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Leve Entrevista. Crise Econômica de 2008.

Olá, Coexpat!Dia de visita!
Em tempos de crise financeira em um mundo altamente conectado fica a pergunta: até que ponto essa confusão mexe com a vida de brasileiros e brasileiras que estão pelo mundo? 
Chryscia Cunha, Differance Intercultural Consultants, fala sobre essa turbulência e frisa que todo momento difícil também é um período de oportunidades. Aproveite a conversa!

Leve: A expatriação de talentos indica, entre outros fatores, que a empresa está otimista em relação ao bom desempenho da economia. O sistema financeiro mundial em apuros pode incentivar uma queda no número de expatriações?
Chryscia: As empresas ficarão mais cautelosas, já que muitas precisarão rever seus planos estratégicos de crescimento e investimento para os próximos meses.
Porém, acreditamos que o fluxo de expatriação continuará em ritmo de crescimento para países emergentes, tendência observada nos últimos dois anos.
Além disso, muitos executivos brasileiros que atuam no mercado financeiro de Londres e Nova Iorque, por exemplo, estão aproveitando a economia brasileira aquecida para regressar. Se lá eles enfrentam a queda dos mercados e o fechamento de bancos e de fundos de investimentos - com corte no número de vagas e redução na remuneração variável - aqui encontram um ambiente em que as empresas estão ampliando fronteiras e buscando talentos com experiência internacional para comandar suas operações.

Leve: Levando-se em conta que o suporte financeiro é um grande incentivo para a mudança, até que ponto uma forte crise econômica pode abalar o ânimo da família a ser expatriada ou que já vive no exterior?
Chryscia: Em relação às famílias que já vivem no exterior, acreditamos que as empresas não farão cortes em relação ao suporte financeiro já prestado. O que pode acontecer é a redução do período de expatriação para diminuição de custos. Porém, tal medida deve ser cautelosamente pensada, pois isto implica em mudança nos planos de carreira do expatriado, incerteza para a sua família, falta de tempo adequado para repensar a repatriação e o cargo que este executivo irá ocupar quando regressar.
Tais medidas precipitadas podem gerar frustrações, o que, geralmente, ocasiona abandono da empresa pelo expatriado. Tudo isto acaba gerando grandes perdas financeiras e de capital humano para a empresa.

Leve: A internet permite que as informações cheguem sem problema, mas as emoções com relação às notícias podem ser distorcidas. Isso pode atrapalhar a adaptação dos recém-expatriados? Existe uma receita para lidar melhor com uma situação de tamanha incerteza?
Chryscia: Para o executivo expatriado a principal incerteza é quanto ao planejamento de investimento e gasto da empresa. Muitos investimentos serão cortados, pois as linhas de crédito estão cada vez mais reduzidas e com juros altíssimos.
Em muitos casos, os executivos enviados para outros países com a missão de implementar projetos e de realizar reestruturações terão que esperar um momento de estabilização para fazer grandes investimentos.
Para os recém-chegados, a instabilidade do mercado econômico é mais um ponto a ser trabalhado. Além de estarem em processo de adaptação em relação à cidade, comunicação, locomoção e fatores culturais, têm que se preocupar em reduzir os gastos pessoais e poupar mais que o planejado.
Acreditamos que a melhor forma de lidar com isso é trabalhar esses pontos no acompanhamento de psicologia intercultural, suporte necessário no processo inicial de adaptação do expatriado e de sua família no novo país.

Leve: Com a dificuldade dos mercados já estabelecidos, podemos começar a vislumbrar novos destinos para expatriação? Quais seriam?
Chryscia: Atualmente, os executivos de todo o mundo consideram as economias dos países emergentes como as mais atrativas para o desenvolvimento de suas carreiras. Em detrimento dos mercados desenvolvidos - Estados Unidos, Europa e Japão - elas oferecem melhores oportunidades de trabalho.
Os países que despertam maior interesse para o executivo global são os BRIC´s - Brasil, Rússia, Índia e China - que apresentam elevadas taxas de crescimento e internacionalização de suas empresas em expansão.
Outro local que tem atraído muita mão-de-obra qualificada brasileira e de outras nacionalidades é a Angola. O país foi assolado pela guerra civil entre 1975 e 2002.
Muitas construtoras brasileiras estão responsáveis por obras de infraestrutura. Não existem estatísticas exatas sobre a participação de brasileiros e de empresas brasileiras na economia angolana, mas a Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola - Aebran - fundada em 2003, calcula que nossos investimentos por lá ultrapassam US$ 5 bilhões ou quase 10% do Produto Interno Bruto do país.
Trata-se de um mercado emergente muito atraente para empresas e executivos de toda parte do mundo.


Carmem Galbes

Leve Entrevista. Adaptação ao Diferente.

Olá, Coexpat!
Com uma bagagem que inclui a própria expatriação, a psicóloga Andrea Sebben fala sobre assuntos bem conhecidos de quem está longe do ninho, como medo e solidão. 
A profissional, especialista em ajudar @ brasileir@ a ser bem-sucedid@ lá fora, trata das dificuldades da expatriação e sugere caminhos para que essa seja, sim, a melhor viagem da vida. Aproveite!

Leve: O seu trabalho é uma prova de que as empresas estão empenhadas em investir na adaptação d@ expatriad@ e sua família. No que se refere à família, ela conseguem ter a noção dos desafios pessoais dessa experiência ou a maioria ainda subestima o futuro dia a dia em uma cultura diferente?
Andrea: Acho que a grande maioria ainda subestima as dificuldades da expatriação. Há algumas razões para isso, no meu ponto de vista. A principal delas é defender-se de seu próprio medo e angústia, afinal de contas, não se pode falar em migração sem falar em medo e insegurança. Portanto, menosprezar as dificuldades é uma forma também de sentir-se mais seguro e no controle da situação - o que é praticamente impossível. Migração é risco e é ambivalência também. Lidar com esses aspectos é muito difícil mesmo. Outra razão é a quantidade de aspectos burocráticos que precisam ser resolvidos não deixando tempo para uma reflexão mais consistente.

Leve: Assim como há pessoas que não possuem determinados talentos, é possível dizer que há profissionais que não têm e não conseguirão desenvolver um perfil para a expatriação?
Andrea: Sim, é possível dizer isso à luz da psicologia Intercultural, que define as personalidades migratórias. Existem pessoas que são naturalmente bem-sucedidas na migração por terem facilidade em criar vínculos, em experimentar coisas novas, em adquirir um novo idioma e, principalmente, porque conseguem participar de grupos muito facilmente. Fazer parte de uma comunidade e vincular-se ao país hospedeiro são cruciais para o expatriado - o que explica tantos grupos de expatriados ao redor do mundo.
Outra personalidade é aquela que sofre com a separação, que tem dificuldade em criar vínculos, em sentir-se parte do grupo, em aprender um novo idioma, em experimentar novos alimentos, enfim. Essa sofre na partida, durante a expatriação e quando volta - pois uma vez que se estabelece na cultura estrangeira, sofre demais também ao retornar ao país de origem.


Leve: No seu livro "Intercâmbio Cultural:um guia de educação intercultural para ser cidadão do mundo" a senhora fala sobre stress aculturativo, desentendimentos, gafes e retorno ao país de origem. Quais seriam as principais características da família e da escola preocupada em formar um expatriad@ feliz?
Andrea: Nesse caso você está falando d@ estudante estrangeir@ numa casa de família hospedeira. Acho que tanto os hospedeiros como as escolas deveriam fomentar a amizade com nativos - e não com estrangeir@s. Tenho uma certa resistência às escolas americanas - ou escolas internacionais como chamamos aqui no Brasil - que fazem uma grande reunião de estrangeir@s e falam outro idioma que não o português. É praticamente a criação de um gueto, porém, de estrangeiros.
@ estudante pode aprender a apreciar a escola, o idioma e a cultura local e é nesse sentido que se criam vínculos interculturais - na diversidade. De que adianta, por exemplo, ir aos Estados Unidos e frequentar uma escola de brasileiros e falar português? Quando isso acontece aqui no Brasil acho que todos perdem, sobretudo a criança.

Leve: Qual a sugestão para @ expatriad@ que ainda não conseguiu identificar as belezas e delícias dessa experiência?
AS: Abrir-se definitivamente. Não se entra na experiência intercultural com uma visão fechada, etnocêntrica, que nos convida apenas à comparação e ao julgamento. Enquanto não conseguirmos apreciar as pessoas, os sabores e as paisagens a partir do contexto local, não conseguiremos compreender, perceber e apreciá-los tais como são.


Andrea Sebben é psicóloga, mestre em Psicologia Social e membro da IACCP - International Association for Cross-Cultural Psychology. www.andreasebben.com.br

Carmem Galbes

Leve Entrevista. Estranho Idioma.

Olá, Coexpat!
O professor Fernando Megale avalia a experiência da expatriação sob o ponto de vista do psicólogo. Ele aborda aspectos como preconceito e expectativas, além de pontuar algumas características do processo de formação de um cidadão do mundo. Aproveite!

Leve: Com a globalização, a expatriação é uma realidade para um número cada vez maior de profissionais. Mas a experiência que promete ser rica em termos pessoal, profissional e financeiro pode não dar o resultado esperado. O Estudo Mobility Brasil  indica que de cada 4 expatriações  uma fracassa. A principal causa disso, segundo a pesquisa, é a falta de adaptação da família aos novos costumes e ao novo modelo de vida. Em um mundo onde a novidade é tão valorizada, por quê resistimos tanto às mudanças?
FM: Penso que a questão tem dois lados: um refere-se aquele que é o expatriado em sua posição de contato com cultura e costumes diferentes e estranhos. A globalização tenta dar uma idéia de que tudo e todos somos iguais, o que é falso. Então certamente nessas situações de encontro com o novo, a questão da diferença vai surgir.
Outro lado refere-se ao modo como o expatriado é recebido no país ou cidade, pois trata-se da entrada de um estranho no cotidiano, e as questões migratórias nunca são muito tranquilas.


Leve: De que forma o idioma estrangeiro interfere na elaboração da então condição de expatriado?
FM: Acho que é fundamental. A língua, além de ser o principal meio de nos comunicarmos, representa o marco de nossa identidade, o modo como nomeamos o mundo na origem. Em uma situação de expatriado, é lógico que a língua interfere em demasia nesta confusão de lugares, costumes e modos de agir no mundo.

X: Como expatriada, digo que o impacto da mudança é profundo. Ainda em "terra firme" é possível preparar-se para aproveitar a experiência de estrangeiro?
FM: Talvez a melhor preparação seja não imaginar que a solução da vida está no outro país, ou seja, acreditar numa espécie de solução mágica que se encontra no outro lugar. É uma forma de encarar a vida por lá de um modo mais realista, levando em consideração a certeza de que o expatriado está chegando em um lugar estranho, com tudo o que isso nos causa.

Leve: Com os olhos no futuro, qual o papel dos pais e da escola na formação de uma geração que tende a ter cada vez mais endereço não fixo?
FM: Podemos ampliar esta questão, pois há em cada um de nós algo de "endereço não fixo". Explico: a preparação passa por experiências nas quais as crianças tenham um real contato com coisas e costumes que são estranhos aos delas. A preparação passa por um questionamento de sua própria identidade para, em seguida, poder vislumbrar o diferente. Temas como preconceito, racismo, diferenças, estranhamentos, etc. são bons motores para tais discussões.


Fernando Megale é doutor em Psicologia. Atua nas área de Psicologia do Desenvolvimento Social e da Personalidade e coordena o curso de pós-graduação em Sócio-Psicologia da FESPSP.

Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...