Visita de expatriada é assim...

Olá, Coexpat!

Escrevo direto do Brasil. Dias quentes e calorosos. Papos longos. Muita risada. Fofoca ainda em atraso! Comidas preferidas... como o tempero da saudade é gostoso!Escrevo durante um breve intervalo, enquanto a água ainda passeia entre o pó e o coador, enquanto a família tenta dar conta dos compromissos em meio à visita de quem vem de longe. Uma coisa já tinha aprendido com outras expatriadas, a chegada de quem está ausente há tempos embaralha a rotina, faz toda noite ter um ar de sexta e todo dia parecer sábado.Mas como ia dizendo, escrevo enquanto um diz ao telefone que está pra chegar, enquanto outra dá de mamá, enquanto outra se divide entre as mil histórias e um livro-caixa, enquanto outro se prepara para sair...Tem sempre um beijão, um abraço forte, um sorriso largo. E tem whatsapp, facetime, telegram... porque a vida é louca e conciliar nem sempre é possível. Porque o coração quase sempre está dividido. Porque sempre tem alguém pra sentir saudade...Eu acho isso um bom sinal...

Carmem Galbes

Quase indo...

Olá, Coexpat!

Dia de arrumar a mala. Destino: Brasil. Saudade da família, da energia, dos amigos, da comida, do almoço de domingo, do bate-papo, das porções...
A estada vai ser rápida, mas tenho certeza que de altíssima qualidade.
Estou doida pra abraçar, beijar, ver, olhar nos olhos, conversar ao vivo...
O tic tac tem sido tiiiiiiiic taaaaaaac.
O interessante é que apronto a mala com uma sensação diferente, como diz o cara, nunca antes “vivida” na história dessa minha vida. A sensação é de uma turista rumo à terra natal.
Engraçado como a casa da gente pode ser em qualquer lugar, como a referência pode ser relativa e a identidade volúvel.
Já ouvi de tudo nesses dias que antecedem a ida: você não vai querer voltar, você vai estranhar tudo, você vai querer voltar voando, vai comparar tudo, vai odiar, vai amar e mais um monte de coisa...
Mas e daí?
O legal nessa vida é ter a chance de sentir e de matar a saudade. O que acontece nesse meio tempo, o tempo cura.
Mas preciso ir... como já disse, não tenho o melhor relacionamento do mundo com malas...


Carmem Galbes

Experimenta!!

Olá, Coexpat!
Ainda sobre a aventura da experimentação, acho interessante estender a conversa com algumas considerações:

* Obedeça seu ritmo.
* Respeite seus valores.
* Ouça seu coração.
* Confie em seus desejos.
* Desconfie das receitas, mas permita opiniões.
 Fuja dos modismos, encare os receios, calcule os riscos, pondere as possibilidades, vivencie os resultados.
Sendo assim, qual seria o objeto da experiência?
Tanto faz, nesse caso vale o percurso.
Vale dizer também que a experiência, mesmo que compartilhada, é um processo íntimo e pessoal.
O que vai sair disso tudo pertence a você. O que você vai fazer com isso depende de você. Em todo caso tenho sempre em mente que a vida é causa e efeito.
A gente pode aprender a não ter medo de lobo mau, mas que ele é perigoso, isso ele é...


Carmem Galbes

Experimenta!

Olá, Coexpat!
A pergunta é: quem tem medo de lobo mau?
Eu sei que pode não fazer sentido, mas dado o avançado do relógio e a terça que variou entre deliciosas surpresas, horas de estudo, momentos de trânsito e flashes de alívio, sei que - no fim - você vai acabar entendendo.
As historinhas infantis ensinam coisas bem sinistras para nós mulheres: sapatinho de cristal - só existe uma chance na vida. Evite a floresta e sufoque a coragem. Sofra - encare primeiro o sapo para só então ter direito ao príncipe.
E assim a gente cresce. 

Uma parte percebe rápido que estória é estória, mas tem uma turma que fica nessa de fantasiar a realidade.
Aí encontro um monte de gente pelo caminho com a bandeira do “não preciso disso”.
Essa bandeira é perigosa. Não só porque plastifica nossos sentidos, mas por nos afastar da aventura da experimentação.
Confesso que também tenho uma enorme dificuldade com relação ao novo. Sou resistente a sabores exóticos, novos empregos, vizinhança nova, novas pessoas.
Mas como meus pais diziam lá atrás e meu marido insiste até hoje: experimenta!
E não é que às vezes eu gosto!
Então hoje, dada a canseira, vou me limitar ao “tenta só um pouco, vai!”

Claro que tenho que colocar uma vírgula nesse texto: definitivamente não me arrisco com o que - comprovadamente - faz mal para a saúde, para o corpo e para a alma.

Carmem Galbes

Tem um tempinho?

Olá, Coexpat!
Não tem jeito, parece que a educação e os bons modos são diretamente proporcionais à quantidade de tempo. Tenho percebido que quanto mais tempo tenho, mais paciente, mais atenciosa e cuidadosa com o outro sou.
É triste ter que admitir isso, a falta de tempo rouba mais que a qualidade da vida, ela provoca um verdadeiro saque na boa conduta, zera o estoque de boa vizinhança a arrasa com as plantações de delicadeza e tolerância.
Espero que esse excesso de tempo que hoje preenche meu dia me ensine a viver bem - inclusive comigo - mesmo com a falta de tempo que um dia voltarei a enfrentar.
Espero que as lições aprendidas durante a abundância não me deixem na escassez.
Espero que aprenda a lidar melhor com relógios, agendas e contadores em geral e que a minha política pessoal não varie de acordo com os minutos a mais ou a menos.
Espero que o tempo não me deixe esquecer desse compromisso.


Carmem Galbes

A palavra foi emb...

Olá, Coexpat!
Passar por aqui todos os dias e trocar uma ideia é um exercício pra lá de prazeroso para mim. Mais que isso, é alimento. Normalmente, saio dessa conversa mais satisfeita com a vida, mais descontraída, mais feliz.
Escrevo de um lugar ultra confortável. A cadeira é acolhedora, à direita está a vista da piscina. Atrás  fica a cama aconchegante entre dois criados-mudos que sustentam abajour modernex e foto de quando decidimos que seríamos felizes para sempre. À esquerda, o closet. À frente, a foto da minha afilhada, minha jóia rara.
A luminária promove uma sombra bem charmosa. A papelada sobre a mesa sugere alguma programação para o próximo feriado. A impressora está de férias!
A cozinha está apagada. A TV em silêncio. O livro entreaberto. O marido chega logo, um logo que nunca chega.
Tomo um gole. Checo o celular. O Google me distrai, mas não inspira.
Como diria um amigo bem humorado, “tem dia que a noite é assim mesmo”.
Então é isso. A sexta foi bem cheia, muito cheia, aliás. Muita informação, muitas possibilidades de olhar, muitas alternativas, muita coisa pra pensar, mas só pra pensar...
Às vezes acontece isso comigo, a palavra tira folga. Ela não vem. Não adianta mandar memorando, exigir que compareça, ela some e não deixa contato em caso de emergência.
Fazer o que, não tenho poder sobre esse comportamento rebelde. Só posso aceitar sua ausência e contar com a presença em algum dia desses.
Enquanto isso...não espere nada, day off da palavra...


Carmem Galbes

O diamante é sempre verdadeiro!

Olá, Coexpat!
Os bate-papos sem intenção alguma são os que - normalmente - tiram minha alma do automático.
Dessa vez a culpa foi do diamante. Esse ponto cintilante passeava pelas nossas mentes, bocas e devaneios quando a paquistanesa perguntou: “quem garante que o diamante que você já comprou ou ganhou um dia é mesmo precioso e tem qualidade?”
Fomos unânimes, "ora, quem garante?" O cara lá com aquela lente, o dono da joalheria, a grife, o vendedor, o certificado de garantia, o preço, quem deu o presente...
Com a autoridade de colecionadora ela simplesmente disse: “ninguém garante. A autenticidade da jóia é uma questão de fé. A coisa só é verdadeira, valiosa e importante porque você acha que é.” E continuou, “pode ser que você nunca precise vender a peça, então jamais irá descobrir o valor real de mercado, então para você o tal diamante será tão valioso, mas tão valioso que quase não terá preço.”
'Pera' aí, acho, sim, que tem uma série de procedimentos que podem ajudar a garantir a veracidade das coisas. Mas fiquei pensando no que a paquistanesa disse...
No fundo, no fundo mesmo, a vida toda é uma questão de crença.
O que são o amor, a amizade, o dinheiro, a profissão, a religião? Pura fé! Crença nas pessoas, no sistema, na importância do ofício, na existência de uma energia supra...
A gente passa a infância e a adolescência aprendendo a acreditar que é possível, sim, caçar porque a gente é, no mínimo, mais inteligente  que o leão.
Lógico que tem sempre o craque em ensinar o avesso, que o ser humano não dá conta...mas sempre tem uma faísca que surge sei lá de onde e faz a gente crer que é possível, que precisamos tentar, que vale a pena...
Eu confesso que sempre tive dificuldade em entender como se chega a um valor tão alto para as tais das pedras preciosas.
É... não é uma questão de ser caro ou barato, é a crença que vale. É a fé que não tem preço e que faz a gente aceitar - ou não - o que a vida vai trazendo pra gente...
Não sei até que ponto aceitar ou lutar é bom...

Mas que eu gosto de diamante, ah..eu gosto! 

Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...