A casa demolida a cada expatriação.

Ainda naquela linha de mudança de endereço,  casa dos sonhos e casa possível, móveis, aluguel, improviso por tempo indeterminado.
Para ajudar a bagunçar...tenho visto algumas coisas sobre o impacto da imagem na formação dos conceitos e da memória.
Tem os tempos líquidos que sempre pautam meus devaneios.
Enfim...parece que quanto mais falo, mais complicado fica.
Espero que Yuri Firmeza e um de seus trabalhos de 2008 ajudem nesse processo de elaborar essa coisa de não ter endereço fixo.
"Do Lugar Onde Estou, Já Fui Embora. Casa Que Se Desmancha."


















 



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Carmem Galbes

A casa perfeita é a casa possível.

Estou aqui, totalmente emaranhada em meus devaneios.
Enquanto - vez ou outra - penso alto durante as conversas comigo mesma, vou mapeando, quase em transe, a casa onde vivo.
Penso nas paredes que derrubaria, no piso que - certamente - trocaria, nos azulejos que substituiria, nos armários que colocaria, na cor que mudaria. Penso nos antigos moradores e o que buscavam ao escolherem certo tipo de torneira, por exemplo.
É um exercício pra lá de gostoso, que me relaxa e só! 
É pura imaginação...sem intenção nenhuma de encher a casa de pedreiros, mesmo porque ela é alugada e ela é provisória. Há algum tempo é assim, coisa de quem nunca se atreveu a dizer não as mudanças ofertadas pela vida.
Mas aí, para meu tormento, vem Hilda Hilst e sussurra: "A minha casa é guardiã do meu corpo e protetora das minhas ardências..." 
E aí? 
A casa é - então - extremamente importante porque é ela quem abriga o meu corpo, o local onde está tudo o que sou.
Não, não pode ser - então - qualquer casa, tem que ser 'A' casa perfeita: com paredes no lugar certo, com os móveis sob medida, com a cor ideal.
Vixe!
Coitado de quem está comigo sob o mesmo teto.
Piração total! Aquela vontade de por a mão na massa atropela tudo.
Eu me conheço: ninguém mais vai ficar sossegado no fim de semana. Serão mil visitas a esses home centers, mil cotações, a trena vai ficar neurótica esticando e encolhendo - tirando mil medidas.
Cansada só de pensar, eu respiro, respiro de verdade, puxando o ar pelo nariz e soltando pela boca.
Estirada no sofá, eu abro a minhã mão direita em direção ao infinito e peço uma pausa para Hilda Hilst.
Ela atende!
Silêncio.
Aí sim consigo me ouvir: a casa perfeita não existe para quem se rende à mobilidade. A casa de quem vive mudando de endereço é a casa possível e - ao mesmo tempo -  repleta de potencial - o que pode ser muito interessante.
Aprendi que não tem problema, vez ou outra, implantar no apê alugado alguma coisa do meu projeto de casa ideal. Não, não dá para mudar a disposição da pia da cozinha, mas já aconteceu de - em uma nova cidade - um quadro novo, um móvel diferente, um tapete mais extravagante ajudarem a me sentir em casa mais rápido.
Nessa minha atual experiência, por exemplo, decidi instalar uns cortineiros. 
Falar de cortina numa hora dessas? 
Sim: e não são cortinas, são os cortineiros - aquele negócio que esconde o trilho! Ok, coisa pequena,  mas um detalhe que trouxe beleza e aconchego, e um carinho ao se começar uma nova jornada é sempre muito bom. 
Gesso? Nem pensar. Pesquisando acabei encontrando uma solução simples, rápida, limpa e mais em conta do que eu calculava: cortineiro em MDF!
Alguém pode me provocar: "Dã...descobriu a América!"
Não desbravei um continente, mas percebi que tenho lá criatividade para dar um up grade na estética de um ambiente! E dar uma massageada no ego - identificando novos talentos - é outra forma de encarar com mais leveza uma mudança!
Enfim...o que não dá é para passar a experiência em um determinado lugar pensando em como a casa poderia ser, em como tudo poderia ser. Tudo sempre pode ser diferente, mas se tenho uma crença é que a vida que levo é a que escolho, sempre! Isso não quer dizer que não me arrependo de algumas escolhas...enfim 2...
Acho mesmo que a casa de quem muda muito é uma eterna construção, é o puxadinho de todas as casas imperfeitas que já vivi. Essas casas nunca são demolidas da minha lembrança. E na memória elas são ainda mais importantes, porque - apesar de já não guardarem mais o meu corpo - elas protegem da corrosão e dos estragos do tempo tudo o que senti e aprendi em um determinado endereço.

Carmem Galbes

Expatriada: é hora de assumir a sua âncora!

Para você que anda triste que só, com saudade da sua ex-casa, da sua ex-rotina, do seu ex-emprego, dos seus lugares prediletos, das festas de família, do almoço com as amigas, do bate-papo descompromissado com conhecidas.
Pra você que anda vivendo com aquele buraco imenso no peito e um nó bem apertado na garganta porque ainda não conseguiu se reconhecer no seu novo endereço, não tem vontade de descobrir a cidade, de arriscar um dedo de prosa nem com o porteiro.
Pra você que anda comendo demais, ou sem apetite, ou não aguenta de sono ou vem sofrendo com uma insônia danada porque perdeu suas raízes...Ah...essas raízes.
Então para você que pensa que nosso dia a dia ainda comporta raízes trago uma sugestão de Zygmunt Bauman: não pense em raízes, pense em âncoras!
"Quando extraídas do solo em que cresceram, as raízes tendem a secar, matando a planta que nutriam e tornando sua restauração algo próximo do miraculoso - as âncoras são içadas apenas para serem lançadas novamente, e o podem ser com facilidade semelhante em muitos portos de escala. Além disso, as raízes designam e determinam antecipadamente a forma a ser assumida pelas plantas que crescem a partir delas, e excluem a possibilidade de qualquer outra. Mas as âncoras são apenas utensílios que servem para a anexação ou desanexação explicitamente temporária, a um lugar, e de maneira alguma definem as características e qualidades do navio (...) A escolha do porto em que a âncora será lançada da próxima vez é mais provavelmente determinada pelo tipo de carga que o navio transporta no momento: um porto que é bom para um tipo de carga pode ser totalmente inadequado para outro."
Então vem cá e dá um abraço!
Caso precise de mais Bauman para se animar, esse trecho que separei foi tirado do livro "A Arte da Vida", da editora Zahar.
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Carmem Galbes

Expatriação e amadurecimento.

Tanto se fala das possibilidades de crescimento que a mobilidade pode proporcionar.
Mas, humildemente, admito minha inabilidade para lidar com situações toscas - mesmo passando os últimos anos indo de um lugar para outro e conhecendo um mundaréu de gente.
E aí...a surpresa! 
Gentilmente, Fernando Pessoa sussura em meus ouvidos: "Não evoluo, VIAJO...Não subi de um andar para o outro; segui, em planície, de um para outro lugar."
E eu, em um rompante de birra mental: "Não, não é possível. Devo aprender algo com toda essa andança! Está no pacote de expatriação!"
Pessoa me interrompe: "há poemas meus, escritos aos vinte anos, que são iguais em valia - tanto quanto posso apreciar - aos que escrevo hoje. Não escrevo melhor do que então, salvo quanto ao conhecimento da língua portuguesa - caso cultural e não poético. Escrevo diferentemente."
É isso, então! Mesmo caminhando e acumulando bagagem, talvez eu não faça melhor; talvez consiga - no máximo - fazer diferente.
E Pessoa me dá uma alternativa, desconfio que farto dessa busca por me sentir mais madura, mais bem preparada, mais equilibrada: "Vou mudando de personalidade, vou (aqui é que pode haver evolução) enriquecendo-me na capacidade de criar personalidades novas, novos tipos de fingir que compreendo o mundo, ou, antes, de fingir que se pode compreendê-lo."
Eu sei, eu tomei posse da resposta que Fernando Pessoa endereçou para Adolfo Casais Monteiro, em 1935.
Mas acredito que enquanto escrevia ao camarada, pensou em mim e na minha provável súplica por algumas palavras que desatassem o nó da garganta, que esquentassem a barriga, que aliviassem os nervos.
Obrigada, poeta!

Carmem Galbes

Expatriado, fuja do "fio do bigode". Benefícios têm que estar no papel!

"Preto no branco". É isso o que você quer na hora de negociar uma transferência. Mas qual é o preço e o desgaste de deixar tudo bem definido antes de ir atuar em outro endereço da empresa?
Eu não sei quão dolorido - ou não - esse processo pode ser. O que eu já vi acontecer é profissional quase pirar ou perder o emprego por cobrar que a empresa cumpra algo combinado, mas que não havia sido registrado em lugar algum.
Minha impressão, baseada nos emails que recebo, é que poucos profissionais se empenham em deixar tudo esclarecido antes da viagem. Por esclarecido quero dizer: tudo registrado no papel.
Não falo dos direitos garantidos pela lei 11.962, como adicional de transferência, custeio de
passagem, seguro saúde e de vida. Falo de remuneração, apoio à família, plano de carreira e por aí vai.
Aqui o advogado Miguel Gondin Galbes já deixou bem claro como o profissional deve agir: "ele não deve aceitar uma expatriação sem ter formalmente tratado o que vai acontecer com ele lá fora. A orientação é: tudo o que for definido - como benefícios, remuneração, bônus, plano de carreira, tempo de expatriação - deve estar oficializado." O advogado explica que o documento pode prever - inclusive - multa em caso de descumprimento de algum item. O instrumento legal vai variar de caso para caso, pode ser desde um termo de compromisso assinado entre funcionário e empresa até um aditivo ao contrato de trabalho.  O advogado comenta que "a empresa que aceita detalhar os termos da expatriação em um documento já sinaliza que o processo será sério".
Já conversamos algumas vezes aqui no Expatriadas sobre não aceitar o"fio do bigode" quando o assunto é: mandar você pra longe. Acontece que vira e mexe aparece um profissional furioso por não ter seus benefícios respeitados no exterior.
A revista Exame traz mais um caso desse. O advogado Marcelo Mascaro Nascimento é quem diz o que expatriado deve fazer.
Uma dica: documento é sinal de maturidade e profissionalismo. "O que é combinado não é caro."
Para ler o texto da Exame, clique aqui.
Para ler mais aqui no blog sobre direitos e benefícios do expatriado, clique aqui.
Para mais informações sobre a Lei do Expatriado, clique aqui.
Carmem Galbes

Mudança: quando a rotina da casa vai pra...o espaço.

Se fosse para fazer uma lista das consequências mais chatas de uma mudança de endereço, eu diria que perder o domínio sobre a rotina da casa tem grande chance de estar lá no topo.
Eu chamo de rotina da casa aquele esquema de você acordar e já meio que saber pra onde ir, o que fazer primeiro para a casa 'funcionar' e você conseguir aquele tempo para investir nos seus projetos, só seus. É aquele movimento de equilibrar os pratos: de dar um tapa no visual enquanto cata um brinquedo aqui, ajeita uma papelada lá e acerta - com um toque do quadril - a cadeira que alguém insiste em deixar fora do lugar!
Atingir logo esse ponto - o de você se entender com a casa e não passar um dia inteiro afundada em roupa, louça, comida e afins - vai depender da sua disposição emocional, física e sim - claro - da sua organização e dos recursos que você tem para te auxiliar.
É nesse ponto que quero chegar: organização.
Pergunto: da mesma forma que a gente leva as roupas, os móveis e os badulaques na mudança, seria possível levar um método de arrumação pronto para ser implantado, não importa se em uma casa ou apartamento, grande ou pequeno?
Sim! É possível e necessário!
Preparar-se para começar uma nova vida sem a acostumada rede de apoio pode deixar tudo mais Leve. Saber por onde começar pode salvar da loucura quem chega a um novo ambiente e está por conta do próprio entusiasmo.
Carmem Galbes

FGTS no exterior.

O pedido de liberação do FGTS - Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - agora pode ser feito em 4 países da América do Sul: Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia.
A documentação deve ser entregue nos consulados desses países. 
Resumindo: não é necessário voltar ao Brasil para entrar com a papelada para sacar o Fundo, mas - atenção ao detalhe: a Caixa não manda o dinheiro para o exterior. O valor fica disponível apenas em bancos no Brasil. A transferência do valor, se for o caso, fica a cargo de quem resgatou o Fundo.
Caso não tenha conta bancária no Brasil, o expatriado pode indicar a conta de outra pessoa para receber o dinheiro.
Só para lembrar, o pedido de liberação do Fundo também  pode ser feito na Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Holanda, Inglaterra, Itália,  Portugal, Irlanda, Suiça, Estados Unidos e Japão.
Segundo o site da Caixa, pode sacar o Fundo o expatriado que atender a pelo menos uma das seguintes condições:
  • Contrato de trabalho rescindido sem justa causa; 
  • Extinção normal do contrato de trabalho a termo;
  • Aposentadoria concedida pela Previdência Social;
  • Permanência do trabalhador por três anos ininterruptos fora do regime do FGTS, neste caso, sendo permitido o saque a partir do mês de aniversário do titular da conta;
  • Permanência da conta vinculada por três anos ininterruptos sem crédito de depósito, para afastamento ocorrido até 3.7.1990. 
Aqui você encontra outras informações sobre o tema, inclusive o endereço dos consulados para entregar a documentação para a liberação do Fundo. 
Aqui você lê outros posts sobre FGTS.
Para mais informações sobre envio de dinheiro para o exterior, clique aqui.
Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...