Quando a palavra reduz nossa força: esposa expatriada? A tá...

Expatriado ou imigrante?
Se for pelo dicionário, tanto faz! Está lá no Aurélio, as duas palavras dizem a mesma coisa: aquele que muda de país.
Mas no dicionário da vida a gente sabe que as palavras vem carregadas de muitas outras coisas além do significado. 
Confesso que nunca vi uma empresa apresentar sua política para funcionários imigrantes e também nunca vi estampada uma manchete sobre expatriados ilegais...
Não, não vou entrar nesse debate, nas motivações em se usar expatriado ou imigrante.
O que quero tratar aqui é da pessoa que fica sem definição. 
Se é comum usar expatriado para o funcionário transferido e imigrante para a pessoa que chega sem a "etiqueta corporativa", em busca de um sonho/dinheiro/melhores condições-qualidade de vida, a esposa que acompanha o profissional transferido é o que? 
Em uma família de imigrantes, todos são imigrantes: não tem marido imigrante, esposa imigrante, filho imigrante.
Agora em uma família de expatriados, o funcionário (homem em 80% das expatriações profissionais, segundo relatório Mercer) é simplesmente expatriado. Já a mulher é esposa expatriada.
Você pode falar: tá, e daí?
E daí que as palavras tem bagagem, lembra? 
E esposa expatriada não é apenas a mulher casada com o cara transferido. Não importa o que ela já fez na vida, como impactou o mundo...se é esposa expatriada, parece que automaticamente vira 'café com leite' e recebe o selo de dondoca, que não faz nada, reclama de tudo e passa o dia à base do pacote de expatriação, entre um café e um espumante, sob o olhar crítico de quem nunca sentiu na pele o que é largar carreira, amigos, família e rede de apoio para ajudar a sedimentar a carreira de outra pessoa.
Cansada de ver quem eu considero a líder do processo de transferência profissional  ser enxotada para a coxia, resolvi criar um termo para a esposa expatriada: coexpatriada. 
O Aurélio resume direitinho o que pretendo ao adotar o prefixo co: dar o sentido de companhia, concomitância, simultaneidade. Com o 'co' não tem uma pessoa mais importante e uma que está ali só aproveitando a situação, não tem um ator principal e uma atriz coadjuvante, tem elenco: cada um com o seu papel para contar da melhor forma possível uma história.
E qual é o papel da coexpatriada?
Fazer a ponte entre a família e a cultura, trazendo para dentro de casa os elementos que vão fazer a diferença no relacionamento do expatriado com os funcionários locais. 
Dar o suporte logístico à família, deixando a cidade mais aconchegante, a comida menos estranha, o povo anfitrião mais próximo, a saudade menos dolorida, o choque cultural e o choque do eu menos traumáticos, deixando a casa com aura de lar. 
É tudo isso mesmo? 
Deveria ser! Só não é quando a própria mulher e os envolvidos em uma transferência não conseguem identificar valor nessas atividades, não conseguem perceber como uma coexpatriada pode salvar ou afundar uma expatriação, dependendo do seu preparo e da sua disposição em participar desse projeto.
Claro que a mulher tem que entrar nessa história com um projeto pessoal também. Isso é fundamental para a saúde de quem acompanha um profissional transferido. Que projeto é esse? Pode ser trabalhar (se o visto permitir - coisa que não é tão fácil), estudar, desenvolver novas habilidades, escalar o Everest, praticar algo que sempre quis e nunca pôde, ler toda a obra de um autor, cuidar do corpo, cuidar da alma, não importa, desde que faça sentido para ela, que permita que ela também enriqueça a própria história de vida nessa experiência. 
Melhor mesmo seria não ter termo nenhum. Seria tratar a coexpatriada com nome e sobrenome. Mas vamos por partes. Adotar coexpatriada em vez de esposa expatriada é só um começo para - talvez - ajudar a reduzir um estigma...
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Carmem Galbes

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