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Expatriação e a agenda cheia...de tempo livre!

Olá, Coexpat!
Fui dessas crianças que têm compromissos além do colégio. Natação, inglês, balé, teatro. Algumas atividades foram abraçadas por iniciativa própria, outras com o incentivo dos meus pais, mas, no fim das contas, todas ajudaram a dar um “upgrade” na caixa de ferramentas da vida.
É dessa caixa que tiro muitos utensílios que me ajudam a encarar situações de agora. Da prática diária da natação, por exemplo, tirei a disciplina. As aulas de inglês facilitaram - e muito - o meu processo de expatriação, e por aí vai.
E foi sempre assim. Agenda cheia. Se não era uma coisa era outra. Como muitos, trabalhei durante o dia e estudei a noite. Tive época de dois empregos ao mesmo tempo, de duas pós ao mesmo tempo. Hoje, de longe, vejo a loucura.
O fato é que, de repente, com a mudança de país e de perspectiva, a agenda lotada ficou cheia de tempo vago, livre para eu fazer o que bem quisesse da vida.
E a pessoa que fazia parte do time dos “sem tempo pra nada” ficou meio zonza com o tempo de sobra.
Já tinha ouvido falar nisso. Empreendedores dizem que é mais fácil, não necessariamente mais prazeroso, ter alguém mandando no seu tempo. O chefe diz a hora de começar a trabalhar, a escola diz a hora de começar a estudar, e - no tempo livre - sempre tem alguém para dizer o que há de divertido para fazer.
Sem a terceirização da administração do seu tempo, a coisa muda. No começo é muito bom, porque parece que todos vivemos em um cansaço extremo e bem longe do que nos agrada. Há espaço para sono, leitura, filmes, passeios tranquilos, almoços, conversas, cursos improváveis. Mas não demora muito para bater a sensação de culpa, de que a gente está perdendo algo nessa corrida da vida.
Ainda bem que em momentos de angústia a pesquisa me conforta. Li artigos e mais artigos sobre o manejamento de agenda, agora para saber como lidar com ou utilizar da melhor maneira a abundância de horas. Também fui atrás do outro lado da coisa, entrei em contato com o slow movement.
Concordo que temos inúmeras possibilidades e ninguém nessa vida pode reclamar que não tem nada para fazer. A diferença agora é que a iniciativa é exclusicamente minha. Se não rechear a agenda, ninguém vai fazer isso por mim. E isso cansa!
Pensando bem, sentir-se ok em uma sociedade que tem receita e modelo pra tudo é muito complicado. Se não é a falta é o excesso que atormenta! Como alertou Freud lá atrás, desde sempre e para sempre estaremos desencaixados, sentiremos a todo instante um mal-estar. 

Mesmo assim vou continuar pesquisando receitas, só para aproveitar o tempo...
Carmem Galbes

Imagem: SXC

Fragmentos de uma vida expatriada.

Olá, Coexpat!
Venho de um exercício cansativo de digitar e deletar, digitar e deletar. Comecei vários assuntos hoje, mas não consegui concluir nenhum.
Tentei dar as minhas impressões sobre o trânsito daqui, que, apesar de regras interessantes - como poder virar a direita mesmo com o sinal fechado - também tem suas maluquices e grosserias - como acelerar para não dar lugar para o cara que está há mil anos com a seta ligada.
Também dei uma navegada para ver se encontrava algo novo sobre o mundo “expatriático”. Nada!
Enquanto a máquina de secar chacoalha a roupa e deixa a casa com um barulho que acho que incomoda, consulto unhas e cutícula, que clamam por uma especialista brasileira.
Olho para um lado, para o outro, procuro inspiração.
Lembro do trecho de uma conversa com uma amiga do peito, também expatriada: “na vida a gente tem a obrigação de tentar, não - necessariamente - de conseguir”.
Revejo umas fotos.
Folheio uma papelada.
Olho para o teto e me prendo ao negocinho que esguicha água em caso de incêndio. Interessante ter esses ornamentos de escritório em casa.
De repente um som que lembra sinal do recreio da escola. É a secadora que terminou o serviço. Corro para tirar e dobrar a roupa. O ar quente facilita a vida. Basta uma ajeitada com a mão, pronto! Nem precisa de ferro de passar! Essa é uma parte boa daqui: os equipamentos que te ajudam.
Daqui a pouco tenho que sair, e não consigo dar liga para os fragmentos que tingem o papel virtual.
Hoje acho que vai ser só isso mesmo, retalhos...

Carmem Galbes

Imagem:SXC

Esposa expatriada, desempregada, mas antenada: cobertura da posse lá e cá.

Olá, Coexpat!
Como você sabe, sou jornalista desempregada, mas que prefere dizer que vive um período fora do mercado para apoiar a carreira do maridão no exterior.

Sendo assim, não consigo desligar...então, não pude deixar de passar o dia perambulando entre TV e internet para acompanhar a posse de Obama. Minha ideia era tentar captar uma cobertura com os olhos aqui e ouvidos lá ou vice-versa.
Claro que não vou conseguir fazer uma comparação crítica entre o trabalho dos colegas americanos e brasileiros, isso, aliás, daria uma boa tese...
Mas, comparando...
O povo aqui passou a semana especulando sobre qual estilista a primeira-dama usaria. Interessante que hoje foram os brasileiros que se apressaram em falar em detalhes sobre o “visú” de Michelle Obama. Com semana de moda no Rio, ficou fácil cumprir a pauta!
Pascolato e cia desceram a boca no modelo assinado pela cubana Isabel Toledo. O que prendeu meu olhar foi a combinação que não me agrada, a não ser em copa do mundo: vestido amarelo + sapatos e luvas verdes!
Mas gente, a mulherada aqui adora brilho e cores vibrantes! Só fico pensando em que ocasião ela usaria aqueles sapatos verdes de novo...
Ok, tentei pensar em uma impressão mais elaborada sobre a cobertura, mas nã
o consegui. É que simplesmente não encontrei em português nenhuma análise um pouquinho mais profunda sobre o dia de hoje.
Bom, pelo menos até agora, não consegui ler, ouvir, ver... sentir nada sobre, por exemplo, qual o impacto no Brasil do discurso de posse do homem que vai tocar a economia mais influente do mundo.
Talvez essa falta não tenha cabimento. Talvez tudo já tenha sido dito e eu não acompanhei. Talvez ainda será dito...
Sei lá...
A cobertura em português fala em gastos com segurança na posse, em número de pessoas, traz o histórico do novo presidente, os desafios, o discurso traduzido, mas senti mesmo falta de contextualização.
Tudo bem, sei, ao menos, que o vestido da dona Obama não agradou lá no Brasil. Ouvi dizer que tinha bordado demais, que era sóbrio demais, que era elegante de menos...sei.


Carmem Galbes

Foto1: Susan Walsh - AP
Foto 2: CBSNEWS.COM

Todo mundo sente preguiça, mas expatriado tem preguiça e culpa...

Olá, Coexpat!
Meu propósito por aqui é ter uma conversa pelo menos uma vez por dia. 

Gosto de conteúdo. 
O problema é que nem sempre penso que tenho algo relevante que mereça seu tempo ou o meu. Pior, como é o caso hoje, quando não estou com muita disposição para desenrolar...
Sabe...os últimos dias têm sido especialmente simples. 

Rotinas biológica e social: comer, dormir, ler, passear, conversar e assim vai.
Tamanha simplicidade tem deixado tudo muito especial. 

Especial porque flui. Porque há apetite, há gosto e há vontade de esticar a conversa, nem que - às vezes - o silêncio marque uma frase ou outra.
Normalmente a escrita me preenche e me satisfaz, mas nem sempre consigo seguir em frente. Como estou expatriada, em uma fase que decidi que eu não tenho - necessariamente - que seguir em frente,  acho melhor deixar pra depois. Hoje vou ficar assim imóvel, só imóvel...e que que tem, né?
Perdão. Sei que é pecado. Mas hoje estou deliberadamente com preguiça, simplesmente preguiça.

Com preguiça e culpada, é que "esposa" expatriada já não faz nada, né? Priguiça de que? Será?
Vixe...
Carmem Galbes

Foto: João Marcos

Expatriação também tem dia delícia!

Olá, Coexpat!
Cada vez mais acredito que, apesar dos imprevistos, do trânsito, do tempo, das coisinhas da vida, só depende mesmo da gente o dia ser bom. E hoje foi mesmo, pelo menos pra mim.
Só à noite descubro que a quinta pelas bandas de cá foi braba! A queda de um avião em Nova York ganhou as m
anchetes e ressuscitou o pavor de um atentado.
Para nós cinco nada de estranho, simplesme
nte porque estávamos em outra frequência. Passamos o dia apreciando o visual pouco explorado de Houston. Tem gente, aliás, que jura de pé junto que se existe uma coisa que a cidade não tem é visual. Mas basta abrir os olhos...
O objetivo er
a almoçar, só que o roteiro teve vida própria. De parque a to
po de prédio. Da prefeitura ao zigue-zague nas calçadas, foi uma tarde calorosa, apesar do 14 graus.
O Hermann Park tem um pouco de tudo. De espelho d’água que lembra Washington à ponte que remete à uma cena no Central Park. O trenzinho que circunda a região é daquelas coisas que arrancam fácil um “nossa, que gracinha!”
Depois do curto trajeto de metrô, que aqui corre sobre a terra e liga o distrito médico ao centro, ancoramos no passado. A rua Texas é um esforço de preservação. Um árduo esforço, porque se tem uma coisa que as sedes das empresas gostam é de mostrar o sucesso pel
a altura dos prédios. Interessante que prédio ainda é raro por aqui. São poucos residenciais. Os que existem são de luxo. Os comerciais formam uma espécie de ilha no centro. Esses edifícios gigantes são, aliás, um dos poucos símbolos, além do trânsito, de que Houston é sim uma cidade grande, embora, numa primeira andada, seja difícil de acreditar.
Em meio aos arranha-céus está incrustada a sede da prefeitura, outro endereço histórico. O local abriga também o
centro turístico. Tem mapa de tudo, inclusive de shopping.
Acho a cidade bem simpática. Tenho me interessado por ela. Tenho me apegado até. Ainda não sei se isso é bom ou ruim, mas por enquanto serve de fermento. Sim, a cada descoberta dá mais vontade de descobrir.
Coisas de quem se propôs a tocar a vida com a melhor qualidade possível em 2009!


Carmem Galbes

Que? Não tô entendendo nada e a culpa não é da expatriação!

Olá, Coexpat!
Tem coisa que acontece mesmo em todo canto do mundo. Talvez, porque seja mais uma característica pessoal que cultural, se bem que aprendi ser impossível a cultura não pesar no sujeito.
Mas, voltando na tal característica que considero global: a incapacidade de ouvir.
O exemplo me veio hoje pela manhã. Adoro tomar café em companhia dos matinais da TV americana. Não que sejam bons, nem ruins...são o que são.
Parei em um dos três mais assistidos por aqui - The Early Show.
No quadro “New Year, New You”, o convidado tentou muito, mas muito mesmo falar como poderíamos usar as informações a nosso favor, mas ele não conseguiu...
O autor Kenneth Davis me prendeu quando ele comentou que um dia bom é feito de lições e acrescentou: “se (Alan) Greenspan disse que tinha algumas crenças erradas, então por que não teríamos também?”
Tentei acompanhar o raciocínio dele, que continuou: “está na hora da gente saber o que realmente serve para o nosso dia dia, a nossa vida...”, mas o âncora Harry Smith não deixou a lógica ir pra frente.
Ele interrompeu tanto, que, apesar dos quase 4 minutos de conversa - dizem que um bom tempo para TV, o material ficou vazio.
Claro que fiquei em dúvida: será que eu não entendi? Será que não aprendi nada? Olha, assisti de novo e tive dificuldade em encontrar conteúdo ali.
Tudo bem que o âncora tem um currículo e tanto. Mas de que adianta tanta experiência e preparo se falta ouvido?
Dizem que a gente ouve só o que quer. Mas a coisa fica feia mesmo quando a gente não deixa falar.
Que coisa!


Carmem Galbes
Imagem: SXC

Feliz 9 de janeiro de 2009!

Olá, Coexpat!Quando eu era criança, aprendi que 6 de janeiro, além de ser dia de Reis, é data para desmontar árvore e recolher enfeites de natal. Todo ano era assim. Depois de festa, presente e visita, vinha o desmontar da cena natalina. Era um momento simbólico até. Uma nova fase começava. A sala voltava ao normal. As bolas voltavam para a caixa, os bonecos entravam em um sono de um ano, a árvore, se natural, iria se decompor ou ressuscitar por aí ou, caso imortal, voltava para o maleiro.
Aí cresci. Mudei, mudei, mudei, mudei. Tentei criar essa rotina de investir em um cenário de natal em casa. Mas nem sempre conseguia montar na data que aprendi ser a correta - 1 de dezembro - nem desmontava no dia certo. Isso me deixava culpada, em desacordo com o ritual. Esse ano não teve nem enfeite de porta, que ficaram empacotados no Brasil. Nem por isso deixei de prestar atenção nas decorações por aí.
Interessante que pelas bandas de cá ainda tem muita casa brilhando de longe, muita guirlanda na porta. Fico fantasiando. Imaginando se os moradores ainda estão viajando. Me pergunto se esqueceram, se estão muito ocupados, se não ligam...
Engraçado disso tudo é ver como o velho chega rápido. Até outro dia, esses produtos cintilavam nas prateleiras e pesavam no bolso. Agora são tralha com 75% de desconto.
Ok, sei que enfeite de natal, como acontece todo ano e há pelo menos 2 mil anos - têm data para entrar e sair de cena. Mas com esse negócio de excesso de produção chinesa sobra muita coisa. Aí os enfeites ficam presentes na vida da gente ainda por um bom tempo, nem que seja jogados numa cesta qualquer.
Fiquei tentada a levar um desses pra casa. 75% de desconto!
Dizem que a lógica de quem sabe ganhar dinheiro é comprar na baixa e vender na alta, não que fosse vender meu mimo...
Mas, não tem jeito, se é difícil - em pleno 40 graus - comprar agasalho pensando no frio que pode vir laaaaá longe, imagine enfeite de natal depois do ano novo!
Além do mais é muito tempo pra frente e foi isso que me fez parar. 300 dias e tralalá. É muito tempo. Não levei. Mas a pausa diante do bacião foi boa. Me trouxe de volta para o agora. Espero mesmo que seu ano todo seja bom, mas que tal a gente ir por partes? Então, feliz nove de janeiro de 2009!


Carmem Galbes
Imagem:SXC

Expatriação e amor próprio.

Olá, Coexpat!
Eu sempre tive muita dificuldade em entender o relato de Mateus lá no capítulo 22 em relação ao que Jesus disse sobre o amor: “ama o seu próximo como a si mesmo.”
Eu me lembro que na adolescência achava isso improvável e na fase adulta passei acreditar ser impossível. Mas com as últimas mudanças de endereço e, por causa disso, a necessidade de me relacionar com gente bem diferente, voltei a pensar no assunto.
Pode mesmo acontecer de a gente amar outra pessoa como a gente se ama? Claro que não falo aqui de filho, marido, família e amigos, falo de ser humano no geral.
Hoje estou quase certa que sim. Mas, essa certeza não tem a ver com conversão espiritual ou coisas do tipo, não. Tem a ver com as descobertas práticas da vida.
Acho que a minha confusão com as palavras de Jesus tinha mais a ver com o fato de eu pressupor que a gente se ama incondicionalmente e no máximo grau que o amor possa existir, o que não é verdade.
Será, então, que a gente ama o próximo à medida que a gente conhece o amor para com a gente mesma? Se me amo pouco só posso amar outras pessoas na mesma intensidade? Então, será que quanto mais me amo, mais tenho a capacidade de amar os outros?
Tudo bem que esse negócio de se amar primeiro para depois amar o mundo pode parecer um clichezão brabo, mas vai tentar se amar de verdade, de verdade mesmo! É um árduo trabalho, mas é absolutamente possível!

Comece por parar de se sacanear, de se machucar, de se prejudicar. É difícil, às vezes a gente se esquece, às vezes a gente nem percebe a sabotagem. Mas mude a chavinha para o autoperdão, autopaciência. Trata-se com carinho, fale com você mesma com delicadeza, converse sendo a você adulta e madura lidando com a você criança, pronta para absorver todas as experiências. Entenda e explique para você mesma o que aconteceu e como você pode fazer diferente, fazer melhor. Pare com essa história: "você é uma burra mesmo, não faz nada direito, eu sabia que você ia desistir, você sempre faz isso..." Pare com isso já!
É um exercício diário e sem fim. Mas vale a pena. No fim das contas, somos nós com nós mesmas em uma jornada que existe única e exclusivamente para que a gente evolua!

Carmem Galbes

Minha primeira virada de ano como expatriada e as lições que aprendi!

Olá, Coexpat!

Depois de umas férias pra lá de divertidas, período cheio de rodopios e frio na barriga, cá estou. E de pensar que a gente se viu lá em 2008 e já é 2009. Interessante que dessa vez não tem essa de festa esticada, entende? Não tem carnaval para dar aquela preparada no recomeço. Quando o calendário pulou do 31 para o dia primeiro foram uns fogos ali, um brinde acolá e “vamo que vamo.” Isso pra quem é daqui dos States, porque pra quem não é, pra quem tem sangue brazuca na veia, houve fogos, brindes, festa, comida, brindes, fogos...e claro, retrospectiva!
E como dizem nos campos de futebol da vida, o retrospecto foi positivo.
Dentro da categoria “o que aprendi” tem bastante coisa.
Aprendi, por exemplo, novas palavras, sinônimos, antônimos e metáforas. Conheci regras gramaticais mais apuradas e termos mais atualizados.
Fui a lugares diferentes, encontrei pessoas diferentes, lidei com jeitos diferentes, mas nem por isso me senti estranha, só diferente.
Aprendi a blogar, mas sei que vai demorar para eu deixar de engatinhar no assunto.
Lembrei que carpete no quarto é uma delícia e que entrar sem sapato ajuda a conservá-lo limpo.
Aprendi que casa com menos móveis pode deixar a vida mais simples e que dirigir não é algo perigoso que te expõe à violência.
Também aprendi que varal não faz falta e que produto que tira mancha aqui pode substituir o vermelho do molho de tomate por um buraco. Nunca vi poder igual!
Espantada, vi que uma chave de fenda e um martelo são suficientes para aprontar a decoração da casa, ao mesmo tempo compreendi que o tamanho da nossa felicidade é proporcional à habilidade que temos em acumular ferramentas.
Comprovei que só depende da gente o dia ser bom, a experiência ser rica e o momento valer a pena. 
Aprender que só depende da gente dá um baita poder!
Claro que vai ter sempre alguém para dizer que não...mas só depende da gente!
Ah, também entendi que não é porque a gente está longe que tem que aturar certas situações, certas ocasiões, certas pessoas.. Mas também entendi que, definitivamente, sem gente por perto a gente é menos gente...
Mais uma vez vi que a mudança é inevitável e será mais tranquila à medida que não relutemos diante do que já está em curso.
Outra lição: nem tudo que enverga quebra!
Pera aí, esse é meu primeiro dia útil do ano, então chega de pretérito, vamos ao presente. Aliás, o melhor presente foi não ter que ficar batendo a cachola sobre o que dar de presente, apesar de adorar presentear...
Mas, sobre o dia de hoje, chuvoso, seis graus, arrumação geral...

Tenho certeza que vai ser um ótimo ano pra todos nós!

Carmem Galbes
Imagem: SXC

Amo presente de amigo secreto!

Olá, Coexpat!
Depois de um tempo, a gente topa algumas coisas só para fazer parte. O amigo secreto é uma delas. Eu até gosto dessa brincadeira, mas é preciso encarar o espírito do jogo: integração. Quantas vezes a gente não tira aquela pessoa que mal conhece, cuja relação nunca passou de um oi. Isso é que é legal nesse jogo, a gente tem a chance de prestar atenção nesse alguém, às vezes estranho, esquisito, diferente... Você observa o que seu amigo secreto quer, o que ele gosta, o que costuma usar. Isso deveria ser uma coisa do dia a dia, porque é um exercício muito prazeroso, mas seria muito fazer o mundo parar de girar só em torno da gente...
Pois bem, esse ano entrei em um amigo secreto gringo. Diferente do que ocorre no Brasil, em que o suspense gira em torno de quem vai ganhar o presente, aqui nos States, quem dá o presente é que é secreto. Os pacotes são colocados anonimamente em um local predeterminado. Cada embrulho é devidamente identificado com o nome do destinatário. O presenteado pega o embrulho e tenta adivinhar o papai Noel, daí o nome secret Santa (Claus).
O que achei interessante foi ver como quem dá o presente fica satisfeito quando o presenteado gosta do que ganhou. No meu caso, fiquei pra lá de feliz quando minha amiga abriu um sorriso largo ao ver a pulseira, biju - aliás - que descobri que ela adora.
Embora a gente viva na era “egoística”, no fundo o que todo mundo quer mesmo é agradar, é se sentir aceito e amado. Nem todo mundo sabe direito como fazer isso. Têm aquelas vezes em que a gente acha que está agradando, mas não está. O fato é que o gosto quando a gente acerta é doce, suave e dura por muito tempo.
Então é esse presente que desejo pra você nessa expatriação, que você consiga sentir mais vezes a satisfação de agradar e de ser aceito, seja lá como você for!
Também torço para que você tenha lucidez e independência!

Carmem Galbes
Imagem: SXC

Nevou!

Olá, Coexpat!
Me sinto, às vezes, no Show de Truman. Aquele filme que a história de um Big Brother. Truman, “propriedade” da emissora de TV, tem a vida 24 horas por dia exposta em um episódio eterno em que, em tese, só acabaria com a morte do personagem principal. Diferente do que acontece no Big Brother que o Brasil conhece, Truman não sabe da tal exposição, para ele aquela é a vida real.
Tudo o que acontece na cidade cinematográfica está dentro de um roteiro. Lógico que a reação de Truman exige improvisos, mas fica muito difícil saber quem influencia quem, se os personagens contratados para forjar amigos, parentes e moradores da cidade dirigem as atitudes de Truman ou se as decisões de Truman é que têm grande peso no roteiro.
A questão é que tudo acontece em torno dele, um carro ou uma pessoa só passa pela rua porque Truman está lá. As alegrias, as tristezas, as surpresas só acontecem para provocar reações em Truman.
Então você pode pensar que quando digo me sentir em um Show de Truman estou na verdade tendo o mais dos egocêntricos sentimentos. Não é esse o ponto. Confesso que tenho aquela fantasia quase infantil de que, às vezes, tem alguém espiando o que faço...
Pois bem, essa impressão ficou ainda mais forte ontem.
É que aconteceu algo surpreendente aqui pelas terras texanas. Nevou!!!
Foi muito legal. A neve começou a cair no meio da tarde e invadiu a noite.
Houston não via neve há 4 anos. E, dizem os meteorologistas, desde 1944 não nevava já na primeira quinzena de dezembro.
Ui, que frio...muito frio. Mas me senti recebendo um presente...Pensei, ah...esse roteirista, mandou neve num lugar improvável, numa data improvável, ah esse roteirista...
Talvez eu viva, sim, em um Big Brother, mas talvez o sentido seja mais espiritualista. Deve ter, sim, um monte de gente - se é esse o nome que eu posso dar - sei lá, um monte de...ah, já sei, de anjos que estão atentos aos nossos desejos e, quando dá, mandam um mimo.
É isso, achei a neve de ontem um mimo, daqueles super gentis, delicados, que fazem a gente abrir um sorriso largo e tranquilo. Um mimo!


Carmem Galbes
Imagem:Melissa Phillip - Chronicle

O mico ficou doido!

Olá, Coexpat!
Sabe uma coisa que a condição de coexpat tem me proporcionado e que tenho adorado fazer? Pagar mico.
Isso mesmo, tenho bancado uma de cavalo em parada de 7 de setembro: cag..., andando e ainda sendo aplaudido!
Não tenho a melhor das vozes, aliás, cantar é um talento que não herdei de ninguém. Mas não é que hoje cantei um Jingle Bell Rock, num palco,com coreografia e tudo...
Mico total! Dói saber que isso pode parar em um Youtube da vida, mas atualmente sou um cavalo, lembra?
E por que é mesmo que a gente tem que estar sempre preocupado com que os outros vão pensar? Por que é mesmo que a gente só tem coragem de chutar o balde em um ambiente desconhecido? Por que a gente escolhe viver tão igual, seguindo os mesmos padrões, tentando atender às expectativas alheias, supondo - inclusive - que a gente sabe o que os outros esperam de nós?
Pera lá...Tudo bem que a fofoca é quase transcendental: foi, é e sempre será. Mas é fato que cada vez menos as pessoas ligam para quem está ao lado, cada vez mais é o próprio umbigo que interessa. No fundo, todo mundo adora falar, mas ninguém se importa...
Aí eu chego em um beco, será que a gente passa a vida toda tentando satisfazer as próprias expectativas? Expectativas, “inscrusive”, que foram enfiadas na nossa cabeça por outras pessoas.
Pra quem cantou e dançou Jingle Bell rock, esse papo tá cabeça demais...
Querida coexpat, ninguém escapa de pagar mico. Escolher pagar é palhaçada, fugir dele é insano, chorar dele é doentio, rir dele é a receita! Então, aproveite!!


Carmem Galbes

Foi-se...

Olá, Coexpat!

Pra morrer basta estar vivo. Pode ser o chavão mais cretino e cansativo de todos - desculpe o pleonasmo - mas hoje acho que ele é pra lá de útil.
Acabei de receber a notícia de que um amigo muito querido seguiu viagem. Foi pela manhã, enquanto se arrumava para o trabalho. O coração dele simplesmente parou de bater. Foi-se o amigo e um dos melhores companheiros de trabalho que já tive.
Uma coisa que acabei de aprender, então, é que dificilmente expatriada dá um último adeus. Quero dizer, não vou ao velório, não terá caixão, nem vela, nem troca de abraço...Também não haverá nenhum encontro, em que a gente aproveita pra aliviar a dor lembrando como a pessoa era mesmo especial.
Vai ficar a lembrança dele vivo, bem vivo. Vão ficar as brincadeiras, as piadas, os longos dias de plantão, de correria, de stress, de alegria...nunca mais terei a mesma equipe. Supondo que a vida pudesse voltar a ser como era, que eu voltasse a morar e trabalhar no mesmo lugar, exercendo igual atividade, não seria a mesma coisa. O Azeitona, nosso Azeite querido, não fará mais parte.
Fica a saudade. E que fique a lição também. Que eu viva intensamente cada momento, porque o segundo seguinte nunca será igual ao que passou. A gente muda, as pessoas mudam, o mundo muda demais. Que eu aproveite o máximo o agora e o aqui, porque o mundo gira...
O bom é que a mente é infinita. Tem lugar pra passado, presente e futuro tudo junto. O bom é que aqui dentro ninguém nunca morre...


Carmem Galbes

Pneu furado!

Olá, Coexpat!

Pelo meu tempo de direção, até que já vivi grandes emoções no trânsito. Já bati o carro, já fiquei a pé no semáforo por causa de bandido, já levei fechada e também já fiz muita barbeiragem...
Mas por uma coisa eu ainda não tinha passado: pneu furado!
A vontade é de trancar o carro e pegar um táxi.
Mas essa é uma situação em que não dá pra deixar pra depois. Você tem que trocar o bicho e pronto!
Dois trabalhadores de uma obra observavam de longe. Pensei: “minha salvação!”. Que nada. Sem cerimônia, me tacaram um baita não na cara depois do pedido de ajuda.
O jeito seria chamar o seguro. Mas esperar sei lá quanto tempo por causa de um pneuzinho - nossa - não estava nem um pouco a fim.
Ainda bem que existe o tal do cara apaixonado pela amiga. E ele trocou o pneu com sorriso no rosto, pode? De mim, ele ganhou eterna gratidão e dela uma carona esperta!
Fiquei tão aliviada que queria arranjar uma forma de agradecer, pagar de volta pela ajuda dos dois.
Mas tem coisa, como dizem por aí, que não tem preço. Quanto poderia pagar para uma pessoa que abre mão do próprio tempo, que se suja e tem que fazer força só para te ajudar?
Quanto poderia pagar para minha amiga que - já de saída - ficou lá no estacionamento por duas horas esperando meu carro estar em ordem de novo?
Não dá pra pagar porque tem coisa que simplesmente dinheiro nenhum do mundo paga.
Mas dá pra ser grata e dá pra passar pra frente. Adorei essa lição. Poderia dizer que faria o mesmo por eles, mas não desejo pneu furado pra ninguém!
Então essa é a política: ajudar, porque sempre vai ter gente precisando de ajuda e sempre gente pronta pra ajudar. Porque vira e mexe a gente muda de posição. Porque a vida muda o tempo todo e aquele senso de "sabe tudo" que existe dentro de todo mundo simplesmente desaparece...


Carmem Galbes
Imagem: SXC

Frrrrioo...

Olá, Coexpat!

O friozinho chegou por aqui. Depois de uns quatro meses de temperatura além dos 30, a casa dos 10 entrou em cena. Por se tratar de Texas - quente que só - já estou bem feliz.
Outro dia comentei como uma francesa como estava sentindo falta de dias mais geladinhos. Sempre gostei muito de verão, mas acho o inverno fundamental na vida da gente.
Por causa da mudança de endereço, passei quase um ano só no verão e isso também cansa.
É como férias, tem roteiro que você volta exausta. É a mesma coisa. O que acontece no verão? A gente quer curtir, aproveitar o dia quente pra ficar até tarde na rua, pra fazer todos os passeios. Não sobra tempo pra simplesmente ficar à toa, sem fazer nada.
A francesa não entendeu muito bem o sentido figurado que eu pretendi dar para o inverno. Mas tudo bem...Como tá frio, fiquei com preguiça de me fazer entender.
Mesmo porque, quando você fala que adora inverno e dias cinzas, tem sempre uma pra dizer: “ah, você tá deprimida, vem cá que eu te dou um abraço.”
Ai, ai...vou confessar, vai: adoro frio porque amo lareira...


Carmem Galbes
Imagem: SXC

Íntimo e pessoal, sobre dividir a experiência da expatriação nas redes sociais.

Olá, Coexpat!

Quando resolvi me emaranhar nas redes sociais tinha três objetivos: escrever regularmente - uma das atividades mais prazerosas para mim - estabelecer um ponto de encontro e de troca para expatriadas e arranjar o que fazer!
Mas no fim, quando a gente decide abastecer essa espécie de diário virtual, o que acaba fazendo mesmo é expor as experiências, sentimentos e opiniões.
Engraçado que isso é um tema que passa muito batido: exposição.
Não é de hoje que sabemos dessa era do “ser é parecer e aparecer”, mas o propósito aqui não é flertar com a teoria.
Venho pensando no que é íntimo e pessoal. Naquelas coisas que não devem ser mostradas, que são suas, que não têm que ser divididas. Naquelas opiniões que não têm que ser dadas. Naquela conversa que não tem que acontecer.
A expatriada sabe que a vida antes de partir é escarafunchada, principalmente, se o destino exige visto especial e cambalhota a quatro.
É preciso responder questões que vão desde o registro de alguma doença contagiosa, uso de drogas e posse de arma, até quanto você tem no banco.
Para te conhecer melhor, a empresa responsável pela sua adaptação quer saber dos seus anseios, gostos e objetivos.
Sem contar no povo que você vai cruzando e que tem uma curiosidade natural sobre sua história e vice-versa.
É como se fôssemos uma vitrine. Tá tudo ali, chamativo, fácil de conferir, acessível.
Acho que isso faz parte do jogo e isso pode ser fantástico: a nossa história pode ajudar muito gente em trânsito por aí. Mas chega uma hora que é preciso balizar. É preciso respirar fundo, olhar pra dentro, pra fora...
Tem gente que nunca terá problema com isso, nem com expor, nem com guardar. Tem gente que lida bem com os dois, que é mestre no domínio dos dois.
Eu sigo pensando sobre o tema, porque um outro objetivo com meu blog, com minhas redes é aproveitar para tentar pensar um pouco mais fora da caixinha.


Carmem Galbes
Imagem: SCX

90 segundos!

Olá, Coexpat!
Uma coisa que sempre ouvi nas “entrevistas da vida” sobre exportação é que o empresário brasileiro tem um enorme problema com prazo. O ser simplesmente não consegue organizar a agenda para entregar a encomenda na data combinada.
E eu - treinada para nunca deixar esperando, o que me faz odiar atrasos - pensava comigo, como assim, como a pessoa batalha pra caramba pra conquistar um espaço no mercado mundial e simplesmente morre na praia?
Talvez uma experiência dia desses tenha me dado uma pequena noção sobre o que passa na cabeça do cabeção - me incluo - quando o tema é: normas culturais...Por sinal, miopia aqui é uma boa palavra!
Sexta-feira. Para matar a saudade optamos por um restaurante brasileiro. Na porta ouvimos um sonoro “tá fechado”. Eu: fechado? A moça: sim, fechou às 2. Eram 2h25. Tentei argumentar...sem chance.
E a história de que o cliente tem sempre razão? Bom, deixa pra lá...
Dia seguinte, no café da manhã: quero isso, aquilo e aquilo outro. A moça do caixa: desculpe, não estamos mais servindo o café, passa das 11. Eu: mas cheguei antes das 11, estava na fila, agora são 11 horas, um minuto e 30 segundos! Ela limitou-se a um: sorry.
Fiquei fula!
Ahh...se fosse no Brasil...
Humm...mas não é!!!
Acho que esse é o pulo do gato. Não interessa se é uma coisa estranha, se não faz sentido falar não para o consumidor, se daria pra abrir uma exceção...
Esse é o ponto de quem se propõe a transitar pelo mundo: respeitar a cultura e os costumes locais. Não sei se concordo com eles, se gosto deles, se atentam contra meus valores, não sei se quero replicá-los por aí, não sei se são lógicos, mas há motivos (também não sei se concordo com eles) para regras, políticas, normas, condutas, jeito, mania...
Acho que uma boa receita pra mim pode ser primeiro identificar com mais tranquilidade o estranho e o diferente. Sim, é estranho e, sim, é diferente! Depois, tentar conviver com essa estranheza...aí sim, aos poucos, com a alma livre, tentar entender. Saber do histórico ajuda e ameniza o caminho para o senso crítico. 

Acontece que pesquisar, procurar saber sobre os motivos dá trabalho.
Pensar dá trabalho, permitir dá trabalho, ir um pouco além do óbvio, da opinião comum dá trabalho, pior, dá medo, porque o que a gente pode encontrar pode ser libertador, e quem quer ser livre? Liberdade dá trabalho, exige responsabilidade, controle sobre a vida...viver dá trabalho...

Não, essa não é uma conversa para defender as atrocidades cometidas em nome das crenças e costumes, esse é um tema grave que não faz parte desse bate-papo. 
Esse texto é só uma forma de dizer que esses pequenos atos irritantes e que parecem sem sentido não são nada contra você, porque - quando estamos na fase de adaptação à uma nova cultura temos a tendência de achar que estão de sacanagem com a gente!  
A moça da padaria não queria me irritar, apesar dos noventa segundos! Era apenas a regra que, ali, valeria para todos...
Pense nisso com carinho!  
Carmem Galbes

Imagem: SXC

Abduzida por terráqueos.

Olá, Coexpat!
Que saudade!
De volta à rotina, mala vazia, muita bagagem, pouco tempo de sono, muitas histórias, cabelo com corte...
Minha ideia era não parar de conversar, mas o período no Brasil foi curto demais, intenso demais e o computador acabou tirando folga...
De volta à gringolândia, dou de cara com um vírus. O bicho esculhambou meu HP, o menino ficou arrasado, confundia comandos, não aceitava ordens, ficou rebelde mesmo. Esse é o outro motivo para tamanho silêncio, o computador pifou!
Mas chega de desculpas, o fato é que - apesar da experiência prévia - cheguei com a sensação de não passar de uma Coexpat novata, virgem mesmo...
Explico, cheguei em um novo clima - já está geladinho. O relógio deu ré - o horário de verão acabou por aqui. Tenho também novos professores e colegas e, daqui a pouco, vou ler sobre um outro presidente!
Jet lag? Não deu tempo. Quem me abduziu foi profissa...Me arrancou e me jogou de volta feito espirro, quase nem senti esse trânsito pelas Américas...
Engraçado...pensando aqui... a casa da gente é onde a gente quer que ela seja!
Mas acho ainda cedo para ter certeza do meu novo endereço. Sabe o que pareço? Aquele velhinho na praia, do tipo já-vivi-um-monte-de-coisa-mas-tenho-que-andar-com-crachá-para-ao-menos-conseguir voltar...
O que interessa é que hoje, ontem para alguns - já que estamos a quatro horas de distância - é dia de votar.
Não, não voto. Aqui sou café com leite. Mas nada impede de acompanhar de perto algumas baixarias, desorganização e palhaçada. Ai que delícia...e não é que tem coisa que é super igual aqui e lá?!

Carmem Galbes

Visita de expatriada é assim...

Olá, Coexpat!

Escrevo direto do Brasil. Dias quentes e calorosos. Papos longos. Muita risada. Fofoca ainda em atraso! Comidas preferidas... como o tempero da saudade é gostoso!Escrevo durante um breve intervalo, enquanto a água ainda passeia entre o pó e o coador, enquanto a família tenta dar conta dos compromissos em meio à visita de quem vem de longe. Uma coisa já tinha aprendido com outras expatriadas, a chegada de quem está ausente há tempos embaralha a rotina, faz toda noite ter um ar de sexta e todo dia parecer sábado.Mas como ia dizendo, escrevo enquanto um diz ao telefone que está pra chegar, enquanto outra dá de mamá, enquanto outra se divide entre as mil histórias e um livro-caixa, enquanto outro se prepara para sair...Tem sempre um beijão, um abraço forte, um sorriso largo. E tem whatsapp, facetime, telegram... porque a vida é louca e conciliar nem sempre é possível. Porque o coração quase sempre está dividido. Porque sempre tem alguém pra sentir saudade...Eu acho isso um bom sinal...

Carmem Galbes

Quase indo...

Olá, Coexpat!

Dia de arrumar a mala. Destino: Brasil. Saudade da família, da energia, dos amigos, da comida, do almoço de domingo, do bate-papo, das porções...
A estada vai ser rápida, mas tenho certeza que de altíssima qualidade.
Estou doida pra abraçar, beijar, ver, olhar nos olhos, conversar ao vivo...
O tic tac tem sido tiiiiiiiic taaaaaaac.
O interessante é que apronto a mala com uma sensação diferente, como diz o cara, nunca antes “vivida” na história dessa minha vida. A sensação é de uma turista rumo à terra natal.
Engraçado como a casa da gente pode ser em qualquer lugar, como a referência pode ser relativa e a identidade volúvel.
Já ouvi de tudo nesses dias que antecedem a ida: você não vai querer voltar, você vai estranhar tudo, você vai querer voltar voando, vai comparar tudo, vai odiar, vai amar e mais um monte de coisa...
Mas e daí?
O legal nessa vida é ter a chance de sentir e de matar a saudade. O que acontece nesse meio tempo, o tempo cura.
Mas preciso ir... como já disse, não tenho o melhor relacionamento do mundo com malas...


Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...