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O diamante é sempre verdadeiro!

Olá, Coexpat!
Os bate-papos sem intenção alguma são os que - normalmente - tiram minha alma do automático.
Dessa vez a culpa foi do diamante. Esse ponto cintilante passeava pelas nossas mentes, bocas e devaneios quando a paquistanesa perguntou: “quem garante que o diamante que você já comprou ou ganhou um dia é mesmo precioso e tem qualidade?”
Fomos unânimes, "ora, quem garante?" O cara lá com aquela lente, o dono da joalheria, a grife, o vendedor, o certificado de garantia, o preço, quem deu o presente...
Com a autoridade de colecionadora ela simplesmente disse: “ninguém garante. A autenticidade da jóia é uma questão de fé. A coisa só é verdadeira, valiosa e importante porque você acha que é.” E continuou, “pode ser que você nunca precise vender a peça, então jamais irá descobrir o valor real de mercado, então para você o tal diamante será tão valioso, mas tão valioso que quase não terá preço.”
'Pera' aí, acho, sim, que tem uma série de procedimentos que podem ajudar a garantir a veracidade das coisas. Mas fiquei pensando no que a paquistanesa disse...
No fundo, no fundo mesmo, a vida toda é uma questão de crença.
O que são o amor, a amizade, o dinheiro, a profissão, a religião? Pura fé! Crença nas pessoas, no sistema, na importância do ofício, na existência de uma energia supra...
A gente passa a infância e a adolescência aprendendo a acreditar que é possível, sim, caçar porque a gente é, no mínimo, mais inteligente  que o leão.
Lógico que tem sempre o craque em ensinar o avesso, que o ser humano não dá conta...mas sempre tem uma faísca que surge sei lá de onde e faz a gente crer que é possível, que precisamos tentar, que vale a pena...
Eu confesso que sempre tive dificuldade em entender como se chega a um valor tão alto para as tais das pedras preciosas.
É... não é uma questão de ser caro ou barato, é a crença que vale. É a fé que não tem preço e que faz a gente aceitar - ou não - o que a vida vai trazendo pra gente...
Não sei até que ponto aceitar ou lutar é bom...

Mas que eu gosto de diamante, ah..eu gosto! 

Carmem Galbes

Eu e meu telefone dos Jetsons.

Olá, Coexpat!
Sabe aquele dia em que você tem que se organizar para dar conta da agenda? 

Pois é, hoje era um dia assim. Tinha que seguir uma escala para resolver as chamadas coisinhas da vida.
Mas tem uma coisa que altera pra valer os planos de quem está longe: MSN.
Esse troço é muito bom mesmo. Não é que esse telefone dos Jetsons - lembra da família do século 21? - então, não é que essa coisa de falar ao telefone e poder ver o rosto da pessoa ajuda a dar um fôlego pra quem morre de saudade?
Hoje perdi a noção do tempo simplesmente curtindo a minha sobrinha, conversando com a minha irmã e trocando uma idéia com os meus pais que estão saindo de viagem.
Foi uma delícia.
Em meio às críticas de que a tecnologia é uma das grandes responsáveis pelo colapso de estruturas que vão do relacionamento ao mercado financeiro, fica meu elogio para o aparato tecnológico usado para o bem.
Nunca pensei que fosse dizer isso: obrigada Bill Gates!

Atualizando mais de dez anos depois de escrever esse texto: Obrigada a todos os gênios e todas as pessoas que fazem chegar até nós - nômades ou não - essa facilidade na comunicação.
Hoje, em 05 de abril de 2019, dia em que atualizo esse texto - temos whatsapp, facetime, skype, telegram etc e tals...tem aplicativo e rede social que coloca até 10 pessoas conversando ao mesmo tempo! Gente, dá pra comemorar ceia de Natal em família online!
Palmas ainda para todo esse aparato tecnológico que, além de aproximar pessoas, derruba fronteiras, disseminando informação, valores e costumes e ajuda expatriad@s de todo o mundo a se sentirem mais em casa.
Tecnologia é coisa de Deus mesmo! Só pode ser!

Carmem Galbes

Tempo rei.

Olá, Coexpat!   
No começo da expatriação era um excesso de tempo!
Quanta fartura! Uma abundância de horas a meu bel-prazer que eu não tinha fazia tempo.
Mas o tempo foi passando, foi sendo direcionado, usado, requisitado.
E agora...
Parece que os dias têm tido horas a menos. 

Tudo tem passado muito rápido. 
Parece que tudo é de relance.
De repente eu acordo. 

De repente já estou no meio da manhã. 
De repente já é depois do almoço. 
De repente é fim de tarde. 
A noite baixou faz tempo. 
A madrugada já anuncia o dia seguinte e, sem que a digestão esteja completa, já é hora do café da manhã.
Tem um monte de recheio entre uma hora e outra. Mas tudo tem sido tão rápido, tão express

Não sei o que está acontecendo...
Não dá tempo de pensar, de sentir...
Não dá tempo de mastigar 20 vezes, sentir o gosto, engolir.
Não tem dado tempo.
Sem tempo falta inspiração. Falta cuidado com as palavras, gentileza com o texto, atenção com o raciocínio.
Quando não há tempo, a alma fica anêmica, o espírito desnutrido.
Sem tempo sobra vazio. E o vazio é ladrão do tempo.
Sei do tempo de plantar, de colher, de recolher, de sorrir...mas não sei desse tempo que se apequena, dessa greve do tempo...tempo de menos.
Que escassez! Que angústia...

Vou dar tempo ao...bom...melhor economizar.

Carmem Galbes

O choque que mata e faz viver!

Olá, Coexpat!
Muito interessante quando se tem acesso ao lado de lá do espelho. 

Estava lendo uma matéria, dessas de domingo, que conta a experiência de um expatriado alemão no Brasil, especificamente em São Paulo.
Interessante que as dúvidas, os receios - ou pavor, como preferir - os micos e as boas surpresas são comuns, independente da origem do expatriado.
Aí veio a fala de uma especialista que trabalha para tentar facilitar a vida do estrangeiro."O que tentamos fazer é dar todo o apoio psicológico para atenuar o choque cultural. O importante é que o estrangeiro se acostume com São Paulo o mais rápido possível, para poder render no trabalho.”
Que somos mais um número ou uma cifra, não é novidade nem aqui, nem lá longe. O interessante foi ouvir o termo “tentar diminuir o choque.”
Ótima informação: expatriação dá choque e ponto! Pode ser um baita choque ou só um tremelique, mas vai ter choque!

É normal assustar, é normal doer, é normal reagir meio que sem pensar.
Concordo que levar choque é chato pra caramba. Conheço gente que tem raiva de levar choque, fica com ódio até!

A reação é mesmo pessoal...
E as consequências desse choque vão variar de pessoa para pessoa, a partir das suas experiências, da sua resiliência, da sua resistência a dor, da sua capacidade de recuperação...
O choque da expatriação pode ferir com gravidade a alma...mas dizem que não mata! 

Ah...eu já acho que pode matar, sim!
Vou viajar agora, aperte os cintos...
Eu acho que o choque da expatriação (que pode ser cultural, de identidade e por aí vai) pode matar sonhos, pode matar relações, pode matar afeto, pode matar o prazer, pode matar a saúde, pode matar a disposição, pode matar a autoestima, pode matar a coragem, pode matar o senso de identidade, pode matar projetos em comum, pode matar valores, pode matar crenças, pode matar todo um modo de ver o mundo, pode matar todo um modelo de vida.
O bom é que esse choque mata, mas também tem carga para fazer viver. Não para ressuscitar, mas para gerar uma nova vida. E, pelo que tenho visto, essa nova vida geralmente vem super energizada! 
Quem renasce desse choque surge com mais poder, mais força! É algo difícil de colocar em palavras...o choque da expatriação transfere uma carga tão alta para a pessoa, que é como se ela se transformasse naqueles equipamentos que só precisam, de tempos em tempos, ficar um pouco expostos ao Sol para voltar a funcionar. É como se a pilha, a força para lidar com os acontecimentos da vida nunca mais acabasse.
Claro que o processo não é simples. Como já disse, choque fere, choque dói.
Mas os ferimentos podem ser tratados e cicatrizados. 
Melhor ainda: a saída não seria se preparar, usar luvas, uma toalha, chinelos de borracha para isolar um pouco corpo e alma
A descarga não seria evitada, mas reduzida... 
Por outro lado, se o choque pode trazer tanto poder, tanta energia, por que atenuá-lo?
Para evitar mortes desnecessárias!
Então é isso! Desejo conhecimento e discernimento para a exposição ao choque da expatriação e coragem, força e paciência para tirar o melhor dele.

Carmem Galbes

Andança.

Olá, Coexpat!
Nas últimas semanas, tenho me dedicado a sondar as características que fazem de nós seres humanos.
Falar, pensar, lembrar... E, no rastro das inúmeras histórias levantadas pelo Ike, mais uma qualidade humanóide: a maldade.
O “causo” que ouvi: fila imensa no posto de gasolina. Uma senhora, que chamarei de "Eita", enche o tanque. Em vez de estacionar o carro e assim liberar a bomba antes de pagar, não move o veículo. A história seria basicamente de pura falta de noção do outro não fosse um detalhe. Uma pessoa reclamou. Aí a maldade entrou em cena. A reação: “só porque você reclamou, vai esperar mais cinco minutos. Não estou com pressa.” E dona "Eita" ficou dentro do carro emperrando a fila, pode?
A questão é, a maldade, por ser uma construção cultural, pode variar de acordo com a geografia?
Pelo exemplo da motorista, não. Talvez mude o requinte, o grau, mas o objetivo: ferir o outro, independente do jeito e trejeito, permanece.
Então, se o pior do ser humano resiste às fronteiras, por que tanta andança por aí? Resposta que ouvi: porque outra coisa que faz de nós humanos é a idéia de futuro e a esperança! 

Só por isso vou seguir viajando...e mudando...só por isso...só por hoje...

Carmem Galbes


Paciência.

Olá, Coexpat!
Muita gente ainda continua sem luz aqui em Houston, quase metade da cidade. 

Na tv, as imagens ainda são de gente nas filas à espera de gelo e água potável. 
Os alojamentos seguem lotados e as escolas fechadas. 
Um dos maiores shoppings da região, com as grifes mais badaladas, está fechando quatro horas mais cedo. Acontecer isso em um país pautado pelo consumo é porque a coisa foi feia mesmo.
O Ike matou 27 pessoas no Texas. 
O governo do estado já assinou contratos no valor de US$ 150 milhões para recuperação da região.
Aos poucos a vida para a outra parte dos moradores da cidade vai voltando ao normal. 

Os dias têm sido de limpeza. Árvores aparadas, fiação levantada, mercados reabastecidos e reabastecendo, restaurantes abertos. O período do toque de recolher foi reduzido de nove para seis horas.
Os museus estão reabrindo, mas os teatros, outra marca registrada de Houston, ainda estão apagados. É que estão localizados em uma das regiões mais judiadas pelo Ike, o centro.
Resta saber quando o ânimo e a coragem do pessoal será restaurada.

Os moradores de Galveston, no litoral do Texas, ainda não podem voltar para ilha. A devastação por lá foi total e ainda tem gente sendo resgatada.
Confome a água e a poeira vão baixando, o lixo vai aparecendo. O Xerife da cidade está tendo que explicar porque, apesar da ordem de evacuação, não permitiu que 1000 presos fossem retirados da cadeia de Galveston. A resposta, o prédio foi construído para aguentar um furacão categoria 5, o Ike foi 2, e agora, diz o homem, essas pessoas estão em situação melhor que a dos "moradores de bem". Então tá.
Enfim hoje é sexta-feira de verdade. Mas uma sexta diferente. A cidade está em outro ritmo. O trânsito está complicado, com muitos semáforos ainda piscando no amarelo. O interessante é como o povo se organiza. Uma turma por vez em cada canto do cruzamento. Não tem buzina. Só muita paciência.
Paciência é a senha mesmo. Para tudo. Paciência com a gente, com os outros, com a vida. 

Paciência...

Foto de LM Otero: AP

Carmem Galbes

Meu relógio pirou!

Olá, Coexpat!
Não sei se já aconteceu com você...

Desde sexta passada parece que vivo em um loooongo dia.
Parece que desde sexta é sexta. 
Interessante é que alguns aspectos da rotina básica seguem intactos. Tenho dormindo durante a noite, feito as refeições nos horários tradicionais etc e tals.
Mas parece que estou meio fora do grande relógio da vida. É como se você perguntasse que horas são e respondessem: agora. 

Sim a hora é agora, mas não faz sentido a resposta.
Até ontem não sabia ao certo que dia era do mês, nem da semana, mesmo porque na minha cabeça estava decidido que era sexta.
Fiquei pensando se essa confusão com o calendário estaria relacionada à pane no sistema de energia. Se for isso, estou mesmo lascada. Teria eu decidido que os dias são ditados pela tecnologia, pela informação, pelos compromissos, não pelo Sol que nasce e se põe? Haja desconexão entre mim e a natureza...
Para ajudar nessa aflição, recebi de longe um convite vencido para um ciclo de palestras. Tema: o que é humano hoje?
Na preguiça respondo: é o ser que fala.
Mas depois desse furacão, dessa confusão no meu relógio sóciobiológico, dessa coisa de não conseguir direito dar nome ao que se passa, ao que se sente, fico pensando que a resposta já não é tão simples assim faz tempo.
Pensando bem, não bastam os furacões que a gente cria na nossa vida. Às vezes é preciso um furacão de verdade mesmo para levantar a poeira, sacudir as certezas e exigir uma reconstrução. 

Aliás, o que é certo? O que é verdade? O que vale a pena?
Ihh... esse Ike...


Carmem Galbes

Ike em detalhe.

Olá, Coexpat!
Um amigo pediu para eu dar mais detalhes sobre meu primeiro contato com um furacão bravo. Então tá.
A temporada de furacões no Texas começou em primeiro de Junho. Já passaram por aqui Arthur, Bertha, Cristobal, Dolly, Edouard, Fay, Gustav, Hanna, Ike. Isso mesmo...A...B...C...D...os nomes seguem o abecedário.
Como já disse, Edouard foi o meu primeiro furacão. Um contato que não passou de: “nossa, só isso?”
Depois de enfrentar congestionamento nos corredores de água e comida enlatada, depois de ver que furacão pode ser só uma garoa e de perceber que as pessoas estão meio cansadas de tanta ameaça, decidi que também não iria embarcar no que chamam aqui nos Estados Unidos de indústria do furacão.
Com o Ike seria assim, não fosse um detalhe: o estrago em Cuba e no Haiti, onde deixou pelo menos 75 mortos. Além disso tinham as fotos do satélite. Eu tenho medo daquela imagem cinza, daquele olho grande...
Aí começou.
Terça-feira: o governo do Texas manda os moradores do litoral deixarem suas casas.
Quarta: Os canais de tv suspendem a programação normal e dão espaço pleno ao fenômeno.
Quinta: Ike é o tema das aulas na universidade.
Eu realmente não acreditava que estava em risco. Eu e meu marido decidimos não deixar a cidade. Fomos ao mercado, como todo mundo. Água, pilha, vela. Já que enlatado só desce mesmo em furacão, o estoque feito antes do Edouard estava intacto.
Sexta: tentamos almoçar em algum lugar. Às três da tarde já estava tudo fechado.
Passamos o dia grudados na tv. O avanço da maré avisava que o Ike não deveria deixar a categoria 2 de uma escala que vai até 5 - nível mais violento do fenômeno...não foi isso que aconteceu...

Às sete da noite já víamos os repórteres chacoalhando em Galveston, litoral do Texas.
Decidimos dormir...Pensamos que dormindo, a história acabaria logo. 

Capaz! O balanço das janelas nos expulsou da cama. 
Como o conselho é ficar no cômodo mais central da casa, o que está protegido por mais paredes, montamos acampamento no banheiro da suíte, que não tem nem janela.
Seguimos as dicas de quem tem experiência no tema: levamos com a gente - além do kit sobrevivência: água/comida/lanterna, mochila com documentos e sapatos - caso os estilhaços de vidro se espalhassem pela casa. Animador, ?
E no banheiro ficamos por umas quatro horas.
Um amigo me perguntou se tive medo. Não sei dizer. Fiquei pensando se o vento levasse o teto. Sabe aquela imagem da vaca voando? Não que eu tenha vaca em casa, mas aquela cena do Twister é simbólica. Tudo pelos ares...
As rajadas é que assustaram. Por várias vezes o vento diminuiu, o barulho ficou longe. E, de repente, vinha um estrondo. Parecia trem fantasma.
Não me atrevi a tentar ver algo pela janela, acompanhei tudo pelo meu mp3 a pilha.

Dos estúdios de tv, apresentadores e repórteres, em rede com as rádios, tentavam traduzir imagens em palavras.
O conselho mais interessante foi de um meteorologista sênior que sugeria distrair a criançada, porque o som do vento não era nada agradável. Depois dessa, aí que não larguei o radinho.
Lá pelas cinco da manhã tudo acalmou. Calmo até demais. Nenhuma sirene. Ninguém falando. Nem pingo d’água. Já estávamos sem o básico. Torneira seca e geladeira desligada.
Andar pelos corredores totalmente escuros do condomínio logo após um 11 de setembro - mesmo que sete anos depois, mesmo que por outros motivos - não foi nada agradável.
Na rua, raízes para o alto, semáforos - os que resistiram - piscando.
Deu uma tristeza...profunda...
Água continua só engarrafada. 

Gasolina continua 50 centavos mais cara, fora a fila.
Ainda estamos sem tv a cabo. 
Internet conseguimos emprestada. 
Todos continuam suspeitos. Toque de recolher à noite, pelo menos até sábado. 
Escolas seguem fechadas. 
Comida enlatada? Vai seguir estocada. É que a tal temporada de furacões só termina em 30 de novembro.
Em tempo, o próximo furacão já está a caminho e já foi batizado: Josephine.

Foto de um leitor do jornal The Houston Chronicle.

Carmem Galbes

Expatriação e a experiência de quase morte.

Olá, Coexpat!
Fiquei pensando que desbravar uma cultura diferente, seja ela estrangeira ou não, poder ser similar à experiência de sair do corpo, à experiência de quase morte...

Você, desorganizada nessa sua condição de coexpatriad@, deve estar pensando: isso mesmo, sou um@ mort@-viva.
Não! Não é esse o ponto! A ideia aqui é sempre deixar uma mensagem positiva!

Vamos lá!
Eu adoro ler as histórias: a pessoa está dormindo ou está em coma e sai por aí flutuando. Tenho preferência pela parte em que o ser flutuante narra a sensação de ver o próprio corpo, deitado, existindo independente da alma que agora está grudada no teto...
Bom, em geral, pelo que pesquiso, a pessoa que não vai em direção à famosa luz volta mais otimista, feliz e com energia para vencer desafios. Fruto, defendem os especialistas, de um aumento da noção do diferente, de que há vida na morte, que há possibilidade até no impossível.

É aí que eu acho que esse processo de quase morte pode ter muitos traços em comum com a expatriação.
Em uma nova cultura, praticamente deletamos nossa receita de vida. Não por que simplesmente abandonamos nossas referências, mas porque precisamos abrir espaço para perceber um mundo diferente, porém repleto de sinônimos do nosso antigo modo de viver.

Acho que o sinônimo não está só na fala e na escrita. Está na ação também.
Um exemplo besta: lavar roupa. No Brasil o esquema é máquina, varal e ferro. Aqui nos States é máquina de lavar, de secar e guarda-roupa, não tem que passar. Modos diferentes para um mesmo objetivo: roupa limpa.
Tudo bem, as pessoas adotam determinado esquema por motivos que vão da facilidade à viabilidade econômica. Pode ser por costume também...
O fato é que quando aceitamos fazer as coisas de outra forma ganhamos uma espécie de senha, uma chave capaz de abrir sem grandes traumas - pelo menos assim deveria ser - os cadeados que impedem a nossa inserção em um mundo que pode ser novo, louco, inacreditável e por aí vai, mas que carrega todo um potencial de alargar e aguçar os sentidos!

Então não tema a experiência de quase morte pela qual tod@ expatriad@ passa. Saiba que essa é só mais uma experiência, só mais uma. Depende de você acordar para essa nova vida ou não. 
É uma escolha!

Carmem Galbes

Adoro sexta!

Olá, Coexpat!
É, não tem jeito. Têm coisas que ficam com a gente pra sempre. Não importa a cultura, não importa o endereço, não importa o novo modelo de vida...

Exemplo? Sexta-feira pra mim é dia de faxina.
Interessante que mesmo com o passar do tempo e com a data da limpeza determinada mais pela agenda de quem me ajudava do que pelo meu calendário, a sexta ficou com esse ar de limpeza, de arrumação caprichada, de cheiro cheiroso, de purificação...
Engraçado que, apesar do encontro estafante com aspirador e companhia, costuma sobrar pique para coisas que adoro fazer em dias assim: dar uma volta por aí sem muita pretensão, encarar uma alimentação sem tantas regras dietéticas ou de etiqueta...

Claro que tem sexta de lascar!
Também tem sexta que tanto faz...
Mas na maioria das vezes esse último dia útil da semana carrega um mundo de possibilidades...
E quem não adora sexta-feira? 

Vinicius - o de Moraes -  preferia sábado. 
Sou gente comum! Então viva a sexta!
É que, apesar de estar na condição de apoiar a carreira do meu marido em outro lugar, e estar - por ora - "dispensada" daquele trabalho obrigatório de 8h às quando Deus quiser, está empregnado em mim que a sexta é autorização para descanço, ócio, delícias...
Preciso urgentemente mudar meus conceitos!
É...só uma coexpatriação mesmo para fazer a gente ver a diferença do que a gente realmente quer e o que querem pra gente...
Pensando bem, a impressão que tenho é que nessa condição que estou - de vida profissional em suspenso - segunda, terça, quarta e quinta são tão legais quanto a sexta e o sábado! E o domingo perdeu aquele fim de tarde rabujento!
Nossa!!
De qualquer forma, continuo adoranto sexta!

Carmem Galbes

Estou de folga! Folga de que?

Olá, Coexpat!
Feriado por aqui, dia do trabalho. 

Como no Brasil, é dia de o trabalhador aproveitar o tempo como bem entender.
Interessante, dia de folga por essas bandas está sempre associado à grandes promoções. A palavrinha sale - sempre em vermelho, sempre com letras gordinhas - é capaz de despertar sensações que vão do desejo à urgência num toque da seta do carro, num virar do volante.
Tem também o turismo, que pode ser mais um consumo desenfreado como outro qualquer. 

Quer uma indicação de passeio? 
Os roteiros que vêm acompanhados dos famosos "imperdível - o mais visitado - tem um monte de lojinhas" parecem justificar tanto esforço para vencer multidão e burocracia até o destino pretendido.
E enquanto arrumava a mochila para o Labor day longe de casa, as palavras do psicanalista francês Charles Melman sopraram em meus ouvidos: "somos escravos dos objetos destinados à satisfação. Somos todos escravos desses objetos."

A questão é: que satisfação é essa?
Alguém se habilita a ir contra o fluxo?

Carmem Galbes

Meus amigos, meus espelhos!

Olá, Coexpat!
Sou da turma que apoia a necessidade do ser humano ter sempre - pelo menos - um objetivo. É que objetivo é como combustível, move a gente. Ele pode ser nobre, simples, rápido, coletivo, instável, insano, como queira.
Conversando por aí tive acesso a alguns propósitos de outr@s coexpatriad@s.

Tem sempre alguém que quer aprender o idioma local. Também já ouvi que tem gente que quer aproveitar esse tempo na 'gringa' para buscar uma especialização, ganhar uma grana, fazer trabalho voluntário, ter filho, aprender uma atividade, levar uma vida do avesso, expandir a consciência, ler tudo o que não teve tempo, meditar, fazer nada, emagrecer, enfim... cada um é cada um, ou não ?
Uma coexpatriada confessou que está mesmo é exercitando a paciência. Tá esperando com toda boa vontade do mundo a repatriação chegar! Que fase ela deve estar passando...

Meu objetivo está focado em outra virtude: a amizade.
Eu sei, fazer amigos não é fácil. Quando se está expatriada então...Eu sei que tem gente que promete a si mesm@ nunca mais confiar em ninguém depois de ficar ferid@ com uma amizade.
Aristóteles diz que a amizade depende de outras qualidades.

Há um pessoal que defende que a amizade pode ser até um vício quando impede a expressão de virtudes como a justiça, por exemplo.
Ai...isso pode ir longe...

O importante é ter amigas e amigos. Não importa a forma, mas o conteúdo. Não importa como eles chegam, mas se ficam - pelo menos na lembrança. Não importa quantos, nem onde estão, nem há quanto tempo são...
Aos poucos a gente aprende que manter um relacionamento assim exige dedicação das duas parte. É uma cosntrução diária, árdua, algumas vezes sofrida, algumas vezes cansativa.
Pensando bem, a amizade me deixa até em uma condição desagradável, a de eterna devedora. É que devo à amizade a noção de bem, de mal, de satisfação, de ausência, de engano, de perda...

Mas a amizade compensa. Compensa porque me dá o melhor que posso ter nessa vida: a noção de mim mesma.

Carmem Galbes


Café com leite.

Olá, Coexpat!
Não tem jeito, o sotaque dá uma condição muito interessante para quem está longe do lugar de origem. Ele faz da gente uma personagem quase café com leite, aquele tipo que não tem muita vez, não tem muita voz, pelo menos no dia a dia gringo.
Um exemplo: numa loja, uma vendedora me perguntou: turista? 

Eu disse que não. 
Ignorando a resposta negativa e atenta ao sotaque ela simplesmente disse, ah, desculpe, essa promoção só vale a pena pra quem vai passar um bom tempo aqui.
Como a oferta da moça não me interessava em nada, nem insisti. 

Mas a cena foi interessante.
Me fez pensar que não basta ter orelhas e ouvir bem, tem que saber escutar. Escutar o que o outro diz, não o que já dissemos internamente pra gente.
Mas a escuta é algo que não se ensina por aí,

A gente aprende a falar, aprende a ler, a escrever, mas a escutar não. 
A audição, quando tudo corre bem, nasce com a gente.
Mas a escuta, essa a gente tem que desenvolver! A gente tem que dedicar tempo, atenção e amor ao próximo para escutar de verdade. Para entender o que se fala.
Mas quem está mesmo disposto a escutar de verdade? 
Bom, tome para você a responsabilidade.
Treine a escuta! No mínimo, você vai se ouvir melhor!

Carmem Galbes

Entre o belo, o útil e o indispensável.

Olá, Coexpat!
O período aqui nos States é de volta às aulas. 
Nada novo, isso acontece no mundo todo pelo menos uma vez no ano. Mas uma cena me cativou. 
No supermercado uma mãe tentava convencer a filha sobre os benefícios de uma mochila mais em conta, porém menos atraente esteticamente em relação ao modelo que a menininha havia escolhido.
Esse nhe-nhe-nhem na seção de material escolar também não é novidade. Aliás, o mais comum em período assim é acompanhar verdadeiras batalhas por causa de caderno, borracha, canetinha e apontador.
Não, essa conversa não é sobre a luta da aluninha pelo belo e nem pretendo abordar o esforço da mãe na defesa do útil.
O fato é que mais um clichê bateu à porta. 

Dizem por aí que não importa o que acontece na vida da gente mas no que transformamos esses acontecimentos. 
A menininha não será a única com a mochila mais útil que bonita na escola. Uma legião de colegas deverá estar na mesma situação, mas como cada uma vai se acertar com as experiências do cotidiano isso é outra coisa...
Gosto dos 'causos' da astrônoma Maria Mitchell. Ela viveu sob os mandos e desmandos dos costumes, como todas as mulheres no século 18. 

Como ela administrou isso
Ela poderia ter decidido seguir o que determinava a sociedade, poderia ter ficado deprimida, poderia ter ficado apática e ter deixado tudo pra lá...
Mas ela preferiu posicionar-se ativamente - porém de forma pacífica - em relação ao que não concordava.
Um exemploParou de usar roupa de algodão para protestar contra o trabalho escravo.
E nessa jornada pela própria liberdade e pela liberdade de outros seres humanos, Mitchell fez muitas descobertas! Descobriu até um cometa - que leva o seu nome!
Sim, também temos um universo a explorar. 
E não precisamos estar tão longe, tão só, tão...Basta coragem para simplesmente olhar. É que, como dizia Michell, quanto mais vemos, mais estamos capacitados para ver.
Então abra os olhos, inclusive os da alma, para perceber a beleza e a utilidade dessa incrível experiência que é uma expatriação. Essa fantástica experiência de estar em um lugar desconhecido - dentro e fora de você -  pronto para ser desbravado!

Carmem Galbes

Desejo e gozo.

Olá, Coexpat!
Numa sexta-feira dessas defendi a importância do ócio, do lazer, do papo pro ar ou o nome que você preferir para o famoso “dar um tempo”.
Engraçado, como é difícil aceitarem - me incluo - que me propus a ficar um período sem seguir a cartilha sócioprofissional. 

Sempre chega a pergunta, 'e aí o que tem feito?' 
É muito estranho responder: nada!
Mas eu estou fazendo nada mesmo. Nada do que dizem que deveria fazer nesse período de coexpatriada. 

Não, não estou fazendo trabalho voluntário. Também não, não participo de grupos de mulheres de-sei-lá-o-que. E não, não estou grávida. 
Desculpe, não, não e não. 
Ok, estou estudando, quero viajar o que puder e experimentar, experimentar e experimentar. Adoro número primo!
Mas não é que envolvida nesse meu projeto bloquímico, sim - porque, pra mim, lidar com tal tecnologia é quase tão difícil quanto entender química - lembrei de uma palestra da psicanalista Maria Rita Kehl.
Ela falava sobre passividade quando soltou a trovoada: "até a morte estamos entre o desejo e o gozo, queremos estar muito mais tempo no gozo, mas a vida é mais valiosa à medida que dedicamos mais esforços em alimentar o desejo."
Não tem jeito, o desejo é o combustível do dia seguinte. A gente morre é de prazer!
Claro que batalho para não cair no desejo comum, alienado. Aqui, pelo menos aqui, quero desejar para o bem, para o meu bem. Busco o desejo que resulte - tomara - em uma satisfação realmente plena e pessoal.
Mas hoje é sexta. E só posso desejar uma coisa: que o mundo tenha um fim de semana de gozo total.


Carmem Galbes

A minha estratégia "facinha" de adaptação...

Olá, Coexpat!
Na vibe de revisitar o passado, tenho me divertido com as minhas estratégias - algumas bem ordinárias -  para me adaptar à vida no exterior.
Segue um pouco do meu início em uma nova cultura...
Há dez anos, direto do túnel do tempo...

Em linha com a moda de supervalorizar o presente e ainda traumatizada pela experiência pouco agradável de esvaziar uma casa repleta de certeza de um futuro definido, resolvi que meu novo endereço - com data definida para expirar - refletiria o espírito fugaz do tempo. Me propus só ao necessário: poucos móveis, linhas retas, sem adornos...tudo muito prático para facilitar a mudança de volta!
Mas como já disseram, estamos entre o tempo e a eternidade.
Então eu simplesmente juntei a necessidade de satisfação urgente dos meus desejos consumistas, com a busca imediata de prazer e a fantasia de viver nesse novo endereço para sempre. Resultado...vou falar baixinho: compras para a casa.
Se você ainda se sente culpada por se render ao consumo nesse início de carreira como expatriada, sugiro uma dose de Santo Agostinho:
“O que agora claramente transparece é que nem há tempos futuros nem pretéritos. É impróprio afirmar que os tempos são três: pretérito, presente e futuro. Mas talvez fosse próprio dizer que os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das presentes e presente das futuras”.

Então bora providenciar as coisas do presente e do futuro!
Ai...que alívio...

Breve atualização: o consumo pode ser uma estratégia para fazer você sair de casa e ver a vida lá fora. Se isso ajudar, vá em frente, mas consuma de forma inteligente! 
Para não se aborrecer com dificuldades no idioma ou com o comportamento dos vendedores locais, faça uma pesquisa antes: procure traduzir o nome do produto que você quer, separe uma foto e pesquise lojas e preços.
Se for fazer compras para a casa e se o atual endereço for por tempo definido, invista em itens de decoração que tragam aconchego e sejam fáceis de instalar e transportar, como almofadas e tapetes.
Se for adquirir um móvel, prefira os de menor padrão possível. É mais versátil ter - por exemplo - duas estantes iguais pequenas do que uma grande. Em um próximo endereço, você pode colocar uma estante em cada cômodo. 
Teste possibilidades! Permita-se organizar a casa de um jeito que você sempre quis, mas nunca se permitiu! É a chance que você está tendo de fazer tudo diferente!
No mais, divirta-se
Espero que ajude!

Carmem Galbes

Um minuto de silêncio, você consegue?

Olá, Coexpat!
Nesse mundo em que a gente acha que tem tanto a dizer e em que o tempo todo é convocad@ a falar, ficar em silêncio é quase uma derrota.
Ok, poder falar e conseguir dizer o que se pretende é tudo de bom.
Mas hoje queria conversar um pouco sobre aquele outro silêncio. Eu sei...esse tema é quase clichê de tão debatido, estudado, explorado - até. Mas, na prática, quem consegue encontrar o silêncio interno, a tal da quietude?
Engraçado, é quase um autoelogio falar: “nossa, não consigo ficar quieta!” Isso tende a soar como "nossa, sou super esperta, agitada, envolvida com o mundo, bacana, jovial, legal..."
Mas, será que se a gente fechar os olhos e abrir os ouvidos não vai conseguir ouvir um: "nossa, não consigo parar cinco minutos para dar espaço ao nada."

Que fuga é essa do nada?
Será que o fato de estar assim tão longe de casa, do ninho, eu não posso ficar quieta?
É que a gente sabe que isso pode doer,

O silêncio dói, a pausa dói!
É que a gente sempre acha que no silêncio ouve assombração...
Mas como tudo é uma questão de foco, de para onde direcionamos a nossa atenção, a gente pode ouvir passarinho também... e grilo... e miados & latidos... e ideias... e respostas que não conseguiríamos prestar atenção em meio a tanto barulho...
Então acho que vou pedir ao Supremo, não ao Tribunal Federal, mas ao Supremo Poder do Universo que me conceda o direito - ou a coragem - de ficar calada. Que me conceda o privilégio de não dizer nada, apesar das exigências internas e das expectativas alheias, apesar das urgências, dos receios, da angústia, dos questionamentos. 

Tudo porque quero ter a chance de ouvir o que o silêncio tem a me dizer!

Carmem Galbes

Banana-maçã e manicure, que dia bom!

Olá, Coexpat!
Ontem foi dia de boas descobertas!

Descobri um local que vende banana-maçã - que eu adoro, descobri mais uma loja com preços ótimos, caminhos mais curtos E, eu disse E gritando mesmo, manicure a la brasileira.
Tá certo que as que me atenderam eram chinesas. 

Tudo muito eficiente. 
No começo foi difícil conseguir explicar que não queria a unha nem quadrada e nem redonda, mas a gente se entendeu. Fiquei desconfiada até tirarem a cutícula. Foi perfeito! 
Elas se espantaram com a minha escolha da cor, e naquele inglês de cebolinha - que já traduzo - ousaram: "blanco tlanspalente, tem certeza que não quer um pink?"
Resumindo a experiência:
As diferenças: a manicure que me atendeu foi tão precisa na hora de pintar que nem precisou limpar o excesso de esmalte. E a massagem nas mãos? Ela se estendeu da mão para o braço e do pé foi até o joelho, muito boa!
A diferença marcante: o preço, o que não é novidade. No mínimo o dobro do que estava acostumada a pagar no Brasil.
Mas acho que faz sentindo, sabe? Faz sentido pagar pelo talento. Ok, aprendemos que o preço "bem precificado" já contém o valor do trabalho, da capacidade, inovação e o capacete a quatro. Mas a gente é bem acostumada a pagar pequenas fortunas por produtos em série e dar esmolas pelo talento, falo daquele talento presente no dia a dia, traduzido - geralmente - em serviço.
Tudo bem, também defendo a idéia de que seria muito bom precisar de menos dinheiro para fazer as coisas e também não acho que aqui a relação capital trabalho seja mais justa , o que não é.
Mas não é por essa porta que eu quero entrar, não. 
 

Para mim, ter ido à manicure longe de casa foi simbólico. Representou respeito à diversidade, crença na capacidade alheia e, lógico, aumento da autoestima, porque unha bem feita é tudo de bom e eu não sou de ferro...
Carmem Galbes

Quase morro!

Olá, Coexpat!
Eu nunca vivi uma experiência de quase morte, como aquela em que dizem que você entra em um túnel iluminado, tem uma profunda sensação de conforto, de leveza e resiste em voltar, embora a voz insista: vooolte, vooolte.
Em mais um lero-lero mental cheguei à conclusão de que a gente vive várias experiências de quase morte mesmo sem, necessariamente, passar por um incidente ou acidente.
Quase morremos quando nascemos, quando saímos da infância, da adolescência e da juventude. Quase morremos quando perdemos o emprego, quando somos ignorados, abandonados. Quase morremos de ódio, de medo, de frio, de fome, de saudade, de ciúme, de dó, de rir, de comer, de cansaço , de alegria, de orgulho, de prazer...
Vendo por esse lado, ser ou estar expatriad@ pode ser uma experiência de quase morte.  Fica-se tão à flor da pele, que parece que se pode quase morrer quase todo dia.
Não sei se isso é bom ou ruim. Mas quase morrer dá uma baita sensação de estar viva, não um morto-vivo, mas vivinha da Silva.
É que nessa condição de quase morte não há meio termo. A vida distante do que é familiar deixa tudo intenso, profundo, em detalhes. Nada passa em branco, nada se deixa pra lá.
É, como diz o Xandico, um dos colegas mais engraçados e estressados com quem já trabalhei:  “ai... essa vida ainda me mata.”

Carmem Galbes

Expatriação e o teletransporte para a primeira infancia.

Olá, Coexpat!
Com o propósito sempre de integração cultural e de pesquisa antropológica - claro (#sqn) -  hoje dei uma de americana e fui às compras logo depois do almoço.
É estranho, você entra nas lojas e parece final de semana ou grande liquidação, está sempre tudo cheio. Acho que é porque o clima aqui é de fim de férias. Bom, só vou saber quando mudar a estação.
O ritmo na loja é diferente. Não tem aquela paquera com a mercadoria. O pessoal vai olhando tudo de forma acelerada. O som é de cabide batendo, tac-tac-tac uma peça após a outra. De repente uma pausa. A loira ao lado acha uma blusa linda! Vai ter olho clínico assim lá longe.
Peguei 327 milhões de itens...e nada! É que ainda não me acertei com meu número...
Mas, sabe aquela história da azeitona da empada? Pois é, tanta roupa linda e um soutien que sobrava na frente e apertava nas costas acabou disparando um blá-blá-blá mental. Sim, tenho tido muito disso ultimamente.
Sinto que eu nasci ontem. Não sei mais meu manequim, a noção de caro e barato complicou, sem contar o bê-á- em tudo, no restaurante, no trato e no destrato... Usar moeda então é exercício de paciência, imagina para o caixa...
Mas a gente cresce, ?


Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...