas e super malas.

Olá, Coexpat! 
Tenho pensado muito em mala, talvez pelo meu eterno vai e vem...
O fato é que fazer mala virou uma atividade que exige tanta especialização que dá até medo. Eu sei, sou organizadora profissional, acabo com bagunça que até eu duvido, mas confesso - constrangida - que eu tenho medo de mala, principalmente das pequenas.
Sabe que eu procuro melhorar sempre...mas até hoje não sei se é melhor enrolar ou dobrar as roupas. Se é melhor espalhar os sapatos ou colocar nos cantos, se é melhor colocar as calças por baixo, ir recheando a mala e só depois pôr as pernas das calças por cima, também ainda não encontrei a melhor forma de levar as calcinhas.
Conheci uma menina que dizia que só levava as piores calcinhas nas viagens. A receita: ela ia usando e deixando pelo caminho. Já ouvi dizer que tem calcinha dela na Coreia do Norte. Como foi parar lá? Nem me atrevo!
Outro dia comprei uma mala de mão. Descobri que só a mala pesa quatro quilos. Sobraram 6 quilos para minhas coisas, caso ela vá comigo a bordo no avião. Eita mala mala.
O pior é que mala é como carro ou computador. Mal você compra a top de linha e já tem outra ultra mega mais fácil de levar...

É de dar inveja daquele povo que viaja o mundo com uma malinha empurrada pelo dedo indicador...
Eu desisti, assumo de peito aberto que, para mim, mala é um "ser" estranho de lidar.
Tanto que eu trabalhei em um lugar que tinha um concurso: o mala do ano. A premiação era sempre no dia da festa de confraternização da 'firrrma'. O mala, eleito pelos colegas, recebia faixa e tinha que dar volta olímpica pela empresa. Cena ridícula.
Ridículo foi um chefe que recortou um anuncio da Louis Vuitton e colou na testa: “eu sou mala, mas sou chique”, disse o eleito.

Confesso que tinha mala que era só uma sacolinha. Tinha aquele que era, na verdade, uma mochila, daquelas que parecem uma mala, mas não são, aliás, te ajudam...
Mas mala é uma coisa necessária não é mesmmm?
Então quando tenho que me relacionar com ela eu respiro fundo, me abasteço de paciência e encaro peça por peça, controlo o peso e faço o doloroso exercício da escolha: salto marrom ou mais claro? Camisa branca ou off white?
Tem situação mais desagradável? 

Claro que tem! Gente mala! Que fala e não tem rodinha, a não ser que esteja de patins...
ops...decisão mais recente da minha vida: cri-cri mode off. Afinal, somos o que somos, com ou sem mala por perto...
Então bora exercitar a leveza e a simplicidade ao arrumar a bagagem e bora agradecer à nossa malinha companheira de viagem, que carrega nossas coisas, nossos presentes, nossa saudade...  
Ah...eu juro que busquei links sobre o "melhor jeito de arrumar mala". Mas existe tanta informação na rede, que preferi deixar essa navegação pra você!
Vai viajar? Desejo um feliz relacionamento entre você e sua bagagem!!

Carmem Galbes

Tempo rei.

Olá, Coexpat!   
No começo da expatriação era um excesso de tempo!
Quanta fartura! Uma abundância de horas a meu bel-prazer que eu não tinha fazia tempo.
Mas o tempo foi passando, foi sendo direcionado, usado, requisitado.
E agora...
Parece que os dias têm tido horas a menos. 

Tudo tem passado muito rápido. 
Parece que tudo é de relance.
De repente eu acordo. 

De repente já estou no meio da manhã. 
De repente já é depois do almoço. 
De repente é fim de tarde. 
A noite baixou faz tempo. 
A madrugada já anuncia o dia seguinte e, sem que a digestão esteja completa, já é hora do café da manhã.
Tem um monte de recheio entre uma hora e outra. Mas tudo tem sido tão rápido, tão express

Não sei o que está acontecendo...
Não dá tempo de pensar, de sentir...
Não dá tempo de mastigar 20 vezes, sentir o gosto, engolir.
Não tem dado tempo.
Sem tempo falta inspiração. Falta cuidado com as palavras, gentileza com o texto, atenção com o raciocínio.
Quando não há tempo, a alma fica anêmica, o espírito desnutrido.
Sem tempo sobra vazio. E o vazio é ladrão do tempo.
Sei do tempo de plantar, de colher, de recolher, de sorrir...mas não sei desse tempo que se apequena, dessa greve do tempo...tempo de menos.
Que escassez! Que angústia...

Vou dar tempo ao...bom...melhor economizar.

Carmem Galbes

O choque que mata e faz viver!

Olá, Coexpat!
Muito interessante quando se tem acesso ao lado de lá do espelho. 

Estava lendo uma matéria, dessas de domingo, que conta a experiência de um expatriado alemão no Brasil, especificamente em São Paulo.
Interessante que as dúvidas, os receios - ou pavor, como preferir - os micos e as boas surpresas são comuns, independente da origem do expatriado.
Aí veio a fala de uma especialista que trabalha para tentar facilitar a vida do estrangeiro."O que tentamos fazer é dar todo o apoio psicológico para atenuar o choque cultural. O importante é que o estrangeiro se acostume com São Paulo o mais rápido possível, para poder render no trabalho.”
Que somos mais um número ou uma cifra, não é novidade nem aqui, nem lá longe. O interessante foi ouvir o termo “tentar diminuir o choque.”
Ótima informação: expatriação dá choque e ponto! Pode ser um baita choque ou só um tremelique, mas vai ter choque!

É normal assustar, é normal doer, é normal reagir meio que sem pensar.
Concordo que levar choque é chato pra caramba. Conheço gente que tem raiva de levar choque, fica com ódio até!

A reação é mesmo pessoal...
E as consequências desse choque vão variar de pessoa para pessoa, a partir das suas experiências, da sua resiliência, da sua resistência a dor, da sua capacidade de recuperação...
O choque da expatriação pode ferir com gravidade a alma...mas dizem que não mata! 

Ah...eu já acho que pode matar, sim!
Vou viajar agora, aperte os cintos...
Eu acho que o choque da expatriação (que pode ser cultural, de identidade e por aí vai) pode matar sonhos, pode matar relações, pode matar afeto, pode matar o prazer, pode matar a saúde, pode matar a disposição, pode matar a autoestima, pode matar a coragem, pode matar o senso de identidade, pode matar projetos em comum, pode matar valores, pode matar crenças, pode matar todo um modo de ver o mundo, pode matar todo um modelo de vida.
O bom é que esse choque mata, mas também tem carga para fazer viver. Não para ressuscitar, mas para gerar uma nova vida. E, pelo que tenho visto, essa nova vida geralmente vem super energizada! 
Quem renasce desse choque surge com mais poder, mais força! É algo difícil de colocar em palavras...o choque da expatriação transfere uma carga tão alta para a pessoa, que é como se ela se transformasse naqueles equipamentos que só precisam, de tempos em tempos, ficar um pouco expostos ao Sol para voltar a funcionar. É como se a pilha, a força para lidar com os acontecimentos da vida nunca mais acabasse.
Claro que o processo não é simples. Como já disse, choque fere, choque dói.
Mas os ferimentos podem ser tratados e cicatrizados. 
Melhor ainda: a saída não seria se preparar, usar luvas, uma toalha, chinelos de borracha para isolar um pouco corpo e alma
A descarga não seria evitada, mas reduzida... 
Por outro lado, se o choque pode trazer tanto poder, tanta energia, por que atenuá-lo?
Para evitar mortes desnecessárias!
Então é isso! Desejo conhecimento e discernimento para a exposição ao choque da expatriação e coragem, força e paciência para tirar o melhor dele.

Carmem Galbes

Sobre o diferente e a diferença.

Olá, Coexpat!
Às vezes gosto das entrelinhas. Principalmente daquelas que não são de propósito.
Hoje uma dessas, boba até, me devolveu a postura retinha em meio à uma aula sobre interpretação.
Um aluno árabe não conseguia entender o motivo de a professora não ter considerado como certa a resposta de um exercício. Para ele, Tula, personagem principal do filme 'O Casamento Grego', não estava sendo irônica ao falar sobre as valiosas lições que aprendia nas aulas de Grego. Não sei se você viu, a cena é aquela em que o professor diz que se Fulano tem um ouro e Cicrana tem nove, então logo poderão se casar.
Eu fiquei pensando no motivo dele não ter encontrado a ironia ali. Era uma cena fácil, simples. 

Mas...não para ele! Não para a realidade dele!
O assunto passou. O cara é inteligente e logo entendeu como a maioria percebia a cena. 

Mas fiquei com aquilo na cabeça. 
Quantas vezes a gente nem percebe que o mundo vai além da esquina, além da noção pessoal de situações e sentimentos? 
Quantas vezes magoamos, ferimos, humilhamos sem ao menos perceber? 
Quanto mal-entendido poderia ser evitado?
É estranho porque não tem relação com preconceito explícito ou subentendido. É mais grave. Está relacionado à falta de consciência mesmo em ralação ao outro e aos diferentes modos de vida, crenças e valores.
Lembrei de outro “causo”, o da professora paquistanesa que ficava irritada com o fato dos americanos nunca saberem onde estão as informações básicas de um passaporte. Ela só ficou mais calma depois de entender como era difícil para o americano médio conhecer um passaporte. Afinal, geralmente tem passaporte só quem sai do país, ?
O novelo foi diminuindo até eu resgatar
Anais Nin. A francesa de nascimento e americana por decisão, resumiu esse meu dia assim: "não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos."
Acho que ter isso em mente traz um grande alívio...mas também uma grande responsabilidade!


Carmem Galbes

Andança.

Olá, Coexpat!
Nas últimas semanas, tenho me dedicado a sondar as características que fazem de nós seres humanos.
Falar, pensar, lembrar... E, no rastro das inúmeras histórias levantadas pelo Ike, mais uma qualidade humanóide: a maldade.
O “causo” que ouvi: fila imensa no posto de gasolina. Uma senhora, que chamarei de "Eita", enche o tanque. Em vez de estacionar o carro e assim liberar a bomba antes de pagar, não move o veículo. A história seria basicamente de pura falta de noção do outro não fosse um detalhe. Uma pessoa reclamou. Aí a maldade entrou em cena. A reação: “só porque você reclamou, vai esperar mais cinco minutos. Não estou com pressa.” E dona "Eita" ficou dentro do carro emperrando a fila, pode?
A questão é, a maldade, por ser uma construção cultural, pode variar de acordo com a geografia?
Pelo exemplo da motorista, não. Talvez mude o requinte, o grau, mas o objetivo: ferir o outro, independente do jeito e trejeito, permanece.
Então, se o pior do ser humano resiste às fronteiras, por que tanta andança por aí? Resposta que ouvi: porque outra coisa que faz de nós humanos é a idéia de futuro e a esperança! 

Só por isso vou seguir viajando...e mudando...só por isso...só por hoje...

Carmem Galbes


Paciência.

Olá, Coexpat!
Muita gente ainda continua sem luz aqui em Houston, quase metade da cidade. 

Na tv, as imagens ainda são de gente nas filas à espera de gelo e água potável. 
Os alojamentos seguem lotados e as escolas fechadas. 
Um dos maiores shoppings da região, com as grifes mais badaladas, está fechando quatro horas mais cedo. Acontecer isso em um país pautado pelo consumo é porque a coisa foi feia mesmo.
O Ike matou 27 pessoas no Texas. 
O governo do estado já assinou contratos no valor de US$ 150 milhões para recuperação da região.
Aos poucos a vida para a outra parte dos moradores da cidade vai voltando ao normal. 

Os dias têm sido de limpeza. Árvores aparadas, fiação levantada, mercados reabastecidos e reabastecendo, restaurantes abertos. O período do toque de recolher foi reduzido de nove para seis horas.
Os museus estão reabrindo, mas os teatros, outra marca registrada de Houston, ainda estão apagados. É que estão localizados em uma das regiões mais judiadas pelo Ike, o centro.
Resta saber quando o ânimo e a coragem do pessoal será restaurada.

Os moradores de Galveston, no litoral do Texas, ainda não podem voltar para ilha. A devastação por lá foi total e ainda tem gente sendo resgatada.
Confome a água e a poeira vão baixando, o lixo vai aparecendo. O Xerife da cidade está tendo que explicar porque, apesar da ordem de evacuação, não permitiu que 1000 presos fossem retirados da cadeia de Galveston. A resposta, o prédio foi construído para aguentar um furacão categoria 5, o Ike foi 2, e agora, diz o homem, essas pessoas estão em situação melhor que a dos "moradores de bem". Então tá.
Enfim hoje é sexta-feira de verdade. Mas uma sexta diferente. A cidade está em outro ritmo. O trânsito está complicado, com muitos semáforos ainda piscando no amarelo. O interessante é como o povo se organiza. Uma turma por vez em cada canto do cruzamento. Não tem buzina. Só muita paciência.
Paciência é a senha mesmo. Para tudo. Paciência com a gente, com os outros, com a vida. 

Paciência...

Foto de LM Otero: AP

Carmem Galbes

Meu relógio pirou!

Olá, Coexpat!
Não sei se já aconteceu com você...

Desde sexta passada parece que vivo em um loooongo dia.
Parece que desde sexta é sexta. 
Interessante é que alguns aspectos da rotina básica seguem intactos. Tenho dormindo durante a noite, feito as refeições nos horários tradicionais etc e tals.
Mas parece que estou meio fora do grande relógio da vida. É como se você perguntasse que horas são e respondessem: agora. 

Sim a hora é agora, mas não faz sentido a resposta.
Até ontem não sabia ao certo que dia era do mês, nem da semana, mesmo porque na minha cabeça estava decidido que era sexta.
Fiquei pensando se essa confusão com o calendário estaria relacionada à pane no sistema de energia. Se for isso, estou mesmo lascada. Teria eu decidido que os dias são ditados pela tecnologia, pela informação, pelos compromissos, não pelo Sol que nasce e se põe? Haja desconexão entre mim e a natureza...
Para ajudar nessa aflição, recebi de longe um convite vencido para um ciclo de palestras. Tema: o que é humano hoje?
Na preguiça respondo: é o ser que fala.
Mas depois desse furacão, dessa confusão no meu relógio sóciobiológico, dessa coisa de não conseguir direito dar nome ao que se passa, ao que se sente, fico pensando que a resposta já não é tão simples assim faz tempo.
Pensando bem, não bastam os furacões que a gente cria na nossa vida. Às vezes é preciso um furacão de verdade mesmo para levantar a poeira, sacudir as certezas e exigir uma reconstrução. 

Aliás, o que é certo? O que é verdade? O que vale a pena?
Ihh... esse Ike...


Carmem Galbes

Ike em detalhe.

Olá, Coexpat!
Um amigo pediu para eu dar mais detalhes sobre meu primeiro contato com um furacão bravo. Então tá.
A temporada de furacões no Texas começou em primeiro de Junho. Já passaram por aqui Arthur, Bertha, Cristobal, Dolly, Edouard, Fay, Gustav, Hanna, Ike. Isso mesmo...A...B...C...D...os nomes seguem o abecedário.
Como já disse, Edouard foi o meu primeiro furacão. Um contato que não passou de: “nossa, só isso?”
Depois de enfrentar congestionamento nos corredores de água e comida enlatada, depois de ver que furacão pode ser só uma garoa e de perceber que as pessoas estão meio cansadas de tanta ameaça, decidi que também não iria embarcar no que chamam aqui nos Estados Unidos de indústria do furacão.
Com o Ike seria assim, não fosse um detalhe: o estrago em Cuba e no Haiti, onde deixou pelo menos 75 mortos. Além disso tinham as fotos do satélite. Eu tenho medo daquela imagem cinza, daquele olho grande...
Aí começou.
Terça-feira: o governo do Texas manda os moradores do litoral deixarem suas casas.
Quarta: Os canais de tv suspendem a programação normal e dão espaço pleno ao fenômeno.
Quinta: Ike é o tema das aulas na universidade.
Eu realmente não acreditava que estava em risco. Eu e meu marido decidimos não deixar a cidade. Fomos ao mercado, como todo mundo. Água, pilha, vela. Já que enlatado só desce mesmo em furacão, o estoque feito antes do Edouard estava intacto.
Sexta: tentamos almoçar em algum lugar. Às três da tarde já estava tudo fechado.
Passamos o dia grudados na tv. O avanço da maré avisava que o Ike não deveria deixar a categoria 2 de uma escala que vai até 5 - nível mais violento do fenômeno...não foi isso que aconteceu...

Às sete da noite já víamos os repórteres chacoalhando em Galveston, litoral do Texas.
Decidimos dormir...Pensamos que dormindo, a história acabaria logo. 

Capaz! O balanço das janelas nos expulsou da cama. 
Como o conselho é ficar no cômodo mais central da casa, o que está protegido por mais paredes, montamos acampamento no banheiro da suíte, que não tem nem janela.
Seguimos as dicas de quem tem experiência no tema: levamos com a gente - além do kit sobrevivência: água/comida/lanterna, mochila com documentos e sapatos - caso os estilhaços de vidro se espalhassem pela casa. Animador, ?
E no banheiro ficamos por umas quatro horas.
Um amigo me perguntou se tive medo. Não sei dizer. Fiquei pensando se o vento levasse o teto. Sabe aquela imagem da vaca voando? Não que eu tenha vaca em casa, mas aquela cena do Twister é simbólica. Tudo pelos ares...
As rajadas é que assustaram. Por várias vezes o vento diminuiu, o barulho ficou longe. E, de repente, vinha um estrondo. Parecia trem fantasma.
Não me atrevi a tentar ver algo pela janela, acompanhei tudo pelo meu mp3 a pilha.

Dos estúdios de tv, apresentadores e repórteres, em rede com as rádios, tentavam traduzir imagens em palavras.
O conselho mais interessante foi de um meteorologista sênior que sugeria distrair a criançada, porque o som do vento não era nada agradável. Depois dessa, aí que não larguei o radinho.
Lá pelas cinco da manhã tudo acalmou. Calmo até demais. Nenhuma sirene. Ninguém falando. Nem pingo d’água. Já estávamos sem o básico. Torneira seca e geladeira desligada.
Andar pelos corredores totalmente escuros do condomínio logo após um 11 de setembro - mesmo que sete anos depois, mesmo que por outros motivos - não foi nada agradável.
Na rua, raízes para o alto, semáforos - os que resistiram - piscando.
Deu uma tristeza...profunda...
Água continua só engarrafada. 

Gasolina continua 50 centavos mais cara, fora a fila.
Ainda estamos sem tv a cabo. 
Internet conseguimos emprestada. 
Todos continuam suspeitos. Toque de recolher à noite, pelo menos até sábado. 
Escolas seguem fechadas. 
Comida enlatada? Vai seguir estocada. É que a tal temporada de furacões só termina em 30 de novembro.
Em tempo, o próximo furacão já está a caminho e já foi batizado: Josephine.

Foto de um leitor do jornal The Houston Chronicle.

Carmem Galbes

Quando o furacão leva o que não deveria e deixa o que não precisava...

Olá, Coexpat!
Houston, a terra que manda o pessoal pro espaço ficou isolada do mundo... 
Só consegui uma internet capenga agora.
Minha família passou pelo Ike sem feridos, nem danos, nem traumas.
Depois da sexta estranha...veio o sábado esquisito. 

O furacão chacoalhou as portas e janelas do meu apartamento por umas três horas. O vento de 150 km/h levou a nossa noite de sono, a água e a energia elétrica.
Tínhamos nos preparado para um período assim, que - na minha cabeça - não passaria de algumas horas.
Sem infra, com prefeito dizendo que luz era assunto da companhia de energia e com toque de recolher das 9 da noite às 6 da manhã, decidimos avançar para Dallas.
Foi bom! Água quente, gelo, mas pouca notícia.
Voltamos para Houston assim que o básico por lá foi restabelecido.
Combustível ainda é raro. Chegamos a pagar US$ 4,08 por galão. Antes do furacão estava em torno de US$ 3,60.
Interessante foi ver o talento na arte de estocar. Não satisfeitos em abastecer o tanque, vi fulaninhos e fulaninhas enchendo tambores e mais tambores. Mas temas como solidariedade e empatia parecem não entrar em pauta para algumas pessoas nem quando a vaca voa! 

E o furacão, que levou tanta coisa importante, acabou deixando outras que - definitivamente - poderiam desaparecer...
PS. O prédio da foto é o mais alto de Houston, 75 andares. É a sede do JP Morgan Chase. Todas as janelas foram quebradas. Não, não é brincadeira de mal gosto...

Foto de James Nielsen: Chronicle - Centro de Houston - 13.09

Carmem Galbes

O furacão apronta e eu é que fico de castigo?!

Olá, Coexpat!
Tentei almoçar por aí...tudo fechado...de restaurante a posto de combustível, de mercado a shopping center
Sinistro...
As janelas estão todas cobertas por tapumes de compensado. 
A cidade está vazia...vazia...
Passei o resto do dia grudada na tv.

Assisti a muito congestionamento!
O percurso entre Houston e Dallas, que leva umas 4 horas de carro, chegou a ser feito em 12. 
Vi o Ike avançar a cada minuto.
Vi também a polícia passando de casa em casa para ter certeza que as pessoas tinham deixado os locais considerados de risco.

E ainda vi o drama dos pobres. Saber que a casa pode sair voando essa noite, ter que ir para abrigo...
Além do vento, da enchente, dos estragos, dos feridos...o governo também tem que ficar de olho nos oportunistas. Então, toque de recolher! Minha região ficou fora da lista, mas quem se arrisca a sair? 

Eusinha!! E ainda queria almoçar fora! 
Vai tomar no olho do Ike! Estou de castigo... 
Porque ter que ficar em frente à tv, vendo um urso morfético infernizar a vida do repórter de plantão em pleno hurricane, é mesmo um castigo!

Foto de Smiley N. Pool: Chronicle - Houston 11.09

Carmem Galbes

Adeus escova...

Olá, Coexpat!
Agora o furacão está me deixando de cabelo em pé!
O negócio é fazer o que as “otoridadi” mandam: meu kit desastre já está ok, mas não, não evacuei a cidade.
Aliás, ô palavrinha ordinária para o contexto, hein?
Uma amiga - em bom carioquês - diria, tem que evacuar porque esse furacão vai dar a maior mer...!
Eita natureza sábia. Chega uma hora que ela cansa, aí manda todo mundo sair.
As bombas de gasolina viram cambalhota de tanto cuspir combustível!
As estradas lembram feriadão em Santos.
A criançada fica feliz da vida porque não tem aula.
Por falar nisso, um colega de classe do Kuwait sugeriu aproveitar o dia sem universidade para um churrascão na sexta. É que esse furacão pra ele é um ventinho, ?
Mas o negócio é estocar água potável, enlatados e pilha, deixar a lanterna por perto e rezar pra que ninguém fique ferido.
Se por acaso eu não aparecer nos próximos dias...caiu a rede de energia - ESPERO!


Carmem Galbes

Esse furacão me deixa zonza!

Olá, Coexpat!É a primeira temporada de furacão que eu pego na minha vida. 
Já enjoei! 
Cansei desse negócio de um alerta de desastre por semana. Quem consegue viver nessa situação de tragédia iminente?
É um ufa atrás do outro!!
Ok, prefiro que continue assim, só alerta, só ameaça...
Mas, para mim, “já deu” esse clima de pavor que se instala dias antes da chegada do bicho e a novela que se faz em torno dele.
Com a TV, já aprendi todos os nomes: começa como tempestade tropical, vai para tornado, aí vem o furacão de 1 a 5. Também já peguei várias dicas ultra-mega-exclusivas sobre a melhor forma para se preparar para a visita. Desocupe a varanda, proteja as janelas. Se tiver que deixar a cidade, não esqueça do seu animal de estimação...Oi?!
Tem gente que prefere acompanhar os sites especializados que trazem zilhões de fotinhos coloridas, números, projeções e pouco juízo de valor.
Ah, tem ainda a tal cartinha do condomínio lembrando que eles não se responsabilizam por nada. Nossa que novidade...
Mas a natureza é assim. Eu que saia da frente!

Aliás, preciso ir. Vou atrás do kit água-lanterna-angu-mochila.
Espero que seja só mais um treinamento...um treinamento intercultural!


Carmem Galbes

Leve Entrevista. Adaptação ao Diferente.

Olá, Coexpat!
Com uma bagagem que inclui a própria expatriação, a psicóloga Andrea Sebben fala sobre assuntos bem conhecidos de quem está longe do ninho, como medo e solidão. 
A profissional, especialista em ajudar @ brasileir@ a ser bem-sucedid@ lá fora, trata das dificuldades da expatriação e sugere caminhos para que essa seja, sim, a melhor viagem da vida. Aproveite!

Leve: O seu trabalho é uma prova de que as empresas estão empenhadas em investir na adaptação d@ expatriad@ e sua família. No que se refere à família, ela conseguem ter a noção dos desafios pessoais dessa experiência ou a maioria ainda subestima o futuro dia a dia em uma cultura diferente?
Andrea: Acho que a grande maioria ainda subestima as dificuldades da expatriação. Há algumas razões para isso, no meu ponto de vista. A principal delas é defender-se de seu próprio medo e angústia, afinal de contas, não se pode falar em migração sem falar em medo e insegurança. Portanto, menosprezar as dificuldades é uma forma também de sentir-se mais seguro e no controle da situação - o que é praticamente impossível. Migração é risco e é ambivalência também. Lidar com esses aspectos é muito difícil mesmo. Outra razão é a quantidade de aspectos burocráticos que precisam ser resolvidos não deixando tempo para uma reflexão mais consistente.

Leve: Assim como há pessoas que não possuem determinados talentos, é possível dizer que há profissionais que não têm e não conseguirão desenvolver um perfil para a expatriação?
Andrea: Sim, é possível dizer isso à luz da psicologia Intercultural, que define as personalidades migratórias. Existem pessoas que são naturalmente bem-sucedidas na migração por terem facilidade em criar vínculos, em experimentar coisas novas, em adquirir um novo idioma e, principalmente, porque conseguem participar de grupos muito facilmente. Fazer parte de uma comunidade e vincular-se ao país hospedeiro são cruciais para o expatriado - o que explica tantos grupos de expatriados ao redor do mundo.
Outra personalidade é aquela que sofre com a separação, que tem dificuldade em criar vínculos, em sentir-se parte do grupo, em aprender um novo idioma, em experimentar novos alimentos, enfim. Essa sofre na partida, durante a expatriação e quando volta - pois uma vez que se estabelece na cultura estrangeira, sofre demais também ao retornar ao país de origem.


Leve: No seu livro "Intercâmbio Cultural:um guia de educação intercultural para ser cidadão do mundo" a senhora fala sobre stress aculturativo, desentendimentos, gafes e retorno ao país de origem. Quais seriam as principais características da família e da escola preocupada em formar um expatriad@ feliz?
Andrea: Nesse caso você está falando d@ estudante estrangeir@ numa casa de família hospedeira. Acho que tanto os hospedeiros como as escolas deveriam fomentar a amizade com nativos - e não com estrangeir@s. Tenho uma certa resistência às escolas americanas - ou escolas internacionais como chamamos aqui no Brasil - que fazem uma grande reunião de estrangeir@s e falam outro idioma que não o português. É praticamente a criação de um gueto, porém, de estrangeiros.
@ estudante pode aprender a apreciar a escola, o idioma e a cultura local e é nesse sentido que se criam vínculos interculturais - na diversidade. De que adianta, por exemplo, ir aos Estados Unidos e frequentar uma escola de brasileiros e falar português? Quando isso acontece aqui no Brasil acho que todos perdem, sobretudo a criança.

Leve: Qual a sugestão para @ expatriad@ que ainda não conseguiu identificar as belezas e delícias dessa experiência?
AS: Abrir-se definitivamente. Não se entra na experiência intercultural com uma visão fechada, etnocêntrica, que nos convida apenas à comparação e ao julgamento. Enquanto não conseguirmos apreciar as pessoas, os sabores e as paisagens a partir do contexto local, não conseguiremos compreender, perceber e apreciá-los tais como são.


Andrea Sebben é psicóloga, mestre em Psicologia Social e membro da IACCP - International Association for Cross-Cultural Psychology. www.andreasebben.com.br

Carmem Galbes

Expatriação e a experiência de quase morte.

Olá, Coexpat!
Fiquei pensando que desbravar uma cultura diferente, seja ela estrangeira ou não, poder ser similar à experiência de sair do corpo, à experiência de quase morte...

Você, desorganizada nessa sua condição de coexpatriad@, deve estar pensando: isso mesmo, sou um@ mort@-viva.
Não! Não é esse o ponto! A ideia aqui é sempre deixar uma mensagem positiva!

Vamos lá!
Eu adoro ler as histórias: a pessoa está dormindo ou está em coma e sai por aí flutuando. Tenho preferência pela parte em que o ser flutuante narra a sensação de ver o próprio corpo, deitado, existindo independente da alma que agora está grudada no teto...
Bom, em geral, pelo que pesquiso, a pessoa que não vai em direção à famosa luz volta mais otimista, feliz e com energia para vencer desafios. Fruto, defendem os especialistas, de um aumento da noção do diferente, de que há vida na morte, que há possibilidade até no impossível.

É aí que eu acho que esse processo de quase morte pode ter muitos traços em comum com a expatriação.
Em uma nova cultura, praticamente deletamos nossa receita de vida. Não por que simplesmente abandonamos nossas referências, mas porque precisamos abrir espaço para perceber um mundo diferente, porém repleto de sinônimos do nosso antigo modo de viver.

Acho que o sinônimo não está só na fala e na escrita. Está na ação também.
Um exemplo besta: lavar roupa. No Brasil o esquema é máquina, varal e ferro. Aqui nos States é máquina de lavar, de secar e guarda-roupa, não tem que passar. Modos diferentes para um mesmo objetivo: roupa limpa.
Tudo bem, as pessoas adotam determinado esquema por motivos que vão da facilidade à viabilidade econômica. Pode ser por costume também...
O fato é que quando aceitamos fazer as coisas de outra forma ganhamos uma espécie de senha, uma chave capaz de abrir sem grandes traumas - pelo menos assim deveria ser - os cadeados que impedem a nossa inserção em um mundo que pode ser novo, louco, inacreditável e por aí vai, mas que carrega todo um potencial de alargar e aguçar os sentidos!

Então não tema a experiência de quase morte pela qual tod@ expatriad@ passa. Saiba que essa é só mais uma experiência, só mais uma. Depende de você acordar para essa nova vida ou não. 
É uma escolha!

Carmem Galbes

Adoro sexta!

Olá, Coexpat!
É, não tem jeito. Têm coisas que ficam com a gente pra sempre. Não importa a cultura, não importa o endereço, não importa o novo modelo de vida...

Exemplo? Sexta-feira pra mim é dia de faxina.
Interessante que mesmo com o passar do tempo e com a data da limpeza determinada mais pela agenda de quem me ajudava do que pelo meu calendário, a sexta ficou com esse ar de limpeza, de arrumação caprichada, de cheiro cheiroso, de purificação...
Engraçado que, apesar do encontro estafante com aspirador e companhia, costuma sobrar pique para coisas que adoro fazer em dias assim: dar uma volta por aí sem muita pretensão, encarar uma alimentação sem tantas regras dietéticas ou de etiqueta...

Claro que tem sexta de lascar!
Também tem sexta que tanto faz...
Mas na maioria das vezes esse último dia útil da semana carrega um mundo de possibilidades...
E quem não adora sexta-feira? 

Vinicius - o de Moraes -  preferia sábado. 
Sou gente comum! Então viva a sexta!
É que, apesar de estar na condição de apoiar a carreira do meu marido em outro lugar, e estar - por ora - "dispensada" daquele trabalho obrigatório de 8h às quando Deus quiser, está empregnado em mim que a sexta é autorização para descanço, ócio, delícias...
Preciso urgentemente mudar meus conceitos!
É...só uma coexpatriação mesmo para fazer a gente ver a diferença do que a gente realmente quer e o que querem pra gente...
Pensando bem, a impressão que tenho é que nessa condição que estou - de vida profissional em suspenso - segunda, terça, quarta e quinta são tão legais quanto a sexta e o sábado! E o domingo perdeu aquele fim de tarde rabujento!
Nossa!!
De qualquer forma, continuo adoranto sexta!

Carmem Galbes

Em busca do eu em outro idioma.

Olá, Coexpat!
Hoje entrei em contato com dois livros que jamais chamariam minha atenção não fosse esse estado 'expatriático'

É que se tem uma coisa que a gente não para muito pra pensar - apesar de isso ser a base da saúde emocional e social - é sobre a importância de compreender e de ser compreendid@, ao menos, na maioria das vezes.
O primeiro, Lost in Translation, trata da comunicação em sua forma mais ampla sob o ponto de vista de alguém que, para sobreviver, teve que aprender o -á- de uma língua estranha em plena adolescência.
O interessante é que Eva Hoffman acabou construindo sua carreira exatamente a partir da palavra estrangeira. Polonesa educada no Canadá e britânica por opção, a autora - cidadã americana - é professora em Havard e colaboradora do New York Times.
O livro de Eva marca porque trata da perda de referência, perda do suporte intelectual e, talvez, até perda de malícia quando é necessário adotar outro idioma. 

Lembra da história de ser café com leite?
O outro livro me fez pensar na questão da criançada que tem saído cedo de casa para acompanhar a escalada profissional dos pais.
The Rice Room traz a história de Ben Fong-Torres. Nascido nos Estados Unidos, o drama do escritor da Rolling Stones é a comunicação com os próprios pais, imigrantes chineses. Fong-Torres não aprendeu mandarim e seus pais nunca entenderam muito bem o inglês.“Sou um jornalista, meu trabalho é comunicar mas eu nunca consegui ter um contato bem sucedido com as pessoas mais importantes para mim”. 

Angustiante...
Para pensar como estamos lidando com o novo idioma, com o idoma materno, com a criação dos filhos, com a comunicação em casa e com a gente mesm@...

Carmem Galbes

Leve Entrevista. Estranho Idioma.

Olá, Coexpat!
O professor Fernando Megale avalia a experiência da expatriação sob o ponto de vista do psicólogo. Ele aborda aspectos como preconceito e expectativas, além de pontuar algumas características do processo de formação de um cidadão do mundo. Aproveite!

Leve: Com a globalização, a expatriação é uma realidade para um número cada vez maior de profissionais. Mas a experiência que promete ser rica em termos pessoal, profissional e financeiro pode não dar o resultado esperado. O Estudo Mobility Brasil  indica que de cada 4 expatriações  uma fracassa. A principal causa disso, segundo a pesquisa, é a falta de adaptação da família aos novos costumes e ao novo modelo de vida. Em um mundo onde a novidade é tão valorizada, por quê resistimos tanto às mudanças?
FM: Penso que a questão tem dois lados: um refere-se aquele que é o expatriado em sua posição de contato com cultura e costumes diferentes e estranhos. A globalização tenta dar uma idéia de que tudo e todos somos iguais, o que é falso. Então certamente nessas situações de encontro com o novo, a questão da diferença vai surgir.
Outro lado refere-se ao modo como o expatriado é recebido no país ou cidade, pois trata-se da entrada de um estranho no cotidiano, e as questões migratórias nunca são muito tranquilas.


Leve: De que forma o idioma estrangeiro interfere na elaboração da então condição de expatriado?
FM: Acho que é fundamental. A língua, além de ser o principal meio de nos comunicarmos, representa o marco de nossa identidade, o modo como nomeamos o mundo na origem. Em uma situação de expatriado, é lógico que a língua interfere em demasia nesta confusão de lugares, costumes e modos de agir no mundo.

X: Como expatriada, digo que o impacto da mudança é profundo. Ainda em "terra firme" é possível preparar-se para aproveitar a experiência de estrangeiro?
FM: Talvez a melhor preparação seja não imaginar que a solução da vida está no outro país, ou seja, acreditar numa espécie de solução mágica que se encontra no outro lugar. É uma forma de encarar a vida por lá de um modo mais realista, levando em consideração a certeza de que o expatriado está chegando em um lugar estranho, com tudo o que isso nos causa.

Leve: Com os olhos no futuro, qual o papel dos pais e da escola na formação de uma geração que tende a ter cada vez mais endereço não fixo?
FM: Podemos ampliar esta questão, pois há em cada um de nós algo de "endereço não fixo". Explico: a preparação passa por experiências nas quais as crianças tenham um real contato com coisas e costumes que são estranhos aos delas. A preparação passa por um questionamento de sua própria identidade para, em seguida, poder vislumbrar o diferente. Temas como preconceito, racismo, diferenças, estranhamentos, etc. são bons motores para tais discussões.


Fernando Megale é doutor em Psicologia. Atua nas área de Psicologia do Desenvolvimento Social e da Personalidade e coordena o curso de pós-graduação em Sócio-Psicologia da FESPSP.

Carmem Galbes

Maionese, minha viagem preferida!


Olá, Coexpat!
Hoje tive que falar sobre meu hobby. 
A lista de coisas que gosto de fazer até que é recheada. 
Percebi que minhas preferências variam com o clima, com a fase da Lua, com o vaivém das marés...
Sempre gostei de andar por aí. E nesse momento, especificamente nessa condição de visitante, tenho adorado ser turista.
Você pode pensar, ok, nada de novo, próximo assunto. Mas insisto. Tenho me divertido muito viajando. 
Viajando na maionese!
Só que viajar na maionese não é tão simples assim. Exige estômago para lidar com certo engodo que o excesso de novas experiências pode trazer. Também requer determinação, a maionese é escorregadia. É preciso ainda ter coragem, porque tod@s sabemos que maionese pode engordar.
Além disso, a viagem na maionese é uma experiência pessoal e intransferível. Por mais que eu fale desse percurso, é preciso estar preparad@ para saboreá-lo sem cobranças nem constrangimento.
Tem outra coisa. Nem todo mundo gosta de se lambuzar. Tem um pessoal que tem aversão a esse tipo de molho. Lógico que tem sempre alguém que vai lembrar dos riscos da salmonela...
O fato é que, como já disseram, não dá pra encarar uma maionese sem quebrar os ovos. Então preciso ir. É que mexer com claras e gemas ainda é um processo complicado para mim.

Carmem Galbes

Estou de folga! Folga de que?

Olá, Coexpat!
Feriado por aqui, dia do trabalho. 

Como no Brasil, é dia de o trabalhador aproveitar o tempo como bem entender.
Interessante, dia de folga por essas bandas está sempre associado à grandes promoções. A palavrinha sale - sempre em vermelho, sempre com letras gordinhas - é capaz de despertar sensações que vão do desejo à urgência num toque da seta do carro, num virar do volante.
Tem também o turismo, que pode ser mais um consumo desenfreado como outro qualquer. 

Quer uma indicação de passeio? 
Os roteiros que vêm acompanhados dos famosos "imperdível - o mais visitado - tem um monte de lojinhas" parecem justificar tanto esforço para vencer multidão e burocracia até o destino pretendido.
E enquanto arrumava a mochila para o Labor day longe de casa, as palavras do psicanalista francês Charles Melman sopraram em meus ouvidos: "somos escravos dos objetos destinados à satisfação. Somos todos escravos desses objetos."

A questão é: que satisfação é essa?
Alguém se habilita a ir contra o fluxo?

Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...