Cinco perguntas e uma boa surpresa! Estados Unidos.

Olá, Coexpat!
É um misto de euforia e preocupação. Quem já viveu ou está para encarar a experiência da expatriação sabe dessa mistura de sentimentos que envolvem desde a primeira informação da partida até as decisões práticas da chegada. Apesar do esquema cada vez mais profissional que embasa a mudança, nem tudo é tão claro. Para mim o horizonte demorou um pouco a desembaçar. Mas à medida que ia vivendo as situações e trocando informações, o ambiente foi clareando. Esse é o ponto, troca de informações. Com cinco perguntas e uma boa surpresa proponho a exploração de diferentes vivências para, quem sabe, facilitar a nossa própria experiência.
Na estréia desse espaço a advogada Carol Guerra conta um pouco do seu processo - com o perdão do trocadilho. Há dois anos em Houston, Estados Unidos, ela divide com a gente como tem sido seu dia a dia em terras texanas. Obrigada Carol!


Cinco Perguntas:
Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
CG - Para mim, CASA é para onde eu e meu núcleo familiar (marido e eu, por enquanto!) voltamos no final do dia - um lugar aconchegante e gostoso. Para ser sincera, eu não tive muito tempo para me preocupar com "sentir em casa" no meio do caminho. Antes de responder à sua pergunta, eu nunca tinha parado para pensar no assunto. Quando resolvemos aceitar o desafio, estávamos em um período de correria muito louco na vida: casamento, casa nova, vida turbinada no trabalho, mudança para outro país etc. Quando dei conta, já estava aqui! Fui muito bem recebida e já conhecia a cidade e algumas das pessoas com quem iria trabalhar, o que ajudou muito. Desta forma, acho que comecei a me sentir mais em casa quando alugamos o apartamento que queríamos, mesmo durante as primeiras semanas, quando ainda estávamos morando "acampados" na própria casa. A mudança ainda não havia chegado e só tínhamos os itens básicos na casa. Apesar de ter sido um período cheio de coisas acontecendo ao mesmo tempo e cansativo, foi muito legal.


Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
CG - O que foi mais difícil: o processo burocrático (na saída e chegada - oficiais e do trabalho). O que é mais difícil: não poder estar com a família e amigos a qualquer momento.

Leve - O que faria diferente?
CG - Não sei. Estou feliz.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
CG - Sem dúvidas, mas sempre depende do local e condições.

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
CG - Tudo aconteceu mais ou menos como eu esperava. Na vida pessoal e no trabalho. Sou bastante pé no chão, então não estava cheia de ilusões ou deslumbrada. Como havia mencionado, já conhecia o lugar e algumas pessoas, o que faz tudo ficar mais fácil e menos misterioso. Por isso, nada foi extremamente maravilhoso nem decepcionante. Falando assim, parece que foi meio sem sal. Não é isso, mas o que eu esperava e queria (experimentar nova vida, cultura, trabalho) aconteceu. Ou seja, foi e é muito bom. Talvez onde eu mais tenha sentido diferença quando comparado com que eu esperava, tenha sido no trabalho. Para minha surpresa, estou tendo a oportunidade de fazer coisas ainda mais interessantes profissionalmente do que imaginava. Claro que encontrei vários obstáculos e tive que ir me adaptando, mas prefiro concentrar minha vida nas coisas positivas.

A boa surpresa:
Os novos amigos! Claro que a maioria é brasileira, mas eles adicionam mais um "estou em casa" no dia-a-dia, que é muito bom.

Carmem Galbes

Imagem: SXC

Só não vale ficar mudo!

Olá, Coexpat!
Se tem uma coisa que expatriado aprende na marra é pensar antes de falar. Não, isso não tem nada a ver com amadurecimento, embora acredite que a experiência em outro país tende a abrir a cabeça.
Essa coisa de pensar antes de dar com a língua nos dentes está mais no nível básico de tentar ter domínio sobre a fala e se esforçar para ser compreendido.
Já conversamos aqui sobre o peso do idioma natal e como pode ser dolorida a adaptação à nova gramática, ao novo vocabulário e ao sentido das frases em uma língua estranha.
Mas o jeito é mesmo não ficar afobado. É que sempre tem alguém pra mandar pra longe o balde e o pau da barraca. Já vi gente fazendo mistureba de dicionários e metendo desenho, mímica, pirueta e até dança onde deveria haver simplesmente voz. E tudo bem, isso se for “no estrangeiro” e em prol da boa comunicação.
Porque tem gente que diz que no Brasil esse negócio de importar termos não pode!
Então expatriados, repatriados - ou seja lá qual for sua condição - atenção redobrada na tradução!
Como resgatado na última edição da revista Você SA, ficar aportuguesando outro idioma no Brasil pega super mal. Primeiro porque falam que é petulante, segundo porque aumenta o risco de mal-entendidos. Mas, pelo jeito, who cares - ops - quem se importa?
O fato é que por mais que isso machuque tradicionalistas, puristas e todos os istas não lembrados aqui, a língua é o que os falantes querem que ela seja e não, necessariamente, o que a norma diz que ela é. 

Carmem Galbes

Imagem: SXC

Leve Entrevista: Expatriação e Casamento.

Olá, Coexpat!
Já trocamos aqui algumas impressões sobre como ficam as relações pessoais com a expatriação, especialmente o casamento. O assunto é delicado e pode arrasar vidas pessoais e profissionais. Esse é um dos pontos dessa entrevista.
Faz dez anos que a professora da Fundação Getúlio Vargas, Maria Ester de Freitas, vem estudando o assunto. Com o olhar de quem também viveu fora, período em que concluiu seu pós-doutorado, a professora já estudou o impacto da expatriação tanto em famílias brasileiras no exterior, quanto de estrangeiros que vivem no Brasil.
Com 6 livros na bagagem e vários artigos publicados, Maria Ester nos ajuda na reflexão sobre esse tema, nem sempre tratado com devida atenção e carinho durante a expatriação. Também por isso, a vida longe de casa pode ser “uma experiência que pode trazer o céu ou o inferno”, alerta a pesquisadora.
Aproveite!

Leve: A expatriação pode mudar, e em que sentido, a relação familiar e conjugal?
M.Ester: Uma expatriação é um acordo feito entre um profissional e sua empresa, fundada na necessidade de cumprir uma missão em outra unidade da organização, não raro em outro país. Ora, a experiência de turista nos mostra como é bom e gostoso rodar o mundo e descobrir coisas novas, mas quando o programa fica chato a gente simplesmente se manda para outra coisa que nos dê prazer; então viajar é para turista. A vida do expatriado difere da do turista em vários sentidos, pois ele não pode se desligar quando as coisas não lhe agradam, ele tem que conviver no código do outro e dar respostas rapidamente que sejam aceitáveis, ele tem que conviver com parâmetros e interpretações diferentes, precisa ser aceito pelo grupo etc. Existe um nível enorme de ajustes necessários na vida profissional que são mais ou menos catalogadas no ambiente da empresa. Na vida da família, a coisa se passa de maneira mais difusa, as regras não são tão claras, os apoios são escassos, a paciência alheia é menor que a dos colegas de trabalho e geralmente é a mulher quem segura toda a carga. Na maioria das vezes a mulher (caso mais comum) abre mão de seu projeto profissional e não tem direito ao visto de trabalho, ficando somente com o universo da casa. Não é incomum que ela não fale o idioma do país de destino, pois as empresas são negligentes em relação a isto e acabam favorecendo curso apenas para o profissional. Sem falar o idioma, sem ter amigos, sem entender nada da cidade, sem ter maiores apoios para as decisões que ela estava acostumada a tomar quase automaticamente (escola dos filhos, supermercado, marcas de produtos, serviços diversos, empresas...), a mulher fica extremamente sobrecarregada e forçada a dar respostas imediatas, pois tão logo chega ao local ela deve organizar a vida e a rotina da família. Não raro os maridos enfiam a cara no trabalho, pois são cobrados desde o inicio, ou se acham na obrigação de ser mais realista que o rei, de forma que o nativo não fique se perguntando “por que precisaram trazer aquele cara do Brasil se a gente tinha pessoal aqui?”, ou seja, o cara precisa se legitimar e aí se esquece da família, da mulher e do resto... Acho que isto muda a relação mesmo do casal que é bem ajustado, que se ama e que quer que tudo dê certo, imagine dos que têm algum problema mal resolvido. Em relação aos filhos, eles absorvem toda a carga de insegurança da mãe e se forem adolescentes que viajaram deixando namoradas para trás, é o inferno que desponta no horizonte.

Leve: A expatriação pode acabar com um casamento?
M.Ester: Pode. Se o projeto de expatriação é de uma pessoa e não do casal, a outra parte ficará se sentindo lesada e toda a carga de sacrifícios será potencializada. É muito duro alguém ser culpado o tempo todo por algo. Por outro lado, expatriação é para quem tem disponibilidade para viver outra vida e não para quem gosta de viajar, isso significa que vai ter que conviver com coisas estranhas, vai ter que passar dias sem conversar com outras pessoas, vai perceber a sua fragilidade frente ao desconhecido e qualquer pequeno detalhe idiota pode lhe desestabilizar emocionalmente. Nas minhas pesquisas vi alguns casamentos que foram por água a baixo e vi alguns que foram salvos pelo gongo, vi casais ficarem quase um ano sem transar porque a mulher estava ressentida, vi esposas querendo ir embora com os filhos, fiquei sabendo de esposas que se mandaram e o marido foi atrás e demitido em seguida... tem um pouco de tudo. Vi casal aguentar o tranco enquanto estava lá e quando voltou para casa o peso era tamanho que eles não se suportavam mais, passou do ponto.

Leve: E o casamento pode atrapalhar a ponto de interromper uma expatriação?
M.Ester: Qualquer situação que leva um parceiro a dizer para o outro “ou eu ou a empresa” fica muito difícil de ser sustentada. Veja acima.
Por outro lado, as minhas pesquisas mostram que embora os casados demorem mais a se adaptar na nova cultura, quando isto ocorre é um processo mais seguro e aí tudo vai bem. Os solteiros, ainda que sejam mais baratos para as empresas no curto prazo, são mais arriscados no longo prazo, pois ficam muito sozinhos e infelicidade crônica dá zebra e eles chutam o pau da barraca. Então, projetos acima de 1 ano não são muito recomendados para solteiros, cuja adaptação acaba sendo alimentada apenas pela fonte do trabalho e as interações na sociedade podem ser mais complicadas. Em alguns lugares solteiros ainda despertam sérias suspeitas.

Leve: Pesquisas indicam que as empresas que transferem seus funcionários para o exterior estão investindo cada vez mais na adaptação das famílias. O suporte vai do financiamento do aprendizado do idioma ao apoio nas primeiras visitas ao supermercado. As empresas realmente consideram o grau de influência da família na transferência do funcionário?
M.Ester: Acho de bom tamanho que as empresas comecem a se dar conta de que elas não expatriam apenas 1 profissional mas uma família inteira, ela desarranja os relacionamentos e influencia a forma de vida dessas pessoas. É estranho que algo tão óbvio tenha sido tão negligenciado por tanto tempo, mas à medida que os fracassos começaram a ficar caros, as empresas perceberam que não estavam fazendo tudo o que podiam para que o seu expatriado fosse um sucesso e quem garante o sucesso dele é uma família ajustada. Quanto mais rapidamente os membros da família estiverem cuidando de sua própria vida, com agenda própria e independente, mais rapidamente este expatriado estará livre para dar o melhor de si. É simples assim. Existem algumas empresas que ainda acham que isto não é problema delas, mas isso faz parte da burrice organizacional que acontece em qualquer lugar. Não creio que seja demais que uma empresa que quer que eu vá trabalhar em outro local faça o investimento necessário para que isto ocorra sem maiores riscos, faz parte do acordo, pois eu só posso trabalhar direito se eu tiver condições. Cada vez mais o apoio psicológico é um requisito importante in loco, daí também nesta área muitos psicólogos estão se diferenciando por falar vários idiomas.

Leve: Apesar do relacionamento estar na esfera pessoal, em que sentido as empresas de transição cultural poderiam ajudar a vida do casal a ser bem-sucedida longe de casa?
M.Ester: O relacionamento do casal é pessoal, mas a variável que alterou tudo foi um evento profissional, portanto as empresas têm obrigações não apenas morais, mas objetivas e contratuais. Existem muitas empresas de consultoria que hoje se ocupam dessas questões preparatórias e vendem pacotes de 10, 20, 80 horas para ajudar uma família a ser organizar noutro lugar. É um mercado que vem crescendo muito, pois geralmente as empresas que expatriam fazem uso de terceirizados para isto. Além dessas questões de natureza prática da vida quotidiana, as empresas poderiam aproveitar melhor estas experiências e construir uma base de dados com feedback, mas geralmente o cara volta e ninguém quer saber dele, a experiência dele é invalidada e não gera nenhuma aprendizagem organizacional. Ora, cada vez mais hoje somos instados a trabalhar com pessoas de outras formações, origens étnicas e culturas, portanto devemos desde cedo aprender a ser tanto bons anfitriões quanto bons hóspedes, pois se você não vai o estrangeiro vem; penso que as empresas ainda são um pouco cegas para a importância da questão intercultural como parte de seus valores, mas isto tende a mudar.

Leve: Gostaria de acrescentar algo?
M.Ester: Uma das coisas mais interessantes revelada na minha pesquisa com brasileiros na França foi o fato de eles considerarem a educação dos filhos uma das principais razões para aceitar a expatriação e olhe que Paris é um espetáculo; então me parece que o intercultural é uma questão que veio para ficar e tende a ser irreversível. De um lado, creio que isto nos melhora como seres humanos, nos faz enxergar e respeitar o outro diferente de nós, nos conscientiza de nossas verdades relativas e do quanto somos frágeis quando estamos fora da nossa casca cultural; de outro, cada vez mais tende a se acentuar fanatismos, patriotismos burros, preconceitos e medos do outro. Quero crer que a nova geração será mais desencanada em relação a estes preconceitos se ela aprender a conviver com a diferença desde cedo, isto não é uma descoberta extraordinária, mas um fato da vida, uma evidencia quotidiana de que a vida é feita mais de coisas diferentes que iguais e isso não significa melhor ou pior, apenas diferente.

Carmem Galbes

Mais um pouco sobre o tempo de quem é expatriado...

Olá, Coexpat!Ainda no esquema de usar o meu tempo pesquisando o que melhor fazer com ele, encontrei uma sugestão interessante para quem tem se sentindo perseguido por essa coisa que dizem não passar de um conceito.
No blog Mais Tempo, no post de hoje, o consultor especializado em administração do tempo - Christian Barbosa - abre uma clareira. Ele sugere uma trilha para quem está tentando dar a largada para horas mais bem aproveitadas e para você não ser pego de surpresa se a sua agenda virar de ponta cabeça.
Entre as provocações estão:
- Você está realizando atividades que vão fazer você se destacar em sua área de atuação profissional?
- Você está investindo algum tempo no desenvolvimento de um Plano B, para o caso de mudanças bruscas na sua rotina profissional ou pessoal?
- Você está conseguindo tempo para você mesmo equilibrar sua vida pessoal, seus relacionamentos importantes e sua saúde?
- Você sente que sua vida está evoluindo na direção de seus objetivos ou apenas agindo frenéticamente para resolver as urgências diárias?
Então, se está podendo, aproveite para pensar no assunto. 

E, por favor, espalhe se conseguir respostas simples.
Carmem Galbes

Imagem: SXC

Expatriação e a agenda cheia...de tempo livre!

Olá, Coexpat!
Fui dessas crianças que têm compromissos além do colégio. Natação, inglês, balé, teatro. Algumas atividades foram abraçadas por iniciativa própria, outras com o incentivo dos meus pais, mas, no fim das contas, todas ajudaram a dar um “upgrade” na caixa de ferramentas da vida.
É dessa caixa que tiro muitos utensílios que me ajudam a encarar situações de agora. Da prática diária da natação, por exemplo, tirei a disciplina. As aulas de inglês facilitaram - e muito - o meu processo de expatriação, e por aí vai.
E foi sempre assim. Agenda cheia. Se não era uma coisa era outra. Como muitos, trabalhei durante o dia e estudei a noite. Tive época de dois empregos ao mesmo tempo, de duas pós ao mesmo tempo. Hoje, de longe, vejo a loucura.
O fato é que, de repente, com a mudança de país e de perspectiva, a agenda lotada ficou cheia de tempo vago, livre para eu fazer o que bem quisesse da vida.
E a pessoa que fazia parte do time dos “sem tempo pra nada” ficou meio zonza com o tempo de sobra.
Já tinha ouvido falar nisso. Empreendedores dizem que é mais fácil, não necessariamente mais prazeroso, ter alguém mandando no seu tempo. O chefe diz a hora de começar a trabalhar, a escola diz a hora de começar a estudar, e - no tempo livre - sempre tem alguém para dizer o que há de divertido para fazer.
Sem a terceirização da administração do seu tempo, a coisa muda. No começo é muito bom, porque parece que todos vivemos em um cansaço extremo e bem longe do que nos agrada. Há espaço para sono, leitura, filmes, passeios tranquilos, almoços, conversas, cursos improváveis. Mas não demora muito para bater a sensação de culpa, de que a gente está perdendo algo nessa corrida da vida.
Ainda bem que em momentos de angústia a pesquisa me conforta. Li artigos e mais artigos sobre o manejamento de agenda, agora para saber como lidar com ou utilizar da melhor maneira a abundância de horas. Também fui atrás do outro lado da coisa, entrei em contato com o slow movement.
Concordo que temos inúmeras possibilidades e ninguém nessa vida pode reclamar que não tem nada para fazer. A diferença agora é que a iniciativa é exclusicamente minha. Se não rechear a agenda, ninguém vai fazer isso por mim. E isso cansa!
Pensando bem, sentir-se ok em uma sociedade que tem receita e modelo pra tudo é muito complicado. Se não é a falta é o excesso que atormenta! Como alertou Freud lá atrás, desde sempre e para sempre estaremos desencaixados, sentiremos a todo instante um mal-estar. 

Mesmo assim vou continuar pesquisando receitas, só para aproveitar o tempo...
Carmem Galbes

Imagem: SXC

Fragmentos de uma vida expatriada.

Olá, Coexpat!
Venho de um exercício cansativo de digitar e deletar, digitar e deletar. Comecei vários assuntos hoje, mas não consegui concluir nenhum.
Tentei dar as minhas impressões sobre o trânsito daqui, que, apesar de regras interessantes - como poder virar a direita mesmo com o sinal fechado - também tem suas maluquices e grosserias - como acelerar para não dar lugar para o cara que está há mil anos com a seta ligada.
Também dei uma navegada para ver se encontrava algo novo sobre o mundo “expatriático”. Nada!
Enquanto a máquina de secar chacoalha a roupa e deixa a casa com um barulho que acho que incomoda, consulto unhas e cutícula, que clamam por uma especialista brasileira.
Olho para um lado, para o outro, procuro inspiração.
Lembro do trecho de uma conversa com uma amiga do peito, também expatriada: “na vida a gente tem a obrigação de tentar, não - necessariamente - de conseguir”.
Revejo umas fotos.
Folheio uma papelada.
Olho para o teto e me prendo ao negocinho que esguicha água em caso de incêndio. Interessante ter esses ornamentos de escritório em casa.
De repente um som que lembra sinal do recreio da escola. É a secadora que terminou o serviço. Corro para tirar e dobrar a roupa. O ar quente facilita a vida. Basta uma ajeitada com a mão, pronto! Nem precisa de ferro de passar! Essa é uma parte boa daqui: os equipamentos que te ajudam.
Daqui a pouco tenho que sair, e não consigo dar liga para os fragmentos que tingem o papel virtual.
Hoje acho que vai ser só isso mesmo, retalhos...

Carmem Galbes

Imagem:SXC

Touchdown!

Olá, Coexpat!
Domingo me entreguei à "pesquisa antropológica" e entrei de cabeça no clima do Super Bowl.
Tv, appetizers, bebericos e olho no laaaance! Ééééééééé touchdown! Que essa cabeça de mulher traduz livremente como gooooooool!
Tudo bem, ainda não entendi direito as regras do jogo, mas deu pra perceber o peso do evento por aqui.
Aprendi que o negócio vai além de pura "pancadaria" em campo. Tem a ver com as premissas de todo esporte como dedicação e, no caso dessa modalidade, trabalho em equipe e tem a ver - claro - com altas cifras.
A final do campeonato nacional de futebol americano é uma festança.

Entre as curiosidades: dizem que é um dos dias em que o americano mais come, a data fica atrás apenas do dia de Ação de Graças.
O jogo não acontece necessariamente na casa de um dos finalistas. A cidade é eleita nos moldes da escolha para a sede da Olimpíada, ela se candidata e tem que provar que é capaz de receber o público, gente do país inteiro. Um grande negócio!
Por causa da grande audiência, algumas campanhas publicitárias são lançadas no horário da transmissão da final, que ocorre entre cinco da tarde e nove da noite - mais ou menos. Um espaço de 30 segundos na TV pode custar US$ 3 milhões!
Escutando rádio hoje, descobri que tem concurso depois para que os ouvintes escolham o melhor comercial.
No mais, lembra muito o que a gente está acostumado: comentaristas, convidados, bastidores.
Mas não tem jeito, no fim do jogo, mesmo sem entender lá muita coisa, já estava vibrando, xingando o juiz e reclamando de jogador folgado, acho que era saudade...Pode, saudade de futebol?!
Bom, o que eu mais gostei? Gosto de ver a paixão e o entusiasmo do povo. Mas o melhor foi mesmo a companhia durante o jogo e o show de 20 minutos do Bruce Springsteen durante o intervalo.

Carmem Galbes
Fotos: Jamie Squire - Getty Images.

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...