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Expatriação e a experiência de quase morte.

Olá, Coexpat!
Fiquei pensando que desbravar uma cultura diferente, seja ela estrangeira ou não, poder ser similar à experiência de sair do corpo, à experiência de quase morte...

Você, desorganizada nessa sua condição de coexpatriad@, deve estar pensando: isso mesmo, sou um@ mort@-viva.
Não! Não é esse o ponto! A ideia aqui é sempre deixar uma mensagem positiva!

Vamos lá!
Eu adoro ler as histórias: a pessoa está dormindo ou está em coma e sai por aí flutuando. Tenho preferência pela parte em que o ser flutuante narra a sensação de ver o próprio corpo, deitado, existindo independente da alma que agora está grudada no teto...
Bom, em geral, pelo que pesquiso, a pessoa que não vai em direção à famosa luz volta mais otimista, feliz e com energia para vencer desafios. Fruto, defendem os especialistas, de um aumento da noção do diferente, de que há vida na morte, que há possibilidade até no impossível.

É aí que eu acho que esse processo de quase morte pode ter muitos traços em comum com a expatriação.
Em uma nova cultura, praticamente deletamos nossa receita de vida. Não por que simplesmente abandonamos nossas referências, mas porque precisamos abrir espaço para perceber um mundo diferente, porém repleto de sinônimos do nosso antigo modo de viver.

Acho que o sinônimo não está só na fala e na escrita. Está na ação também.
Um exemplo besta: lavar roupa. No Brasil o esquema é máquina, varal e ferro. Aqui nos States é máquina de lavar, de secar e guarda-roupa, não tem que passar. Modos diferentes para um mesmo objetivo: roupa limpa.
Tudo bem, as pessoas adotam determinado esquema por motivos que vão da facilidade à viabilidade econômica. Pode ser por costume também...
O fato é que quando aceitamos fazer as coisas de outra forma ganhamos uma espécie de senha, uma chave capaz de abrir sem grandes traumas - pelo menos assim deveria ser - os cadeados que impedem a nossa inserção em um mundo que pode ser novo, louco, inacreditável e por aí vai, mas que carrega todo um potencial de alargar e aguçar os sentidos!

Então não tema a experiência de quase morte pela qual tod@ expatriad@ passa. Saiba que essa é só mais uma experiência, só mais uma. Depende de você acordar para essa nova vida ou não. 
É uma escolha!

Carmem Galbes

Adoro sexta!

Olá, Coexpat!
É, não tem jeito. Têm coisas que ficam com a gente pra sempre. Não importa a cultura, não importa o endereço, não importa o novo modelo de vida...

Exemplo? Sexta-feira pra mim é dia de faxina.
Interessante que mesmo com o passar do tempo e com a data da limpeza determinada mais pela agenda de quem me ajudava do que pelo meu calendário, a sexta ficou com esse ar de limpeza, de arrumação caprichada, de cheiro cheiroso, de purificação...
Engraçado que, apesar do encontro estafante com aspirador e companhia, costuma sobrar pique para coisas que adoro fazer em dias assim: dar uma volta por aí sem muita pretensão, encarar uma alimentação sem tantas regras dietéticas ou de etiqueta...

Claro que tem sexta de lascar!
Também tem sexta que tanto faz...
Mas na maioria das vezes esse último dia útil da semana carrega um mundo de possibilidades...
E quem não adora sexta-feira? 

Vinicius - o de Moraes -  preferia sábado. 
Sou gente comum! Então viva a sexta!
É que, apesar de estar na condição de apoiar a carreira do meu marido em outro lugar, e estar - por ora - "dispensada" daquele trabalho obrigatório de 8h às quando Deus quiser, está empregnado em mim que a sexta é autorização para descanço, ócio, delícias...
Preciso urgentemente mudar meus conceitos!
É...só uma coexpatriação mesmo para fazer a gente ver a diferença do que a gente realmente quer e o que querem pra gente...
Pensando bem, a impressão que tenho é que nessa condição que estou - de vida profissional em suspenso - segunda, terça, quarta e quinta são tão legais quanto a sexta e o sábado! E o domingo perdeu aquele fim de tarde rabujento!
Nossa!!
De qualquer forma, continuo adoranto sexta!

Carmem Galbes

Maionese, minha viagem preferida!


Olá, Coexpat!
Hoje tive que falar sobre meu hobby. 
A lista de coisas que gosto de fazer até que é recheada. 
Percebi que minhas preferências variam com o clima, com a fase da Lua, com o vaivém das marés...
Sempre gostei de andar por aí. E nesse momento, especificamente nessa condição de visitante, tenho adorado ser turista.
Você pode pensar, ok, nada de novo, próximo assunto. Mas insisto. Tenho me divertido muito viajando. 
Viajando na maionese!
Só que viajar na maionese não é tão simples assim. Exige estômago para lidar com certo engodo que o excesso de novas experiências pode trazer. Também requer determinação, a maionese é escorregadia. É preciso ainda ter coragem, porque tod@s sabemos que maionese pode engordar.
Além disso, a viagem na maionese é uma experiência pessoal e intransferível. Por mais que eu fale desse percurso, é preciso estar preparad@ para saboreá-lo sem cobranças nem constrangimento.
Tem outra coisa. Nem todo mundo gosta de se lambuzar. Tem um pessoal que tem aversão a esse tipo de molho. Lógico que tem sempre alguém que vai lembrar dos riscos da salmonela...
O fato é que, como já disseram, não dá pra encarar uma maionese sem quebrar os ovos. Então preciso ir. É que mexer com claras e gemas ainda é um processo complicado para mim.

Carmem Galbes

Que sucesso essa gata que sabe latir.

Olá, Coexpat!Não, não é só você...
Por mais que alguém seja fluente em um outro idioma, essa tal língua não deixa de ser estrangeira e sempre tem uma hora que cansa...
Aí pode acontecer de você soltar uns fonemas em Português, não dar algumas respostas e deixar de fazer certas perguntas.
Tudo bem, pode ser que você não esteja pra conversa hoje e deve estar cansada até para falar na língua materna. Mas a história é pequena e bonitinha. Ouvi agora a pouco.
A gata seguia com sua prole pela rua quando apareceu um cachorrão, o mais invocado da vizinhança. Os filhotes ficaram assustados com o bicho e surpresos com a reação da mãe.

Em vez de recuar, a gata seguiu toda empinada e parou em frente ao Rex. Encheu o pulmão e, em vez de "miauuu", deu uma bela latida. 
O Rex nem tentou enfrentar, virou a esquina e sumiu. 
A bichana, muito sábia, virou para a cria e disse: viu como é bom saber uma segunda língua?
Então não desanima! Aproveite sua estada em outro país para seguir com seus estudos no idioma! Fale sem medo de passar vergonha! Meta as caras! Fique fera em latido, mugido e o que for necessário! E, se um dia precisar latir, o "au au" pode sair até com sotaque, mas que o receptor vai entender a mensagem , isso vai!

Carmem Galbes

Desejo e gozo.

Olá, Coexpat!
Numa sexta-feira dessas defendi a importância do ócio, do lazer, do papo pro ar ou o nome que você preferir para o famoso “dar um tempo”.
Engraçado, como é difícil aceitarem - me incluo - que me propus a ficar um período sem seguir a cartilha sócioprofissional. 

Sempre chega a pergunta, 'e aí o que tem feito?' 
É muito estranho responder: nada!
Mas eu estou fazendo nada mesmo. Nada do que dizem que deveria fazer nesse período de coexpatriada. 

Não, não estou fazendo trabalho voluntário. Também não, não participo de grupos de mulheres de-sei-lá-o-que. E não, não estou grávida. 
Desculpe, não, não e não. 
Ok, estou estudando, quero viajar o que puder e experimentar, experimentar e experimentar. Adoro número primo!
Mas não é que envolvida nesse meu projeto bloquímico, sim - porque, pra mim, lidar com tal tecnologia é quase tão difícil quanto entender química - lembrei de uma palestra da psicanalista Maria Rita Kehl.
Ela falava sobre passividade quando soltou a trovoada: "até a morte estamos entre o desejo e o gozo, queremos estar muito mais tempo no gozo, mas a vida é mais valiosa à medida que dedicamos mais esforços em alimentar o desejo."
Não tem jeito, o desejo é o combustível do dia seguinte. A gente morre é de prazer!
Claro que batalho para não cair no desejo comum, alienado. Aqui, pelo menos aqui, quero desejar para o bem, para o meu bem. Busco o desejo que resulte - tomara - em uma satisfação realmente plena e pessoal.
Mas hoje é sexta. E só posso desejar uma coisa: que o mundo tenha um fim de semana de gozo total.


Carmem Galbes

Um minuto de silêncio, você consegue?

Olá, Coexpat!
Nesse mundo em que a gente acha que tem tanto a dizer e em que o tempo todo é convocad@ a falar, ficar em silêncio é quase uma derrota.
Ok, poder falar e conseguir dizer o que se pretende é tudo de bom.
Mas hoje queria conversar um pouco sobre aquele outro silêncio. Eu sei...esse tema é quase clichê de tão debatido, estudado, explorado - até. Mas, na prática, quem consegue encontrar o silêncio interno, a tal da quietude?
Engraçado, é quase um autoelogio falar: “nossa, não consigo ficar quieta!” Isso tende a soar como "nossa, sou super esperta, agitada, envolvida com o mundo, bacana, jovial, legal..."
Mas, será que se a gente fechar os olhos e abrir os ouvidos não vai conseguir ouvir um: "nossa, não consigo parar cinco minutos para dar espaço ao nada."

Que fuga é essa do nada?
Será que o fato de estar assim tão longe de casa, do ninho, eu não posso ficar quieta?
É que a gente sabe que isso pode doer,

O silêncio dói, a pausa dói!
É que a gente sempre acha que no silêncio ouve assombração...
Mas como tudo é uma questão de foco, de para onde direcionamos a nossa atenção, a gente pode ouvir passarinho também... e grilo... e miados & latidos... e ideias... e respostas que não conseguiríamos prestar atenção em meio a tanto barulho...
Então acho que vou pedir ao Supremo, não ao Tribunal Federal, mas ao Supremo Poder do Universo que me conceda o direito - ou a coragem - de ficar calada. Que me conceda o privilégio de não dizer nada, apesar das exigências internas e das expectativas alheias, apesar das urgências, dos receios, da angústia, dos questionamentos. 

Tudo porque quero ter a chance de ouvir o que o silêncio tem a me dizer!

Carmem Galbes

Quase morro!

Olá, Coexpat!
Eu nunca vivi uma experiência de quase morte, como aquela em que dizem que você entra em um túnel iluminado, tem uma profunda sensação de conforto, de leveza e resiste em voltar, embora a voz insista: vooolte, vooolte.
Em mais um lero-lero mental cheguei à conclusão de que a gente vive várias experiências de quase morte mesmo sem, necessariamente, passar por um incidente ou acidente.
Quase morremos quando nascemos, quando saímos da infância, da adolescência e da juventude. Quase morremos quando perdemos o emprego, quando somos ignorados, abandonados. Quase morremos de ódio, de medo, de frio, de fome, de saudade, de ciúme, de dó, de rir, de comer, de cansaço , de alegria, de orgulho, de prazer...
Vendo por esse lado, ser ou estar expatriad@ pode ser uma experiência de quase morte.  Fica-se tão à flor da pele, que parece que se pode quase morrer quase todo dia.
Não sei se isso é bom ou ruim. Mas quase morrer dá uma baita sensação de estar viva, não um morto-vivo, mas vivinha da Silva.
É que nessa condição de quase morte não há meio termo. A vida distante do que é familiar deixa tudo intenso, profundo, em detalhes. Nada passa em branco, nada se deixa pra lá.
É, como diz o Xandico, um dos colegas mais engraçados e estressados com quem já trabalhei:  “ai... essa vida ainda me mata.”

Carmem Galbes

Colecionadora de pennies.

Olá, Coexpat!
De onde eu vim, milhas é aquilo que você acumula ao viajar de avião
Pé serve para por sapato. 
Libra é o signo da minha mãe. 
E polegadas dita o preço da TV.
Mas as coisas têm mudado e, como uma digna infanta - condição readquirida pela expatriação -  meu propósito é sempre facilitar.
Já aprendi que no trânsito a velocidade não pode ultrapassar o número 35, o mph - milhas por hora - eu deixo pra lá.
O pé aqui tem 30 centímetros. Eu nunca vi um pé desse tamanho, mas de repente me vi encolher. Virei uma centopéia manca com pouco mais de cinco pés - de altura, estranho? 

Estranho é meu peso que só aparece em centena. Quantas libras...Isso é angustiante!
Pensando bem, angustiante mesmo é pedir peito de peru fatiado. Estava acostumada com 200 gramas. Agora fico naquela continha mental de mais um, menos um, sobe dois.
E para saber a temperatura então? Já suei tanto que cheguei a perder dois quilos transformando Fahrenheit em Celsius.
Como lido com as polegadas? Ignoro. 

Agora imagine você no mercado, na fila do peito de peru, tentando saber se está calor e tendo que se concentrar na hora de espirrar? 
Lembre-se, atchum em vez de atchim
Se doer é ouch e não ai.
Mas mudando de assunto, uma coisa que eu gosto é dos nomes das moedas. Penny para um centavo, dime para dez e quarter para 25. 

Sabe, tenho uma amiga que coleciona penny. Ela já juntou 257 pennys (sic). Bom, ?
Moral da história: sem bom humor, a expatriação pode te matar...de saudade, de raiva, de medo...

Carmem Galbes

Todo dia é sexta-feira - pelo menos aqui, vai!


Olá, Coexpat!

Estava aqui visitando uns textos que escrevi lá no comecinho da minha expatriação para os Estados Unidos.
Cheguei em um que falava mais ou menos assim: 
Sexta-feira! Estava aqui pensando que de uns tempos para cá meus dias têm sido um fim de semana contínuo, já que estou na condição de 'esposa de profissional expatriado' e faço parte do time que deixou tralalá e etc & tal para acompanhar o maridão.
Engraçado que tenho tido compromissos, sim. Escola, casa, compras, contas, só que parece que tudo flui mais leve.
Mas conversando com mulheres que estão na mesma condição que a minha, percebo que lidar com o fato de poder desacelerar e fazer coisas que não tinham tempo nenhum de fazer porque trabalhavam como camelo é algo que incomoda.
É como tomar gelado assim que a garganta cura ou não resistir ao vinho, mesmo recém-saída de uma paulada no fígado. Quero dizer que não tem nada demais, a doença passou, bola pra frente, mas tem aquela coisa de culpa que não larga do pé.
Aí na leitura diária encontro uma entrevista com um especialista em lazer, é mole? Resumindo, o cara diz que você é quem decide se a sua vida vai ser legal ou não.

Em uma entrevista para a Folha, Christopher Edginton garante que até no trabalho, até em um bate-papo, até em casa, até quando a conta bancária não ajuda é possível “descer pro play”, porque lazer é um estado de espírito.
Se você está aí se sentindo um nada porque não tem mais ninguém mandando no seu relógio e na sua agenda pense um pouco sobre as palavras do especialista. “Tudo que ocorre na vida de alguém tem um potencial de transformação. O lazer é um momento especial porque livra as pessoas de suas obrigações e lhes dá uma oportunidade de refletir, redefinir valores, aprender novas habilidades. Pense em lazer como liberdade - quando você é livre para escolher, para mudar a sua vida e seguir numa direção diferente”.
Então não deixe que esse seu fim de semana termine no domingo, ok?


Carmem Galbes

Em que Lua você está?

Olá, Coexpat!
Meu propósito hoje era trazer um conteúdo mais formal, com alguns numerinhos – coisa de jornalista. O fato é que não encontrei nada que traduzisse numericamente o cotidiano dos profissionais e suas famílias no exterior.
O que me chamou a atenção foi uma tese que citava um livro de 1986 - Culture Shock: Psychological reactions to Unfamiliar Environments, London: Methuen. Um alívio...até que enfim uma visão mais humana do processo.
Na obra, os autores Adrian Furnham e Stephen Bochner dizem que @ expatriad@ passa por quatro fases:
O começo é de euforia, lembra muito aquelas férias em um lugar novo.
Mas...no fim de três semanas - mais ou menos - vem a segunda fase , a do choque, quando o desencanto começa a marcar o dia a dia.
Os autores garantem que isso normalmente passa.
Bom, então se o esquema deles funcionar mesmo, eu sei que vou entrar na fase três quando passar a adotar - sem crise - as regras e os valores do novo país e tiver confiança para me aventurar na rede social.
E como quando a gente conversa a gente se entende, eis a fase quatro, a de relacionamento intercultural e de estabilidade emocional.
Perceba que da fase dois em diante nossos amigos não detalham o tempo de duração. Portanto, cada caso deve ser um caso, como tudo na vida!
Mas se na teoria a tese é fácil, os escritores lembram que o a integração pode ser tamanha, que corremos o risco de abandonar a própria cultura - aí complica na volta.
E você, em que fase está?
Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...