Mostrando postagens com marcador brasileiras pelo mundo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador brasileiras pelo mundo. Mostrar todas as postagens

Choque cultural e suas cutucadas...

Olá, Coexpat!
Depois das dicas sobre como fazer bons negócios, esticar o dinherim, enfim, comprar melhor, a notícia agora nos programas matinais de TV nesse período pós natal é o que fazer com a mercadoria que você comprou e não quer mais.
Interessante esse negócio por aqui. Você vai à loja, gasta ou investe - como preferir - tempo, paciência e dinheiro e depois ainda tem a oportunidade de se arrepender.
Ainda não precisei apelar ao benefício, mas o fato é que isso pode ser bem legal. Às vezes acontece. Você acha que a blusa vai combinar com aquela saia, mas só quando chega em casa percebe que não caiu bem.
O fato é que tem muita gente que simplesmente compra e só decide se queria mesmo comprar dias e quilômetros depois. Deve ser por isso que o povo vive carregado de sacolas.
É simples. O sujeito arrependido, munido de nota fiscal e da mercadoria sem uso - é importante salientar isso aqui - volta à loja e diz que não quer mais brincar. Devolve o produto e a loja devolve o dindim. Isso mesmo, é verdinha na mão, não tem essa de ter que trocar por outro produto. É satisfação garantida ou seu dinheiro de volta - lembra do slogan da Sears?
Pois bem, tentei traduzir isso para a cultura brasileira. Será que funcionaria no mercado verde e amarelo? Será que as pessoas seriam realmente honestas a ponto de devolver a mercadoria sem uso?
A resposta: não sei e não ouso adivinhar. Sei que por aqui essa estratégia dá o que falar.
Dan Ariely, um renomado estudioso da relação do ser humano com as finanças, acredita que é a oportunidade que define o caráter. Ele traz em seu livro “Previsivelmente Irracional”, alguns dados sobre como o americano lida com a devolução de mercadorias.
De acordo com o livro, as lojas nos Estados Unidos perdem, em média, US$ 16 bilhões por ano com clientes que têm por hábito usar a roupa com a etiqueta escondida para não perder o benefício da devolução.
Esse valor, segundo o autor, é quase 30 vezes maior que a perda que os Estados Unidos têm por ano com os chamados roubos tradicionais, aquele em que o ladrão leva o carro ou invade a casa.
Engraçado que, apesar disso, o mecanismo não sai de cena. É sempre assim, um monte de gente comprando e devolvendo a mercadoria que não deveria, mas está usada.
Dan Ariely fala da perda para as lojas. Mas “pera lá”, será que o comércio perde mesmo ou passa a bola pra frente? Será que o benefício da devolução se mantém porque a mercadoria simplesmente volta para a venda como se fosse sem uso? Quanta gente está comprando o novinho em folha usado só algumas vezes? Será que o prejuízo se limita aos bilhões de dólares ou devemos incluir também outras perdas, como a de confiança nas pessoas e no sistema?
Então, fico aqui pensando...Será que tem muito...ah, deixa pra lá...vou dar uma volta.


Carmem Galbes
Imagem: SXC

Minha primeira virada de ano como expatriada e as lições que aprendi!

Olá, Coexpat!

Depois de umas férias pra lá de divertidas, período cheio de rodopios e frio na barriga, cá estou. E de pensar que a gente se viu lá em 2008 e já é 2009. Interessante que dessa vez não tem essa de festa esticada, entende? Não tem carnaval para dar aquela preparada no recomeço. Quando o calendário pulou do 31 para o dia primeiro foram uns fogos ali, um brinde acolá e “vamo que vamo.” Isso pra quem é daqui dos States, porque pra quem não é, pra quem tem sangue brazuca na veia, houve fogos, brindes, festa, comida, brindes, fogos...e claro, retrospectiva!
E como dizem nos campos de futebol da vida, o retrospecto foi positivo.
Dentro da categoria “o que aprendi” tem bastante coisa.
Aprendi, por exemplo, novas palavras, sinônimos, antônimos e metáforas. Conheci regras gramaticais mais apuradas e termos mais atualizados.
Fui a lugares diferentes, encontrei pessoas diferentes, lidei com jeitos diferentes, mas nem por isso me senti estranha, só diferente.
Aprendi a blogar, mas sei que vai demorar para eu deixar de engatinhar no assunto.
Lembrei que carpete no quarto é uma delícia e que entrar sem sapato ajuda a conservá-lo limpo.
Aprendi que casa com menos móveis pode deixar a vida mais simples e que dirigir não é algo perigoso que te expõe à violência.
Também aprendi que varal não faz falta e que produto que tira mancha aqui pode substituir o vermelho do molho de tomate por um buraco. Nunca vi poder igual!
Espantada, vi que uma chave de fenda e um martelo são suficientes para aprontar a decoração da casa, ao mesmo tempo compreendi que o tamanho da nossa felicidade é proporcional à habilidade que temos em acumular ferramentas.
Comprovei que só depende da gente o dia ser bom, a experiência ser rica e o momento valer a pena. 
Aprender que só depende da gente dá um baita poder!
Claro que vai ter sempre alguém para dizer que não...mas só depende da gente!
Ah, também entendi que não é porque a gente está longe que tem que aturar certas situações, certas ocasiões, certas pessoas.. Mas também entendi que, definitivamente, sem gente por perto a gente é menos gente...
Mais uma vez vi que a mudança é inevitável e será mais tranquila à medida que não relutemos diante do que já está em curso.
Outra lição: nem tudo que enverga quebra!
Pera aí, esse é meu primeiro dia útil do ano, então chega de pretérito, vamos ao presente. Aliás, o melhor presente foi não ter que ficar batendo a cachola sobre o que dar de presente, apesar de adorar presentear...
Mas, sobre o dia de hoje, chuvoso, seis graus, arrumação geral...

Tenho certeza que vai ser um ótimo ano pra todos nós!

Carmem Galbes
Imagem: SXC

Íntimo e pessoal, sobre dividir a experiência da expatriação nas redes sociais.

Olá, Coexpat!

Quando resolvi me emaranhar nas redes sociais tinha três objetivos: escrever regularmente - uma das atividades mais prazerosas para mim - estabelecer um ponto de encontro e de troca para expatriadas e arranjar o que fazer!
Mas no fim, quando a gente decide abastecer essa espécie de diário virtual, o que acaba fazendo mesmo é expor as experiências, sentimentos e opiniões.
Engraçado que isso é um tema que passa muito batido: exposição.
Não é de hoje que sabemos dessa era do “ser é parecer e aparecer”, mas o propósito aqui não é flertar com a teoria.
Venho pensando no que é íntimo e pessoal. Naquelas coisas que não devem ser mostradas, que são suas, que não têm que ser divididas. Naquelas opiniões que não têm que ser dadas. Naquela conversa que não tem que acontecer.
A expatriada sabe que a vida antes de partir é escarafunchada, principalmente, se o destino exige visto especial e cambalhota a quatro.
É preciso responder questões que vão desde o registro de alguma doença contagiosa, uso de drogas e posse de arma, até quanto você tem no banco.
Para te conhecer melhor, a empresa responsável pela sua adaptação quer saber dos seus anseios, gostos e objetivos.
Sem contar no povo que você vai cruzando e que tem uma curiosidade natural sobre sua história e vice-versa.
É como se fôssemos uma vitrine. Tá tudo ali, chamativo, fácil de conferir, acessível.
Acho que isso faz parte do jogo e isso pode ser fantástico: a nossa história pode ajudar muito gente em trânsito por aí. Mas chega uma hora que é preciso balizar. É preciso respirar fundo, olhar pra dentro, pra fora...
Tem gente que nunca terá problema com isso, nem com expor, nem com guardar. Tem gente que lida bem com os dois, que é mestre no domínio dos dois.
Eu sigo pensando sobre o tema, porque um outro objetivo com meu blog, com minhas redes é aproveitar para tentar pensar um pouco mais fora da caixinha.


Carmem Galbes
Imagem: SCX

Tem um tempinho?

Olá, Coexpat!
Não tem jeito, parece que a educação e os bons modos são diretamente proporcionais à quantidade de tempo. Tenho percebido que quanto mais tempo tenho, mais paciente, mais atenciosa e cuidadosa com o outro sou.
É triste ter que admitir isso, a falta de tempo rouba mais que a qualidade da vida, ela provoca um verdadeiro saque na boa conduta, zera o estoque de boa vizinhança a arrasa com as plantações de delicadeza e tolerância.
Espero que esse excesso de tempo que hoje preenche meu dia me ensine a viver bem - inclusive comigo - mesmo com a falta de tempo que um dia voltarei a enfrentar.
Espero que as lições aprendidas durante a abundância não me deixem na escassez.
Espero que aprenda a lidar melhor com relógios, agendas e contadores em geral e que a minha política pessoal não varie de acordo com os minutos a mais ou a menos.
Espero que o tempo não me deixe esquecer desse compromisso.


Carmem Galbes

Tem outra pessoa em meu corpo!

Olá, Coexpat!
Tenho me achado muito estranha. Tenho me flagrado fazendo coisas improváveis. Calma...nada que agrida meus valores...
Sabe, acho que o grande lance dessa experiência longe de casa é ter um olhar estrangeiro, ver as coisas de fora do aquário...
O problema é quando você não percebe que você não está mais percebendo a diferença, entende?
Assim, já me peguei fazendo tac-tac-tac com cabides quando procuro uma roupa na arara da loja - o que reflete o comportamento compulsivo do americano em comprar - já me peguei bebendo um balde de café, usando um biquíni ultra-mega grande e agora estou numas de não suportar gente falando alto. Já não gostava, isso sempre me irritou. Agora fico constrangida!
Pior é que tudo isso vai tomando lugar silenciosamente e suspeito que logo logo vou descobrir que posso ter me transformado em uma pessoa sem referências culturais, que já não sabe de onde é, para onde vai, tampouco onde quer ficar.
Isso é complicado: ser uma estrangeira para sempre, não importa o lugar!
Mas se a gente está mesmo só de passagem por esse planeta, então melhor assim.
Pensando bem, problema mesmo vai ser se eu não me acostumar de novo com a moda praia brasileira. Já pensou o biquinão daqui em Ipanema? Aff...


Carmem Galbes

Barraco no salão.

Olá, Coexpat!
Semaninha difícil essa, não?

Essa bolha imobiliária...
Fico pensando de que forma essa tormenta atinge o comportamento mais corriqueiro.
Olha só essa história: uma brasileira foi ao salão aqui em Houston. Fez luzes. O profissional perguntou se ele gostou. A resposta: não.
A cliente esperava, como normalmente acontece no Brasil - segundo ela - ter a chance de falar que pensava em algo não tão loiro e assim remarcar um horário para retoque.
Mas o “home” ficou doido. Não deixou nem pagar a conta. Abriu a porta e pediu que saísse. Não satisfeito, mandou um recado por uma outra cliente: que a brasileira nunca mais aparecesse.
Eu pensei, gente, se fosse comigo de duas uma: ou eu já mandava o cara para aquele lugar ou virava as costas e adeus.
Uma outra possibilidade, que os americanos adoram - aliás, seria chamar a polícia.
O fato é que a brasileira ficou arrasada e repetiu uma frase bem comum entre coexpats em apuros: “o-que-que-eu--fazendo-aqui
? Preciso-disso?”

No fundo a gente precisa mesmo é de água e comida para sobreviver. Se a gente escolhe algumas coisas, como batalhar em outra cultura, é porque o básico não basta.
É lógico que a brasileira disse que o maluquete não faria isso se fosse uma americana. Sei lá, tem gente besta em todo lugar, além do mais o cara pode ter mil motivos.
Pode ter dinheiro no mercado de ações, pode ter perdido 18% nessa semana. 18% mais pobre em uma semana pode deixar o mais equilibrado piradinho.
Outra possibilidade: o cara pode ser desses profissionais que se acham artistas e não aceitam tratar o cliente como cliente, mas como espectador. Ele pode ter levado um chutão no traseiro, sei lá, tanta coisa pode ter acontecido.
A brasileira expulsa do salão falou em procurar a associação dos cabeleireiros e reclamar. Até que ela é fina, eu jogaria uma bela praga...
Falando do ponto de vista da brasileira - porque só tive acesso à versão dela - penso que o episódio pede uma reflexão mais no sentido da autoestima. Penso no silêncio dela na hora, no fato de ela não ter tentado resolver tudo ali, não ter conseguido controlar a situação.
No lugar dela acho que teria a mesma reação, o espanto me paralisaria.
O problema mesmo é não ter o controle da ferramenta básica para exigir ser tratada com decência: o idioma. E quem enfrenta uma metralhadora só com pedras?
Diante disso, sugiro algumas estratégias: seguir com afinco no estudo da língua, se aprofundar na cultura - talvez aqui dizer que não gostou do trabalho seja mesmo inaceitável - ou não pintar mais o cabelo.
Sugiro as duas primeiras, porque ficar com o cabelo lindo, poderoso e poder cuidar da gente é bom em qualquer lugar do mundo, ?


Carmem Galbes

O choque que mata e faz viver!

Olá, Coexpat!
Muito interessante quando se tem acesso ao lado de lá do espelho. 

Estava lendo uma matéria, dessas de domingo, que conta a experiência de um expatriado alemão no Brasil, especificamente em São Paulo.
Interessante que as dúvidas, os receios - ou pavor, como preferir - os micos e as boas surpresas são comuns, independente da origem do expatriado.
Aí veio a fala de uma especialista que trabalha para tentar facilitar a vida do estrangeiro."O que tentamos fazer é dar todo o apoio psicológico para atenuar o choque cultural. O importante é que o estrangeiro se acostume com São Paulo o mais rápido possível, para poder render no trabalho.”
Que somos mais um número ou uma cifra, não é novidade nem aqui, nem lá longe. O interessante foi ouvir o termo “tentar diminuir o choque.”
Ótima informação: expatriação dá choque e ponto! Pode ser um baita choque ou só um tremelique, mas vai ter choque!

É normal assustar, é normal doer, é normal reagir meio que sem pensar.
Concordo que levar choque é chato pra caramba. Conheço gente que tem raiva de levar choque, fica com ódio até!

A reação é mesmo pessoal...
E as consequências desse choque vão variar de pessoa para pessoa, a partir das suas experiências, da sua resiliência, da sua resistência a dor, da sua capacidade de recuperação...
O choque da expatriação pode ferir com gravidade a alma...mas dizem que não mata! 

Ah...eu já acho que pode matar, sim!
Vou viajar agora, aperte os cintos...
Eu acho que o choque da expatriação (que pode ser cultural, de identidade e por aí vai) pode matar sonhos, pode matar relações, pode matar afeto, pode matar o prazer, pode matar a saúde, pode matar a disposição, pode matar a autoestima, pode matar a coragem, pode matar o senso de identidade, pode matar projetos em comum, pode matar valores, pode matar crenças, pode matar todo um modo de ver o mundo, pode matar todo um modelo de vida.
O bom é que esse choque mata, mas também tem carga para fazer viver. Não para ressuscitar, mas para gerar uma nova vida. E, pelo que tenho visto, essa nova vida geralmente vem super energizada! 
Quem renasce desse choque surge com mais poder, mais força! É algo difícil de colocar em palavras...o choque da expatriação transfere uma carga tão alta para a pessoa, que é como se ela se transformasse naqueles equipamentos que só precisam, de tempos em tempos, ficar um pouco expostos ao Sol para voltar a funcionar. É como se a pilha, a força para lidar com os acontecimentos da vida nunca mais acabasse.
Claro que o processo não é simples. Como já disse, choque fere, choque dói.
Mas os ferimentos podem ser tratados e cicatrizados. 
Melhor ainda: a saída não seria se preparar, usar luvas, uma toalha, chinelos de borracha para isolar um pouco corpo e alma
A descarga não seria evitada, mas reduzida... 
Por outro lado, se o choque pode trazer tanto poder, tanta energia, por que atenuá-lo?
Para evitar mortes desnecessárias!
Então é isso! Desejo conhecimento e discernimento para a exposição ao choque da expatriação e coragem, força e paciência para tirar o melhor dele.

Carmem Galbes

Esse furacão me deixa zonza!

Olá, Coexpat!É a primeira temporada de furacão que eu pego na minha vida. 
Já enjoei! 
Cansei desse negócio de um alerta de desastre por semana. Quem consegue viver nessa situação de tragédia iminente?
É um ufa atrás do outro!!
Ok, prefiro que continue assim, só alerta, só ameaça...
Mas, para mim, “já deu” esse clima de pavor que se instala dias antes da chegada do bicho e a novela que se faz em torno dele.
Com a TV, já aprendi todos os nomes: começa como tempestade tropical, vai para tornado, aí vem o furacão de 1 a 5. Também já peguei várias dicas ultra-mega-exclusivas sobre a melhor forma para se preparar para a visita. Desocupe a varanda, proteja as janelas. Se tiver que deixar a cidade, não esqueça do seu animal de estimação...Oi?!
Tem gente que prefere acompanhar os sites especializados que trazem zilhões de fotinhos coloridas, números, projeções e pouco juízo de valor.
Ah, tem ainda a tal cartinha do condomínio lembrando que eles não se responsabilizam por nada. Nossa que novidade...
Mas a natureza é assim. Eu que saia da frente!

Aliás, preciso ir. Vou atrás do kit água-lanterna-angu-mochila.
Espero que seja só mais um treinamento...um treinamento intercultural!


Carmem Galbes

Adoro sexta!

Olá, Coexpat!
É, não tem jeito. Têm coisas que ficam com a gente pra sempre. Não importa a cultura, não importa o endereço, não importa o novo modelo de vida...

Exemplo? Sexta-feira pra mim é dia de faxina.
Interessante que mesmo com o passar do tempo e com a data da limpeza determinada mais pela agenda de quem me ajudava do que pelo meu calendário, a sexta ficou com esse ar de limpeza, de arrumação caprichada, de cheiro cheiroso, de purificação...
Engraçado que, apesar do encontro estafante com aspirador e companhia, costuma sobrar pique para coisas que adoro fazer em dias assim: dar uma volta por aí sem muita pretensão, encarar uma alimentação sem tantas regras dietéticas ou de etiqueta...

Claro que tem sexta de lascar!
Também tem sexta que tanto faz...
Mas na maioria das vezes esse último dia útil da semana carrega um mundo de possibilidades...
E quem não adora sexta-feira? 

Vinicius - o de Moraes -  preferia sábado. 
Sou gente comum! Então viva a sexta!
É que, apesar de estar na condição de apoiar a carreira do meu marido em outro lugar, e estar - por ora - "dispensada" daquele trabalho obrigatório de 8h às quando Deus quiser, está empregnado em mim que a sexta é autorização para descanço, ócio, delícias...
Preciso urgentemente mudar meus conceitos!
É...só uma coexpatriação mesmo para fazer a gente ver a diferença do que a gente realmente quer e o que querem pra gente...
Pensando bem, a impressão que tenho é que nessa condição que estou - de vida profissional em suspenso - segunda, terça, quarta e quinta são tão legais quanto a sexta e o sábado! E o domingo perdeu aquele fim de tarde rabujento!
Nossa!!
De qualquer forma, continuo adoranto sexta!

Carmem Galbes

Café com leite.

Olá, Coexpat!
Não tem jeito, o sotaque dá uma condição muito interessante para quem está longe do lugar de origem. Ele faz da gente uma personagem quase café com leite, aquele tipo que não tem muita vez, não tem muita voz, pelo menos no dia a dia gringo.
Um exemplo: numa loja, uma vendedora me perguntou: turista? 

Eu disse que não. 
Ignorando a resposta negativa e atenta ao sotaque ela simplesmente disse, ah, desculpe, essa promoção só vale a pena pra quem vai passar um bom tempo aqui.
Como a oferta da moça não me interessava em nada, nem insisti. 

Mas a cena foi interessante.
Me fez pensar que não basta ter orelhas e ouvir bem, tem que saber escutar. Escutar o que o outro diz, não o que já dissemos internamente pra gente.
Mas a escuta é algo que não se ensina por aí,

A gente aprende a falar, aprende a ler, a escrever, mas a escutar não. 
A audição, quando tudo corre bem, nasce com a gente.
Mas a escuta, essa a gente tem que desenvolver! A gente tem que dedicar tempo, atenção e amor ao próximo para escutar de verdade. Para entender o que se fala.
Mas quem está mesmo disposto a escutar de verdade? 
Bom, tome para você a responsabilidade.
Treine a escuta! No mínimo, você vai se ouvir melhor!

Carmem Galbes

Entre o belo, o útil e o indispensável.

Olá, Coexpat!
O período aqui nos States é de volta às aulas. 
Nada novo, isso acontece no mundo todo pelo menos uma vez no ano. Mas uma cena me cativou. 
No supermercado uma mãe tentava convencer a filha sobre os benefícios de uma mochila mais em conta, porém menos atraente esteticamente em relação ao modelo que a menininha havia escolhido.
Esse nhe-nhe-nhem na seção de material escolar também não é novidade. Aliás, o mais comum em período assim é acompanhar verdadeiras batalhas por causa de caderno, borracha, canetinha e apontador.
Não, essa conversa não é sobre a luta da aluninha pelo belo e nem pretendo abordar o esforço da mãe na defesa do útil.
O fato é que mais um clichê bateu à porta. 

Dizem por aí que não importa o que acontece na vida da gente mas no que transformamos esses acontecimentos. 
A menininha não será a única com a mochila mais útil que bonita na escola. Uma legião de colegas deverá estar na mesma situação, mas como cada uma vai se acertar com as experiências do cotidiano isso é outra coisa...
Gosto dos 'causos' da astrônoma Maria Mitchell. Ela viveu sob os mandos e desmandos dos costumes, como todas as mulheres no século 18. 

Como ela administrou isso
Ela poderia ter decidido seguir o que determinava a sociedade, poderia ter ficado deprimida, poderia ter ficado apática e ter deixado tudo pra lá...
Mas ela preferiu posicionar-se ativamente - porém de forma pacífica - em relação ao que não concordava.
Um exemploParou de usar roupa de algodão para protestar contra o trabalho escravo.
E nessa jornada pela própria liberdade e pela liberdade de outros seres humanos, Mitchell fez muitas descobertas! Descobriu até um cometa - que leva o seu nome!
Sim, também temos um universo a explorar. 
E não precisamos estar tão longe, tão só, tão...Basta coragem para simplesmente olhar. É que, como dizia Michell, quanto mais vemos, mais estamos capacitados para ver.
Então abra os olhos, inclusive os da alma, para perceber a beleza e a utilidade dessa incrível experiência que é uma expatriação. Essa fantástica experiência de estar em um lugar desconhecido - dentro e fora de você -  pronto para ser desbravado!

Carmem Galbes

Que sucesso essa gata que sabe latir.

Olá, Coexpat!Não, não é só você...
Por mais que alguém seja fluente em um outro idioma, essa tal língua não deixa de ser estrangeira e sempre tem uma hora que cansa...
Aí pode acontecer de você soltar uns fonemas em Português, não dar algumas respostas e deixar de fazer certas perguntas.
Tudo bem, pode ser que você não esteja pra conversa hoje e deve estar cansada até para falar na língua materna. Mas a história é pequena e bonitinha. Ouvi agora a pouco.
A gata seguia com sua prole pela rua quando apareceu um cachorrão, o mais invocado da vizinhança. Os filhotes ficaram assustados com o bicho e surpresos com a reação da mãe.

Em vez de recuar, a gata seguiu toda empinada e parou em frente ao Rex. Encheu o pulmão e, em vez de "miauuu", deu uma bela latida. 
O Rex nem tentou enfrentar, virou a esquina e sumiu. 
A bichana, muito sábia, virou para a cria e disse: viu como é bom saber uma segunda língua?
Então não desanima! Aproveite sua estada em outro país para seguir com seus estudos no idioma! Fale sem medo de passar vergonha! Meta as caras! Fique fera em latido, mugido e o que for necessário! E, se um dia precisar latir, o "au au" pode sair até com sotaque, mas que o receptor vai entender a mensagem , isso vai!

Carmem Galbes

Desejo e gozo.

Olá, Coexpat!
Numa sexta-feira dessas defendi a importância do ócio, do lazer, do papo pro ar ou o nome que você preferir para o famoso “dar um tempo”.
Engraçado, como é difícil aceitarem - me incluo - que me propus a ficar um período sem seguir a cartilha sócioprofissional. 

Sempre chega a pergunta, 'e aí o que tem feito?' 
É muito estranho responder: nada!
Mas eu estou fazendo nada mesmo. Nada do que dizem que deveria fazer nesse período de coexpatriada. 

Não, não estou fazendo trabalho voluntário. Também não, não participo de grupos de mulheres de-sei-lá-o-que. E não, não estou grávida. 
Desculpe, não, não e não. 
Ok, estou estudando, quero viajar o que puder e experimentar, experimentar e experimentar. Adoro número primo!
Mas não é que envolvida nesse meu projeto bloquímico, sim - porque, pra mim, lidar com tal tecnologia é quase tão difícil quanto entender química - lembrei de uma palestra da psicanalista Maria Rita Kehl.
Ela falava sobre passividade quando soltou a trovoada: "até a morte estamos entre o desejo e o gozo, queremos estar muito mais tempo no gozo, mas a vida é mais valiosa à medida que dedicamos mais esforços em alimentar o desejo."
Não tem jeito, o desejo é o combustível do dia seguinte. A gente morre é de prazer!
Claro que batalho para não cair no desejo comum, alienado. Aqui, pelo menos aqui, quero desejar para o bem, para o meu bem. Busco o desejo que resulte - tomara - em uma satisfação realmente plena e pessoal.
Mas hoje é sexta. E só posso desejar uma coisa: que o mundo tenha um fim de semana de gozo total.


Carmem Galbes

Um minuto de silêncio, você consegue?

Olá, Coexpat!
Nesse mundo em que a gente acha que tem tanto a dizer e em que o tempo todo é convocad@ a falar, ficar em silêncio é quase uma derrota.
Ok, poder falar e conseguir dizer o que se pretende é tudo de bom.
Mas hoje queria conversar um pouco sobre aquele outro silêncio. Eu sei...esse tema é quase clichê de tão debatido, estudado, explorado - até. Mas, na prática, quem consegue encontrar o silêncio interno, a tal da quietude?
Engraçado, é quase um autoelogio falar: “nossa, não consigo ficar quieta!” Isso tende a soar como "nossa, sou super esperta, agitada, envolvida com o mundo, bacana, jovial, legal..."
Mas, será que se a gente fechar os olhos e abrir os ouvidos não vai conseguir ouvir um: "nossa, não consigo parar cinco minutos para dar espaço ao nada."

Que fuga é essa do nada?
Será que o fato de estar assim tão longe de casa, do ninho, eu não posso ficar quieta?
É que a gente sabe que isso pode doer,

O silêncio dói, a pausa dói!
É que a gente sempre acha que no silêncio ouve assombração...
Mas como tudo é uma questão de foco, de para onde direcionamos a nossa atenção, a gente pode ouvir passarinho também... e grilo... e miados & latidos... e ideias... e respostas que não conseguiríamos prestar atenção em meio a tanto barulho...
Então acho que vou pedir ao Supremo, não ao Tribunal Federal, mas ao Supremo Poder do Universo que me conceda o direito - ou a coragem - de ficar calada. Que me conceda o privilégio de não dizer nada, apesar das exigências internas e das expectativas alheias, apesar das urgências, dos receios, da angústia, dos questionamentos. 

Tudo porque quero ter a chance de ouvir o que o silêncio tem a me dizer!

Carmem Galbes

Colecionadora de pennies.

Olá, Coexpat!
De onde eu vim, milhas é aquilo que você acumula ao viajar de avião
Pé serve para por sapato. 
Libra é o signo da minha mãe. 
E polegadas dita o preço da TV.
Mas as coisas têm mudado e, como uma digna infanta - condição readquirida pela expatriação -  meu propósito é sempre facilitar.
Já aprendi que no trânsito a velocidade não pode ultrapassar o número 35, o mph - milhas por hora - eu deixo pra lá.
O pé aqui tem 30 centímetros. Eu nunca vi um pé desse tamanho, mas de repente me vi encolher. Virei uma centopéia manca com pouco mais de cinco pés - de altura, estranho? 

Estranho é meu peso que só aparece em centena. Quantas libras...Isso é angustiante!
Pensando bem, angustiante mesmo é pedir peito de peru fatiado. Estava acostumada com 200 gramas. Agora fico naquela continha mental de mais um, menos um, sobe dois.
E para saber a temperatura então? Já suei tanto que cheguei a perder dois quilos transformando Fahrenheit em Celsius.
Como lido com as polegadas? Ignoro. 

Agora imagine você no mercado, na fila do peito de peru, tentando saber se está calor e tendo que se concentrar na hora de espirrar? 
Lembre-se, atchum em vez de atchim
Se doer é ouch e não ai.
Mas mudando de assunto, uma coisa que eu gosto é dos nomes das moedas. Penny para um centavo, dime para dez e quarter para 25. 

Sabe, tenho uma amiga que coleciona penny. Ela já juntou 257 pennys (sic). Bom, ?
Moral da história: sem bom humor, a expatriação pode te matar...de saudade, de raiva, de medo...

Carmem Galbes

Expatriação e o teletransporte para a primeira infancia.

Olá, Coexpat!
Com o propósito sempre de integração cultural e de pesquisa antropológica - claro (#sqn) -  hoje dei uma de americana e fui às compras logo depois do almoço.
É estranho, você entra nas lojas e parece final de semana ou grande liquidação, está sempre tudo cheio. Acho que é porque o clima aqui é de fim de férias. Bom, só vou saber quando mudar a estação.
O ritmo na loja é diferente. Não tem aquela paquera com a mercadoria. O pessoal vai olhando tudo de forma acelerada. O som é de cabide batendo, tac-tac-tac uma peça após a outra. De repente uma pausa. A loira ao lado acha uma blusa linda! Vai ter olho clínico assim lá longe.
Peguei 327 milhões de itens...e nada! É que ainda não me acertei com meu número...
Mas, sabe aquela história da azeitona da empada? Pois é, tanta roupa linda e um soutien que sobrava na frente e apertava nas costas acabou disparando um blá-blá-blá mental. Sim, tenho tido muito disso ultimamente.
Sinto que eu nasci ontem. Não sei mais meu manequim, a noção de caro e barato complicou, sem contar o bê-á- em tudo, no restaurante, no trato e no destrato... Usar moeda então é exercício de paciência, imagina para o caixa...
Mas a gente cresce, ?


Carmem Galbes

Em que Lua você está?

Olá, Coexpat!
Meu propósito hoje era trazer um conteúdo mais formal, com alguns numerinhos – coisa de jornalista. O fato é que não encontrei nada que traduzisse numericamente o cotidiano dos profissionais e suas famílias no exterior.
O que me chamou a atenção foi uma tese que citava um livro de 1986 - Culture Shock: Psychological reactions to Unfamiliar Environments, London: Methuen. Um alívio...até que enfim uma visão mais humana do processo.
Na obra, os autores Adrian Furnham e Stephen Bochner dizem que @ expatriad@ passa por quatro fases:
O começo é de euforia, lembra muito aquelas férias em um lugar novo.
Mas...no fim de três semanas - mais ou menos - vem a segunda fase , a do choque, quando o desencanto começa a marcar o dia a dia.
Os autores garantem que isso normalmente passa.
Bom, então se o esquema deles funcionar mesmo, eu sei que vou entrar na fase três quando passar a adotar - sem crise - as regras e os valores do novo país e tiver confiança para me aventurar na rede social.
E como quando a gente conversa a gente se entende, eis a fase quatro, a de relacionamento intercultural e de estabilidade emocional.
Perceba que da fase dois em diante nossos amigos não detalham o tempo de duração. Portanto, cada caso deve ser um caso, como tudo na vida!
Mas se na teoria a tese é fácil, os escritores lembram que o a integração pode ser tamanha, que corremos o risco de abandonar a própria cultura - aí complica na volta.
E você, em que fase está?
Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...