Com a palavra, outra Coexpat!

Oi, sou uma ex - Coexpat, entende?
Atualmente me dedico a refletir sobre os ótimos e péssimos momentos que tive nos meus 4 anos no México.
Tem sido um excelente exercício. Traz um prazeroso sentimento de valeu a pena, um enorme desejo de ser expatriada novamente e muita risada! Risada pelos momentos ridículos que passei até aprender o idioma e, principalmente, até saber mais sobre a cultura local.
Aqui vai apenas uma dessas experiências  

Eu e meu marido havíamos planejado almoçar. Sabe como é, lugar novo, gente nova, vida nova...fomos então a um ambiente universal: shopping.
Chegando lá, humm, estranho...não era natal, nem dia das mães, nem nada em especial. Mesmo assim a fila para entrar no estacionamento estava enorme. Nossa, nunca vou me esquecer daquela fila.
Imagine só: a fome a pico e aquela fila que não andava. A irritabilidade estava a flor da pele. Os insultos ao país começaram aí. Bom, prefiro pular esse detalhe...Depois de mais de 20 minutos na fila chegamos à suposta entrada do shopping e - tchan tchan tchan tchan - estava escrito BURGER KING - DRIVE THRU.
Noooooooossa, que vexame!!! Isso não foi o pior. Quando alcançamos a “janelinha do pedido” só nos ocorreu um no, gracias. Nos equivocamos.

Tinha umas duas semanas de México e aí começaram as minhas aulas de paciência, humildade e bom humor. Acho que sem esses itens, ou pelo menos o desejo por eles, a vida de um expatriado seria insuportável.
Vívian Galbes, São Paulo - Brasil.

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Meus amigos, meus espelhos!

Olá, Coexpat!
Sou da turma que apoia a necessidade do ser humano ter sempre - pelo menos - um objetivo. É que objetivo é como combustível, move a gente. Ele pode ser nobre, simples, rápido, coletivo, instável, insano, como queira.
Conversando por aí tive acesso a alguns propósitos de outr@s coexpatriad@s.

Tem sempre alguém que quer aprender o idioma local. Também já ouvi que tem gente que quer aproveitar esse tempo na 'gringa' para buscar uma especialização, ganhar uma grana, fazer trabalho voluntário, ter filho, aprender uma atividade, levar uma vida do avesso, expandir a consciência, ler tudo o que não teve tempo, meditar, fazer nada, emagrecer, enfim... cada um é cada um, ou não ?
Uma coexpatriada confessou que está mesmo é exercitando a paciência. Tá esperando com toda boa vontade do mundo a repatriação chegar! Que fase ela deve estar passando...

Meu objetivo está focado em outra virtude: a amizade.
Eu sei, fazer amigos não é fácil. Quando se está expatriada então...Eu sei que tem gente que promete a si mesm@ nunca mais confiar em ninguém depois de ficar ferid@ com uma amizade.
Aristóteles diz que a amizade depende de outras qualidades.

Há um pessoal que defende que a amizade pode ser até um vício quando impede a expressão de virtudes como a justiça, por exemplo.
Ai...isso pode ir longe...

O importante é ter amigas e amigos. Não importa a forma, mas o conteúdo. Não importa como eles chegam, mas se ficam - pelo menos na lembrança. Não importa quantos, nem onde estão, nem há quanto tempo são...
Aos poucos a gente aprende que manter um relacionamento assim exige dedicação das duas parte. É uma cosntrução diária, árdua, algumas vezes sofrida, algumas vezes cansativa.
Pensando bem, a amizade me deixa até em uma condição desagradável, a de eterna devedora. É que devo à amizade a noção de bem, de mal, de satisfação, de ausência, de engano, de perda...

Mas a amizade compensa. Compensa porque me dá o melhor que posso ter nessa vida: a noção de mim mesma.

Carmem Galbes


Café com leite.

Olá, Coexpat!
Não tem jeito, o sotaque dá uma condição muito interessante para quem está longe do lugar de origem. Ele faz da gente uma personagem quase café com leite, aquele tipo que não tem muita vez, não tem muita voz, pelo menos no dia a dia gringo.
Um exemplo: numa loja, uma vendedora me perguntou: turista? 

Eu disse que não. 
Ignorando a resposta negativa e atenta ao sotaque ela simplesmente disse, ah, desculpe, essa promoção só vale a pena pra quem vai passar um bom tempo aqui.
Como a oferta da moça não me interessava em nada, nem insisti. 

Mas a cena foi interessante.
Me fez pensar que não basta ter orelhas e ouvir bem, tem que saber escutar. Escutar o que o outro diz, não o que já dissemos internamente pra gente.
Mas a escuta é algo que não se ensina por aí,

A gente aprende a falar, aprende a ler, a escrever, mas a escutar não. 
A audição, quando tudo corre bem, nasce com a gente.
Mas a escuta, essa a gente tem que desenvolver! A gente tem que dedicar tempo, atenção e amor ao próximo para escutar de verdade. Para entender o que se fala.
Mas quem está mesmo disposto a escutar de verdade? 
Bom, tome para você a responsabilidade.
Treine a escuta! No mínimo, você vai se ouvir melhor!

Carmem Galbes

Entre o belo, o útil e o indispensável.

Olá, Coexpat!
O período aqui nos States é de volta às aulas. 
Nada novo, isso acontece no mundo todo pelo menos uma vez no ano. Mas uma cena me cativou. 
No supermercado uma mãe tentava convencer a filha sobre os benefícios de uma mochila mais em conta, porém menos atraente esteticamente em relação ao modelo que a menininha havia escolhido.
Esse nhe-nhe-nhem na seção de material escolar também não é novidade. Aliás, o mais comum em período assim é acompanhar verdadeiras batalhas por causa de caderno, borracha, canetinha e apontador.
Não, essa conversa não é sobre a luta da aluninha pelo belo e nem pretendo abordar o esforço da mãe na defesa do útil.
O fato é que mais um clichê bateu à porta. 

Dizem por aí que não importa o que acontece na vida da gente mas no que transformamos esses acontecimentos. 
A menininha não será a única com a mochila mais útil que bonita na escola. Uma legião de colegas deverá estar na mesma situação, mas como cada uma vai se acertar com as experiências do cotidiano isso é outra coisa...
Gosto dos 'causos' da astrônoma Maria Mitchell. Ela viveu sob os mandos e desmandos dos costumes, como todas as mulheres no século 18. 

Como ela administrou isso
Ela poderia ter decidido seguir o que determinava a sociedade, poderia ter ficado deprimida, poderia ter ficado apática e ter deixado tudo pra lá...
Mas ela preferiu posicionar-se ativamente - porém de forma pacífica - em relação ao que não concordava.
Um exemploParou de usar roupa de algodão para protestar contra o trabalho escravo.
E nessa jornada pela própria liberdade e pela liberdade de outros seres humanos, Mitchell fez muitas descobertas! Descobriu até um cometa - que leva o seu nome!
Sim, também temos um universo a explorar. 
E não precisamos estar tão longe, tão só, tão...Basta coragem para simplesmente olhar. É que, como dizia Michell, quanto mais vemos, mais estamos capacitados para ver.
Então abra os olhos, inclusive os da alma, para perceber a beleza e a utilidade dessa incrível experiência que é uma expatriação. Essa fantástica experiência de estar em um lugar desconhecido - dentro e fora de você -  pronto para ser desbravado!

Carmem Galbes

Que sucesso essa gata que sabe latir.

Olá, Coexpat!Não, não é só você...
Por mais que alguém seja fluente em um outro idioma, essa tal língua não deixa de ser estrangeira e sempre tem uma hora que cansa...
Aí pode acontecer de você soltar uns fonemas em Português, não dar algumas respostas e deixar de fazer certas perguntas.
Tudo bem, pode ser que você não esteja pra conversa hoje e deve estar cansada até para falar na língua materna. Mas a história é pequena e bonitinha. Ouvi agora a pouco.
A gata seguia com sua prole pela rua quando apareceu um cachorrão, o mais invocado da vizinhança. Os filhotes ficaram assustados com o bicho e surpresos com a reação da mãe.

Em vez de recuar, a gata seguiu toda empinada e parou em frente ao Rex. Encheu o pulmão e, em vez de "miauuu", deu uma bela latida. 
O Rex nem tentou enfrentar, virou a esquina e sumiu. 
A bichana, muito sábia, virou para a cria e disse: viu como é bom saber uma segunda língua?
Então não desanima! Aproveite sua estada em outro país para seguir com seus estudos no idioma! Fale sem medo de passar vergonha! Meta as caras! Fique fera em latido, mugido e o que for necessário! E, se um dia precisar latir, o "au au" pode sair até com sotaque, mas que o receptor vai entender a mensagem , isso vai!

Carmem Galbes

Desejo e gozo.

Olá, Coexpat!
Numa sexta-feira dessas defendi a importância do ócio, do lazer, do papo pro ar ou o nome que você preferir para o famoso “dar um tempo”.
Engraçado, como é difícil aceitarem - me incluo - que me propus a ficar um período sem seguir a cartilha sócioprofissional. 

Sempre chega a pergunta, 'e aí o que tem feito?' 
É muito estranho responder: nada!
Mas eu estou fazendo nada mesmo. Nada do que dizem que deveria fazer nesse período de coexpatriada. 

Não, não estou fazendo trabalho voluntário. Também não, não participo de grupos de mulheres de-sei-lá-o-que. E não, não estou grávida. 
Desculpe, não, não e não. 
Ok, estou estudando, quero viajar o que puder e experimentar, experimentar e experimentar. Adoro número primo!
Mas não é que envolvida nesse meu projeto bloquímico, sim - porque, pra mim, lidar com tal tecnologia é quase tão difícil quanto entender química - lembrei de uma palestra da psicanalista Maria Rita Kehl.
Ela falava sobre passividade quando soltou a trovoada: "até a morte estamos entre o desejo e o gozo, queremos estar muito mais tempo no gozo, mas a vida é mais valiosa à medida que dedicamos mais esforços em alimentar o desejo."
Não tem jeito, o desejo é o combustível do dia seguinte. A gente morre é de prazer!
Claro que batalho para não cair no desejo comum, alienado. Aqui, pelo menos aqui, quero desejar para o bem, para o meu bem. Busco o desejo que resulte - tomara - em uma satisfação realmente plena e pessoal.
Mas hoje é sexta. E só posso desejar uma coisa: que o mundo tenha um fim de semana de gozo total.


Carmem Galbes

Sobre cuidado, paciência e carinho.

Olá, Coexpat!
Eu juro que venho tentando mudar de assunto essa semana, mas começo meu tour diário e dou de cara com o gasto recorde de conterrânereos em férias fora do Brasil. Viu? A resistência é árdua...
E olha que o dia a dia longe de casa tem ficado cada vez mais caro. Se bem que São Paulo e Rio estão entre as campeãs do continente em preços salgados.
Falando em tempero - agora sim mudando o tema - uma pesquisa pode apimentar a discussão sobre a monogamia. O resultado sugere que um homem com várias esposas tem mais chances de viver além do que é casado com uma só. Gente... e foi uma mulher que concluiu isso!
Pra ajudar, o antropólogo da Universidade de Cornell, Chris Wilson, vira e fala que "não surpreende que homens nessas sociedades vivam mais que homens em sociedades monogâmicas, onde eles ficam viúvos e ninguém cuida deles". Então, se eu entendi, se o homem morre antes do que deveria a culpa ainda é do cônjuge?
A mesma pesquisa diz que a expectativa de vida da mulher aumenta por causa dos netos. Então tá. O negócio é ter paciência e esperar pela terceira geração. Aliás, a atacante Marta disse que faltou calma na busca pelo ouro na China. Mulher + calma? Sei lá, já ouvi dizer que essa equação não existe.
Mas o que importa é que já temos uma mulher na presidência do Brasil. Verdade! Palavras do Lula: "Ah, as mulheres são as mulheres. Por isso é que eu sou cada vez mais mulher". O presidente disse isso depois de chamar meio mundo de babaca.
Bom, tenho que ir. Vou cuidar com carinho!


Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...