Mulher de expatriado, mulher expatriada, mulher e expatriada. Como fica a identidade de quem acompanha um profissional transferido?

Uma das decisões mais difíceis quando a mulher aceita mudar de cidade, de país - enfim, de modo de vida -  por causa da carreira do marido é abrir mão dos próprios projetos.
Já vi gente usar a mudança como motivo para deixar de fazer um  monte de coisa que detestava.
Mas tenho visto também muita gente perder a chance de viver uma experiência incrível porque não refletiu sobre suas possibilidades e - de alguma forma - não soube levar os próprios projetos na mudança. Guardou a identidade no fundo da mala...
Concordo que a proposta para cruzar as fronteiras - recheada de benefícios, alguns até interpretados como mimos e caprichos - entorpece.
Ela mexe com os sentidos porque flutua na esfera da promoção, do prêmio. Como, então, fazer com que aquela vozinha: "ei, e eu?" seja ouvida nessa atmosfera de "cê tá louca? Olha só quanta coisa a gente vai ter-viver-conquistar-bla-bla-blá"?
Mas uma hora a conta chega!
E não há grana, carrão, casona, escola paga, clube bacana e vida em país "desenvolvido" que acabe com aquela sensação que a mulher que deixa-muita-coisa-de-lado-para-seguir-ao-lado-de-alguém acaba tendo com o passar do tempo:"acho que saí perdendo nessa..."
Se você foi só em nome do outro e das coisas, é legítima e real essa sensação. Quem não parte com um projeto próprio perde muito. Perde-se de si mesma.
Ok, o começo de uma expatriação exige muita doação. Como está "sem trabalho", cabe - muitas vezes  - à mulher a tarefa de abrir as portas de um novo sistema de vida. Ela atua equilibrando pratos:  estrutura o lar, desbrava a cidade, dá suporte ao parceiro - para que tenha tranquilidade ao mergulhar nas novas atribuições, dá atenção e presença aos filhos, para que consigam se adaptar à nova cultura. Mas isso é motivo para dar um chega pra lá nas próprias necessidades?
Você está nessa situação? Partiu sem acolher os próprios anseios? 
O legal é que sempre há tempo para resgatar o bom relacionamento com a gente mesma!
E o bom relacionamento é baseado na escuta. Escute-se!
Do que você precisa para dar conta do próprio bem estar nessa vida "coexpatriática"? 
O que você pode fazer para sua vida voltar a ter sentido? 
Como você pode resgatar aquela vontade de seguir em frente?
Como você pode recuperar o brilho? O brilho dos seus olhos?
O que você poderia fazer para aproveitar o tempo aí e enriquecer: sua vida, suas experiências, suas relações, suas emoções, suas finanças, seu currículo?
O que você pode aprender "longe de casa"?
O que você vai fazer para passar de mulher de expatriado para mulher e expatriada?
Por onde começar?
Eu sugiro começar! Comece! Uma ação! Um comportamento diferente! Apenas comece...
Carmem Galbes

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