A arte de viver fora.

Olá, Coexpat!

Hoje a dica é da Maria Ribeiro, expatriada na Noruega - uma super colaboradora aqui do Expatriadas.
Ela sugere a leitura da matéria “
A experiência de trabalhar fora do Brasil”, da Época Negócios online.
O material traz depoimentos de brasileiros que moram nos Estados Unidos, Espanha, França, China e Cingapura.
São falas de gente que já vive as delícias de uma carreira bem sucedida, mas que nem por isso deixa de enfrentar os desafios dessa aventura longe de casa.
Aproveite!


Carmem Galbes

Essa baixa autoestima...

Olá, Coexpat!

Você se esforça para acessar a cultura estrangeira. Lê o que pode, se empenha no idioma, se enfia em associações, agremiações, conselhos de pais, de amigos dos bichos, das árvores, das frutas... Se mete em grupos de oração, esotéricos, de voluntários... Se aventura pela culinária...pela flora e fauna... Tudo para ir chegando, conhecendo e, aos poucos, ir mostrando o lado B - de bom - da cultura brasileira, tudo aquilo que vai muito além de carnaval, caipirinha e Pelé.
Aí, em plena sexta-feira, durante uma sabatina da Folha de S. Paulo, vem o Ronaldo - o jogador - e diz que o filho dele é quase europeu.
Até aí, por mim, ele pode ser o que der na telha. Brilhante foi a explicação: “ele é doce, não fala palavrão e é educado.”
Como diria uma brasileira: “zente!”
Então, se o guri tivesse sido criado no Brasil seria amargo, boca suja e uma peste?
Diante do zumbido da platéia, Ronaldo concordou que o moleque é mesmo brasileiro - tem passaporte brasileiro,  só que acrescentou: "mas eu prefiro que ele tenha amiguinhos europeus do que amiguinhos brasileiros. Os brasileiros são muito malandros(...) A gente não queria que fosse assim. Esta diferença é uma realidade e, se posso escolher, prefiro que meu filho tenha uma educação européia.”
Bem, de duas uma: ou o cara se acha um fracasso como pai, incapaz de educar uma criança independente da cultura em que esteja inserida ou ele vive em uma bolha - ou seria uma bola? - e ainda não percebeu que tem criança de todo tipo em todo lugar do mundo, assim como tem malandro, esperto, honesto e bocó em todo canto do planeta.
Pra encurtar essa coisa: se o Ronaldo - como brasileiro - se acha muito malandro, ele que fale por ele! Cada um com seus “pobrema”. Aff...


Carmem Galbes

Tropeços "expatriáticos".

Olá, Coexpat!Nem é preciso ser bidu para adivinhar que a nossa vida tende a ser mais fácil no exterior à medida que a gente se envolve com o idioma e a cultura locais.
O psicanalista Fernando Megale já explicou que “a língua, além de ser o principal meio de nos comunicarmos, representa o marco de nossa identidade.”
Os códigos de etiqueta também podem ajudar quando se exige uma rápida adaptação. Acho que ninguém duvida que é melhor saber com antecedência, por exemplo, que a vaca é sagrada na Índia.
Então que se apresente a expatriada ou expatriado que nunca passou por constrangimento tentando tocar o dia a dia em outra cultura.
Mas, passado o clássico "ops, foi mal", o que importa mesmo é que gafe sempre rende causos pra contar...
Os links a seguir são só um exemplo de como é normal se perder - e se achar - nesse mundão “expatriático”...
Inglês pra Inglês ver.
Inglês pra Inglês ver 2.


Carmem Galbes

Cinco perguntas e uma boa surpresa! Holanda.

Olá, Coexpat!As cinco respostas de hoje vêm dos Países Baixos, que acho que a gente sempre chamou de Holanda.
A área mais populosa da União Européia é também a que tem a relação comercial mais intensa com o Brasil, isso entre os países europeus.
O idioma oficial é o Neerlandês. Mas acho melhor deixar a Naldy – que está há seis anos por lá - falar mais sobre o país das Tulipas.
A história de expatriação da Naldy tem a ver com muito amor. Um holandês ganhou o coração dela e convenceu essa carioca a deixar o endereço brasileiro pra trás.
Hoje Naldy trabalha como administradora de uma empresa americana, e vive com o marido e os dois filhos na região de Noord Brabant , cidade de Eindhoven, centro-sul da Holanda.
Nem o clima holandês mexe com o bom humor dela que deixa um recadinho antes das respostas: “Nunca desista dos seus sonhos.” Naldy também faz um convite: “se quiser acompanhar nosso dia-a-dia aqui na Holanda, clique no meu blog
http://www.dynaholanda.blogspot.com/
Com certeza, Naldy! Obrigada pelas suas dicas!


Cinco Perguntas:
Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
N - Cheguei a Holanda em novembro de 2003. Mas já havia vindo aqui antes da decisão final (morar). Acredito que é importante visitarmos o local tanto em férias de verão como no inverno.
Cheguei à conclusão que me sentia em casa na Holanda quando voltei ao Brasil de férias pela primeira vez. Já não era mais a minha casa. Sentimento muito estranho, posso dizer. Acredito que nos sentimos em casa quando temos uma rotina definida, quando o telefone de casa toca para você, e quando você recebe cartas dos correios do próprio local onde mora.

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
N - O idioma. Foi e ainda é o mais difícil ponto de todo o processo.

Leve - O que faria diferente?
N - Nada. Fiz exatamente da forma como programei. Visitei o país, visitei os lugares, pesquisei a lei do país, local de possível empregos, igreja (para mim importante) e conheci brasileiras mesmo antes de vir para cá como expatriada.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
N - Sim. Estou sempre aberta à novas experiências.

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
N - Trabalhar na minha profissão do Brasil: essa virou pó.
Aprender o idioma: essa finalmente posso dizer que se concretizou.

A boa surpresa:
Hoje posso dizer que sou independente financeiramente, coisa que nunca pensei que pudesse acontecer fora do meu país. Mas o melhor de tudo não é isso, é ver meus filhos totalmente felizes morando aqui, viver nesse país que eu aprendi a amar, apesar desse tempinho chuvoso.

Carmem Galbes

Espanha, crise e repatriação.

Olá, Coexpat!
A conversa hoje é rápida, se resume à uma dica.
A BBC Brasil fez um apanhado sobre a situação dos estrangeiros na Espanha, país com a maior taxa de desemprego na Europa.
O material, levantado pela repórter Babeth Bettencourt, traz - além de um histórico sobre a expatriação de brasileiros para a Espanha - informações sobre os direitos dos imigrantes por lá e sobre o pacote de incentivo para quem está pronto para voltar.
Veja a matéria aqui.


Carmem Galbes

Leve Entrevista. Serviço de Orientação Intercultural - USP.

Olá, Coexpat!

Temos conversado bastante nos últimos dias sobre a mobilidade internacional e como essa crise econômica tem feito muita gente voltar para “casa”.
A questão é que não importa se você está indo ou voltando, aventurar-se longe do ninho exige, além de todo o planejamento das questões práticas, cuidado com os próprios sentimentos durante o processo.
Mas você não precisa passar por essa sozinha.
A Universidade de São Paulo disponibiliza o Serviço de Orientação Intercultural, um atendimento desenhado para dar suporte a quem está de partida ou está com passagem de volta.
Uma das fundadoras e coordenadora do programa, a psicóloga Sylvia Dantas, dá mais detalhes sobre o atendimento. A pesquisadora buscou na própria experiência de expatriada as respostas para muitas dúvidas e dilemas que atravessam a vida de estrangeiro.
O serviço de Orientação Intercultural é gratuíto, mais informações aqui ou pelo telefone 11 3091-4360.
Aproveite a entrevista!


Leve - Como nasceu o Serviço? Houve uma demanda específica? Qual o objetivo do trabalho e quantas pessoas já foram atendidas pela equipe?
SD - Morei fora por de 12 anos, entre idas e vindas para os EUA. Na última vez fiquei 7 anos no exterior, período em que realizei minhas pesquisas de mestrado e doutorado sobre famílias brasileiras imigrantes nos EUA. A tese foi publicada em forma de livro nos EUA, “Changing gender roles: Brazilian immigrant families in the US”.
Quando voltei para o Brasil passei pelo processo do retorno e também realizei
pesquisa sobre isso, o resultado dos estudos faz parte do livro “Psicologia, E/Imigração e Cultura”.
O serviço nasceu assim, da minha percepção da necessidade de um acompanhamento psicológico desse processo de mudança de país a partir de minha experiência pessoal e de pesquisa.
Idealizei um projeto de pesquisa junto com Professor Geraldo Paiva no departamento de Psicologia Social da USP. Assim, ao mesmo tempo em que estudamos as implicações psicológicas do contato entre culturas, prestamos um serviço de auxílio ao expatriado e repatriado.

Leve - Qual o perfil do público atendido?
SD - A procura por atendimento no Serviço de Orientação Intercultural se dá por pessoas das mais diversas nacionalidades e ascendências, e de pessoas que se preparam para partir para outro país ou que estão voltando para o local de origem.
Até o momento assistimos imigrantes da Bolívia, Japão, Peru,
México, Espanha, EUA, Alemanha, Congo, Angola, Guiné-Bissau, que vinham dos Estados Unidos, Japão, Alemanha, Israel, Portugal e Canadá.
Também já atendemos brasileiros descendentes de imigrantes do Japão, Coréia, China, Bolívia e pessoas que iriam emigrar para Austrália, Canadá, Alemanha, Cuba, Irlanda e França.
A faixa etária varia entre 21 e 58 anos, a maioria tem grau superior.
Cabe ressaltar que todos que nos procuraram relataram sentir-se aliviados ao perceberem que os questionamentos pelos quais estavam passando eram compreendidos e acolhidos pelos profissionais do Serviço de Orientação Intercultural.

Leve - Qual a metodologia do trabalho? Que tipo de orientação o expatriado ou repatriado recebe no Serviço?
SD - Trabalhamos com psicoterapia breve e orientação individual, grupal e familiar, e preparo de quem vai para fora. Realizamos também assessorias e parcerias no sentido de oferecer workshops de preparo intercultural a grupos de expatriados e famílias.

Leve - Sei que cada caso é uma caso, mas é possível falar em um padrão quando nos referimos aos impactos de uma experiência internacional?
SD - Sim. Todos sofrem um choque cultural quando entram em contato com uma nova cultura. Todos passam por um processo de estresse de aculturação que vai depender de uma série de fatores que podem influir para que esse estresse seja maior ou menor, como por exemplo, a similaridade ou não entre uma cultura e outra - quanto mais diferentes as culturas maior o estresse que isso ocasiona – a idade da pessoa na mudança, a fase de vida e assim por diante.

Leve - Costumo comparar a experiência de expatriação com a experiência de saída do corpo. Longe de “casa”, entramos em contato com novas sensações, novos valores estéticos, novas formas de pensar, de agir e de classificar o mundo. É tudo tão novo que, muitas vezes, é difícil dimensionar o quanto nossa vida pode mudar. Sendo assim, como preparar alguém para viver algo tão novo para os próprios padrões, algo complicado de elaborar, inclusive na prática?
SD - Sua pergunta é ótima. O preparo tem uma parte informativa e outra formativa. A partir do que sabemos do impacto que o contato ocasiona transmite-se isso à pessoa. Contudo, é necessário que esse trabalho seja também interativo e não apenas informativo a fim de que possa ser elaborado, refletido e assimilado.

Leve - O especialista Demetrios Papademetriou disse que há indícios de que a crise econômica está provocando um retorno para “casa”. O repatriado tende a classificar a volta como um processo mais tranquilo, como a sra. avalia essa tendência de minimizar os efeitos do reingresso na própria cultura?
SD - O retorno é uma nova migração. Em geral as pessoas tendem a crer que voltam para casa, para o conhecido, o familiar. Contudo, elas mudaram e quem ficou também não parou no tempo. Afinal, estamos falando de cultura o que é algo dinâmico.
O olhar daquele que foi para fora mudou em relação ao país de origem. As experiências por que passou não são compartilhadas por aqueles que ficaram, isso cria um certo hiato.
Há, portanto, um período de reajuste no retorno e a comparação com o que foi vivido e o que é encontrado é inevitável.
Por isso, falo que se trata também de um processo de ajuste, uma aculturação de retorno.

Leve - Faz alguma sugestão de leitura?
SD - Mencionei o livro Psicologia, E/Imigração e Cultura da Editora Casa do
Psicólogo, que publicamos em 2004.

Leve - Gostaria de acrescentar algo?
SD - Essa é uma área relativamente nova no Brasil, mas que tem sido percebida como fundamental com a crescente internacionalização das instituições, empresas e organizações.


Quando a expatriação é para o país de origem.

Olá, Coexpat!Parece que esse negócio de voltar pra casa está em pauta mesmo.
A Elite Internacional Careers - EIC - empresa inglesa de recrutamento, lançou um programa de repatriação de latinos. Ou a expatriação para o seu próprio país! 

Explico: basicamente, a empresa vai em um país com alta concentração de imigrantes e elevado nível de desemprego e seleciona candidatos para vagas nos locais de origem desses profissionais. A notícia está no Estadão dessa quinta-feira.
O último grande cliente foi a construtora Norberto Odebrech. O repórter Paulo Justus informa que 2 mil profissionais mandaram currículo. Perfil dos candidatos: idade média de 34 anos e a maioria com MBA.
A seleção foi feita em Barcelona - Espanha, onde dos 3,6 milhões desempregados, 500 mil são estrangeiros.
Além de abrir vagas no Brasil, a empresa também selecionou engenheiros, arquitetos, economistas e administradores para trabalhar na Argentina, México, Panamá, Peru e República Dominicana.
A matéria salienta que, ao substituir expatriados por profissionais dos países em que mantém operação, a construtura pretende aumentar a identificação com as comunidades locais. Mas a empresa admite que a atenção está focada na crise e no corte de custos.
A Odebrech tem 6,3 mil expatriados de 53 nacionalidades nos 20 países em que atua. O pacote de expatriação inclui pagamento de moradia, assistência médica, escola para filhos e passagens.
A EIC anunciou que tem mais dois programas de repatriação de latinos em 2010.
Interessante isso, porque a gente já viu aqui como o pacote de benefícios e recompensas pode ajudar na hora de convencer um profissional a partir para locais não tão fáceis de se tocar a vida. Mas quando já se é natural de um endereço assim, quando a crise bate à porta, o caminho de volta pode ser mesmo mais nítido e colorido.
Carmem Galbes
Imagem: SXC

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...