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Esposa expatriada, adaptação à nova vida e a síndrome de Ulisses: quando a dor deixa de ser tratada como doença.



Olá, Coexpat!

Você pode estar lidando com seu processo de mudança de forma errada.
Você já ouviu falar na síndrome de Ulisses?
Ela ganhou esse nome como referência à trajetória do herói grego. No poema de Homero, Ulisses é consumido pelo choro, lamento e tristeza enquanto volta pra casa depois combater na Guerra de Troia.
Segundo os estudiosos do tema, "a síndrome de Ulisses é um quadro de estresse muito intenso ligado a fatores específicos relacionados à migração, que são basicamente a solidão forçada, não ter chances de crescimento no país de acolhida, submeter-se a condições difíceis de sobrevivência, estar constantemente com medo e desamparado."
Em entrevista ao UOL, há 3 anos, o professor Joseba Achotegui, que descreveu e pesquisa a síndrome de Ulisses há anos, diz que essa síndrome atinge apenas as pessoas que foram forçadas a ir embora, não inclui os profissionais transferidos ou quem decidiu buscar oportunidades em outro lugar.
Será mesmo?
Será que essa síndrome não estaria atingindo também as Coexpats?
Tracei um paralelo, guardadas as devidas proporções, entre o dia a dia dos refugiados e da Coexpat:
• Obriga-se a partir, mesmo que inconscientemente - para que o marido não perca o emprego ou a oportunidade.
• Não tem chances de crescimento no país de acolhida, já que são raros os casos da Coexpat também ter visto de trabalho.
• Submete-se a condições financeiras humilhantes, muitas coexpatriadas "empobrecem" ao deixarem a própria renda para apoiarem a carreira do parceiro.
• Está constantemente com medo: de não voltar a ter a própria carreira, de não reencontrar a própria identidade.
• Sente-se desamparada: é vista como dondoca, mimada, ingrata ao abordar os próprios sentimentos.

Será que acabamos nos transformando em refugiadas de um sistema que prioriza o dinheiro, a realização profissional e a carreira do homem?

Enviei um email para o professor Achotegui perguntando se essa síndrome não poderia atingir também as Coexpats.
A resposta dele:
"Considero que sí que se da el Síndrome en los casos que planteas."

E qual a importância desse posicionamento do professor, que também é secretário da sessão de Psiquiatria Transcultural da Sociedade Mundial de Psiquiatria?
A ampliação do olhar em direção ao processo de adaptação da Coexpat!
O professor explica que os sintomas da síndrome de Ulisses podem ser confundidos com os de uma doença mental. Acontece que a síndrome e uma depressão, por exemplo, devem ser tratadas de formas diferentes. "Os sistemas de saúde se equivocam e tendem a psiquiatrizar o problema. Por isso, é importante que se entenda que não é uma doença mental, mas um quadro de estresse crônico e múltiplo que requer apoio, ajuda e não uma intervenção psiquiátrica."
Então ganhamos um elemento para turbinar para melhor a vida longe de casa!
RHs/família/parentes/amigos: a adaptação da Coexpat pode não ser frescura, a dor da Coexpat pode não ser depressão, a dificuldade da Coexpat em lidar com o novo modo de vida pode ser uma síndrome!
Então eu pergunto: será que o processo de transferência da Coexpat não precisa de outra abordagem ou de mais abordagens, além dos benefícios mais comuns do pacote de expatriação? Será que não é possível fazer algo para que não seja necessário chegar na medicação para a Coexpat cdfonseguir lidar com respostas que são "normais" diante de tantas perdas? Será que saber que é normal ser atingida por sentimentos "ruins" não incentivaria uma ação preventiva?
São perguntas cujas respostas exigem a valorização do papel da Coexpat nos processos de transferências profissionais. Não tem como lidar com isso sem reconhecer que o estado da Coexpat vai determinar o tom da expatriação.

Mais informações - em espanhol - sobre o assunto: http://www.elmundodelamente.com/
Carmem Galbes

Expatriada e dona de casa. De onde vem tanta dor?

Não, você não está sozinha, nem é mais fraca ou menos preparada por sentir esse cansaço, essa angústia, esse tédio em lidar com a casa!
Sabe qual é uma das maiores queixas das esposas que apoiam o marido transferido? 
Sobrecarga por cuidar da casa, dos filhos, da rotina e tudo sozinha, muitas vezes!
Aí vem a Organização Internacional do Trabalho e divulga o seguinte dado: O Brasil é o país com o maior número de empregadas domésticas. São 7 milhões, quase a população da Dinamarca! 
Aí a historiadora Marília Ariza, ouvida nessa matéria do Uol, explica: "A ideia de ter um servo na família era muito comum, mesmo entre quem não era rico e vivia nas regiões semiurbanas do século 19 (...) O Brasil do século 21 herdou do passado colonial, imperial e escravista uma profunda desigualdade na sociedade que não foi resolvida." 
Aí eu concluo: ter empregada está no DNA do brasileiro!
Mas você pode perguntar (meio chorando de tristeza ou quase gritando de raiva): "o que isso tem a ver exatamente comigo, que deixei muita coisa de lado para apoiar a carreira do meu marido em outro lugar? Tinha minha vida, meu trabalho, minha renda e hoje eu tenho uma atividade que não termina nunca, o trabalho de cuidar da vida doméstica da família!"
Eu respondo: "eu acho que esse número da OIT pode explicar muito dessa coisa ruim e desconcertante que você vem sentindo."
Ok, posso estar julgando. Então, vou lançar umas perguntas:

  • Será que o cansaço por não ter ajuda 'longe do ninho' tem mais a ver com uma batalha interna por causa de uma crença que está em xeque do que com o trabalho propriamente dito de lidar com a casa? 
  • Será que a angústia por ter que assumir as tarefas de casa tem mais a ver com o fato de nós brasileiros, especialmente - mas não somente nós - não valorizarmos o trabalho doméstico, por acreditarmos que o trabalho doméstico só é 'digno' de ser feito por gente pobre e sem estudo? 
  • Será que se o normal fosse não ter empregada ou faxineira seria mais fácil tocar a casa em um outro lugar, sem ficar sobrecarregada?
  • Até que ponto a cultura de ter empregada tira a autonomia doméstica da nossa família e a responsabilidade nossa, do marido e de nossos filhos por limpar a própria sujeira?
  • Até que ponto a cultura de ter empregada impede que as tarefas sejam divididas de forma justa? 

As respostas podem servir como um inventário das crenças que adquirimos ao longo da vida, desde muito pequenininhos. Das crenças que temos, não percebemos e que acabamos perpetuando. Das crenças que não nos ajudam, que nos deixam exaustas e até deprimidas. Das crenças que nos impedem de olhar para a vida de expatriada com olhos mais positivos. Das crenças que ceifam a autonomia em vez de adubá-la! Crenças que fazem com que a gente monte uma casa que nos escraviza e aprisiona em vez de nos servir.
Sei que esse é um assunto árido! É muito difícil porque mexe com valores muito primitivos. Mexe com o seu orgulho, com o brio do seu marido - que pode pensar que, como um profissional expatriado, tem a hora muito cara para usá-la lidando com a casa. Mas esse tema precisa ser abordado. Tem que ser tratado como prioridade na família. Porque a casa é 'coisa' da família, criação e responsabilidade de todos que moram nela. Como resume Hilda Hilst: 

"A minha Casa é guardiã do meu corpo
E protetora de todas minhas ardências."

Quer lidar melhor com esse tema? Sou Coach de Esposas Expatriadas e Organizadora Profissional especializada em famílias transferidas. Saiba como eu posso te ajudar clicando em www.leveorganizacao.com.br



Carmem Galbes

Imagem: Freeimages

Esposa expatriada, mude-se para o presente!

Eu amo o filme O Diabo Veste Prada. Gosto do enredo, das roupas e, principalmente, como aborda temas como arrogância, culpa, estratégia e superação.
Separei um dos trechos mais interessantes para mim, o que eu chamo de "estrelinha na testa". Acredito que ele sirva como uma bela metáfora para o discurso de muita Coexpatriada (se você não sabe o significado do termo, clique aqui).
Por favor, não pense que vou cair no julgamento. Já já chego onde pretendo. Antes, pausa para relembrar a cena, clique ao lado.
Mas onde exatamente está a metáfora? Para mim, em dois pontos: em querer a tal estrelinha na testa e em acreditar que já fez tudo o que podia para estar feliz em um processo de expatriação.
Como assim?
Já ouviu uma conversa ou parou para falar com uma Coexpatriada que não está feliz com a vida em outro lugar?
É mais ou menos assim: "Quando eu era...Quando eu fazia...Quando eu morava...Quando eu trabalhava...Quando eu acontecia...Quando eu recebia" É uma conversa totalmente conjugada no passado! E é exatamente daí que eu acho que nasce tanta dor, tanto desencaixe, desconforto que vem de uma história de recebimentos de estrelinhas que a Coexpat viveu, amou e que passou na prática, só que permanece na memória, não como uma lembrança feliz, mas como um crítico cruel lembrando a todo momento que ela era muito melhor do que essa pessoa que está sendo agora: "olha quem você era e no que se tornou! Como você deixou isso acontecer na sua vida? Looser! Você tinha sua carreira, seu salário, era A executiva, tinha subordinados, tinha tempo para comer apenas durante as reuniões com CEO, CFO e todos os outros 'CEILÁOQUE' e agora é essa pessoainhainhainha que só cuida da casa e das crianças."
Certo e daí? A pessoa não pode lamentar escolhas? 
NÃO! Ela pode tirar lições das escolhas que considera mal feitas. 
Tá, e ela não pode odiar essa vida sem carreira, sem status, ausente de reconhecimento social? Pode. Mas defendo que não pare por aí. Não pare no sentir esse ódio e no lamentar. 
Escuto muitas Coexpats dizendo,  "o que eu queria fazer..." pois então faça! Queira e faça! E se der errado? Faça outra coisa! Mas faça! Quer estrelinha? Quer ser olhada? Quer ser reconhecida? Olhe-se! Reconheça-se! Agora é hora de fazer brilhar a sua própria estrela, estrelona! 
Ok , quer usar o seu passado? Use,  mas como um incentivador para mostrar como você é capaz, como você já conquistou  tanta coisa e como você pode fazer de novo! 
Faça as pazes com o seu passado e siga adiante! 
Quer retomar a carreira? Retome! Quer estudar? Estude! Quer ser "só" dona de casa? Seja" Quer ficar sem fazer nada? Fique! Quer fazer qualquer outra coisa? Faça! Mas que essa seja uma decisão por escolha consciente, não por falta de opção, por falta de vontade, por falta de coragem. 
Mas como eu faço? Por onde eu começo? Eu sei...não é fácil reestruturar-se depois de um furacão, depois de ter a identidade virada do avesso,  mas é absolutamente possível! 
Considero o Coaching uma estratégia bem poderosa! Saiba como ele funciona e como eu posso te ajudar! Visite: www.leveorganizacao.com.br 

Carmem Galbes

Qual deveria ser o salário da esposa expatriada?


Quanto vale o trabalho de uma pessoa que acompanha um profissional transferido? Qual deveria ser o pagamento para uma pessoa que deixa a própria carreira para apoiar a carreira de alguém em outro lugar? Se a Coexpatriada - clique na palavra para saber mais sobre o termo - tivesse um salário, de quanto seria?
Eu fiz um levantamento de todas as atividades - que eu me lembrei - exercidas pela esposa do profissional transferido. Já falo sobre os valores...
A fonte de consulta foi o site www.pisosalarial.com.br, que faz o levantamento nos departamentos de RH das empresas e considera apenas os trabalhos reconhecidos por lei. Tomei por base o piso pago por cada função exercida.
Preparada?
Então saiba que você deveria estar recebendo por mês, no mínimo, R$ 59.669,41 para fazer tudo o que você faz!
Isso mesmo: cinquenta e nove mil, seiscentos e sessenta e nove Reais e quarenta e um centavos!
Assustou?Acha muito? Acha pouco? Acha que ninguém pagaria?
Então, entenda como cheguei a esse valor e o motivo de você merecer, no mínimo, esse salário!
  • Agente de viagem - se é você quem programa as férias e todos os passeios para alegrar a família longe de casa: 1.306,11
  • Almoxarife - se é você quem cuida de todo o fluxo de mercadorias da casa: 1.083,10
  • Arquivista de documentos - se é você quem organiza a papelada: 1.079,76
  • Auxiliar de enfermagem - se é você quem cuida das idas ao pediatra, ao dentista, oftalmologista, dermatologista, à fono, à terapeuta... e é também quem administra os horários de medicamentos e suplementos:  1.184,98
  • Auxiliar de contabilidade - se é você quem organiza as finanças: 1.346,09
  • Auxiliar de desenvolvimento infantil - se você é a responsável pela integridade física e bem estar das crianças em casa: 1.015,26
  • Auxiliar de escritório em geral- se é você quem cuida de toda a burocracia da casa: 1.108,57
  • Babá - se é você quem toma conta das crianças: 992,68
  • Bibliotecário - se é você quem está a frente de todo o processo de leitura da família: 2.722,34
  • Cabeleireiro - se você dá um jeitinho no cabelo de todos em casa até encontrarem um profissional que atenda ao padrão da família: 1003,93
  • Camareira - se é você quem arruma a casa: 957,67
  • Chefe de cozinha - se é você quem elabora o cardápio em casa: 1.591,39
  • Cozinheiro de serviço doméstico - se é você quem cozinha em casa: 1.012,27
  • Comissário de voo - se é você quem cuida da segurança e bem estar de todos entre tantas idas e vindas: 1.519,80
  • Contador - se é você quem faz a declaração de imposto de renda, que pode ser ainda mais absurdamente complicada quando se vive fora do Brasil : 3.297,34
  • Controlador de entrada e saída - se é você quem administra o fluxo de pessoas da casa: 1.173,74
  • Copeiro - se é você quem serve a comida, limpa e organiza a cozinha de casa: 954,00
  • Corretor de imóveis - se é você quem busca pela moradia na transferência e quem mantém contato com o administrador do imóvel: 1.256,04
  • Costureira de reparação de roupas - se você é o ponto focal para pregar botões, fazer barras ou bainhas (aí depende da sua origem): 1.008,62
  • Decorador de eventos - se é você quem decora a casa para as festas de aniversários, almoço entre amigos ou colegas de trabalho e eventos para receber a família que vem de longe em épocas como o Natal, Páscoa e férias: 1.184,85
  • Demonstrador de mercadoria - se é você quem tem que encantar a família com os produtos disponíveis na nova cultura: 1012,89
  • Designer de interiores - se é você quem busca deixar a casa com cara de lar: 1.627,74
  • Detetive profissional - se é você quem faz a investigação para encontrar o melhor médico, o açougue que vende a carne de melhor qualidade, a padaria que tem pão que lembra o do Brasil: 1.448,58
  • Economista doméstico - se é você quem otimiza todos os recursos da casa: 2.345,77
  • Empregado doméstico nos serviços gerais - se é você quem limpa a casa: 967,92
  • Esterilizador de alimentos - se é você quem cuida da higiene e consumo dos alimentos em casa: 1.113,04
  • Intérprete - se é você quem traduz a nova cultura, mesmo que você também não entenda direito como ela funciona: 1.311,77
  • Lavador de roupas - se é você quem lava a roupa em casa: 967,92
  • Motorista de carro de passeio - se é você quem leva todo mundo pra baixo e pra cima: 1.235,38
  • Nutricionista - se é você quem faz as contas e as pesquisas para manter a alimentação saudável, apesar de não conhecer boa parte dos alimentos normalmente consumidos na nova cultura: 2.215,64
  • Organizador de evento - se é você quem organiza festas de aniversário, almoços e jantares para os novos amigos, lanches para os amigos das crianças: 1.714,42
  • Ouvidor - se é você quem tem que encaminhar e dar as respostas para as reclamações e insatisfações da família: 2.613,84
  • Passador de roupas em geral - se é você quem passa a roupa em casa: 954,00
  • Porteiro de locais de diversão - se é você quem fica atenta quando o pessoal da escola está em casa:  958,17
  • Professor leigo do ensino fundamental - se é você quem dá aquela força na tarefa de casa:  1.284,67
  • psicólogo - se é você quem segura a onda: 2.343,98
  • Recreador - se é você quem está sempre pronta para divertir: 1.047,24
  • Relações Públicas - se é você quem cuida e preserva a "marca" da sua família, externa e internamente: 2.937,76
  • Repositor de mercadorias - se é você quem faz a lista de mercado, as compras e bota tudo no lugar: 954,00
  • Salva-vidas - se é você quem fica na beira da piscina berrando com a molecada: 1.174,94
  • Socorrista - se é você quem corre para emergência em caso de doença ou acidente: 1.174,90
  • Terapeuta holístico - se é você quem deixa de lado conceitos e preconceitos e recorre às técnicas alternativas para ver sua família bem: 1.466,30

Devem ter muitas outras atividades que não me vieram à cabeça. Assim como deve ter alguma atividade que você não exerce. Sem problemas. Consulte o site, acrescente o valor daquilo que você faz e retire o que você não faz.
Esse levantamento pode parecer uma piada, pode parecer brincadeira, mas meu objetivo com ele é mostrar na prática o valor da mulher que deixa muita coisa de lado para apoiar a carreira de outra pessoa em outro lugar. Isso para quem entende a vida só através dos números...porque, como sabemos,  há coisas difíceis de precificar, afinal, qual é o preço do suporte, o valor do incentivo,do apoio?
Gostou? Esse texto levantou seu ânimo? Que ótimo! Ele serve para te mostrar que seu trabalho, infelizmente ainda muito invisível, vale muito, muito mais que você imagina! A ideia com essas palavras é dar um up na autoestima, ajudar você a segurar a onda, é ajudar a te mostrar que sem você, voce bem, em plena saúde física, emocional e espiritual, a expatriação tem grande chance de afundar...porque, como amo dizer: expatriação é um projeto em família!!
Mas...como perco amigo, não a piada, o  texto também pode ajudar a embasar o sarcasmo naqueles dias em que você fica sem paciência...Como? Imagina aquela ceninha típica:
Alguém: "Então, tá de férias sem prazo para acabar, hein...o que você faz o dia todo?"
Você: "trabalho escravo!" Foco na cara de ué! kkkkkkk
Mas é muito azedume, né não?
Então da próxima vez que te fizerem a pergunta, explique tintim por tintim cada função exposta aqui. Use e abuse do tempo da tal pessoa abusada!
No mais, se você entendeu o seu valor, internalizou e agora  quer ir além de todos esses papéis desempenhados, mas não sabe como, conte comigo! Descubra como o Coaching pode te apoiar nesse processo! Visite: www.leveorganizacao.com.br

Carmem Galbes


ah...um pedido, se gostou dessa reflexão e for usar esse material como base para algum texto, comentário ou como fonte de inspiração, por favor, seja legal, em todos os sentidos do termo, cite a fonte! Claro que você pode aproveitar esse conteúdo, desde que cite o blog da Leve, a autora, no caso eu, Carmem Galbes, e compartilhe o link! Agradeço a sua ética e seus bons modos!


Mude e transforme sua casa alugada em seu lar!

Organizar a minha casa me ajudou a organizar meus pensamentos e sentimentos. E mais: possibilitou que eu fizesse as pazes com a minha vida profissional! 
A cada item descartado - entenda descarte como doação, venda ou lixo mesmo - era uma crença que não servia mais que também ia embora. 
A cada gaveta, a cada armário organizado, era um pensamento que eu também colocava em seu devido lugar.
E a cada toque para deixar a casa mais Leve e bonita, eu me sentia mais e mais inspirada para cuidar de mim mesma, por dentro e por fora. Não à toa que voltei meu olhar - novamente - para a minha espiritualidade, que comecei a caminhar e a prestar mais atenção na minha alimentação.
Foi o ano inteiro de 2014 de foco no endereço do meu corpo e na morada da minha alma. 
Foi a partir dai que fiz uma transição de carreira do jornalismo para o coaching. Foi a partir dai que a Leve nasceu.
Foi o meu jeito de elaborar coisas tão abstratas para chegar a resultados palpáveis, coisa de virginiana!
Eu realmente acredito que a organização de espaços é uma forma didática - e lúdica - de ajudar na organização mais difícil de todas: a de nós mesmas!
Eu sei que nesse universo nômade, falar em organizar uma casa é mexer em um vespeiro de ressentimento e culpa.
'Como organizar e deixar com cara de lar uma casa que daqui a algum tempo não vai mais existir para mim? Que é alugada? Que não está voltada para o nascer do Sol? Que não tem a planta que eu queria? A localização que eu desejava? O piso que eu esperava? Vou furar para por quadro? Vou comprar móvel novo? Vou investir em algo que não é meu?'
Se tem uma crença que limita a felicidade da Coexpatriada é que casa, para ser nossa, tem que ter uma escritura em nosso nome!
Se essa informação ajuda: sua casa é o planeta Terra! E, para sua tristeza ou alegria, esse endereço tem prazo de validade para todos nós, sem exceção! Então relaxa e faça acontecer aqui e agora!
Eu já falei nesse texto e nesse aqui como aceitar sua casa temporária.
Deixo agora mais alguns links que podem ajudar você a amar sua moradia, seja lá onde ela for e até quando!
Espero que ajude!
  • Aplicativos que ajudam a decorar a casa: http://sossolteiros.bol.uol.com.br/12-aplicativos-que-ajudam-na-hora-de-decorar-a-casa/
  • Dicas para decorar um imóvel alugado: https://www.youtube.com/watch?v=1b4qhFVuV4o
  • A melhor forma de distribuir os móveis pela casa: http://www.essenciamoveis.com.br/blog/proporcao-ideal-na-distribuicao-dos-moveis/
  • Como transformar seu banheiro em um spa:  https://incrivel.club/criatividade-casa/12-dicas-para-transformar-seu-banheiro-no-melhor-lugar-da-casa-45955/
  • Dicas para organizar a cozinha: https://www.facebook.com/apartmenttherapy/videos/vb.30065974282/10155203555829283/?type=2&theater
  • Como organizar o quarto que tem pouco armário: https://casaclaudia.abril.com.br/ambientes/8-formas-de-organizar-o-quarto-sem-usar-armarios-e-guarda-roupas/
  • Ganchos autoadesivos como aliados na decoração e organização: https://incrivel.club/criatividade-casa/17-formas-incriveis-de-usar-ganchos-adesivos-104610/  
  • Varão de cortina como aliado versátil: https://www.facebook.com/FirstMediaBlossom/videos/vb.112284674585/10155600503144586/?type=2&theater
  • Decoração com plantas: https://incrivel.club/criatividade-casa/10-plantas-para-ter-um-microclima-perfeito-dentro-de-casa-154310/
  • Como decorar a casa com uma horta: https://espaco-casa.com/2015/08/22/horta-de-temperos-para-decorar/ 
  • Faça você mesma um painel de tecido: https://casa.abril.com.br/moveis-acessorios/aprenda-a-fazer-seu-proprio-painel-de-tecido/
  • Como fazer uma lousa com papel contact: https://www.youtube.com/watch?v=cQB6KApKenQ
  • Como receber bem:  http://gnt.globo.com/casa-e-decoracao/materias/como-receber-um-hospede-em-casa.htm
Carmem Galbes

Família do profissional expatriado recebe menos apoio que o necessário. O que você vai fazer a respeito?

"Percebemos uma tendência de deficit de apoio em tópicos relacionados à família e a superavit de apoio em tópicos relacionados aos procedimentos práticos da transferência profissional."
Essa é uma das principais conclusões da pesquisa Mobility Brasil 2017, feita pela Global Line, Worldwide ERC e Fundação Instituto de Administração. 
Uau, parece que dessa vez os expatriados foram ouvidos! E foram mesmo! 
No estudo, que tem como objetivo gerar informações para apoiar o trabalho dos profissionais de RH envolvidos com mobilidade internacional no Brasil, foram catalogadas as respostas de profissionais responsáveis pela mobilidade em 200 empresas e de 400 funcionários expatriados.
O que os expatriados disseram?
  • 92% consideram a expatriação muito desafiadora. 4 dos 3 principais desafios estão relacionados à família. O mais difícil nisso tudo? A transição da carreira do cônjuge que acompanha.
  • Metade dos funcionários expatriados não está nada feliz com os departamentos de RH que cuidam da mobilidade e sugerem que as políticas de expatriação sejam mais flexíveis.
Outros dados:
  • De cada 10 transferências que fracassam, 9 não dão certo por questões familiares e pessoais!
  • As empresas seguem oferecendo, em média, 13 benefícios para os expatriados. Um terço admite pagar também uma verba para as Coexpatriadas, para saber o significado do termo, clique aqui.
  • Para reduzir custos, as empresas estão, cada vez mais, mudando o regime de expatriação - com tempo determinado - para transferência definitiva, em que o profissional passa a ser um funcionário local sem prazo para retorno.
Agora, atente para outra  conclusão super importante dos pesquisadores:"Os membros da família expatriada frequentemente vivenciam alterações mais profundas em suas vidas diárias do que o próprio expatriado. Apesar de um treinamento intercultural bem conduzido ser uma comprovada base inicial para uma adaptação bem-sucedida, alguma famílias podem enfrentar problemas específicos que exijam acompanhamento continuado. Nesses casos, o apoio através de serviços de follow up, coaching e do desenvolvimento de uma forte comunidade de expatriados parecem ser iniciativas mais efetivas."
Finalmente, o que muitas famílias expatriadas vem sentindo na pele, ganhou aval científico: treinamento intercultural é fundamental, mas é básico, não dá para parar por aí! 
Isso quer dizer que as famílias expatriadas têm que fazer piquete na porta das empresas? Quem ressoa com isso, fique à vontade! 
Mas, sinceramente, acredito que, até as empresas internalizarem o discurso e o colocarem na prática, a estratégia mais inteligente seja assumir as rédeas da situação, pôr a mão na massa e não ficar à espera de um suporte que pode não chegar. 
Agora ficou bem claro que há menos apoio que o necessário às famílias expatriadas, ficou claro que as empresas vão ter que contornar essa situação para melhorar aquela taxa de fracasso da expatriação e ficou claro também que a família expatriada tem que  entender definitivamente a complexidade de aceitar um convite de expatriação e assumir essa bucha, em todos os níveis. Tem que cuidar da própria saúde física, mental e espiritual nessa jornada.
Então, o que VOCÊ E SEU PARCEIRO, eu disse VOCÊS, vão fazer para deixar a vida longe de casa enriquecedora para TODOS os membros da família, não apenas para quem foi transferido? 
Existem várias respostas, o céu é o limite! Que tal começar por abrir a cabeça e se propor a enxergar essa experiência de uma forma que te tire da dor?
Pense nisso e conte comigo!
Para ler toda a pesquisa, clique aqui.
Carmem Galbes

Você vai embora mas seu comportamento pode ficar para sempre!

Essa vida de nômade pode te transformar em um dos seres mais estranhos da face da terra: o ser que espera piamente que tudo mude amanhã!
Não, isso não é legal, nem bacaninha, nem engraçado, nem expressa desapego. Isso pode ser doentio e fazer você se afogar no que eu chamo de um poço de aceitações do que sempre foi inaceitável para você.
Comecemos pelo que é palpável: como você espera que tudo mude amanhã, acaba aceitando que a casa fique meio capenga. A decoração não é como queria, nem a disposição dos móveis - muitos, aliás, lascados, arranhados, amassados na última mudança. E as cortinas que não servem direito nas atuais janelas? E os armários que são poucos? E a voltagem que é diferente e obriga as tomadas a ganhar transformadores horríveis? E a garagem que é apertada demais? E o bairro que não é tão central?
Você, que já aceitou morar longe da família, dos amigos, da vizinhança conhecida. Você, que aceitou deixar seu trabalho, sua casa própria para viver em uma de aluguel, que concordou em perder a diarista, em não ter mais indicação de um médico competente, de um cabeleireiro que te levanta, agora tem que aceitar que toda essa situação é pra sempre? É aí que entra a vingança de quem espera que tudo vai mudar amanhã...mas não muda: viver de improviso, pronta para a próxima transferência - que pode ocorrer mês que vem, quem sabe?
Tudo bem que estamos todos de passagem por esse mundão. Eu sei bem que todo esse processo de mudança pode ser pesado demais, ainda mais nas primeiras vezes, ainda mais para quem não queria muito sair de onde estava...Mas isso não quer dizer que a gente deva viver de improviso.
Há quem defenda o improviso. Tudo bem, em alguns casos também sou adepta, e quem não é?
O ponto é quando o improviso invade as emoções e os relacionamentos, o problema é quando o improviso flerta com o descaso.
Na vida real, quem está de passagem, crente que está vivendo determinada situação provisoriamente, não se envolve, não se permite, não assume. Pior, não chuta o balde para poder se reconstruir. Fica naquele "faz de conta que estou aceitando tudo numa boa", mas no fundo não está. Aí, de duas uma: ou pira ou morre e mata de raiva!
Aí vira aquela pessoa estranha no sentido original da palavra, estranha ao meio, uma extraterrestre em pleno planeta Terra. A pessoa vive desencaixada, desconfortável ou encaixotada - presa em casa.
Tem sim aquelas que vão pra rua, mas para - pura e simplesmente -  comparar com a experiência passada e menosprezar. E menosprezam tudo: o sistema, a cultura e, por consequência, as pessoas que são daquele lugar.
Tenha certeza, é deprimente ter contato com alguém que não vê a hora de partir. 
Podemos, sim, passar de forma saudável por esse processo. Se nos predispormos, podemos passar cada vez ferindo menos a nós e aos outros. Mas isso exige aceitar um paradoxo: embora todos - em última análise - estejamos de passagem temos que entender que uma palavra, um comportamento, uma ação pode tocar o outro para sempre, para o bem ou para o mal, a gente ficando ou partindo! 
Carmem Galbes

Como o Coaching em Mobilidade pode melhorar a vida da esposa expatriada.

Para a mulher que acompanha o marido em uma transferência profissional, mudar de endereço é mais do que ir de uma casa para outra. 
Em muitas vezes...
  • É ter que se desfazer - em um curto espaço de tempo - de uma rotina bem estabelecida e de um modo de vida que se amava.
  • É ter que abrir mão da própria carreira e seguir sem trabalhar, porque nem sempre o visto que permite o trabalho do marido se estende à esposa.
  • É perder a independência financeira.
  • É sentir a ausência do cônjuge, que está totalmente envolvido com os novos desafios profissionais. 
  • É perder a rede de apoio e algum suporte emocional, porque parentes e amigos estão distantes.
  • É perder o auxílio em casa, já que a mudança nem sempre é para um local em que se consegue contratar um empregado doméstico com facilidade.
  • É ter que tocar a administração da casa e da rotina dos filhos sozinha e sem deixar a peteca cair, porque as crianças precisam se adaptar.
  • É deixar de ser a "Fulana de Tal" para ser a esposa do expatriado "Fulano de Tal".
  • É ter que deixar de lado, pelo menos por um período, os próprios sonhos e necessidades.
  • É ter que conviver com a incompreensão de quem nunca passou por uma expatriação e não entende como é estar em um lugar com pessoas muito diferentes, comida muito esquisita, clima muito hostil, idioma muito difícil, dificuldades que, nem sempre, são compensadas pelos benefícios do pacote de expatriação.
Para a mulher que acompanha o marido em uma transferência profissional, mudar de endereço é mudar de vida e essa mudança, acredite, pode ser para melhor!
Como você, que se mudou por causa da carreira de seu marido, quer que seja a sua vida nesse novo lugar? Essa é a pergunta básica quando se fala em Coaching em Mobilidade voltado para o que eu chamo de coexpatriada, que é a mulher que sofre todo o impacto de uma transferência, mas não desfruta de uma de suas principais delícias: o reconhecimento profissional. 
Mas a pergunta mais importante aqui é: quais são as ações necessárias para fazer dessa transferência uma experiência enriquecedora também para a coexpatriada?
É aí que o negócio pode enrolar. Com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, com tantas perdas sofridas nos últimos tempos, com a identidade sendo esquecida lá no fundo da mala, nem sempre a mulher nessa situação consegue ter clareza para identificar de que forma essa experiência pode, sim, ser positiva para ela.
Está aí o  diferencial do Coaching em Mobilidade.
Por entender exatamente as nuances de uma mudança de vida motivada pela carreira de outra pessoa, o Coach especialista em Mobilidade -  que é o profissional que conduz o processo de coaching -  sabe em que momento de uma expatriação esse processo deve ocorrer, como ele deve ocorrer e quais os desafios comuns que as pessoas que estão "longe de casa" em nome do sonho de alguém têm que superar.
Mas o que é exatamente o Coaching em Mobilidade?
É um processo prático: com começo, meio e fim. 
A proposta é ajudar a mulher a identificar um objetivo pessoal em uma expatriação e o que precisa ser feito para que ela atinja esse objetivo. 
Durante o processo, o Coach - através do uso de ferramentas específicas - ajuda a  mulher  a realinhar-se com seus valores, propósito de vida, a identificar quais habilidades já possui, quais precisam ser desenvolvidas e como pode superar medos, crenças e situações que ameaçam impedir o sucesso de sua jornada.
Lembrando que, como o processo de Coaching estimula o aprendizado e a autonomia, a tendência é que a coexpatriada replique sua nova versão em uma próxima mudança, em outros desafios.
O Processo de Coaching em Mobilidade deve ser encarado como um investimento: por parte da empresa, para que o profissional não tenha o rendimento afetado pelo sofrimento da esposa e por parte da família, para que a mulher - que dita o "clima" dessa mudança - não perca sua identidade, não adoeça e não veja sua vida familiar desmoronar.

Pense nisso com carinho,
Carmem Galbes

Como vencer o medo de mudar?

Odeia mudança?
Culpa do cérebro. 
Essa engenhoca aí que você - e todo mundo - tem na cabeça corresponde a dois por cento da massa do seu corpo mas consome 25% da sua energia! 
O cérebro, que foi feito para funcionar perfeitamente, trabalha muito, inclusive para economizar a energia  que precisa.
Então ele otimiza.
A cada acontecimento, em vez de começar todo o processo do zero, ele aciona o banco de dados, cruza as informações e dispara a reação que você teve em situações parecidas com essa que você está vivendo. Se são acontecimentos rotineiros, ele dispara sempre a mesma reação. Quer um exemplo? Pensa aí nas várias coisas que você faz no seu dia e que nem se dá conta que fez. Sei lá: depois do café você escova os dentes, passa perfume, pega o celular e sai para um compromisso. Provavelmente você está escovando os dentes pensando numa conta que tem que pagar e espirrando o perfume enquanto calcula quanto tempo vai gastar até seu destino. É tudo no automático. Por isso que quando você se atrasa e deixa o perfume pra lá, a chance de esquecer o celular é grande. Porque para o cérebro a sequência é essa: dente-perfume-celular. Se pula o perfume, a sequência muda e a resposta/ação/comportamento também.
E quando a sequência é totalmente nova, quando a experiência é inédita? O cérebro é uma máquina, lembra? Ele quer a todo custa economizar energia para dar conta de fazer tudo o que precisa! Por isso sempre vai buscar, nem que seja lá no arco da velha, alguma referência para passar por aquilo. O problema é que pode ser que, com o passar da sua vida, o lé não bata mais com o cré. 
Supondo que sua família receba uma proposta super interessante para viver em outro país. Você nunca morou fora. Desde que se casou, vive no mesmo endereço. Mas lá atrás você teve, sim, uma experiência de mudança. Nem foi com você, foi com a sua melhor amiga. Aos 12 anos, ela mudou da cidade que adorava e dividiu com você como foi dolorido estabelecer laços no novo endereço. Para o cérebro, não interessa se o contexto é outro, se foi com sua amiga e não com você, se você hoje tem muitos mais recursos para lidar com a rejeição, para ele a informação que chega é: mudar é terrível, mudar é dolorido. Qual a reação? NÃO VOU MUDAR, bem alto para todo mundo ouvir! Já sei que vou sofrer!
Pronto...Apesar de você ser adulta, repleta de conteúdo e a experiência ter um grande potencial de ser gratificante, você já está com o não na ponta da língua!
Ok, como evitar, então, essa reação viciada? Aí não tem jeito, é preciso olhar para dentro, se conhecer e cultivar a coragem. Coragem para seguir em frente apesar de todas as suposições tenebrosas. Coragem para sair daquela tal da zona de conforto, encontrar dentro de nós ou buscar as ferramentas que ajudem a gente a lidar com tanta novidade. Coragem para agir e para não se vitimizar, apesar de tudo.
Você pode argumentar: "falar é fácil." Concordo, falar sobre isso é bem mais confortável do que viver essa situação. Mas enquanto escrevo aqui, percebo como estou incomodada com a possibilidade de voltar a viver em uma cidade que já morei. Aí descubro que estou me baseando em uma experiência de anos atrás. E lá atrás eu era diferente, muito diferente...eu sentia diferente, pensava diferente, agia diferente...ufa...eu só estou falando, pensando por escrito, e isso já me traz um alívio!
Taí um bom exercício: bote seu medo no papel. Dê forma a ele. Comece dividindo a folha ao meio. De um lado escreva o que pode ser legal nessa experiência, do outro escreva o que te incomoda, o que te apavora. Ler o seu pensamento, os seus medos, pode ajudar você a perceber que agora você já é adulta, já é grande e já é maior que um medo que te pegou, talvez, quando você ainda subia em árvore!
Carmem Galbes

Quando a nova casa não agrada: é melhor mudar de endereço ou de atitude?

A tarefa de casa do meu filho hoje foi um exercício muito interessante para nós dois. 
Ele tinha que responder algumas perguntas sobre moradia. 
Escreveu o endereço completo, avaliou algumas características do bairro, das casas e apontou o que gostaria que tivesse no nosso apartamento: chaminé e lareira! 
Vixe! Será que o desejo tem a ver com o fato de ele só ter morado em lugar em que 40 graus é rotina?
O que eu achei fofo, aquela fofurice que a gente aperta e emite uns sons estranhos, sabe? - foi a reação dele a um exercício que pedia para que apontasse as vantagens e os problemas de morar onde ele morava. Quando terminou, disse: olha mamãe, só tem vantagem, nenhum problema! 
Criança é tudo de bom, porque - primeiro - faz a gente parar e focar. Segundo, porque tem uma disposição incrível para ver o lado ótimo da vida!
Não, não estou dizendo que ele não tem razão. Acho nosso endereço uma delícia, nossa casa tem a nossa cara - apesar de tantas mudanças  - acho mesmo um privilégio viver onde vivemos. Tem coisa que não gosto? Claro. Mas tem muito mais coisa que gosto do que coisa que me desagrada!
O que me chamou a atenção foi ver como o exercício de fazer duas colunas, uma com coisas positivas e outra com negativas e compará-las é simples e didático!
Acho inclusive que vou adotar essa coluna nos impasses aqui em casa com meu pequeno.
Enfim...
Quantas coexpatriadas se afundam em mil queixas sobre a casa que escolheram, comparando e lamentando sobre a casa que deixaram no último endereço, com os olhos totalmente voltados para os defeitos, sem nenhuma disposição para as soluções?
Interessante é que quando você propõe que a pessoa olhe para a coluna dos prós, o que ela faz mesmo é te olhar com aquela cara de: "nossa, como você é chata, sua Poliana-mala-do-caramba! Dá só para ouvir as minhas reclamações e dizer que eu tenho razão?"
Puts...não, não dá! 
Eu sei que o que a gente precisa, alguma vezes, é daquele abraço.
Mas no caso de coisas práticas, em que você consegue mudar a situação: consertando o que precisa, desistindo do que não funciona ou aceitando o que não compensa mudar - acho que reclamar é desgastante para quem fala e para quem ouve.
Não está feliz com a sua casa?
Bora pegar papel e caneta. Divida a folha do meio. Coloque de um lado tudo o que você gosta sobre o seu endereço. Do outro lado, tudo o que você não gosta. Em uma outra folha, pegue o que você não gosta e escreva do lado o que poderia ser feito para isso mudar. Lembre-se que tem problema que pode ser resolvido de diferentes formas. Tudo vai depender do tempo, dinheiro e energia que você quer investir nisso.
Ter tudo isso no papel funciona como um mapa para você decidir se você muda de endereço ou de postura.
As duas mudanças são pesadas, difíceis, angustiantes. Mas a última carrega um grande potencial para fazer você aumentar sua bagagem, sua experiência! Pode fazer você até mudar de vida.
Foi a minha busca por transformar uma casa alugada - portanto, provisória, em um lar - que abriu meu horizonte para a organização de ambientes. Foi a partir dai que eu fui estudar sobre decoração e técnicas de organização. Isso trouxe um diferencial para o meu trabalho com expatriadas. Quando eu olhei para a minha casa e pensei, "como eu posso ser feliz aqui?" Eu descobri um segredo: a principal mudança de todas está nas minhas mãos, a mudança de atitude! 
O que eu posso fazer de diferente para ter um resultado diferente?
Que você tenha foco e disposição para pôr em prática as suas respostas e que você tenha uma ótima mudança seja ela qual for!
Ah, tirei essa foto na minha casa, quando resolvi eu mesma pintar a parede.

Carmem Galbes

O que é essa tal de paciência que dizem que toda expatriada deve ter?

Levanta a mão a expatriada que ao dizer: "puxa, não estou feliz aqui..." ouviu aquela super dica da amiga que segue no ninho: "tenha paciência!"
Outro dia, uma querida perguntou: "mas o que quer dizer exatamente ter paciência em um uma vida que você não entende o que falam, não é compreendida, está longe do que é conhecido, distante dos amigos, sem o colo dos parentes, sem o reconhecimento da vida profissional e sobrecarregada com o fato de ser a ponte entre a família e a nova cultura e - ao mesmo tempo - ter que lidar com as próprias angústias?
Ai Machado, diz pra amiga da minha amiga o que você pensa sobre a paciência! "Suporta-se com muita paciência a dor no fígado alheio."
Pois é... como é chato ouvir "tenha paciência" quando se está sofrendo. Mas por mais que a gente odeie essa frase com cara de crítica, paciência é quase  um mantra em uma expatriação, especialmente para a mulher que deixa muita coisa de lado para acompanhar o marido em uma transferência profissional.
É preciso ter paciência para suportar o tempo de estudo até se sentir mais confortável com o idioma local. Paciência para aceitar que, com dedicação, você vai - sim - ter vocabulário mais rico para poder expor suas opiniões como uma adulta, não como uma criança de 5 anos. Paciência para suportar a distância e criatividade para matar a saudade. Paciência para aceitar que tem hora que é você mesma que precisa se dar colo. Paciência para entender que você pode ser a atriz coadjuvante agora, mas vai chegar o momento também de escrever a sua própria história e ser a estrela dela. Paciência com o seu papel de ponte, que tende a ficar mais ameno conforme a família vai vivendo...Paciência com você, com o fato de ser tudo muito novo. Paciência com o fato de você ter que mudar o seu modo de pensar, sentir e agir, o que sabemos que não é tarefa fácil.
Então inspire-se em Rousseau, que sintetiza bem como é quando precisamos nos munir dessa tal virtude: "a paciência é amarga, mas seu fruto é doce."
Confesso que não me sinto lá muito confortável com essa palavra, tenho medo que ela seja geneticamente modificada e vire conformismo...mas levo comigo sempre um estoque de doçuras para aqueles dias em que a gente fica em dúvida se está sendo paciente, trouxa ou medrosa:
"Tudo tem seu tempo determinado e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e tempo de morrer. Tempo de plantar e tempo de colher. Tempo de matar e tempo de curar. Tempo de destruir e tempo de edificar. Tempo de chorar e tempo de rir. Tempo de prantear e tempo de dançar. Tempo de espalhar pedras e tempo de juntar pedras. Tempo de abraçar e tempo de se separar. Tempo de buscar e tempo de perder. Tempo de guardar e tempo de lançar fora. Tempo de rasgar e tempo de costurar. Tempo de calar e tempo de falar. Tempo de amar e tempo de odiar. Tempo de guerra e tempo de paz." Eclesiastes 3, 1:8

O tempo agora é de ter uma realização pessoal, só sua, nessa expatriação que foi provocada pelo seu marido? Não saber por onde começar? Fale comigo! Estou sempre no contato@leveorganizacao.com.br
Mais informações: www.leveorganizacao.com.br
Carmem Galbes

Expatriada e as viagens a trabalho do marido: que dor é essa?

"Querida, tenho que viajar."
Não é preciso dizer mais nada...aliás, nada do que se diga aí vai fazer o clima ficar bom...
Uma transferência profissional vem acompanhada de muitas delícias e algumas dores também...e entre as dores que mais doem tem uma que está entres as mais mais: viagem de negócios.
A viagem a trabalho acaba machucando por uma série de motivos: pela solidão, ressentimento, sobrecarga e insegurança de quem fica e pela solidão, perda de espaço, de intimidade e de voz no ambiente familiar de quem vai.
Já vi muita gente mudar de endereço por causa do trabalho e o marido/pai mal ficar na nova casa por causa das benditas viagens.
A pergunta - sem resposta - que fica é: "se você viaja tanto, por que afinal tivemos que fazer toda essa bagunça na rotina, não poderíamos ter ficado onde estávamos?"
Mas o objetivo aqui não é jogar mais lama nesse tema tão sensível...é oferecer estratégias para você não afundar a cada partida.
Receita? Não tem, porque cada família sabe onde a coisa pega.
O que eu fiz foi reunir algumas dicas de expatriadas que passam por isso. Antes que me acusem de machista, entenda clicando aqui porque assumo o fato da mulher ficar e o homem viajar.
Seguem as dicas que já ouvi por aí:
  • Deixe o marido/pai sempre a par do que acontece em casa e com as crianças. Faça com que ele saiba das conquistas e dos desafios dos pequenos. 
  • Peça a participação dele, mesmo à distância, nas decisões.
  • Explique como é a rotina da casa e das crianças e combine com ele para que essa rotina seja mantida quando ele não estiver viajando. Assim, nas próximas partidas não vai ser um sufoco fazer a casa "funcionar" de novo. E essa é uma boa estratégia para que ele sinta que, sim, ele é parte de toda essa engrenagem.
  • Ao mesmo tempo, admita pequenas quebras na rotina quando ele estiver em casa. Isso pode soar como: "papai não fica muito em casa, mas quando está tudo é uma delícia!"
  • Planejem o dia para que ele faça atividades corriqueiras com as crianças: ir e voltar da escola, tarefa de casa, alimentação, banho, sono...
  • Aproveite o tempo que ele estiver em casa para ficar bem. Avalie o custo-benefício de tentar resolver nos três dias que ele está por perto todos os problemas acumulados nos quinze dias que ele ficou fora.
  • Ao mesmo tempo converse com ele. Se for preciso, combinem um horário para que vocês possam conversar com calma. Não espere que ele adivinhe as dificuldades e angústias que você enfrenta a cada viagem dele.
  • Não deixe que a distância esfrie a relação de vocês: surpreenda-o com bilhetinhos, docinhos, presentinhos na mala...
  • Quando toda a família puder, aproveite para viajar com ele!
  • Seja feliz com o que vocês têm agora!
  • Aproveite as viagens para retomar o clima de lua de mel!
  • Viva em eterno clima de namoro!
Devem existir muitas outras estratégias para lidar com as viagens da melhor forma possível, recomendo que você se coloque no "modo" positivo para lidar com isso. É mais fácil a gente ser criativa quando estamos envolvidas por bons pensamentos e bons sentimentos.
Sem querer puxar sardinha para ninguém...mas é que, às vezes, tenho a sensação de que algumas expatriadas se ressentem porque acreditam que o marido gosta de estar longe...será mesmo?
Olha só o que mostra essa pesquisa feita por professores da Fundação Getúlio Vargas com executivos que fazem pelo menos 20 voos por mês e viajam nessa intensidade há, pelo menos, 10 anos:
  • 96% recorrem corriqueiramente a álcool para relaxar; 
  • 95% tomam, continuamente, algum tipo de medicamento; 
  • 55% fazem uso de psicotrópicos.
Então essa situação não é fácil para ninguém! O que vocês vão fazer para ela não ficar pior ainda?

Carmem Galbes

Mulher de expatriado, mulher expatriada, mulher e expatriada. Como fica a identidade de quem acompanha um profissional transferido?

Uma das decisões mais difíceis quando a mulher aceita mudar de cidade, de país - enfim, de modo de vida -  por causa da carreira do marido é abrir mão dos próprios projetos.
Já vi gente usar a mudança como motivo para deixar de fazer um  monte de coisa que detestava.
Mas tenho visto também muita gente perder a chance de viver uma experiência incrível porque não refletiu sobre suas possibilidades e - de alguma forma - não soube levar os próprios projetos na mudança. Guardou a identidade no fundo da mala...
Concordo que a proposta para cruzar as fronteiras - recheada de benefícios, alguns até interpretados como mimos e caprichos - entorpece.
Ela mexe com os sentidos porque flutua na esfera da promoção, do prêmio. Como, então, fazer com que aquela vozinha: "ei, e eu?" seja ouvida nessa atmosfera de "cê tá louca? Olha só quanta coisa a gente vai ter-viver-conquistar-bla-bla-blá"?
Mas uma hora a conta chega!
E não há grana, carrão, casona, escola paga, clube bacana e vida em país "desenvolvido" que acabe com aquela sensação que a mulher que deixa-muita-coisa-de-lado-para-seguir-ao-lado-de-alguém acaba tendo com o passar do tempo:"acho que saí perdendo nessa..."
Se você foi só em nome do outro e das coisas, é legítima e real essa sensação. Quem não parte com um projeto próprio perde muito. Perde-se de si mesma.
Ok, o começo de uma expatriação exige muita doação. Como está "sem trabalho", cabe - muitas vezes  - à mulher a tarefa de abrir as portas de um novo sistema de vida. Ela atua equilibrando pratos:  estrutura o lar, desbrava a cidade, dá suporte ao parceiro - para que tenha tranquilidade ao mergulhar nas novas atribuições, dá atenção e presença aos filhos, para que consigam se adaptar à nova cultura. Mas isso é motivo para dar um chega pra lá nas próprias necessidades?
Você está nessa situação? Partiu sem acolher os próprios anseios? 
O legal é que sempre há tempo para resgatar o bom relacionamento com a gente mesma!
E o bom relacionamento é baseado na escuta. Escute-se!
Do que você precisa para dar conta do próprio bem estar nessa vida "coexpatriática"? 
O que você pode fazer para sua vida voltar a ter sentido? 
Como você pode resgatar aquela vontade de seguir em frente?
Como você pode recuperar o brilho? O brilho dos seus olhos?
O que você poderia fazer para aproveitar o tempo aí e enriquecer: sua vida, suas experiências, suas relações, suas emoções, suas finanças, seu currículo?
O que você pode aprender "longe de casa"?
O que você vai fazer para passar de mulher de expatriado para mulher e expatriada?
Por onde começar?
Eu sugiro começar! Comece! Uma ação! Um comportamento diferente! Apenas comece...
Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...