Colecionadora de pennies.

Olá, Coexpat!
De onde eu vim, milhas é aquilo que você acumula ao viajar de avião
Pé serve para por sapato. 
Libra é o signo da minha mãe. 
E polegadas dita o preço da TV.
Mas as coisas têm mudado e, como uma digna infanta - condição readquirida pela expatriação -  meu propósito é sempre facilitar.
Já aprendi que no trânsito a velocidade não pode ultrapassar o número 35, o mph - milhas por hora - eu deixo pra lá.
O pé aqui tem 30 centímetros. Eu nunca vi um pé desse tamanho, mas de repente me vi encolher. Virei uma centopéia manca com pouco mais de cinco pés - de altura, estranho? 

Estranho é meu peso que só aparece em centena. Quantas libras...Isso é angustiante!
Pensando bem, angustiante mesmo é pedir peito de peru fatiado. Estava acostumada com 200 gramas. Agora fico naquela continha mental de mais um, menos um, sobe dois.
E para saber a temperatura então? Já suei tanto que cheguei a perder dois quilos transformando Fahrenheit em Celsius.
Como lido com as polegadas? Ignoro. 

Agora imagine você no mercado, na fila do peito de peru, tentando saber se está calor e tendo que se concentrar na hora de espirrar? 
Lembre-se, atchum em vez de atchim
Se doer é ouch e não ai.
Mas mudando de assunto, uma coisa que eu gosto é dos nomes das moedas. Penny para um centavo, dime para dez e quarter para 25. 

Sabe, tenho uma amiga que coleciona penny. Ela já juntou 257 pennys (sic). Bom, ?
Moral da história: sem bom humor, a expatriação pode te matar...de saudade, de raiva, de medo...

Carmem Galbes

Todo dia é sexta-feira - pelo menos aqui, vai!


Olá, Coexpat!

Estava aqui visitando uns textos que escrevi lá no comecinho da minha expatriação para os Estados Unidos.
Cheguei em um que falava mais ou menos assim: 
Sexta-feira! Estava aqui pensando que de uns tempos para cá meus dias têm sido um fim de semana contínuo, já que estou na condição de 'esposa de profissional expatriado' e faço parte do time que deixou tralalá e etc & tal para acompanhar o maridão.
Engraçado que tenho tido compromissos, sim. Escola, casa, compras, contas, só que parece que tudo flui mais leve.
Mas conversando com mulheres que estão na mesma condição que a minha, percebo que lidar com o fato de poder desacelerar e fazer coisas que não tinham tempo nenhum de fazer porque trabalhavam como camelo é algo que incomoda.
É como tomar gelado assim que a garganta cura ou não resistir ao vinho, mesmo recém-saída de uma paulada no fígado. Quero dizer que não tem nada demais, a doença passou, bola pra frente, mas tem aquela coisa de culpa que não larga do pé.
Aí na leitura diária encontro uma entrevista com um especialista em lazer, é mole? Resumindo, o cara diz que você é quem decide se a sua vida vai ser legal ou não.

Em uma entrevista para a Folha, Christopher Edginton garante que até no trabalho, até em um bate-papo, até em casa, até quando a conta bancária não ajuda é possível “descer pro play”, porque lazer é um estado de espírito.
Se você está aí se sentindo um nada porque não tem mais ninguém mandando no seu relógio e na sua agenda pense um pouco sobre as palavras do especialista. “Tudo que ocorre na vida de alguém tem um potencial de transformação. O lazer é um momento especial porque livra as pessoas de suas obrigações e lhes dá uma oportunidade de refletir, redefinir valores, aprender novas habilidades. Pense em lazer como liberdade - quando você é livre para escolher, para mudar a sua vida e seguir numa direção diferente”.
Então não deixe que esse seu fim de semana termine no domingo, ok?


Carmem Galbes

Expatriação e o teletransporte para a primeira infancia.

Olá, Coexpat!
Com o propósito sempre de integração cultural e de pesquisa antropológica - claro (#sqn) -  hoje dei uma de americana e fui às compras logo depois do almoço.
É estranho, você entra nas lojas e parece final de semana ou grande liquidação, está sempre tudo cheio. Acho que é porque o clima aqui é de fim de férias. Bom, só vou saber quando mudar a estação.
O ritmo na loja é diferente. Não tem aquela paquera com a mercadoria. O pessoal vai olhando tudo de forma acelerada. O som é de cabide batendo, tac-tac-tac uma peça após a outra. De repente uma pausa. A loira ao lado acha uma blusa linda! Vai ter olho clínico assim lá longe.
Peguei 327 milhões de itens...e nada! É que ainda não me acertei com meu número...
Mas, sabe aquela história da azeitona da empada? Pois é, tanta roupa linda e um soutien que sobrava na frente e apertava nas costas acabou disparando um blá-blá-blá mental. Sim, tenho tido muito disso ultimamente.
Sinto que eu nasci ontem. Não sei mais meu manequim, a noção de caro e barato complicou, sem contar o bê-á- em tudo, no restaurante, no trato e no destrato... Usar moeda então é exercício de paciência, imagina para o caixa...
Mas a gente cresce, ?


Carmem Galbes

Expatriad@ ou exilad@?

Olá, Coexpat!
A definição básica de expatriad@ e exilad@ é  a mesma: viver fora do país de origem. 
Mas a gente sabe que as conotações são diferentes. 
O exílio vem carregado de obrigação, de ter que deixar seu país. Já a expatriação está inserida na atmosfera do triunfo, do desejo, da conquista, da autonomia, escolhe-se ou não sair do país, podendo voltar quando quiser.
Independente da motivação, se a saída é detestada ou desejada, estrangeir@ é estrangeir@. Como encarar essa condição é uma escolha pessoal.
O fato é que, ao cruzar as fronteiras da zona de conforto, não tem muito como escapar da dor que a maioria sente em outra cultura. Que tipo de dor? O professor brasileiro Idelbar Avelar, um expatriado de carteirinha, dá o tom: “o expatriamento mexe com as vísceras e produz terríveis distorções de percepção. Vacilos, dúvidas, culpas vão produzindo uma racionalização da saída, através da qual a pátria deixada para trás se transforma num inferno do qual se escapou ou num paraíso perdido”.
Aí está a questão. Se você saiu com a alma de expatriad@, esses comportamentos tendem a ir se diluindo com o passar do tempo. Passamos a gostar da nossa condição, a de poder transitar, sem mágoas, arrependimentos e ilusões, entre as duas culturas: a brasileira e a estrangeira.
Difícil fica para quem aceita uma expatriação, mas parte como se fosse para o exílio. Aí, Avelar diz que “se, por um lado, a conflitante sombra de muitas culturas e idiomas pode estimular a inventividade verbal, por outro lado, também pode levar ao silêncio quase absoluto.”
E aí, com que alma você encara a experiência de viver em outro país, a de expatriad@ ou exilad@?
Só pra falar mais uma coisinha... sou fã da ideia de que a palavra nos salvará, seja ela qual for. Então, dê nome aos sentimentos, deixe a palavra sair, nem que pra isso você enrole um pouco a língua... 


Carmem Galbes
 

Edouard, meu primeiro furacão foi só uma garoa.


Olá, Coexpat!
O alerta começou ontem. A tempestade tropical que vinha do oceano poderia virar furacão.
Então, seguindo a maré, corri para o mercado. Estoque de água, comida enlatada, lanterna e pilha. Boa lembrança da amiga Adriana: "não se esqueça do abridor de lata".
O kit é necessário em caso de danos na rede elétrica e de abastecimento de água, com risco de dias de "acampamento", sem energia e sem água potável.
Seguindo o procedimento de quem já viveu a fúria da natureza, escolas, empresas e repartições não abriram nesta terça-feira. Na televisão, plantão 24 horas.
Edouard chegou pela manhã acompanhado de chuva e vento de até 100 quilômetros por hora em alguns pontos da costa Texana.
Mas ao contrário das previsões pessimistas, nada de danos. Edou - sou íntima - trouxe coisa boa, como temperatura mais amena. Pela primeira vez em um mês o termômetro ficou abaixo dos 30 graus durante o dia.
No fim, meu querido Edouard foi a causa de um dia mais calmo, mais lento, diria recluso até.
É, para quem está acostumada com as enchentes paulistanas e viveu a confusão com o fechamento do carioca Rebouças no ano passado, o Edouard foi só uma garoa...

Carmem Galbes

O salto e o pé-de-meia.


Olá, Coexpat!
Não é que andando por aí eu achei alguns dados sobre o universo “expatriático”. Tudo bem que os números não são dos mais recentes, foram divulgados em 2006, mas talvez ajudem @s neurótic@s por estatística - sim é o meu caso!
Primeiro as formalidades: a pesquisa é da Mercer consultoria de Recursos Humanos e foi feita em 104 empresas do mundo todo.
O dado que me chamou a atenção foi que sete em cada 10 empresas pagam custos com cursos de idiomas e sobre a cultura local, por exemplo, mas a maioria – dois terços – informa não ter mecanismos para fazer com que a família expatriada sinta-se de fato em casa. Um dos diretores da Mercer , Gareth Williams Bom, diz que a “falta de tempo e restrições de custo fazem com que as empresas concentrem seus esforços em um suporte mais prático e do dia a dia do funcionário” .
Bom, acho que não precisamos mais de números para perceber uma coisa, para assuntos relacionados à saudade, ansiedade, insegurança, etc e tal o suporte vai estar mesmo na nossa capacidade - diria até mágica - de lidar com tudo isso sem descer do salto.
Mas caso hoje você já tenha jogado as tamancas para o alto, que tal mais um dadinho?
A pesquisa revela que os incentivos em dinheiro para compensar o funcionário pela inconveniência de ser transferido continuam a ter um papel importante na política de expatriação das companhias.
Então car@ Coexpat, se o dia estiver um pé...se a noção de experiência que você está acumulando estiver no chinelo, fique descalç@ de vez e lembre-se da meia, isso, do pé-de-meia que você, ou vocês estão fazendo longe da terrinha...

Carmem Galbes

Em que Lua você está?

Olá, Coexpat!
Meu propósito hoje era trazer um conteúdo mais formal, com alguns numerinhos – coisa de jornalista. O fato é que não encontrei nada que traduzisse numericamente o cotidiano dos profissionais e suas famílias no exterior.
O que me chamou a atenção foi uma tese que citava um livro de 1986 - Culture Shock: Psychological reactions to Unfamiliar Environments, London: Methuen. Um alívio...até que enfim uma visão mais humana do processo.
Na obra, os autores Adrian Furnham e Stephen Bochner dizem que @ expatriad@ passa por quatro fases:
O começo é de euforia, lembra muito aquelas férias em um lugar novo.
Mas...no fim de três semanas - mais ou menos - vem a segunda fase , a do choque, quando o desencanto começa a marcar o dia a dia.
Os autores garantem que isso normalmente passa.
Bom, então se o esquema deles funcionar mesmo, eu sei que vou entrar na fase três quando passar a adotar - sem crise - as regras e os valores do novo país e tiver confiança para me aventurar na rede social.
E como quando a gente conversa a gente se entende, eis a fase quatro, a de relacionamento intercultural e de estabilidade emocional.
Perceba que da fase dois em diante nossos amigos não detalham o tempo de duração. Portanto, cada caso deve ser um caso, como tudo na vida!
Mas se na teoria a tese é fácil, os escritores lembram que o a integração pode ser tamanha, que corremos o risco de abandonar a própria cultura - aí complica na volta.
E você, em que fase está?
Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...