Conversar é sempre bom!

Olá, Coexpat!
Não tem jeito, quando a gente cria algo, não importa o quê, quer mesmo é compartilhar o resultado.
Você faz um bolo, quer que as pessoas experimentem e gostem. Pinta um quadro, quer que a obra seja apreciada. Faz uma roupa, quer exibir por aí. Escreve um texto, quer que seja lido e assim segue a vida.
Com base nesse jeito exibicionista de ser, sigo pensando em formas de deixar esse espaço sempre mais interessante e útil.
Como a idéia é trocar experiência, mais dois destinos entram na nossa rota: Dicas Espertas de Coexpats  e Dicas Coexpats de viagem.
O primeiro destino é para a Coexpat - ou não, como diria Caetano - dar todas as dicas possíveis para ajudar a fazer dessa experiência algo positivo.
A segunda rota é para quem não perde a chance de voar por aí e adora compartilhar o que experimenta.
Conte mesmo. Vale tudo, lugares que você esteve como turista, como expatriada, como moradora, não importa. O que interessa é passar a informação adiante!
O contato é o de sempre: expatriadas@hotmail.com
Então, puxe uma cadeira e entre na roda!


Carmem Galbes

Leve Entrevista. Crise Econômica de 2008.

Olá, Coexpat!Dia de visita!
Em tempos de crise financeira em um mundo altamente conectado fica a pergunta: até que ponto essa confusão mexe com a vida de brasileiros e brasileiras que estão pelo mundo? 
Chryscia Cunha, Differance Intercultural Consultants, fala sobre essa turbulência e frisa que todo momento difícil também é um período de oportunidades. Aproveite a conversa!

Leve: A expatriação de talentos indica, entre outros fatores, que a empresa está otimista em relação ao bom desempenho da economia. O sistema financeiro mundial em apuros pode incentivar uma queda no número de expatriações?
Chryscia: As empresas ficarão mais cautelosas, já que muitas precisarão rever seus planos estratégicos de crescimento e investimento para os próximos meses.
Porém, acreditamos que o fluxo de expatriação continuará em ritmo de crescimento para países emergentes, tendência observada nos últimos dois anos.
Além disso, muitos executivos brasileiros que atuam no mercado financeiro de Londres e Nova Iorque, por exemplo, estão aproveitando a economia brasileira aquecida para regressar. Se lá eles enfrentam a queda dos mercados e o fechamento de bancos e de fundos de investimentos - com corte no número de vagas e redução na remuneração variável - aqui encontram um ambiente em que as empresas estão ampliando fronteiras e buscando talentos com experiência internacional para comandar suas operações.

Leve: Levando-se em conta que o suporte financeiro é um grande incentivo para a mudança, até que ponto uma forte crise econômica pode abalar o ânimo da família a ser expatriada ou que já vive no exterior?
Chryscia: Em relação às famílias que já vivem no exterior, acreditamos que as empresas não farão cortes em relação ao suporte financeiro já prestado. O que pode acontecer é a redução do período de expatriação para diminuição de custos. Porém, tal medida deve ser cautelosamente pensada, pois isto implica em mudança nos planos de carreira do expatriado, incerteza para a sua família, falta de tempo adequado para repensar a repatriação e o cargo que este executivo irá ocupar quando regressar.
Tais medidas precipitadas podem gerar frustrações, o que, geralmente, ocasiona abandono da empresa pelo expatriado. Tudo isto acaba gerando grandes perdas financeiras e de capital humano para a empresa.

Leve: A internet permite que as informações cheguem sem problema, mas as emoções com relação às notícias podem ser distorcidas. Isso pode atrapalhar a adaptação dos recém-expatriados? Existe uma receita para lidar melhor com uma situação de tamanha incerteza?
Chryscia: Para o executivo expatriado a principal incerteza é quanto ao planejamento de investimento e gasto da empresa. Muitos investimentos serão cortados, pois as linhas de crédito estão cada vez mais reduzidas e com juros altíssimos.
Em muitos casos, os executivos enviados para outros países com a missão de implementar projetos e de realizar reestruturações terão que esperar um momento de estabilização para fazer grandes investimentos.
Para os recém-chegados, a instabilidade do mercado econômico é mais um ponto a ser trabalhado. Além de estarem em processo de adaptação em relação à cidade, comunicação, locomoção e fatores culturais, têm que se preocupar em reduzir os gastos pessoais e poupar mais que o planejado.
Acreditamos que a melhor forma de lidar com isso é trabalhar esses pontos no acompanhamento de psicologia intercultural, suporte necessário no processo inicial de adaptação do expatriado e de sua família no novo país.

Leve: Com a dificuldade dos mercados já estabelecidos, podemos começar a vislumbrar novos destinos para expatriação? Quais seriam?
Chryscia: Atualmente, os executivos de todo o mundo consideram as economias dos países emergentes como as mais atrativas para o desenvolvimento de suas carreiras. Em detrimento dos mercados desenvolvidos - Estados Unidos, Europa e Japão - elas oferecem melhores oportunidades de trabalho.
Os países que despertam maior interesse para o executivo global são os BRIC´s - Brasil, Rússia, Índia e China - que apresentam elevadas taxas de crescimento e internacionalização de suas empresas em expansão.
Outro local que tem atraído muita mão-de-obra qualificada brasileira e de outras nacionalidades é a Angola. O país foi assolado pela guerra civil entre 1975 e 2002.
Muitas construtoras brasileiras estão responsáveis por obras de infraestrutura. Não existem estatísticas exatas sobre a participação de brasileiros e de empresas brasileiras na economia angolana, mas a Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola - Aebran - fundada em 2003, calcula que nossos investimentos por lá ultrapassam US$ 5 bilhões ou quase 10% do Produto Interno Bruto do país.
Trata-se de um mercado emergente muito atraente para empresas e executivos de toda parte do mundo.


Carmem Galbes

Tem outra pessoa em meu corpo!

Olá, Coexpat!
Tenho me achado muito estranha. Tenho me flagrado fazendo coisas improváveis. Calma...nada que agrida meus valores...
Sabe, acho que o grande lance dessa experiência longe de casa é ter um olhar estrangeiro, ver as coisas de fora do aquário...
O problema é quando você não percebe que você não está mais percebendo a diferença, entende?
Assim, já me peguei fazendo tac-tac-tac com cabides quando procuro uma roupa na arara da loja - o que reflete o comportamento compulsivo do americano em comprar - já me peguei bebendo um balde de café, usando um biquíni ultra-mega grande e agora estou numas de não suportar gente falando alto. Já não gostava, isso sempre me irritou. Agora fico constrangida!
Pior é que tudo isso vai tomando lugar silenciosamente e suspeito que logo logo vou descobrir que posso ter me transformado em uma pessoa sem referências culturais, que já não sabe de onde é, para onde vai, tampouco onde quer ficar.
Isso é complicado: ser uma estrangeira para sempre, não importa o lugar!
Mas se a gente está mesmo só de passagem por esse planeta, então melhor assim.
Pensando bem, problema mesmo vai ser se eu não me acostumar de novo com a moda praia brasileira. Já pensou o biquinão daqui em Ipanema? Aff...


Carmem Galbes

Barraco no salão.

Olá, Coexpat!
Semaninha difícil essa, não?

Essa bolha imobiliária...
Fico pensando de que forma essa tormenta atinge o comportamento mais corriqueiro.
Olha só essa história: uma brasileira foi ao salão aqui em Houston. Fez luzes. O profissional perguntou se ele gostou. A resposta: não.
A cliente esperava, como normalmente acontece no Brasil - segundo ela - ter a chance de falar que pensava em algo não tão loiro e assim remarcar um horário para retoque.
Mas o “home” ficou doido. Não deixou nem pagar a conta. Abriu a porta e pediu que saísse. Não satisfeito, mandou um recado por uma outra cliente: que a brasileira nunca mais aparecesse.
Eu pensei, gente, se fosse comigo de duas uma: ou eu já mandava o cara para aquele lugar ou virava as costas e adeus.
Uma outra possibilidade, que os americanos adoram - aliás, seria chamar a polícia.
O fato é que a brasileira ficou arrasada e repetiu uma frase bem comum entre coexpats em apuros: “o-que-que-eu--fazendo-aqui
? Preciso-disso?”

No fundo a gente precisa mesmo é de água e comida para sobreviver. Se a gente escolhe algumas coisas, como batalhar em outra cultura, é porque o básico não basta.
É lógico que a brasileira disse que o maluquete não faria isso se fosse uma americana. Sei lá, tem gente besta em todo lugar, além do mais o cara pode ter mil motivos.
Pode ter dinheiro no mercado de ações, pode ter perdido 18% nessa semana. 18% mais pobre em uma semana pode deixar o mais equilibrado piradinho.
Outra possibilidade: o cara pode ser desses profissionais que se acham artistas e não aceitam tratar o cliente como cliente, mas como espectador. Ele pode ter levado um chutão no traseiro, sei lá, tanta coisa pode ter acontecido.
A brasileira expulsa do salão falou em procurar a associação dos cabeleireiros e reclamar. Até que ela é fina, eu jogaria uma bela praga...
Falando do ponto de vista da brasileira - porque só tive acesso à versão dela - penso que o episódio pede uma reflexão mais no sentido da autoestima. Penso no silêncio dela na hora, no fato de ela não ter tentado resolver tudo ali, não ter conseguido controlar a situação.
No lugar dela acho que teria a mesma reação, o espanto me paralisaria.
O problema mesmo é não ter o controle da ferramenta básica para exigir ser tratada com decência: o idioma. E quem enfrenta uma metralhadora só com pedras?
Diante disso, sugiro algumas estratégias: seguir com afinco no estudo da língua, se aprofundar na cultura - talvez aqui dizer que não gostou do trabalho seja mesmo inaceitável - ou não pintar mais o cabelo.
Sugiro as duas primeiras, porque ficar com o cabelo lindo, poderoso e poder cuidar da gente é bom em qualquer lugar do mundo, ?


Carmem Galbes

Que sujeitinho complicado!

Olá, Coexpat!
Reflexões sobre a crise o estouro da bolha imobiliária, em 2008, quando eu estava morando nos Estados Unidos.
A gente aprende junto com as primeiras continhas que ser humano é todo aquele que pensa.
Um pouco mais para frente, dependendo do ramo de estudo, é ensinado que esse mesmo ser pode avançar e alcançar o status de indivíduo, desde que consiga se expressar. Normalmente é bem sucedido nessa etapa quem aprende a falar com uma certa coerência.
Mas é vivendo que a gente faz a grande descoberta, não basta ser indivíduo é preciso ser sujeito. É preciso se envolver, ser envolvid@ e influenciar.
Puxei o assunto porque acho que esses dias de terremoto financeiro têm - também - muito a ver com o comportamento do sujeito.
Tod@s somos bem crescidinh@s para saber que esse negócio de passar a conta pra frente é bem esquisito. Que essa coisa de juntar o bolo e depois dividir pode ser perigosa e tem sérios riscos de se espatifar se alguém resolver enfiar a viola no saco.
Mas esse não é o foco, mesmo porque acho que o mercado financeiro - assim como a tecnologia - tem seu papel benfeitor.
O que eu fico pensando é que parece que estamos vivendo dias altamente contagiosos. Em que o sujeito se encontra pela metade, com a capacidade de apenas ser influenciado.
Falo aqui sobre a difusão do medo.
Pior que não é simplesmente sentir medo, é sentir medo de ficar com medo. Aí a gente se depara com pessoal estocando alimento, tirando todo o dinheiro do banco, praticamente dando ações que tem grande potencial de valorização. Comportamentos que fazem do ser um não humano, porque nem raciocínio é possível.
Eu sei que esse assunto é estranho, é difícil falar sobre isso porque não temos certeza da gravidade ou até que ponto essa crise é pior do que dizem.
Falam que medo é bom porque é o antídoto do risco, do perigo. Mas também pode ser venenoso quando embaralha os sentidos e confunde a consciência.
O duro mesmo é que eu não sei o que sentir.
Eu leio o Lula e ele se mostra tranquilo. Dizem que ou é fingimento ou é desinformação. Cada um, cada um...o que vejo aqui pelas bandas do tio Sam é que quem tem cabelo está com ele em pé.
Bem, eu acho que não estou com medo, mas ao mesmo tempo essa ausência de temor me deixa aflita, angustiada...com medo?
Vai entender a cabeça do sujeito!


Carmem Galbes

Eu e meu telefone dos Jetsons.

Olá, Coexpat!
Sabe aquele dia em que você tem que se organizar para dar conta da agenda? 

Pois é, hoje era um dia assim. Tinha que seguir uma escala para resolver as chamadas coisinhas da vida.
Mas tem uma coisa que altera pra valer os planos de quem está longe: MSN.
Esse troço é muito bom mesmo. Não é que esse telefone dos Jetsons - lembra da família do século 21? - então, não é que essa coisa de falar ao telefone e poder ver o rosto da pessoa ajuda a dar um fôlego pra quem morre de saudade?
Hoje perdi a noção do tempo simplesmente curtindo a minha sobrinha, conversando com a minha irmã e trocando uma idéia com os meus pais que estão saindo de viagem.
Foi uma delícia.
Em meio às críticas de que a tecnologia é uma das grandes responsáveis pelo colapso de estruturas que vão do relacionamento ao mercado financeiro, fica meu elogio para o aparato tecnológico usado para o bem.
Nunca pensei que fosse dizer isso: obrigada Bill Gates!

Atualizando mais de dez anos depois de escrever esse texto: Obrigada a todos os gênios e todas as pessoas que fazem chegar até nós - nômades ou não - essa facilidade na comunicação.
Hoje, em 05 de abril de 2019, dia em que atualizo esse texto - temos whatsapp, facetime, skype, telegram etc e tals...tem aplicativo e rede social que coloca até 10 pessoas conversando ao mesmo tempo! Gente, dá pra comemorar ceia de Natal em família online!
Palmas ainda para todo esse aparato tecnológico que, além de aproximar pessoas, derruba fronteiras, disseminando informação, valores e costumes e ajuda expatriad@s de todo o mundo a se sentirem mais em casa.
Tecnologia é coisa de Deus mesmo! Só pode ser!

Carmem Galbes

Gente, que coisa! Sobre amizades e expatriação.

Olá, Coexpat!
Eu não sei se também acontece com você, mas, às vezes, eu fico meio enjoada de gente...
Sabe, essa condição de estrangeira é danada.
Quem está longe quer se enturmar, quer trocar experiência, quer conhecer o máximo possível da outra cultura e também não quer se sentir sozinha, então não perde a oportunidade de estabelecer laços com quem vai encontrando pelo caminho.
É como uma esponja recém-saída da embalagem que vai absorvendo, aceitando tudo. 

Em um cenário novo acho até normal a gente se propor a ser super-ultra-mega receptiva.
A questão é que, para se relacionar - especialmente em um mundo inexplorado - você tem que ter padrões ainda mais maleáveis e nem sempre isso acontece.
O fato é que chega uma hora em que você já se sente mais confortável na novidade e se permite pensar sobre a qualidade dos relacionamentos.
Aí as coisas não são tão simples, parece que o verão acaba, as férias chegam ao fim.
Eu ainda não sei se alguns comportamentos e comentários irritam pela intimidade ou pela distância. Quero dizer, pela proximidade com a nova cultura ou pelo distanciamento dos próprios costumes. O que era normal, já não é. O insuportável começa a ser aceitável...
Sei lá.
Ia continuar... mas não, não vou ceder à deselegância.

Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...