Família do profissional expatriado recebe menos apoio que o necessário. O que você vai fazer a respeito?

"Percebemos uma tendência de deficit de apoio em tópicos relacionados à família e a superavit de apoio em tópicos relacionados aos procedimentos práticos da transferência profissional."
Essa é uma das principais conclusões da pesquisa Mobility Brasil 2017, feita pela Global Line, Worldwide ERC e Fundação Instituto de Administração. 
Uau, parece que dessa vez os expatriados foram ouvidos! E foram mesmo! 
No estudo, que tem como objetivo gerar informações para apoiar o trabalho dos profissionais de RH envolvidos com mobilidade internacional no Brasil, foram catalogadas as respostas de profissionais responsáveis pela mobilidade em 200 empresas e de 400 funcionários expatriados.
O que os expatriados disseram?
  • 92% consideram a expatriação muito desafiadora. 4 dos 3 principais desafios estão relacionados à família. O mais difícil nisso tudo? A transição da carreira do cônjuge que acompanha.
  • Metade dos funcionários expatriados não está nada feliz com os departamentos de RH que cuidam da mobilidade e sugerem que as políticas de expatriação sejam mais flexíveis.
Outros dados:
  • De cada 10 transferências que fracassam, 9 não dão certo por questões familiares e pessoais!
  • As empresas seguem oferecendo, em média, 13 benefícios para os expatriados. Um terço admite pagar também uma verba para as Coexpatriadas, para saber o significado do termo, clique aqui.
  • Para reduzir custos, as empresas estão, cada vez mais, mudando o regime de expatriação - com tempo determinado - para transferência definitiva, em que o profissional passa a ser um funcionário local sem prazo para retorno.
Agora, atente para outra  conclusão super importante dos pesquisadores:"Os membros da família expatriada frequentemente vivenciam alterações mais profundas em suas vidas diárias do que o próprio expatriado. Apesar de um treinamento intercultural bem conduzido ser uma comprovada base inicial para uma adaptação bem-sucedida, alguma famílias podem enfrentar problemas específicos que exijam acompanhamento continuado. Nesses casos, o apoio através de serviços de follow up, coaching e do desenvolvimento de uma forte comunidade de expatriados parecem ser iniciativas mais efetivas."
Finalmente, o que muitas famílias expatriadas vem sentindo na pele, ganhou aval científico: treinamento intercultural é fundamental, mas é básico, não dá para parar por aí! 
Isso quer dizer que as famílias expatriadas têm que fazer piquete na porta das empresas? Quem ressoa com isso, fique à vontade! 
Mas, sinceramente, acredito que, até as empresas internalizarem o discurso e o colocarem na prática, a estratégia mais inteligente seja assumir as rédeas da situação, pôr a mão na massa e não ficar à espera de um suporte que pode não chegar. 
Agora ficou bem claro que há menos apoio que o necessário às famílias expatriadas, ficou claro que as empresas vão ter que contornar essa situação para melhorar aquela taxa de fracasso da expatriação e ficou claro também que a família expatriada tem que  entender definitivamente a complexidade de aceitar um convite de expatriação e assumir essa bucha, em todos os níveis. Tem que cuidar da própria saúde física, mental e espiritual nessa jornada.
Então, o que VOCÊ E SEU PARCEIRO, eu disse VOCÊS, vão fazer para deixar a vida longe de casa enriquecedora para TODOS os membros da família, não apenas para quem foi transferido? 
Existem várias respostas, o céu é o limite! Que tal começar por abrir a cabeça e se propor a enxergar essa experiência de uma forma que te tire da dor?
Pense nisso e conte comigo!
Para ler toda a pesquisa, clique aqui.
Carmem Galbes

Você vai embora mas seu comportamento pode ficar para sempre!

Essa vida de nômade pode te transformar em um dos seres mais estranhos da face da terra: o ser que espera piamente que tudo mude amanhã!
Não, isso não é legal, nem bacaninha, nem engraçado, nem expressa desapego. Isso pode ser doentio e fazer você se afogar no que eu chamo de um poço de aceitações do que sempre foi inaceitável para você.
Comecemos pelo que é palpável: como você espera que tudo mude amanhã, acaba aceitando que a casa fique meio capenga. A decoração não é como queria, nem a disposição dos móveis - muitos, aliás, lascados, arranhados, amassados na última mudança. E as cortinas que não servem direito nas atuais janelas? E os armários que são poucos? E a voltagem que é diferente e obriga as tomadas a ganhar transformadores horríveis? E a garagem que é apertada demais? E o bairro que não é tão central?
Você, que já aceitou morar longe da família, dos amigos, da vizinhança conhecida. Você, que aceitou deixar seu trabalho, sua casa própria para viver em uma de aluguel, que concordou em perder a diarista, em não ter mais indicação de um médico competente, de um cabeleireiro que te levanta, agora tem que aceitar que toda essa situação é pra sempre? É aí que entra a vingança de quem espera que tudo vai mudar amanhã...mas não muda: viver de improviso, pronta para a próxima transferência - que pode ocorrer mês que vem, quem sabe?
Tudo bem que estamos todos de passagem por esse mundão. Eu sei bem que todo esse processo de mudança pode ser pesado demais, ainda mais nas primeiras vezes, ainda mais para quem não queria muito sair de onde estava...Mas isso não quer dizer que a gente deva viver de improviso.
Há quem defenda o improviso. Tudo bem, em alguns casos também sou adepta, e quem não é?
O ponto é quando o improviso invade as emoções e os relacionamentos, o problema é quando o improviso flerta com o descaso.
Na vida real, quem está de passagem, crente que está vivendo determinada situação provisoriamente, não se envolve, não se permite, não assume. Pior, não chuta o balde para poder se reconstruir. Fica naquele "faz de conta que estou aceitando tudo numa boa", mas no fundo não está. Aí, de duas uma: ou pira ou morre e mata de raiva!
Aí vira aquela pessoa estranha no sentido original da palavra, estranha ao meio, uma extraterrestre em pleno planeta Terra. A pessoa vive desencaixada, desconfortável ou encaixotada - presa em casa.
Tem sim aquelas que vão pra rua, mas para - pura e simplesmente -  comparar com a experiência passada e menosprezar. E menosprezam tudo: o sistema, a cultura e, por consequência, as pessoas que são daquele lugar.
Tenha certeza, é deprimente ter contato com alguém que não vê a hora de partir. 
Podemos, sim, passar de forma saudável por esse processo. Se nos predispormos, podemos passar cada vez ferindo menos a nós e aos outros. Mas isso exige aceitar um paradoxo: embora todos - em última análise - estejamos de passagem temos que entender que uma palavra, um comportamento, uma ação pode tocar o outro para sempre, para o bem ou para o mal, a gente ficando ou partindo! 
Carmem Galbes

Finanças, casamento e expatriação: é preciso colocar os pingos nos is!

Dizem que cada um de nós é uma empresa Ltda, decidimos de forma autônoma e independente.
Quando casamos "vendemos" parte de nossas ações e viramos uma empresa de capital aberto. Não podemos mais agir sem ouvir todos os sócios - marido, esposa e filhos - a não ser que queiramos fracassar como S.A. 
E quando a família é expatriada? Aí digo que entramos para o Novo Mercado! O Novo Mercado é uma categoria do mercado brasileiro  de ações em que, para fazer parte, a empresa tem que atender ao mais alto grau de transparência e práticas éticas.
Então seu marido recebe um convite para trabalhar em outro lugar ou a família já aceitou e  se mudou. Será que vocês estão prontos para viver de acordo com o modelo exigido por esse Novo Mercado?
Vou me limitar aos aspectos financeiros:
  • Você sabe qual é o salário do seu marido? 
  • Você sabe se há outras entradas e valores?
  • Você sabe quanto a família gasta? 
  • Você sabe se sobra dinheiro no fim do mês, quanto sobra e onde esse dinheiro é investido? 
  • Você e seu marido conversam sobre investimentos? 
  • Quais são os objetivos da família nessa expatriação?
  • Todos da família sabem desses objetivos?
  • Os objetivos incluem criação de poupança e aumento de patrimônio?
  • Se seu marido fosse demitido hoje, você saberia dizer quanto tempo a família consegue manter os gastos sem salário?
  • Você sabe quais gastos cortaria primeiro?
  • A família tem um plano de aposentadoria? Ele inclui a coexpatriada que não está empregada em uma empresa?
  • Quanto você e seu marido planejam ter de renda aos 65 anos?
Se você quer ter poder no papel de Coexpatriada (para saber o significado do termo, clique na palavra) tem que se informar! Informação é poder!
Eu sei, eu sei, o tema é pra lá de delicado. Tem a questão do regime de bens entre os cônjuges, da criação, da história, da experiência e dos valores que cada um tem com relação ao ganhar, guardar, multiplicar e gastar dinheiro. Algumas podem defender que querer saber da vida financeira de outra pessoa é invasão de privacidade. Outras estão tão deslocadas de sua identidade que acreditam realmente que perderam a independência financeira e estão a mercê de um provedor que tem a última palavra porque, afinal, é ele que sustenta a casa.
Eu digo: Oi?
Você deixa de lado a sua carreira para apoiar o sucesso profissional do seu marido, demite-se do emprego - abrindo mão do reconhecimento profissional, acaba assumindo grande parte dos cuidados com a casa e com os filhos - porque o marido está abarrotado na nova função - é a principal ponte entre a família e a nova cultura e não sabe qual é o retorno financeiro de todas essas decisões e responsabilidades? 
Pior, além de não fazer ideia do retorno sobre o investimento, você tem que se dar por satisfeita por receber uma "mesada". Mesada? Isso não seria coisa que filho recebe quando ainda não tem renda porque não trabalha? Você trabalha e muito (creio eu) para fazer essa expatriação dar certo. E se não é por seu empenho e entusiasmo a chance desse projeto fracassar é enorme! Sabia que, de cada 10 empresas que expatriam, 8 dizem que quando a expatriação não dá certo é porque a família não se adaptou ao novo modo de vida? Então olha a importância da sua função! E dê uma olhada também na pesquisa da Global Line, que tem outros dados interessantes!
É lógico que cada família tem seus acertos. Cada casal funciona de um jeito. Tem casal que não consegue guardar nada e tem aquele que não consegue gastar nada. Tem o que não faz ideia do quanto ganha e quanto gasta.Tem o que combina quanto pode gastar no mês, quanto vai guardar para atingir um objetivo e por aí vai. Mas tudo é acertado em comum acordo, sem um achar que é mais que o outro ou tem direito exclusivo ao voto, porque é o que "sai de casa para matar o mamute". Todos estamos matando o mamute, só que em cenários diferentes! 
O que não dá para aceitar é a infantilização de quem acompanha o profissional expatriado, aqui falo com a mulher, mulher que é essencial para fazer a expatriação virar. Não ter acesso às informações financeiras, boas ou ruins, é viver num mundo de faz de conta, de café com leite. Já ouvi muitos maridos dizerem que não abrem os dados financeiros porque a mulher é muito "gastona" ou porque deprimiria se soubesse da real situação econômica da família. Bom, aí o problema é mais embaixo e acredito que uma ajuda profissional - de terapeuta, orientador financeiro, coach - seria interessante.
Sei que hoje peguei pesado. Não se sinta julgada. Encare essas palavras como uma forma diferente de pensar sobre expatriação: um processo em família, que exige total presença e transparência de todos os envolvidos. Exige, principalmente, maturidade do casal.
Ah...passei o texto defendendo a importância da mulher no processo de expatriação e como devemos adotar e viver na prática o discurso que "tudo o que entra e sai é de todos na família". Então, também não vale dizer que você não vê a hora de voltar a ter sua renda para não ter que dar satisfação a ninguém sobre seus gastos. Lembre-se sempre: você está num casamento, num sistema S.A. 
Só para pontuar, falo com a esposa expatriada porque escolhi falar com a maioria. É que, de cada 10 expatriações profissionais, 8 ainda são motivadas pela carreira do homem e é a mulher que acaba tendo que abrir mão de muita coisa para seguir ao lado de alguém.
Carmem Galbes

Como um livro que não foi aceito pelas editoras inspirou minha nova carreira nessa vida de esposa de profissional transferido.



"Mudança de casa - por mais feliz que seja o motivo - sempre provoca angústia, imagine nos pequenos: 'mamãe, posso levar as paredes?', meu filho indagou quando recebeu a notícia de que mudaria de endereço."
Assim eu começo a carta que anexei ao original de um livro infantil que saiu do fundo da minha alma através de uma das relações mais caras da minha vida: a relação com meu filho.
"Tetelo Muda de Casa" nasceu da ânsia de explicar o inexplicável! Por que mesmo que a gente tem que deixar tudo que ama, que está em perfeita harmonia para se aventurar no desconhecido? Não que o livro explique, o que ele se propõe é abrir um diálogo de forma divertida sobre um tema que pode ser muito dolorido:  mudança de endereço.
Poderia continuar falando sobre o livro e a importância da conversa com nosso rebento quando estamos envolvidos pela aura de uma transferência. Mas deixo o tema para um outro post. 
O que vou fazer aqui é contar um pouco da minha saga para me redescobrir como profissional depois que nasci como Coexpatriada (para ler o significado do termo clique sobre a palavra) e como "Tetelo Muda de Casa" foi fundamental nesse processo.
Com filho  e morando longe de toda a família, eu não queria de jeito nenhum voltar para a rotina das redações, com horários indefinidos, plantões em finais de semana, feriados e nas festas mais deliciosas que os nossos pequenos adoram!
Comecei a investigar o que poderia fazer. Como poderia conciliar a maternidade e a vida profissional de uma forma que eu pudesse levar tudo na bagagem, caso meu marido fosse transferido de novo, como de fato foi.
Comecei com o óbvio: sou jornalista, então vou fazer reportagens, no sistema freelancer, para jornais e revistas. Passei para o desejado: vou aproveitar a minha grande paixão - escrever - para produzir textos para sites e blogs. 
Mas eu queria mais. O que eu queria mesmo era ajudar as Coexpatriadas.
Desde 2008 -  ano da minha mudança para o exterior - que eu venha pesquisando e escrevendo aqui no blog sobre a identidade da mulher que topa deixar muita coisa de lado para apoiar a carreira do marido. Eu gostaria de continuar lidando com o tema...mas não sabia como - de fato - transformar em um negócio a  ajuda que eu me propunha a oferecer às mulheres que enfrentam muitas perdas em nome do sucesso de outra pessoa.
O livro veio como uma possibilidade. Bingo: eu ajudaria as Coexpatriadas, seus filhos, enfim, a família toda, e seguiria com minha paixão: a escrita! 
Passei para o papel os diálogos que tive com meu pequeno. Estudei um pouco sobre literatura infantil. Escrevi o livro. Registrei minha obra na Biblioteca Nacional e comecei a distribuir o original. Foram mais de 50 editoras, uns 700 Reais entre cópias e postagens nos Correiros e mais de 50 nãos. 
Definitivamente eu não estava trilhando um caminho certo...
Mas como eu iria saber qual é o caminho certo? Quem poderia me ajudar?
Algumas fichas só começaram a cair quando decidi sair do casulo e bater asas. Pesquisando na internet, encontrei um grupo de mulheres empreendedoras que se reuniam uma vez por mês no Recife antigo. Lá fui eu, como aquela garotinha no primeiro dia de aula, para uma reunião que iria tratar de muita coisa menos do que vinha sendo comum para mim: maternidade, casa, casamento etc e tals.
A cada reunião, o livro como negócio ia dando lugar a novos insights. Um deles me fez colocar a mão na massa mais uma vez. Aproveitei umas férias do marido e parti para São Paulo para me qualificar como personal organizer. Pensei: vou ajudar a Coexpatriada a organizar a mudança, a nova casa e a rotina para que sobre tempo para ela aproveitar ao máximo a experiência no exterior.
Quanto mais eu estruturava meu negócio, mais eu percebia que a Coexpatriada precisa de apoio sim, especialmente aquele que ajuda a resgatar a identidade, que acaba perdida em alguma caixa da mudança...
Bora para mais uma qualificação, a de coach. Assim nasceu o coaching desenhando especialmente para a esposa do profissional transferido: um processo com início, meio e fim, que auxilia a Coexpatriada a entrar em contato com seus valores, talentos, propósito de vida e novos objetivos. Assim nasceu a empreendedora. Assim nasceu a Leve, a minha empresa.
Mas por que eu comecei a nossa conversa com um livro que não foi aceito pelas editoras? 
Porque o livro me ensinou a receber os nãos e me motivou a buscar os "sins".
Consegui publicá-lo, não da forma convencional, mas de uma maneira que jamais teria pensado... 
Já com a Leve rodando, eu queria muito publicar o livro. Não mais em nome de uma renda. Eu realmente acreditava que ele poderia ajudar muitas famílias. Nessa altura, já havia estruturado o material como um e-book ou o livro digital. Mas e as ilustrações, tão importantes quanto as palavras em uma obra infantil? 
Foi aí que, durante uma noite, enquanto preparávamos o jantar - o maridão sugeriu: pede para as crianças que já mudaram ilustrarem. Pronto! Foi umas das sensações mais gostosas da produção do livro: ver as crianças transformarem em imagens as palavras que eu havia escrito! Foi muito, muito emocionante. 
Mas e a capa? Bem, a capa surgiu como parte de uma outra redescoberta profissional, a de uma amiga querida, também Coexpatriada, Cibele Dias.
Assim "Tetelo Muda de Casa" virou realidade. Está disponível no site da Leve e na Amazon, gratuitamente, em duas versões: ilustrada pelas crianças e uma sem desenhos para que os próprios leitores ilustrem a experiência de mudar.
Perfeito: um processo coletivo, que nasceu do diálogo com minha família, meus amigos, comigo mesma. Sim, porque eu precisei muito dialogar com a melhor parte de mim para não desistir, para buscar diferentes caminhos para conseguir resgatar minha autoestima profissional, para voltar a ter uma carreira, uma carreira portátil que eu levo comigo para onde a empresa do meu marido nos mandar!
Foi fácil, é fácil? Essa pergunta é realmente importante? 
O importante para mim é que é gratificante. Hoje o que faço me faz seguir adiante, me faz fazer planos, me faz deixar  a exaustão pra lá, me far querer aprender mais e mais. Isso é importante! Essa é a pergunta que importa: o que você faria até de graça? Eu fiz um livro! Mas dele sairam muitas e muitas coisas impagáveis, inclusive a minha nova profissão!
Espero que a minha história te inspire!
Para ler "Tetelo Muda de Casa" é só clicar aqui.
Para saber como a Leve pode te ajudar, clique aqui.
Se você é uma Coexpatriada, junte-se ao nosso grupo no Facebook!

Carmem Galbes

Como o Coaching em Mobilidade pode melhorar a vida da esposa expatriada.

Para a mulher que acompanha o marido em uma transferência profissional, mudar de endereço é mais do que ir de uma casa para outra. 
Em muitas vezes...
  • É ter que se desfazer - em um curto espaço de tempo - de uma rotina bem estabelecida e de um modo de vida que se amava.
  • É ter que abrir mão da própria carreira e seguir sem trabalhar, porque nem sempre o visto que permite o trabalho do marido se estende à esposa.
  • É perder a independência financeira.
  • É sentir a ausência do cônjuge, que está totalmente envolvido com os novos desafios profissionais. 
  • É perder a rede de apoio e algum suporte emocional, porque parentes e amigos estão distantes.
  • É perder o auxílio em casa, já que a mudança nem sempre é para um local em que se consegue contratar um empregado doméstico com facilidade.
  • É ter que tocar a administração da casa e da rotina dos filhos sozinha e sem deixar a peteca cair, porque as crianças precisam se adaptar.
  • É deixar de ser a "Fulana de Tal" para ser a esposa do expatriado "Fulano de Tal".
  • É ter que deixar de lado, pelo menos por um período, os próprios sonhos e necessidades.
  • É ter que conviver com a incompreensão de quem nunca passou por uma expatriação e não entende como é estar em um lugar com pessoas muito diferentes, comida muito esquisita, clima muito hostil, idioma muito difícil, dificuldades que, nem sempre, são compensadas pelos benefícios do pacote de expatriação.
Para a mulher que acompanha o marido em uma transferência profissional, mudar de endereço é mudar de vida e essa mudança, acredite, pode ser para melhor!
Como você, que se mudou por causa da carreira de seu marido, quer que seja a sua vida nesse novo lugar? Essa é a pergunta básica quando se fala em Coaching em Mobilidade voltado para o que eu chamo de coexpatriada, que é a mulher que sofre todo o impacto de uma transferência, mas não desfruta de uma de suas principais delícias: o reconhecimento profissional. 
Mas a pergunta mais importante aqui é: quais são as ações necessárias para fazer dessa transferência uma experiência enriquecedora também para a coexpatriada?
É aí que o negócio pode enrolar. Com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, com tantas perdas sofridas nos últimos tempos, com a identidade sendo esquecida lá no fundo da mala, nem sempre a mulher nessa situação consegue ter clareza para identificar de que forma essa experiência pode, sim, ser positiva para ela.
Está aí o  diferencial do Coaching em Mobilidade.
Por entender exatamente as nuances de uma mudança de vida motivada pela carreira de outra pessoa, o Coach especialista em Mobilidade -  que é o profissional que conduz o processo de coaching -  sabe em que momento de uma expatriação esse processo deve ocorrer, como ele deve ocorrer e quais os desafios comuns que as pessoas que estão "longe de casa" em nome do sonho de alguém têm que superar.
Mas o que é exatamente o Coaching em Mobilidade?
É um processo prático: com começo, meio e fim. 
A proposta é ajudar a mulher a identificar um objetivo pessoal em uma expatriação e o que precisa ser feito para que ela atinja esse objetivo. 
Durante o processo, o Coach - através do uso de ferramentas específicas - ajuda a  mulher  a realinhar-se com seus valores, propósito de vida, a identificar quais habilidades já possui, quais precisam ser desenvolvidas e como pode superar medos, crenças e situações que ameaçam impedir o sucesso de sua jornada.
Lembrando que, como o processo de Coaching estimula o aprendizado e a autonomia, a tendência é que a coexpatriada replique sua nova versão em uma próxima mudança, em outros desafios.
O Processo de Coaching em Mobilidade deve ser encarado como um investimento: por parte da empresa, para que o profissional não tenha o rendimento afetado pelo sofrimento da esposa e por parte da família, para que a mulher - que dita o "clima" dessa mudança - não perca sua identidade, não adoeça e não veja sua vida familiar desmoronar.

Pense nisso com carinho,
Carmem Galbes

Coexpatriad@: quando é preciso um neologismo para explicar a importância de quem acompanha o profissional.

Olá, Coexpat!
Já falei aqui sobre as diferenças de conotação entre termos que deveriam dizer a mesma coisa: expatriado e imigrante.
No dicionário Aurélio, expatriado é aquele que reside fora de sua pátria. Mas no "corporativês", sabemos que expatriado é o funcionário "promovido", que vai assumir responsabilidades em outro lugar. Então se expatriado é o "cara", quem segura a barra é o que?
Querem um nome? 
Ok. Quem acompanha é uma Coexpatriad@! 
Como assim? Tem no dicionário? Não e eu vou explicar porque criei esse termo de 2015 para 2016, período em que já estava farta de ver um estado civil reduzir o importantíssimo papel de quem acompanha um profissional transferido.
Coexpatriad@ com @ no final por uma economia na comunicação, para englobar esposas e maridos expatriad@s. Embora o uso do "@" para incluir todos os gêneros ainda não seja reconhecido pela norma culta, já é bem usado e entendido na comunicação informal. Carimbei o prefixo CO no começo porque ele sugere duas possibilidades: companheirismo ou subordinação, aí é que o negócio pega!
Você e só você poderá decidir qual será o significado do Co no seu coexpatriad@: o de alguém que - apesar de ter deixado muita coisa de lado em nome da carreira de outra pessoa - está reescrevendo a própria história? Ou você é @ coexpatriad@ que acabou se escondendo nos bastidores porque não teve apoio ou coragem de seguir em frente e fazer o que precisava ser feito para tomar as rédeas da situação? Que tom você está assumindo nessa transferência?
Claro que eu sei que não é fácil. Passei e passo pela situação de equilibrar mil pratos "longe de casa" em nome da carreira do meu marido para manter a saúde física, mental e espiritual de toda a família. Os sentimentos são tão confusos...sucesso, saudade, novidade, perda de identidade que fica muito difícil explicar para gente mesma - imagine para os outros - quem, afinal, somos? Qual é o nosso papel, a nossa importância em uma expatriação? 
O que tenho certeza "absolutássima" é que não somos somente o "cônjuge de expatriado", termo que - infelizmente - ficou carregado de preconceito. Somos mais do que a pessoa que casou com @ profissional que trabalha ali, somos a ponte entre a família e a cultura, @ funcionári@ expatriad@ e seu sucesso na empresa, o "elemento" que vai definir se vai ou não haver adaptação à uma nova cultura, a um novo modo de vida, se a adaptação será traumática ou não.
Não canso de falar sobre esses números: uma em cada quatro expatriações fracassam. Das que fracassam, oito em cada dez não deram certo por motivos pessoais do funcionário e sua família.
Então, se a palavra tem poder, que a gente crie palavras para definir nossa condição da maneira mais poderosa possível. E é nosso papel de Coexpatriad@ aceitar e tomar posse  da nossa importância e difundir esse conceito.
Acredito muito nesse empoderamento pela união de forças. Se você também acredita que junt@s podemos mais,  vem para o grupo Coexpatriad@s no Facebook.
O Coexpatriad@s tem por objetivo ser um porto seguro e sem julgamentos, criado com todo o carinho para um público pouco compreendido, e que já cansou de ouvir: "Está reclamando de que? Isso é frescura! Que vida fácil!" e por ai vai.
Seja bem-vind@!
Para fazer parte, clique aqui: Coexpatriad@s 

Carmem Galbes

Como vencer o medo de mudar?

Odeia mudança?
Culpa do cérebro. 
Essa engenhoca aí que você - e todo mundo - tem na cabeça corresponde a dois por cento da massa do seu corpo mas consome 25% da sua energia! 
O cérebro, que foi feito para funcionar perfeitamente, trabalha muito, inclusive para economizar a energia  que precisa.
Então ele otimiza.
A cada acontecimento, em vez de começar todo o processo do zero, ele aciona o banco de dados, cruza as informações e dispara a reação que você teve em situações parecidas com essa que você está vivendo. Se são acontecimentos rotineiros, ele dispara sempre a mesma reação. Quer um exemplo? Pensa aí nas várias coisas que você faz no seu dia e que nem se dá conta que fez. Sei lá: depois do café você escova os dentes, passa perfume, pega o celular e sai para um compromisso. Provavelmente você está escovando os dentes pensando numa conta que tem que pagar e espirrando o perfume enquanto calcula quanto tempo vai gastar até seu destino. É tudo no automático. Por isso que quando você se atrasa e deixa o perfume pra lá, a chance de esquecer o celular é grande. Porque para o cérebro a sequência é essa: dente-perfume-celular. Se pula o perfume, a sequência muda e a resposta/ação/comportamento também.
E quando a sequência é totalmente nova, quando a experiência é inédita? O cérebro é uma máquina, lembra? Ele quer a todo custa economizar energia para dar conta de fazer tudo o que precisa! Por isso sempre vai buscar, nem que seja lá no arco da velha, alguma referência para passar por aquilo. O problema é que pode ser que, com o passar da sua vida, o lé não bata mais com o cré. 
Supondo que sua família receba uma proposta super interessante para viver em outro país. Você nunca morou fora. Desde que se casou, vive no mesmo endereço. Mas lá atrás você teve, sim, uma experiência de mudança. Nem foi com você, foi com a sua melhor amiga. Aos 12 anos, ela mudou da cidade que adorava e dividiu com você como foi dolorido estabelecer laços no novo endereço. Para o cérebro, não interessa se o contexto é outro, se foi com sua amiga e não com você, se você hoje tem muitos mais recursos para lidar com a rejeição, para ele a informação que chega é: mudar é terrível, mudar é dolorido. Qual a reação? NÃO VOU MUDAR, bem alto para todo mundo ouvir! Já sei que vou sofrer!
Pronto...Apesar de você ser adulta, repleta de conteúdo e a experiência ter um grande potencial de ser gratificante, você já está com o não na ponta da língua!
Ok, como evitar, então, essa reação viciada? Aí não tem jeito, é preciso olhar para dentro, se conhecer e cultivar a coragem. Coragem para seguir em frente apesar de todas as suposições tenebrosas. Coragem para sair daquela tal da zona de conforto, encontrar dentro de nós ou buscar as ferramentas que ajudem a gente a lidar com tanta novidade. Coragem para agir e para não se vitimizar, apesar de tudo.
Você pode argumentar: "falar é fácil." Concordo, falar sobre isso é bem mais confortável do que viver essa situação. Mas enquanto escrevo aqui, percebo como estou incomodada com a possibilidade de voltar a viver em uma cidade que já morei. Aí descubro que estou me baseando em uma experiência de anos atrás. E lá atrás eu era diferente, muito diferente...eu sentia diferente, pensava diferente, agia diferente...ufa...eu só estou falando, pensando por escrito, e isso já me traz um alívio!
Taí um bom exercício: bote seu medo no papel. Dê forma a ele. Comece dividindo a folha ao meio. De um lado escreva o que pode ser legal nessa experiência, do outro escreva o que te incomoda, o que te apavora. Ler o seu pensamento, os seus medos, pode ajudar você a perceber que agora você já é adulta, já é grande e já é maior que um medo que te pegou, talvez, quando você ainda subia em árvore!
Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...