Leve Entrevista: filhos bilíngues.

A família recebe o convite para expatriação: tira vistos, organiza documentos, doa móveis, compra roupa, vende o carro, cancela serviços, desocupa a casa e vai todo mundo para um intensivão para tentar captar algo do idioma local até a chegada ao novo endereço.
Com gente grande é assim. Mas quando tem expatriadinho na mudança? E quando o pequeno "aparece" no meio da missão? Que língua usar? É melhor deixar pra lá o português? Com um idioma em casa e outro fora, a criança pode ficar confusa, perdida, gaga, começar a falar mais tarde, ter dificuldade para aprender a ler e escrever? São tantas dúvidas e caraminholas. O fato é que transformar pensamento, emoção, sentimento em palavras e frases coerentes não é tarefa fácil nem no idioma em que se nasceu ouvindo, por isso tanta aflição em torno da educação dos pequenos que estão longe do nosso burburinho. Colin Baker - considerado um dos maiores especialistas em bilinguismo infantil - diz que há muito mais benefícios que desvantagens em se aprender mais de um idioma ainda na infância. Ele acrescenta que o bilinguismo no começo da vida acaba levando a culpa por problemas que não causou. Nessa linha, a pesquisadora Ivana Brasileiro salienta que o sistema de percepção de sons é mais aguçado na primeira infância, daí a maior possibilidade dos pequenos atingirem a vida adulta com um alto nível de proficiência em uma língua estrangeira. Na tese de doutorado - concluída em 2009 no Instituto de Linguística da universidade de Utrecht, Holanda - Ivana investigou como as crianças fazem para aprender dois idiomas ao mesmo tempo. Dos seus estudos, nasceu um trabalho para ajudar as famílias que vivem pra lá e pra cá. "Tão interessante quanto a pesquisa em si foi o contato que tive com essas crianças e com seus pais. Um "eye-opener" e fonte de inspiração. Tanto que um ano após encerrar a pesquisa comecei a organizar workshops - juntamente com duas colegas - para pais interessados em educar seus filhos bilíngues."

Leve - Quando apresentar ao bebê - filho de brasileiros - o idioma local? 
Ivana Brasileiro - Tanto para o aprendizado do idioma local quando para o aprendizado da língua materna o ideal é que se inicie o quanto antes. Se possível até mesmo antes do nascimento, já que várias características linguísticas - como por exemplo o ritmo, que varia entre idiomas - alcançam o bebê ainda no útero. Isso não quer dizer que a criança não seja capaz de aprender um idioma mais tarde, para várias crianças - e mesmo adultos - isso acontece muito naturalmente.

Leve - Em família, o Português. Fora de casa, o idioma local. Como lidar com o bilinguismo entre as crianças que ainda estão aprendendo a falar? 
Ivana - Da forma mais natural possível. Se levarmos em consideração que no mundo existem mais crianças bilíngues do que monolíngues, podemos concluir que monolinguismo é exceção e bilinguismo a regra. Para uma criança aprender uma língua - local ou materna - a única coisa que ela precisa é exposição nessa língua. Muita exposição: em diferentes contextos, com diferentes pessoas, sobre assuntos diferentes etc. Essa exposição também deve ser ativa, com interação.
Televisão e internet são ótimos meios como suporte para aumentar o vocabulário da criança ou mesmo o interesse dela nessa língua, mas não são substitutos para a interação. Nenhuma criança vai aprender uma língua simplesmente assistindo televisão.
Existem vários mitos sobre o bilinguismo e isso - às vezes - assusta os pais. Um dos mitos mais conhecidos é de que crianças bilíngues começam a falar mais tarde. Pesquisas recentes, entretanto, revelam que crianças bilíngues alcançam todos os marcos linguísticos na mesma idade que crianças monolíngues.
Nos anos 60, até achava-se que crianças bilíngues eram menos inteligentes que crianças monolíngues.
Para os pais é necessário que eles estejam firmemente convictos de que bilinguismo não afetará o seu filho de maneira negativa. Talvez até pelo contrário: um dos efeitos mais espetaculares do bilinguismo é a proteção contra a demência. Uma pesquisa feita no Canadá revela que idosos que foram criados bilíngues desenvolvem demência em média mais tarde e de forma mais leve do que idosos que foram criados monolíngues. Outro problema com o qual pais de crianças bilíngues são confrontados é com a recusa por parte da criança de falar o idioma materno, principalmente quando a criança começa a ir para escola ou quando atinge a adolescência. O meu conselho seria para continuar falando sua língua materna sem dar importância excessiva à recusa. É também importante que a criança tenha contato com outras crianças, família, outros adultos que falem a língua dos pais.

Leve-  Como introduzir o idioma local entre as crianças que ainda estão em processo de alfabetização da língua materna? Ivana - O ideal é que a criança entre em contato com a língua primeiramente em um ambiente informal, com amigos, família etc. Essa é também a forma mais eficiente de se ensinar um idioma para uma criança. Diferente dos adultos, que aprendem uma língua com mais facilidade na escola do que na rua.
Além disso, especialistas recomendam que uma criança seja primeiramente alfabetizada na língua na qual ela é mais fluente e só posteriormente na(s) outra(s) língua(s). Muitas das habilidades e estratégias que a criança desenvolve para aprender a ler e escrever em uma língua serão transferidas para o aprendizado na outra língua, o que significa que o processo de alfabetização não recomeçará do zero. Isso dito, gostaria de acrescentar que a alfabetização bilíngue não é prejudicial para a criança.

Leve - Quais o prós e contras de uma alfabetização bilíngue? Ivana - Com relação somente à alfabetização bilíngue, o benefício mais observado é o da questão econômica: no nosso mundo globalizado saber ler e escrever em vários idiomas aumenta suas chances de trabalho. Não podemos esquecer também a questão cultural: saber ler e escrever em várias línguas significa acesso à uma literatura muito mais vasta. Mas na minha opinião, a maior vantagem da alfabetização bilíngue é o suporte ao bilinguismo de um modo geral. Ou seja, crianças que aprendem a ler e escrever na língua dos pais - no caso dessa língua não ser a língua local - tendem a falar melhor essa língua e, quando adultos, continuarem a falar. Os contras ficam mais na parte prática. Tanto para os pais quanto para as crianças a alfabetização em uma língua que não seja a língua usada na escola da criança custa tempo, e - às vezes - dinheiro. Para a criança, por exemplo, pode ser frustrante ter que ir à escolinha no sábado enquanto todos os seus amiguinhos estão brincando. É necessário tomar cuidado para a que a criança não desenvolva uma atitude negativa com relação a esse idioma.
Carmem Galbes  

Um mundo com trocentos países!

Triste porque está aí e não lá, ou porque está longe e queria estar perto?
Abra a cabeça, o coração e o mapa mundi!
Tem tanto lugar pra se estar!
Aliás, quantos países o mundo tem?
A resposta para essa pergunta é quase filosófica: depende.
A ONU diz que são 191.
Para o Comitê Olímpico Internacional são 202.
A Fifa contabiliza 205.
Pelas contas da Visa seriam 249!
Eu sei, eu sei, não ajudei muito. Mas que você vai dar uma remexida lá nas lembranças das aulas de geografia, ah...isso vai...
Se você não está feliz longe de casa, apesar de todo o potencial de enriquecimento que uma expatriação traz, não se convença que é assim mesmo. Converse comigo que eu sei como te ajudar!
Estou no contato@leveorganizacao.com.br

Não desperdice nenhuma chance de viver a vida que você quer!
Carmem Galbes

Expatriação, direitos x benefícios.

Vira e mexe aparece pré-expatriado ou "prexpatriado" em busca de orientações sobre o que negociar com a empresa antes de partir lá "pro estrangeiro".
A gente sabe que os cartuxos são pessoais e cada empresa sabe - ou pelo menor deveria saber - onde o calo de seu talento aperta. Exemplo: se para alguns é importante ter um profissional para orientar a família lá fora, outros precisam é de ajuda antes mesmo da partida. Resumindo: cada "causo é um causo".
De concreto mesmo é que o trabalho de brasileiro no exterior é regulamentado. Detalhes da lei 11.962 você confere aqui.
Então, antes de negociar benefícios, é preciso ter na ponta da língua o que a empresa TEM que oferecer lá fora.
A advogada Aparecida Tokumi Hashimoto explica que, de acordo com a lei - em vigor desde 2009 - o expatriado tem basicamente os seguintes direitos:


  • Previsão de salário-base e adicional de transferência;
  • Reajuste salarial de acordo com a legislação brasileira;
  • Respeito aos direitos inerentes à legislação brasileira relativa à Previdência Social, FGTS e PIS;
  • Direito de gozo de férias no Brasil, acompanhado dos familiares, com custeio da viagem pelo empregador, após dois anos de estadia no estrangeiro;
  • Direito ao retorno custeado ao Brasil no término do período de transferência ou até mesmo antes, nos casos legalmente previstos (artigo 7º);
  • Direito a seguro de vida e acidentes pessoais - cujo valor não poderá ser inferior a doze vezes o valor da remuneração mensal do trabalhador - por conta da empresa, cobrindo o período a partir do embarque para o exterior até o retorno ao Brasil;
  • Direito a serviços gratuitos e adequados de assistência médica e social, nas proximidades do local laborativo no exterior;
  • A remuneração devida durante a transferência do empregado, computado o adicional de transferência, poderá, no todo ou em parte, ser paga no exterior, em moeda estrangeira. O empregado poderá optar, por escrito, em receber parcela da remuneração em moeda nacional, que será depositada em conta bancária;
  • O período de duração da transferência será computado no tempo de serviço do empregado para todos os efeitos da legislação brasileira, ainda a lei do local de prestação de serviços considere essa prestação como resultante de um contrato autônomo e determine a liquidação dos direitos oriundos da respectiva cessação (artigo 9º).
Para por na balança:
Custeio de passagem, de plano de saúde e de seguro de vida são direitos.
Bancar a adaptação da família, o aluguel e os estudos são benefícios.
Ter um "expatriador" competente para criar cenário e ambiente propícios para o expatriado e oferecer o que tem de melhor são...são tudo de bom, né?
Mudou ou está de mudança por causa da carreira de outra pessoa? Quer encontrar uma motivação pessoal, só sua nessa jornada? Fale comigo, eu sei como te ajudar!
Estou sempre no contato@leveorganizacao.com.br
Mais informações: www.leveorganizacao.com.br

Carmem Galbes
Imagem: SXC

Expatriação na estante. Mineirinha n'Alemanha.

Olá, Coexpat! 
A gente navega, navega, mas como faz falta folhear.
Por isso essa parada na Estante.
Que tal pegar sua bebida predileta e aninhar-se no seu canto favorito? É que essa dica é bem minerinha, sabe.
O livro Mineirinha n'Alemanha é cria de blog. Mas a viagem "expatriática" da autora começou quando a internet ainda engatinhava.
Um estágio em comércio exterior levou - ou trouxe, dependendo do ponto de vista - Sandra Santos para a Europa há 18 anos.
Desde então, a mãe, esposa, profissional e expatriada vem vivendo e aprendendo. Então, por que não dividir essa bagagem, uai?
Para mais impressões e outras informações, dê uma passada no Mineirinha na Alemanha.

Leve - Como foi o começo da sua experiêcia no exterior?
Sandra - O principal desafio foi viver sozinha, dominar o idioma alemão e "domar" as saudades, isso tudo ainda antes da era da Internet.

Leve  - Quando e como surgiu a ideia de passar essa experiência de expatriada para o papel?
Sandra - Eu gosto muito de escrever e, em 2003, comecei a escrever um blog. Fui colunista do site "Viver na Alemanha". No final de 2008 lancei o livro "Mineirinha n'Alemanha", reunindo os principais textos, mais lidos e mais comentados de tantos anos virtuais.

Leve  - Que tipo de dicas o livro traz?
Sandra - O livro, como um blog, é muito eclético. Traz várias dicas de como é a vida no exterior, ajuda a driblar o choque cultural e é um apoio para entender a cultura alemã, com seus costumes e tradições. Fala sobre o mercado de trabalho alemão e mostra como fazer para adquirir a cidadania alemã.
O livro é uma indicação também para brasileiros que estejam pensando em emigrar para outros países, pois passa muito dos sentimentos e pensamentos de uma brasileira no estrangeiro.

Carmem Galbes

Expatriado, saiba o que fazer em casos de confusão, conflito, guerra...

Olá, Coexpat! 
Você, sua família, sua casa, sua rotina e - de repente - puf: parece que todo mundo ficou louco. É só gritaria, violência, saques, ameaças... E tudo parece tão cheio de poeira, de fumaça...E você tão longe de casa...
Tudo bem, exagerei. A gente sabe que as coisas não acontecem de estalo. Quem é conectado percebe a evolução da tensão, até que o conflito explode!
Aí, o que fazer?
Esperar ou agir?
Ficar ou partir?
Como somos um povo que acha que traz má sorte pensar no pior - quando o pior acontece - ficamos, na melhor das hipóteses, rezando-em-um-quarto-de-hotel-esperando-o-próximo-voo. Tem empresa que investe em gerenciamento de risco e tem pronto todo um esquema para socorrer seus expatriados, seja em terremoto, furacão, revolução, golpe de estado.
Mas quando a gente está longe da nossa terra firme, é muita viagem confiar que vai ter sempre alguém pra cuidar de tudo.
Então sempre tenha pronto o seu plano de ação!
O que levo na minha bagagem é o que guardei da experiência de enfrentar um furacão.
1 - Ao chegar ao novo endereço, informe o consulado brasileiro que você está vivendo no país.
2 - Tenha em alguns lugares: agenda do celular, anotado em papel dentro da carteira, na porta da geladeira os telefones de emergência da embaixada brasileira.
3 - Reúna em uma pasta todos os documentos e o que mais você considerar ultra-mega importante.
4 - Se você acha que o ambiente está estranho, deixe uma mochila pronta. Pense na pasta com os documentos, em roupa, remédio, dinheiro local e dólar, carregador de celular, água, comida. Um mp3 à pilha pode ser sua salvação. Quando não havia mais energia, nem bateria de celular, nem de tablet, foi o famoso radinho à pilha que nos manteve informados na noite do furacão.
5 - Defina com a sua família o ponto limite. Quanto vocês estão dispostos a aguentar até decidir partir para o aeroporto?
6 - Tente avisar alguém no Brasil sobre seus próximos passos.
No mais é respirar e tentar manter a calma.
Se você tiver outras dicas de segurança para expatriado, divida com a gente!

Carmem Galbes

Foto: Chris Hondros/Getty Images

Tarde, mas nunca - never!

Olá, Coexpat!
Feliz 2011!
Você: Ô, atrasilda!
Eu sei...
Mas desejo mesmo que você tenha um super ano, cheio de embarques e desembarques.
Confesso que nessas minhas andanças em terras maternas, o desbravamento tem me requisitado todo o tempo do mundo e mais um pouquinho.
Mas tenho saudade, e muita, das nossas blogadas "expatriáticas". Tanto que quando disse: chega, tenho que voltar ao blog, nem consegui esperar a sexta-feira, dia oficial dos nossos encontros.
Pra justificar a volta, fica a dica do blog do Conselho de Representantes de Brasileiros no Exterior.
Espero te ver mais vezes daqui pra frente!

Carmem Galbes

Expatriação: família é tudo!

Podem falar o que quiser sobre família: que ela está mudando, acabando, falindo...
Mas é fato: família unida - ciente dos desafios e das oportunidades, que embarca junto na viagem - é a base de uma expatriação de sucesso.
Muita gente só descobre isso em meio à dor.
Sorte quando dá tempo de encontrar forças dentro de casa ainda durante a transferência, aí, geralmente, a família fica mais unida e forte. Triste quando as pessoas reconhecem que o relacionamento poderia ter sido diferente quando já estão de volta, com todo mundo frustado - ou pior - um longe do outro.
O ponto é: os profissionais de recursos humanos estão - finalmente - atentos ao peso do bem estar de todos: papai, mamãe, crianças, cachorro, peixinhos expatriados...
Pelo menos, foi isso o que eles mostraram no sexto forum da Associação Brasileira de Recursos Humanos, que tratou da relevância do RH no processo de expatriação.
Segundo a Associação Brasileira de RH, dos convites negados de expatriação, 8 em cada 10 são recusados pelo receio que a família tem de deixar o aconchego do lar e se aventurar em uma nova cultura.
Uma das palestrantes, Andréa Fuks, sócia da Global Line - empresa que atua há quase duas décadas com expatriação - resume a queixa de muitos expatriados.“A maioria das políticas de expatriação prevê apoio às questões técnicas e de problemas do dia a dia em relação à moradia e às questões legais, mas o que mais preocupa são as questões emocionais e aquelas que requerem um entendimento da cultura local.”
Além do papel da família, durante o encontro, foram debatidos temas que a gente, vira e mexe, trata por aqui, caso da repatriação e das transferências dentro do Brasil.
Quanto à viagem de volta, Andréa Fuks admite que a repatriação não recebe a atenção que merece.“É comum as empresas que apoiam seus expatriados se esquecerem de que há problemas após o seu retorno.”
Resultado: ou a empresa perde o profissional ou o profissional acaba perdendo o emprego.
Segundo Daniela Lima, também sócia da Global Line, “muitas vezes, a pessoa se super qualificou lá fora, aqui no Brasil a demanda não evoluiu na mesma velocidade e, no seu retorno, este funcionário não se encaixa mais no perfil da vaga disponível a ele.”
E quando a mudança não exige visto nem passaporte?
Para o gerente de mobilidade internacional da Petrobras, César Edney, a empresa deve ter, sim, mais cuidado com essa "expatriação interna". “Devemos considerar as mudanças de pessoas entre estados aqui no Brasil, pois há bastante dificuldade de adaptação para muitos.”
Então, conluindo:
- Família é tudo;
- O retorno é tão importante quanto a partida;
- Mudança é mudança, não importa pra onde, tudo muda!
Ah, outra coisa que fizeram questão de frisar durante o encontro: expatriado tem que ter alma livre, leve e solta, porque “uma carreira internacional nem sempre é glamurosa”, diz Andréa Fuks, da Global Line.
Mas isso a gente já sabia, né!

Se você não está feliz longe de casa, apesar de todo o potencial de enriquecimento que uma expatriação traz, não se convença que é assim mesmo. Converse comigo que eu sei como te ajudar!
Estou no contato@leveorganizacao.com.br

Não desperdice nenhuma chance de viver a vida que você quer!
Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...