As partidas são de partir o coração...

Olá, Coexpat!
Partir...
Quem inventou as palavras não poderia ter sido mais competente em usar para dois verbos diferentes a mesma combinação de letrinhas, P+A+R+T+I+R:
- Ir
- Dividir
Nos últimos 17 anos o partir tem carimbado a minha história nômade, seja eu partindo da casa de alguém, seja alguém partindo da minha.
Ontem foram meus pais que partiram daqui.
Se o dia da chegada, melhor - se os dias que antecedem a chegada são uma delícia que fica ainda mais deliciosa com a estada de quem chega, o dia da partida é um horror. E na minha memória o dia da despedida parece sempre cinzento.
Ontem estava assim...
Ficar com a casa vazia, em silêncio, depois de tanta risada, conversa, passeios é muito dolorido.
Não me acostumo com as partidas...nunca...
Por que mesmo elas existem?
Por que a distância existe?
As partidas são de partir o coração...
Elas dividem a gente, fisicamente e nas nossas querências: é querer estar aqui e lá ao mesmo tempo...é querer voar e plantar ao mesmo tempo...
Já disse: não me acostumo com as partidas, nunca...
Mas amo as chegadas! Ah...como elas revigoram...
É...só não consigo ter uma coisa sem ter outra.
Um eterno chegar é loucura...é impossível.
Então vem cá partida, te abraço, te acolho, mas só porque sem você não teria o delicioso gosto das chegadas, só por isso...


Carmem Galbes

Expatriação: controle x direção.

Olá, Coexpat!
Tá tudo sob controle!
Vou perder tantos quilos em x meses.
Vou começar o curso tal.
Já estou fazendo a poupança para viajar para aquele lugar da moda!
Até o segundo semestre financio uma casa e um carro.
Já sei onde estarei daqui a cinco anos!
Sério?!
Está tudo dominado?
Tudo controlado?
Por quem?
Por você? Sério mesmo?!
Até que ponto os seus desejos são seus desejos mesmos ou só estão atendendo a uma demanda do seu entorno, do seu mundo?
Eu tenho que!
Eu tenho que gostar logo do meu novo endereço. Eu tenho que fazer amigos logo! Eu tenho que fazer logo uma coisa que pareça útil aos olhos dos outros. Eu tenho que ficar sorridente logo! Eu tenho que achar tudo lindo logo! Essa coleção de tenhos causa uma dor danada, paralisa e mina um dos processos mais mágicos de uma mudança de endereço: o processo de se reinventar!
Desligue o controle e assuma a direção!
Por menos cobrança e mais experimentação em uma mudança de cidade, de país, de ares!

Carmem Galbes

Leve: novos serviços, mais apoio!


Olá, Coexpat!
Apoiar o desenvolvimento da carreira do meu marido em outras cidades do Brasil e do exterior resultou em mais que mudanças de endereço e de pontos de vista. Trouxe - e ainda traz - uma violenta expansão de consciência. Violenta porque vem como um tsunami, arrastando todos os conceitos e modelos de vida. Expansão da consciência porque não reestruturou só  aspectos da minha vida familiar, profissional, afetiva - remodelou a minha espiritualidade, a minha relação mais profunda com meu Eu superior.
O fato é que estou muito bem, obrigada e expandida! Grande! Tão grande que restringir os serviços da Leve e o conteúdo do blog às esposas expatriadas vinha me incomodando e muito!
O que eu poderia fazer então?
Incluir!
Por isso a partir de agora a Leve também oferece suporte ao "marido expatriado"
A proposta continua sendo a mesma, ajudar o cônjuge do profissional transferido a também ter uma experiência enriquecedora em outra cidade, outro país. Porque expatriação pode ser de um profissional, mas o impacto da mudança é sobre a família toda.
Nós ajudamos o parceiro ou a parceira a ter uma realização só dele ou dela com o uso de ferramentas de autoconhecimento e de organização de coisas, rotinas, sentimentos, pensamentos, metas e objetivos.
Nesse sentido, o grupo Coexpatriadas - até então exclusivo para esposas expatriadas -  perdeu o a no final para ganhar um @ e ser unissex. A comunidade no Facebook continua com a proposta de informar, apoiar e inspirar as "esposas" e agora também os "maridos" expatriados. 
Outra novidade, a Leve passa a olhar também para o casal expatriado.
O Suporte ao Casal Expatriado é um serviço feito especialmente para melhorar a comunicação e incrementar a parceria e a cumplicidade do casal transferido, características fundamentais para a saúde do casamento e o bem estar da família em um vida “longe de tudo”. 
As empresas também estão recebendo especial atenção nessa nova fase da Leve.
Sabemos que transferir um profissional - especialmente para o exterior - exige cuidado, atenção e muito trabalho. É tanta burocracia, são tantas providências, que nem sempre os profissionais envolvidos com a mobilidade conseguem dar a devida atenção a quem acompanha o profissional transferido.
Segundo pesquisa Mobility Brasil 2018, feita pela consultoria Global Line, com o apoio da Worldwide ERC, FIA e ABRH-SP , "observamos que na maioria das empresas pesquisadas (73%) a satisfação dos transferidos em relação ao apoio recebido em sua expatriação é baixa, havendo clara necessidade de melhorias."
O Leve nas Empresas oferece os seguintes serviços:
  • Workshop para profissionais de Global Mobility: “Melhores práticas para lidar com o ‘cônjuge expatriado’ e transformá-lo em um parceiro no processo de mudança.”
  • Palestra de ambientação a um novo modelo de vida para grupos de cônjuges.
  • Produção de conteúdo para veículos internos.
Para saber mais sobre cada serviço, é só clicar nas palavras em negrito no texto.
  • Visite a página da Leve: www.leveorganizacao.com.br
  • Continue com a gente aqui no blog!
  • Instagem: @levepelomundo
  • Facebook: https://www.facebook.com/levepelomundo/?ref=bookmarks
Carmem Galbes

Feliz dia de hoje! Porque expatriado vive um dia de cada vez!

Olá, Coexpat!
Um texto das antigas...estava escondido nos arquivos do blog...há dez anos...direto do túnel do tempo...
Quando eu era criança, aprendi que 6 de janeiro, além de ser dia de Reis, é data para desmontar árvore e recolher enfeites de natal. Todo ano era assim. Depois de festa, presente e visita, vinha o desmontar da cena natalina. Era um momento simbólico até. Uma nova fase começava. A sala voltava ao normal. As bolas voltavam para a caixa, os bonecos entravam em um sono de um ano, a árvore, se natural, iria se decompor ou ressuscitar por aí ou, caso imortal, voltava para o maleiro.
Aí cresci. Mudei, mudei, mudei, mudei. Tentei criar essa rotina de investir em um cenário de natal em casa. Mas nem sempre conseguia montar na data que aprendi ser a correta - 1 de dezembro - nem desmontava no dia certo. Isso me deixava culpada, em desacordo com o ritual. Esse ano não teve nem enfeite de porta, que ficaram empacotados no Brasil. Nem por isso deixei de prestar atenção nas decorações por aí.
Interessante que aqui nos Estados Unidos ainda tem muita casa brilhando de longe, muita guirlanda na porta. Fico fantasiando. Imaginando se os moradores ainda estão viajando. Me pergunto se esqueceram, se estão muito ocupados, se não ligam...
Engraçado disso tudo é ver como o velho chega rápido. 
Até outro dia, esses produtos cintilavam nas prateleiras e pesavam no bolso. Agora são tralha com um baita desconto.
Ok, sei que enfeite de natal, como acontece todo ano e há pelo menos 2 mil anos - tem data para entrar e sair de cena. Mas com esse negócio de excesso de produção chinesa sobra muita coisa. Aí os enfeites ficam presentes na vida da gente ainda por um bom tempo, nem que seja jogados numa cesta qualquer.
Fiquei tentada a levar um desses pra casa. 75% de desconto!
Dizem que a lógica de quem sabe ganhar dinheiro é comprar na baixa e vender na alta.
Mas, não tem jeito, se é difícil - em pleno 40 graus - comprar agasalho pensando no frio que pode vir laaaaá longe, imagine enfeite de natal depois do ano novo!
Além do mais é muito tempo pra frente e foi isso que me fez parar. 300 dias e tralalá. É muito tempo. Não levei. Mas a pausa diante do bacião foi boa. Me trouxe de volta para o agora. Espero mesmo que seu ano todo seja bom. Mas que tal a gente ir por partes?
Que você tenha um lindo dia! E isso já é ótimo!!

Carmem Galbes

Expatriação e a importância de cuidar das nossas bases.

Olá, Coexpat!
Amo meus pés! 
Com eles ando, paro e não caio, corro, pulo, tropeço...
Cuidar dos pés é simbólico, é cuidar das bases.
Teve uma fase em que eu torcia muito meus pés. Foi preciso muito estudo e auto-observação para descobrir que as torções queriam me mostrar que eu estava indo por um caminho que não tinha nada a ver comigo...
Ao olhar para os meus pés, para a minha base, me reorientei.
Que tal usar essa mudança de endereço para cuidar dos seus pés, para fazer as pazes com a sua base?
Às vezes essa expatriação, essa transferência é a torção que faltava para você olhar para os rumos que você tem tomado...
Estar longe de casa, em outra cidade ou país, em nome do desenvolvimento da carreira de outra pessoa não é nada fácil! Exige coragem, mas pode ser a grande oportunidade para testar caminhos, e - por que não - desbravar outros?
Que essa sua vida expatriada, que sua vida de "cônjuge expatriad@" fortaleça suas bases e alargue seus horizontes!
Bora então cuidar com carinho do que nos faz seguir adiante!
Em tempo... 20 minutos depois, pés macios e relaxados!

Carmem Galbes

Expatriação e turning point, como tirar o melhor dessa virada.

Olá, Coexpat!
Pontos de virada na minha vida.
O primeiro foi aos 14 anos, quando senti uma coisa tão ruim que nem tinha nome. Elaborei essa fase usando a ferramenta disponível na época - fé em Deus. Foi uma única oração e o céu ficou de novo azul.
Outra virada foi aos 34, quando meu marido foi expatriado, de quebra, eu também! No EUA, demolição de conceitos! Isso me levou, por exemplo, a lidar com a maternidade de uma forma que eu jamais tinha imaginado e que eu amo!
Outro turning point foi aos 38, em mais uma transferência do maridão, agora para o Recife. Lá, em nome da saúde física e mental, fiz as pazes com os meus valores e abri caminho para a atual virada: alinhamento total com a espiritualidade.
Daí estão evoluindo mudanças incríveis, mas algumas bem difíceis, caso da vida financeira, por exemplo. Como investir em um fundo que eu não sei se meu dinheiro está ajudando a patrocinar uma guerra, um câncer  ou mais fome? Alô corretoras!!
Na vida profissional, o "Incluir. Agregar. Somar." veio forte. Já não posso mais lidar apenas com a "esposa expatriada", como fiz nos últimos 10 anos. O "marido que acompanha" também precisa de um olhar. Isso está exigindo uma reformulaçao total, e a toque de caixa, de toda comunicação e tecnica do meu trabalho. Mas isso é assunto para um outro post.
A experiência já me mostrou que as viradas são compulsórias, saudáveis e doem menos quando surfo com e não contra a onda. Interessante que,comigo, elas costumam vir em meio às mudanças de endereço...
Então, bora deixar virar. Bora deixar mudar!
E você, qual foi sua última virada, como você cresceu e o que aprendeu com ela?
Carmem Galbes

Expatriação, quando a dependência do casal não é uma questão financeira.

Hoje eu tô polemicona!
Por isso o tema (in)dependência financeira, o dito cujo que arranca lágrimas de mágoa e raiva até dos casais expatriados mais descolados, apaixonados e maduros, principalmente nessa época de visita de família, de compras de natal...
Que tal a gente começar com calma, pelo começo, pelo significado das palavras?
Na definição do Michaelis independência é:

  • Estado, condição ou característica daquele que goza de autonomia ou de liberdade completa em relação a alguém ou algo.
  • Caráter ou qualidade de alguém ou daquilo que não se deixa influenciar ao fazer julgamento; isenção, imparcialidade.
  • Caráter ou qualidade de alguém ou daquilo que rejeita conceitos, ideias, regras predeterminados; autonomia.
  • Caráter ou qualidade de quem rejeita qualquer tipo de submissão.
  • Caráter de um estado que não se acha submetido à soberania política de uma outra nação; autonomia política.
  • Condição financeira favorável de alguém ou de uma instituição, sem que precise depender de outrem; independência financeira suficiente.
Dito isso, pergunto: 
  • Quem na face dessa terra é independente?
  • Quem goza de autonomia ou de liberdade completa em relação a alguém ou algo?
  • Quem não  se deixa influenciar?
  • Quem rejeita conceitos, ideias, regras?
  • Quem rejeita qualquer tipo de submissão?
  • No mundo globalizado, abarrotado de títulos financeiros, existe mesmo separação entre política e economia? Sendo assim, existe mesmo soberania política?
  • Quem, senhor, quem tem independência financeira, quem não precisa do dinheiro do outro?
Me explico:
Vamos pensar na independência financeira, o tipo de independência que as pessoas mais valorizam. Imagine uma rede financeira começando por você, que se sente toda desgostosa da vida porque aceitou apoiar a expatriação do seu marido - deixando o próprio emprego de lado - e agora diz sofrer por estar dependendo financeiramente dele.
Você depende financeiramente da renda do seu marido → ele depende financeiramente do empregador dele → o empregador depende financeiramente dos clientes → os clientes dependem financeiramente de quem paga os salários → quem paga os salários depende financeiramente de quem recebe os salários...
É um ciclo! Interdependência financeira! 
Só consegue ter independência financeira quem não participa desse ciclo. Quem não precisa de dinherio para comer, beber, vestir-se e proteger-se.
Vez ou outra ouvimos histórias de gente que conquistou - ou pelo menos tentou conqusitar - a independência financeira de fato.
Caso de Thoreau, que em 1845, aos 28 anos, mudou-se para uma cabana no bosque e demonstrou minuciosamente que poderia tirar tudo o que precisava da natureza. Por dois anos ele viveu à parte do sistema financeiro, dependente (o que todos somos) direto - sem atravessadores - da natureza. 
Mas o ponto que eu quero chegar nem é como podemos nos libertar do uso da moeda ou de quem sustenta quem. 
Eu quero é conversar sobre essa ideia de hierarquia nas relações de dependência.
Esse negócio de a dependência financeira provocar/fomentar/facilitar outros tipos de dependência: de opinião, de decisão, de crença, de humor...
Entende onde quero chegar?
"Eu pago as contas então quem manda aqui sou eu." Essa frase é filha daquela que ouvimos desde a primeira birra/revolta: "quando você tiver o seu próprio dinheiro, você pode fazer o que quiser."
Posso mesmo?
Que tipo de sociedade é essa que diz que com dinheiro a gente pode tudo?
A gente aprende lá bem pequeno que dinheiro é o pai e a mãe de toda a liberdade e submissão.
Então, como não aceitar o fato de que quem tem mais dinheiro, quem recebe o salário é sim mais importante, melhor, superior e pode fazer e desfazer de quem e do que bem entender?
Bom, na minha humilde opinião, não pode e não consegue.
Porque a nossa dependência real - a dependência de que nenhum humano consegue se livrar - é de amor, de afeto, de olhar. Só acreditamos que existimos porque o outro diz que nos vê! E isso não está à venda. Amor autêntico, afeto de verdade, olhar genuíno não podem ser comprados.
Aaaa. você tá decepcionada porque diz que estou chovendo no molhado e esperava um outro desfecho.
Sim, estou chovendo no molhado e não, não há outro desfecho.
Desempenhamos diferentes e simultâneos papéis nessa vida e a dependência está presente em todos eles!
Durante uma expatriação, as relações de dependência ficam ainda mais escancaradas e a limitação do poder do dinheiro ainda mais evidente, tanto que chega uma hora que os pacotes de benefícios podem ficar ainda mais valiosos mas seu efeito não cresce na mesma proporção, porque não conseguem contemplar algo que pode fazer a diferença para o sucesso ou fracasso de uma expatriação: a dependência de apoio e a valorização - na mesma medida - desse apoio! 
"Eu apoio e valorizo a decisão de você trabalhar em outro pais ⇿ Eu apoio e valorizo a decisão de você mudar a sua vida para me apoiar."
Aceitar que a importância desses papéis sejam qualificados por montantes financeiros e origem da renda é pequeno demais para um processo tão complexo que é uma transferência profissional - que considero uma mudança de mundo, não apenas de país ou de cidade.
Penso que são muitos os processos que levam alguém a sentir-se inferior porque não é a fonte da renda, mesmo que esteja à frente de vários outros importantes papéis.
Você pode argumentar  que a relação direta de poder e dinheiro está no DNA do ser humano e que se você não reconhecer que o outro é sim mais importante porque é o "dono" da renda, você ficará desamparada, você passará fome. 
Well...
Tudo bem! Independência de opinião!
Resta saber, você tem fome de que?
Mas aí é muito assunto pra pouco espaço...
Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...