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Experimenta!

Olá, Coexpat!
A pergunta é: quem tem medo de lobo mau?
Eu sei que pode não fazer sentido, mas dado o avançado do relógio e a terça que variou entre deliciosas surpresas, horas de estudo, momentos de trânsito e flashes de alívio, sei que - no fim - você vai acabar entendendo.
As historinhas infantis ensinam coisas bem sinistras para nós mulheres: sapatinho de cristal - só existe uma chance na vida. Evite a floresta e sufoque a coragem. Sofra - encare primeiro o sapo para só então ter direito ao príncipe.
E assim a gente cresce. 

Uma parte percebe rápido que estória é estória, mas tem uma turma que fica nessa de fantasiar a realidade.
Aí encontro um monte de gente pelo caminho com a bandeira do “não preciso disso”.
Essa bandeira é perigosa. Não só porque plastifica nossos sentidos, mas por nos afastar da aventura da experimentação.
Confesso que também tenho uma enorme dificuldade com relação ao novo. Sou resistente a sabores exóticos, novos empregos, vizinhança nova, novas pessoas.
Mas como meus pais diziam lá atrás e meu marido insiste até hoje: experimenta!
E não é que às vezes eu gosto!
Então hoje, dada a canseira, vou me limitar ao “tenta só um pouco, vai!”

Claro que tenho que colocar uma vírgula nesse texto: definitivamente não me arrisco com o que - comprovadamente - faz mal para a saúde, para o corpo e para a alma.

Carmem Galbes

Tem um tempinho?

Olá, Coexpat!
Não tem jeito, parece que a educação e os bons modos são diretamente proporcionais à quantidade de tempo. Tenho percebido que quanto mais tempo tenho, mais paciente, mais atenciosa e cuidadosa com o outro sou.
É triste ter que admitir isso, a falta de tempo rouba mais que a qualidade da vida, ela provoca um verdadeiro saque na boa conduta, zera o estoque de boa vizinhança a arrasa com as plantações de delicadeza e tolerância.
Espero que esse excesso de tempo que hoje preenche meu dia me ensine a viver bem - inclusive comigo - mesmo com a falta de tempo que um dia voltarei a enfrentar.
Espero que as lições aprendidas durante a abundância não me deixem na escassez.
Espero que aprenda a lidar melhor com relógios, agendas e contadores em geral e que a minha política pessoal não varie de acordo com os minutos a mais ou a menos.
Espero que o tempo não me deixe esquecer desse compromisso.


Carmem Galbes

Tem outra pessoa em meu corpo!

Olá, Coexpat!
Tenho me achado muito estranha. Tenho me flagrado fazendo coisas improváveis. Calma...nada que agrida meus valores...
Sabe, acho que o grande lance dessa experiência longe de casa é ter um olhar estrangeiro, ver as coisas de fora do aquário...
O problema é quando você não percebe que você não está mais percebendo a diferença, entende?
Assim, já me peguei fazendo tac-tac-tac com cabides quando procuro uma roupa na arara da loja - o que reflete o comportamento compulsivo do americano em comprar - já me peguei bebendo um balde de café, usando um biquíni ultra-mega grande e agora estou numas de não suportar gente falando alto. Já não gostava, isso sempre me irritou. Agora fico constrangida!
Pior é que tudo isso vai tomando lugar silenciosamente e suspeito que logo logo vou descobrir que posso ter me transformado em uma pessoa sem referências culturais, que já não sabe de onde é, para onde vai, tampouco onde quer ficar.
Isso é complicado: ser uma estrangeira para sempre, não importa o lugar!
Mas se a gente está mesmo só de passagem por esse planeta, então melhor assim.
Pensando bem, problema mesmo vai ser se eu não me acostumar de novo com a moda praia brasileira. Já pensou o biquinão daqui em Ipanema? Aff...


Carmem Galbes

Gente, que coisa! Sobre amizades e expatriação.

Olá, Coexpat!
Eu não sei se também acontece com você, mas, às vezes, eu fico meio enjoada de gente...
Sabe, essa condição de estrangeira é danada.
Quem está longe quer se enturmar, quer trocar experiência, quer conhecer o máximo possível da outra cultura e também não quer se sentir sozinha, então não perde a oportunidade de estabelecer laços com quem vai encontrando pelo caminho.
É como uma esponja recém-saída da embalagem que vai absorvendo, aceitando tudo. 

Em um cenário novo acho até normal a gente se propor a ser super-ultra-mega receptiva.
A questão é que, para se relacionar - especialmente em um mundo inexplorado - você tem que ter padrões ainda mais maleáveis e nem sempre isso acontece.
O fato é que chega uma hora em que você já se sente mais confortável na novidade e se permite pensar sobre a qualidade dos relacionamentos.
Aí as coisas não são tão simples, parece que o verão acaba, as férias chegam ao fim.
Eu ainda não sei se alguns comportamentos e comentários irritam pela intimidade ou pela distância. Quero dizer, pela proximidade com a nova cultura ou pelo distanciamento dos próprios costumes. O que era normal, já não é. O insuportável começa a ser aceitável...
Sei lá.
Ia continuar... mas não, não vou ceder à deselegância.

Carmem Galbes

O choque que mata e faz viver!

Olá, Coexpat!
Muito interessante quando se tem acesso ao lado de lá do espelho. 

Estava lendo uma matéria, dessas de domingo, que conta a experiência de um expatriado alemão no Brasil, especificamente em São Paulo.
Interessante que as dúvidas, os receios - ou pavor, como preferir - os micos e as boas surpresas são comuns, independente da origem do expatriado.
Aí veio a fala de uma especialista que trabalha para tentar facilitar a vida do estrangeiro."O que tentamos fazer é dar todo o apoio psicológico para atenuar o choque cultural. O importante é que o estrangeiro se acostume com São Paulo o mais rápido possível, para poder render no trabalho.”
Que somos mais um número ou uma cifra, não é novidade nem aqui, nem lá longe. O interessante foi ouvir o termo “tentar diminuir o choque.”
Ótima informação: expatriação dá choque e ponto! Pode ser um baita choque ou só um tremelique, mas vai ter choque!

É normal assustar, é normal doer, é normal reagir meio que sem pensar.
Concordo que levar choque é chato pra caramba. Conheço gente que tem raiva de levar choque, fica com ódio até!

A reação é mesmo pessoal...
E as consequências desse choque vão variar de pessoa para pessoa, a partir das suas experiências, da sua resiliência, da sua resistência a dor, da sua capacidade de recuperação...
O choque da expatriação pode ferir com gravidade a alma...mas dizem que não mata! 

Ah...eu já acho que pode matar, sim!
Vou viajar agora, aperte os cintos...
Eu acho que o choque da expatriação (que pode ser cultural, de identidade e por aí vai) pode matar sonhos, pode matar relações, pode matar afeto, pode matar o prazer, pode matar a saúde, pode matar a disposição, pode matar a autoestima, pode matar a coragem, pode matar o senso de identidade, pode matar projetos em comum, pode matar valores, pode matar crenças, pode matar todo um modo de ver o mundo, pode matar todo um modelo de vida.
O bom é que esse choque mata, mas também tem carga para fazer viver. Não para ressuscitar, mas para gerar uma nova vida. E, pelo que tenho visto, essa nova vida geralmente vem super energizada! 
Quem renasce desse choque surge com mais poder, mais força! É algo difícil de colocar em palavras...o choque da expatriação transfere uma carga tão alta para a pessoa, que é como se ela se transformasse naqueles equipamentos que só precisam, de tempos em tempos, ficar um pouco expostos ao Sol para voltar a funcionar. É como se a pilha, a força para lidar com os acontecimentos da vida nunca mais acabasse.
Claro que o processo não é simples. Como já disse, choque fere, choque dói.
Mas os ferimentos podem ser tratados e cicatrizados. 
Melhor ainda: a saída não seria se preparar, usar luvas, uma toalha, chinelos de borracha para isolar um pouco corpo e alma
A descarga não seria evitada, mas reduzida... 
Por outro lado, se o choque pode trazer tanto poder, tanta energia, por que atenuá-lo?
Para evitar mortes desnecessárias!
Então é isso! Desejo conhecimento e discernimento para a exposição ao choque da expatriação e coragem, força e paciência para tirar o melhor dele.

Carmem Galbes

Esse furacão me deixa zonza!

Olá, Coexpat!É a primeira temporada de furacão que eu pego na minha vida. 
Já enjoei! 
Cansei desse negócio de um alerta de desastre por semana. Quem consegue viver nessa situação de tragédia iminente?
É um ufa atrás do outro!!
Ok, prefiro que continue assim, só alerta, só ameaça...
Mas, para mim, “já deu” esse clima de pavor que se instala dias antes da chegada do bicho e a novela que se faz em torno dele.
Com a TV, já aprendi todos os nomes: começa como tempestade tropical, vai para tornado, aí vem o furacão de 1 a 5. Também já peguei várias dicas ultra-mega-exclusivas sobre a melhor forma para se preparar para a visita. Desocupe a varanda, proteja as janelas. Se tiver que deixar a cidade, não esqueça do seu animal de estimação...Oi?!
Tem gente que prefere acompanhar os sites especializados que trazem zilhões de fotinhos coloridas, números, projeções e pouco juízo de valor.
Ah, tem ainda a tal cartinha do condomínio lembrando que eles não se responsabilizam por nada. Nossa que novidade...
Mas a natureza é assim. Eu que saia da frente!

Aliás, preciso ir. Vou atrás do kit água-lanterna-angu-mochila.
Espero que seja só mais um treinamento...um treinamento intercultural!


Carmem Galbes

Expatriação e a experiência de quase morte.

Olá, Coexpat!
Fiquei pensando que desbravar uma cultura diferente, seja ela estrangeira ou não, poder ser similar à experiência de sair do corpo, à experiência de quase morte...

Você, desorganizada nessa sua condição de coexpatriad@, deve estar pensando: isso mesmo, sou um@ mort@-viva.
Não! Não é esse o ponto! A ideia aqui é sempre deixar uma mensagem positiva!

Vamos lá!
Eu adoro ler as histórias: a pessoa está dormindo ou está em coma e sai por aí flutuando. Tenho preferência pela parte em que o ser flutuante narra a sensação de ver o próprio corpo, deitado, existindo independente da alma que agora está grudada no teto...
Bom, em geral, pelo que pesquiso, a pessoa que não vai em direção à famosa luz volta mais otimista, feliz e com energia para vencer desafios. Fruto, defendem os especialistas, de um aumento da noção do diferente, de que há vida na morte, que há possibilidade até no impossível.

É aí que eu acho que esse processo de quase morte pode ter muitos traços em comum com a expatriação.
Em uma nova cultura, praticamente deletamos nossa receita de vida. Não por que simplesmente abandonamos nossas referências, mas porque precisamos abrir espaço para perceber um mundo diferente, porém repleto de sinônimos do nosso antigo modo de viver.

Acho que o sinônimo não está só na fala e na escrita. Está na ação também.
Um exemplo besta: lavar roupa. No Brasil o esquema é máquina, varal e ferro. Aqui nos States é máquina de lavar, de secar e guarda-roupa, não tem que passar. Modos diferentes para um mesmo objetivo: roupa limpa.
Tudo bem, as pessoas adotam determinado esquema por motivos que vão da facilidade à viabilidade econômica. Pode ser por costume também...
O fato é que quando aceitamos fazer as coisas de outra forma ganhamos uma espécie de senha, uma chave capaz de abrir sem grandes traumas - pelo menos assim deveria ser - os cadeados que impedem a nossa inserção em um mundo que pode ser novo, louco, inacreditável e por aí vai, mas que carrega todo um potencial de alargar e aguçar os sentidos!

Então não tema a experiência de quase morte pela qual tod@ expatriad@ passa. Saiba que essa é só mais uma experiência, só mais uma. Depende de você acordar para essa nova vida ou não. 
É uma escolha!

Carmem Galbes

Adoro sexta!

Olá, Coexpat!
É, não tem jeito. Têm coisas que ficam com a gente pra sempre. Não importa a cultura, não importa o endereço, não importa o novo modelo de vida...

Exemplo? Sexta-feira pra mim é dia de faxina.
Interessante que mesmo com o passar do tempo e com a data da limpeza determinada mais pela agenda de quem me ajudava do que pelo meu calendário, a sexta ficou com esse ar de limpeza, de arrumação caprichada, de cheiro cheiroso, de purificação...
Engraçado que, apesar do encontro estafante com aspirador e companhia, costuma sobrar pique para coisas que adoro fazer em dias assim: dar uma volta por aí sem muita pretensão, encarar uma alimentação sem tantas regras dietéticas ou de etiqueta...

Claro que tem sexta de lascar!
Também tem sexta que tanto faz...
Mas na maioria das vezes esse último dia útil da semana carrega um mundo de possibilidades...
E quem não adora sexta-feira? 

Vinicius - o de Moraes -  preferia sábado. 
Sou gente comum! Então viva a sexta!
É que, apesar de estar na condição de apoiar a carreira do meu marido em outro lugar, e estar - por ora - "dispensada" daquele trabalho obrigatório de 8h às quando Deus quiser, está empregnado em mim que a sexta é autorização para descanço, ócio, delícias...
Preciso urgentemente mudar meus conceitos!
É...só uma coexpatriação mesmo para fazer a gente ver a diferença do que a gente realmente quer e o que querem pra gente...
Pensando bem, a impressão que tenho é que nessa condição que estou - de vida profissional em suspenso - segunda, terça, quarta e quinta são tão legais quanto a sexta e o sábado! E o domingo perdeu aquele fim de tarde rabujento!
Nossa!!
De qualquer forma, continuo adoranto sexta!

Carmem Galbes

Maionese, minha viagem preferida!


Olá, Coexpat!
Hoje tive que falar sobre meu hobby. 
A lista de coisas que gosto de fazer até que é recheada. 
Percebi que minhas preferências variam com o clima, com a fase da Lua, com o vaivém das marés...
Sempre gostei de andar por aí. E nesse momento, especificamente nessa condição de visitante, tenho adorado ser turista.
Você pode pensar, ok, nada de novo, próximo assunto. Mas insisto. Tenho me divertido muito viajando. 
Viajando na maionese!
Só que viajar na maionese não é tão simples assim. Exige estômago para lidar com certo engodo que o excesso de novas experiências pode trazer. Também requer determinação, a maionese é escorregadia. É preciso ainda ter coragem, porque tod@s sabemos que maionese pode engordar.
Além disso, a viagem na maionese é uma experiência pessoal e intransferível. Por mais que eu fale desse percurso, é preciso estar preparad@ para saboreá-lo sem cobranças nem constrangimento.
Tem outra coisa. Nem todo mundo gosta de se lambuzar. Tem um pessoal que tem aversão a esse tipo de molho. Lógico que tem sempre alguém que vai lembrar dos riscos da salmonela...
O fato é que, como já disseram, não dá pra encarar uma maionese sem quebrar os ovos. Então preciso ir. É que mexer com claras e gemas ainda é um processo complicado para mim.

Carmem Galbes

Entre o belo, o útil e o indispensável.

Olá, Coexpat!
O período aqui nos States é de volta às aulas. 
Nada novo, isso acontece no mundo todo pelo menos uma vez no ano. Mas uma cena me cativou. 
No supermercado uma mãe tentava convencer a filha sobre os benefícios de uma mochila mais em conta, porém menos atraente esteticamente em relação ao modelo que a menininha havia escolhido.
Esse nhe-nhe-nhem na seção de material escolar também não é novidade. Aliás, o mais comum em período assim é acompanhar verdadeiras batalhas por causa de caderno, borracha, canetinha e apontador.
Não, essa conversa não é sobre a luta da aluninha pelo belo e nem pretendo abordar o esforço da mãe na defesa do útil.
O fato é que mais um clichê bateu à porta. 

Dizem por aí que não importa o que acontece na vida da gente mas no que transformamos esses acontecimentos. 
A menininha não será a única com a mochila mais útil que bonita na escola. Uma legião de colegas deverá estar na mesma situação, mas como cada uma vai se acertar com as experiências do cotidiano isso é outra coisa...
Gosto dos 'causos' da astrônoma Maria Mitchell. Ela viveu sob os mandos e desmandos dos costumes, como todas as mulheres no século 18. 

Como ela administrou isso
Ela poderia ter decidido seguir o que determinava a sociedade, poderia ter ficado deprimida, poderia ter ficado apática e ter deixado tudo pra lá...
Mas ela preferiu posicionar-se ativamente - porém de forma pacífica - em relação ao que não concordava.
Um exemploParou de usar roupa de algodão para protestar contra o trabalho escravo.
E nessa jornada pela própria liberdade e pela liberdade de outros seres humanos, Mitchell fez muitas descobertas! Descobriu até um cometa - que leva o seu nome!
Sim, também temos um universo a explorar. 
E não precisamos estar tão longe, tão só, tão...Basta coragem para simplesmente olhar. É que, como dizia Michell, quanto mais vemos, mais estamos capacitados para ver.
Então abra os olhos, inclusive os da alma, para perceber a beleza e a utilidade dessa incrível experiência que é uma expatriação. Essa fantástica experiência de estar em um lugar desconhecido - dentro e fora de você -  pronto para ser desbravado!

Carmem Galbes

Que sucesso essa gata que sabe latir.

Olá, Coexpat!Não, não é só você...
Por mais que alguém seja fluente em um outro idioma, essa tal língua não deixa de ser estrangeira e sempre tem uma hora que cansa...
Aí pode acontecer de você soltar uns fonemas em Português, não dar algumas respostas e deixar de fazer certas perguntas.
Tudo bem, pode ser que você não esteja pra conversa hoje e deve estar cansada até para falar na língua materna. Mas a história é pequena e bonitinha. Ouvi agora a pouco.
A gata seguia com sua prole pela rua quando apareceu um cachorrão, o mais invocado da vizinhança. Os filhotes ficaram assustados com o bicho e surpresos com a reação da mãe.

Em vez de recuar, a gata seguiu toda empinada e parou em frente ao Rex. Encheu o pulmão e, em vez de "miauuu", deu uma bela latida. 
O Rex nem tentou enfrentar, virou a esquina e sumiu. 
A bichana, muito sábia, virou para a cria e disse: viu como é bom saber uma segunda língua?
Então não desanima! Aproveite sua estada em outro país para seguir com seus estudos no idioma! Fale sem medo de passar vergonha! Meta as caras! Fique fera em latido, mugido e o que for necessário! E, se um dia precisar latir, o "au au" pode sair até com sotaque, mas que o receptor vai entender a mensagem , isso vai!

Carmem Galbes

Desejo e gozo.

Olá, Coexpat!
Numa sexta-feira dessas defendi a importância do ócio, do lazer, do papo pro ar ou o nome que você preferir para o famoso “dar um tempo”.
Engraçado, como é difícil aceitarem - me incluo - que me propus a ficar um período sem seguir a cartilha sócioprofissional. 

Sempre chega a pergunta, 'e aí o que tem feito?' 
É muito estranho responder: nada!
Mas eu estou fazendo nada mesmo. Nada do que dizem que deveria fazer nesse período de coexpatriada. 

Não, não estou fazendo trabalho voluntário. Também não, não participo de grupos de mulheres de-sei-lá-o-que. E não, não estou grávida. 
Desculpe, não, não e não. 
Ok, estou estudando, quero viajar o que puder e experimentar, experimentar e experimentar. Adoro número primo!
Mas não é que envolvida nesse meu projeto bloquímico, sim - porque, pra mim, lidar com tal tecnologia é quase tão difícil quanto entender química - lembrei de uma palestra da psicanalista Maria Rita Kehl.
Ela falava sobre passividade quando soltou a trovoada: "até a morte estamos entre o desejo e o gozo, queremos estar muito mais tempo no gozo, mas a vida é mais valiosa à medida que dedicamos mais esforços em alimentar o desejo."
Não tem jeito, o desejo é o combustível do dia seguinte. A gente morre é de prazer!
Claro que batalho para não cair no desejo comum, alienado. Aqui, pelo menos aqui, quero desejar para o bem, para o meu bem. Busco o desejo que resulte - tomara - em uma satisfação realmente plena e pessoal.
Mas hoje é sexta. E só posso desejar uma coisa: que o mundo tenha um fim de semana de gozo total.


Carmem Galbes

Um minuto de silêncio, você consegue?

Olá, Coexpat!
Nesse mundo em que a gente acha que tem tanto a dizer e em que o tempo todo é convocad@ a falar, ficar em silêncio é quase uma derrota.
Ok, poder falar e conseguir dizer o que se pretende é tudo de bom.
Mas hoje queria conversar um pouco sobre aquele outro silêncio. Eu sei...esse tema é quase clichê de tão debatido, estudado, explorado - até. Mas, na prática, quem consegue encontrar o silêncio interno, a tal da quietude?
Engraçado, é quase um autoelogio falar: “nossa, não consigo ficar quieta!” Isso tende a soar como "nossa, sou super esperta, agitada, envolvida com o mundo, bacana, jovial, legal..."
Mas, será que se a gente fechar os olhos e abrir os ouvidos não vai conseguir ouvir um: "nossa, não consigo parar cinco minutos para dar espaço ao nada."

Que fuga é essa do nada?
Será que o fato de estar assim tão longe de casa, do ninho, eu não posso ficar quieta?
É que a gente sabe que isso pode doer,

O silêncio dói, a pausa dói!
É que a gente sempre acha que no silêncio ouve assombração...
Mas como tudo é uma questão de foco, de para onde direcionamos a nossa atenção, a gente pode ouvir passarinho também... e grilo... e miados & latidos... e ideias... e respostas que não conseguiríamos prestar atenção em meio a tanto barulho...
Então acho que vou pedir ao Supremo, não ao Tribunal Federal, mas ao Supremo Poder do Universo que me conceda o direito - ou a coragem - de ficar calada. Que me conceda o privilégio de não dizer nada, apesar das exigências internas e das expectativas alheias, apesar das urgências, dos receios, da angústia, dos questionamentos. 

Tudo porque quero ter a chance de ouvir o que o silêncio tem a me dizer!

Carmem Galbes

Colecionadora de pennies.

Olá, Coexpat!
De onde eu vim, milhas é aquilo que você acumula ao viajar de avião
Pé serve para por sapato. 
Libra é o signo da minha mãe. 
E polegadas dita o preço da TV.
Mas as coisas têm mudado e, como uma digna infanta - condição readquirida pela expatriação -  meu propósito é sempre facilitar.
Já aprendi que no trânsito a velocidade não pode ultrapassar o número 35, o mph - milhas por hora - eu deixo pra lá.
O pé aqui tem 30 centímetros. Eu nunca vi um pé desse tamanho, mas de repente me vi encolher. Virei uma centopéia manca com pouco mais de cinco pés - de altura, estranho? 

Estranho é meu peso que só aparece em centena. Quantas libras...Isso é angustiante!
Pensando bem, angustiante mesmo é pedir peito de peru fatiado. Estava acostumada com 200 gramas. Agora fico naquela continha mental de mais um, menos um, sobe dois.
E para saber a temperatura então? Já suei tanto que cheguei a perder dois quilos transformando Fahrenheit em Celsius.
Como lido com as polegadas? Ignoro. 

Agora imagine você no mercado, na fila do peito de peru, tentando saber se está calor e tendo que se concentrar na hora de espirrar? 
Lembre-se, atchum em vez de atchim
Se doer é ouch e não ai.
Mas mudando de assunto, uma coisa que eu gosto é dos nomes das moedas. Penny para um centavo, dime para dez e quarter para 25. 

Sabe, tenho uma amiga que coleciona penny. Ela já juntou 257 pennys (sic). Bom, ?
Moral da história: sem bom humor, a expatriação pode te matar...de saudade, de raiva, de medo...

Carmem Galbes

Expatriação e o teletransporte para a primeira infancia.

Olá, Coexpat!
Com o propósito sempre de integração cultural e de pesquisa antropológica - claro (#sqn) -  hoje dei uma de americana e fui às compras logo depois do almoço.
É estranho, você entra nas lojas e parece final de semana ou grande liquidação, está sempre tudo cheio. Acho que é porque o clima aqui é de fim de férias. Bom, só vou saber quando mudar a estação.
O ritmo na loja é diferente. Não tem aquela paquera com a mercadoria. O pessoal vai olhando tudo de forma acelerada. O som é de cabide batendo, tac-tac-tac uma peça após a outra. De repente uma pausa. A loira ao lado acha uma blusa linda! Vai ter olho clínico assim lá longe.
Peguei 327 milhões de itens...e nada! É que ainda não me acertei com meu número...
Mas, sabe aquela história da azeitona da empada? Pois é, tanta roupa linda e um soutien que sobrava na frente e apertava nas costas acabou disparando um blá-blá-blá mental. Sim, tenho tido muito disso ultimamente.
Sinto que eu nasci ontem. Não sei mais meu manequim, a noção de caro e barato complicou, sem contar o bê-á- em tudo, no restaurante, no trato e no destrato... Usar moeda então é exercício de paciência, imagina para o caixa...
Mas a gente cresce, ?


Carmem Galbes

Em que Lua você está?

Olá, Coexpat!
Meu propósito hoje era trazer um conteúdo mais formal, com alguns numerinhos – coisa de jornalista. O fato é que não encontrei nada que traduzisse numericamente o cotidiano dos profissionais e suas famílias no exterior.
O que me chamou a atenção foi uma tese que citava um livro de 1986 - Culture Shock: Psychological reactions to Unfamiliar Environments, London: Methuen. Um alívio...até que enfim uma visão mais humana do processo.
Na obra, os autores Adrian Furnham e Stephen Bochner dizem que @ expatriad@ passa por quatro fases:
O começo é de euforia, lembra muito aquelas férias em um lugar novo.
Mas...no fim de três semanas - mais ou menos - vem a segunda fase , a do choque, quando o desencanto começa a marcar o dia a dia.
Os autores garantem que isso normalmente passa.
Bom, então se o esquema deles funcionar mesmo, eu sei que vou entrar na fase três quando passar a adotar - sem crise - as regras e os valores do novo país e tiver confiança para me aventurar na rede social.
E como quando a gente conversa a gente se entende, eis a fase quatro, a de relacionamento intercultural e de estabilidade emocional.
Perceba que da fase dois em diante nossos amigos não detalham o tempo de duração. Portanto, cada caso deve ser um caso, como tudo na vida!
Mas se na teoria a tese é fácil, os escritores lembram que o a integração pode ser tamanha, que corremos o risco de abandonar a própria cultura - aí complica na volta.
E você, em que fase está?
Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...