Como um livro que não foi aceito pelas editoras inspirou minha nova carreira nessa vida de esposa de profissional transferido.



"Mudança de casa - por mais feliz que seja o motivo - sempre provoca angústia, imagine nos pequenos: 'mamãe, posso levar as paredes?', meu filho indagou quando recebeu a notícia de que mudaria de endereço."
Assim eu começo a carta que anexei ao original de um livro infantil que saiu do fundo da minha alma através de uma das relações mais caras da minha vida: a relação com meu filho.
"Tetelo Muda de Casa" nasceu da ânsia de explicar o inexplicável! Por que mesmo que a gente tem que deixar tudo que ama, que está em perfeita harmonia para se aventurar no desconhecido? Não que o livro explique, o que ele se propõe é abrir um diálogo de forma divertida sobre um tema que pode ser muito dolorido:  mudança de endereço.
Poderia continuar falando sobre o livro e a importância da conversa com nosso rebento quando estamos envolvidos pela aura de uma transferência. Mas deixo o tema para um outro post. 
O que vou fazer aqui é contar um pouco da minha saga para me redescobrir como profissional depois que nasci como Coexpatriada (para ler o significado do termo clique sobre a palavra) e como "Tetelo Muda de Casa" foi fundamental nesse processo.
Com filho  e morando longe de toda a família, eu não queria de jeito nenhum voltar para a rotina das redações, com horários indefinidos, plantões em finais de semana, feriados e nas festas mais deliciosas que os nossos pequenos adoram!
Comecei a investigar o que poderia fazer. Como poderia conciliar a maternidade e a vida profissional de uma forma que eu pudesse levar tudo na bagagem, caso meu marido fosse transferido de novo, como de fato foi.
Comecei com o óbvio: sou jornalista, então vou fazer reportagens, no sistema freelancer, para jornais e revistas. Passei para o desejado: vou aproveitar a minha grande paixão - escrever - para produzir textos para sites e blogs. 
Mas eu queria mais. O que eu queria mesmo era ajudar as Coexpatriadas.
Desde 2008 -  ano da minha mudança para o exterior - que eu venha pesquisando e escrevendo aqui no blog sobre a identidade da mulher que topa deixar muita coisa de lado para apoiar a carreira do marido. Eu gostaria de continuar lidando com o tema...mas não sabia como - de fato - transformar em um negócio a  ajuda que eu me propunha a oferecer às mulheres que enfrentam muitas perdas em nome do sucesso de outra pessoa.
O livro veio como uma possibilidade. Bingo: eu ajudaria as Coexpatriadas, seus filhos, enfim, a família toda, e seguiria com minha paixão: a escrita! 
Passei para o papel os diálogos que tive com meu pequeno. Estudei um pouco sobre literatura infantil. Escrevi o livro. Registrei minha obra na Biblioteca Nacional e comecei a distribuir o original. Foram mais de 50 editoras, uns 700 Reais entre cópias e postagens nos Correiros e mais de 50 nãos. 
Definitivamente eu não estava trilhando um caminho certo...
Mas como eu iria saber qual é o caminho certo? Quem poderia me ajudar?
Algumas fichas só começaram a cair quando decidi sair do casulo e bater asas. Pesquisando na internet, encontrei um grupo de mulheres empreendedoras que se reuniam uma vez por mês no Recife antigo. Lá fui eu, como aquela garotinha no primeiro dia de aula, para uma reunião que iria tratar de muita coisa menos do que vinha sendo comum para mim: maternidade, casa, casamento etc e tals.
A cada reunião, o livro como negócio ia dando lugar a novos insights. Um deles me fez colocar a mão na massa mais uma vez. Aproveitei umas férias do marido e parti para São Paulo para me qualificar como personal organizer. Pensei: vou ajudar a Coexpatriada a organizar a mudança, a nova casa e a rotina para que sobre tempo para ela aproveitar ao máximo a experiência no exterior.
Quanto mais eu estruturava meu negócio, mais eu percebia que a Coexpatriada precisa de apoio sim, especialmente aquele que ajuda a resgatar a identidade, que acaba perdida em alguma caixa da mudança...
Bora para mais uma qualificação, a de coach. Assim nasceu o coaching desenhando especialmente para a esposa do profissional transferido: um processo com início, meio e fim, que auxilia a Coexpatriada a entrar em contato com seus valores, talentos, propósito de vida e novos objetivos. Assim nasceu a empreendedora. Assim nasceu a Leve, a minha empresa.
Mas por que eu comecei a nossa conversa com um livro que não foi aceito pelas editoras? 
Porque o livro me ensinou a receber os nãos e me motivou a buscar os "sins".
Consegui publicá-lo, não da forma convencional, mas de uma maneira que jamais teria pensado... 
Já com a Leve rodando, eu queria muito publicar o livro. Não mais em nome de uma renda. Eu realmente acreditava que ele poderia ajudar muitas famílias. Nessa altura, já havia estruturado o material como um e-book ou o livro digital. Mas e as ilustrações, tão importantes quanto as palavras em uma obra infantil? 
Foi aí que, durante uma noite, enquanto preparávamos o jantar - o maridão sugeriu: pede para as crianças que já mudaram ilustrarem. Pronto! Foi umas das sensações mais gostosas da produção do livro: ver as crianças transformarem em imagens as palavras que eu havia escrito! Foi muito, muito emocionante. 
Mas e a capa? Bem, a capa surgiu como parte de uma outra redescoberta profissional, a de uma amiga querida, também Coexpatriada, Cibele Dias.
Assim "Tetelo Muda de Casa" virou realidade. Está disponível no site da Leve e na Amazon, gratuitamente, em duas versões: ilustrada pelas crianças e uma sem desenhos para que os próprios leitores ilustrem a experiência de mudar.
Perfeito: um processo coletivo, que nasceu do diálogo com minha família, meus amigos, comigo mesma. Sim, porque eu precisei muito dialogar com a melhor parte de mim para não desistir, para buscar diferentes caminhos para conseguir resgatar minha autoestima profissional, para voltar a ter uma carreira, uma carreira portátil que eu levo comigo para onde a empresa do meu marido nos mandar!
Foi fácil, é fácil? Essa pergunta é realmente importante? 
O importante para mim é que é gratificante. Hoje o que faço me faz seguir adiante, me faz fazer planos, me faz deixar  a exaustão pra lá, me far querer aprender mais e mais. Isso é importante! Essa é a pergunta que importa: o que você faria até de graça? Eu fiz um livro! Mas dele sairam muitas e muitas coisas impagáveis, inclusive a minha nova profissão!
Espero que a minha história te inspire!
Para ler "Tetelo Muda de Casa" é só clicar aqui.
Para saber como a Leve pode te ajudar, clique aqui.
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Carmem Galbes

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