Esposa expatriada, a angústia do trapezista e a rede de proteção.

Angústia do trapezista. Já ouviu falar? 
É aquele momento em que o trapezista, lá no alto, voando, deixa um trapézio para pegar o outro. Nesse espaço de tempo tudo pode acontecer. Ele pode não ter força, não ter velocidade, perder o timing para pegar o outro trapézio. Ele pode cair, pode se machucar, a apresentação pode ser um fiasco...
Mas o trapezista, apesar da angústia, tem fé. 
Confia no seu conhecimento, confia na sua técnica, confia no seu tempo de treino e confia na mágica que faz tudo acontecer como o esperado: depois de uma linda acrobacia, agarrar o outro trapézio e voltar seguro para a plataforma.
Mas sabe o que eu acho? Que o trapezista confia mesmo é na rede de proteção! Ele confia que, em último caso, se necessário, ela estará lá para segurá-lo, para evitar que ele se arrebente. De alguma forma, ele sabe que, se o número der errado, não vai morrer se cair, não importa o tamanho da queda, porque a rede de proteção é forte, é bem cuidada e é de altíssima qualidade.
Para mim, tudo isso ilustra bem uma fase muito complicada da "esposa expatriada", quando ela decide deixar seus próprios projetos em segundo plano para apoiar a carreira do parceiro em um outro lugar. Ela deixa um trapézio para pegar o outro...e fica lá...voando e fazendo acrobacias até conseguir se agarrar em algo palpável de novo...
Se há autoconhecimento, técnica e treino envolvidos, a tendência é que tudo dê certo, que a transferência seja um sucesso e enriquecedora para o profissional e para quem o acompanha. Mas, como uma expatriação tem muitas variáveis e nem sempre é tratado com o cuidado que exige, tudo pode acontecer...alguém pode - sim - cair.
Por isso, nesse caso, a rede de proteção também é a estrela da história. Todo mundo quer que ela não seja usada. Mas se for acionada, ela tem que estar lá, pronta para salvar vidas.
E do que seria feita a rede de proteção de quem acompanha um profissional expatriado? De gente! De gente com sentidos apurados: com olhos para ver, ouvidos para ouvir e boca para disseminar apoio! De gente que pode ser de casa, da vizinhança, da escola das crianças, de um curso, de uma associação e, também, da empresa que mandou a família para longe, da equipe de mobilidade, dos colegas do expatriado e da liderança.
Por falar em quem lidera expatriados, ser uma liderança global é mais do que saber negociar em diferentes idiomas e transitar por diferentes culturas. É ser especialista em ser humano! É ter sensibilidade para entender que a empresa é feita de pessoas e que foram pessoas que foram transferidas, não caixas, não objetos...

Percebo ainda um desdém - ou seria um prazer doentio em menosprezar? - de algumas lideranças com relação às necessidades de quem acaba de chegar de outra cultura e traz na bagagem as angústias de quem veio junto com ele. Por que isso? Sócrates, Tesla, Yung, Pessoa, Clarice Lispector, Chomsky, Bauman, Rubem Alves, Papai Noel, Papai do Céu me ajudem, por favor, a entender como uma liderança pode atentar contra a produtividade de um colaborador? Colaborador cuja rede de proteção sabe que é? Uia...é a família que o acompanha! 
Carmem Galbes

Esposa expatriada, não embarque nessa viagem sem um norte, sem um objetivo!


Qual a diferença entre sonho e objetivo? 
No meu dicionário é isso: sonho a gente fantasia, objetivo a gente realiza. 
E todo sonho pode virar objetivo? Se você quer mesmo, de verdade, com certeza absolutamente todos!
Como?
Faço o seguinte exercício: 

  • Visualizo o objetivo conquistado. Exemplo: Eu participando de um workshop em Dubai.
  • Mentalmente volto no tempo e anoto todas as ações que me levaram a conquistar o meu objetivo. Exemplo: Estou em Dubai, no Workshop. O que eu fiz imediatamente antes? Cheguei no aeroporto. O que eu fiz imediatamente antes? Viajei. O que eu fiz imediatamente antes? Organizei minha bagagem e a rotina para a família ficar sem mim. Como é essa rotina? Combinei com meus pais de ficarem com meu filho. Meu marido combinou de sair mais cedo do trabalho nessa semana para pegá-lo na escola. Combinei com a faxineira de ela vir todos os dias da semana que eu vou ficar fora. O que fiz antes disso? Comprei o pacote de viagem. Como paguei? Fiz o seguinte planejamento financeiro...e assim por diante. Faça as perguntas até você chegar no agora.
  • Com tudo anotado, essas "ações mentais" viram metas e com prazo estipulado por você. Exemplo:   19/06 - Planejar, junto com a família, a minha viagem e as decisões necessárias, anotar. 20/06 - fazer planejamento financeiro para viagem. 21/06 - Fazer pré-incrição no workshop. 22/06 - Reservar as passagens...e assim por diante.
Então o que você tem que fazer a partir de agora? Realizar o passo a passo que você anotou pra chegar no ponto em que você quer.
No coaching,  esse "caminho" é chamado de roadmap, a rota que vai te levar do sonho ao objetivo.
Toda esposa de um profissional transferido deveria ter, pelo menos, um documento desses em mãos! É que ter um planejamento assim de um objetivo te mantém focada também em você! Te ajuda a mostrar que você existe e que merece ter uma realização pessoal, só sua, apesar de a mudança ter sido provocada pelo sucesso de outra pessoa. 
Agora já sabemos como transformar sonho em objetivo. E objetivo pode virar sonho e ficar real só na nossa imaginação? Também, claro! Basta você não se organizar, não se comprometer com as metas, acreditar piamente que as conqusitas são uma questão de sorte, são coisas para "os outros" e que você não "merece" o que deseja. Mas aí a gente já está entrando na seara das crenças que limitam e da autossabotagem, papo pra outra hora...
E você, tem sonhado alto? Sonhado muito? Tem conseguido transformar seus sonhos em objetivos?Tem conquistado o que deseja? Perdeu o foco do que você quer ao decidir apoiar a carreira do seu marido em outro lugar? Não sabe como voltar a olhar para você mesma? Vamos conversar, o coaching é um processo super poderoso para te ajudar nesse resgate. 
 
Carmem Galbes

Você não é multitarefa! Você e absolutamente normal!

Posso te dizer uma coisa? Eu não sou multitarefa! Nem eu, nem você, nem ninguém!
Pelo menos é isso o que diz Jean-Philippe Lachaux, do Laboratório de Pesquisas Cognitivas do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica, em Lyon, França.
Através de seus estudos, o pesquisador mostra que só conseguimos fazer duas coisas ao mesmo tempo se uma delas for automática. 
Exemplos:
  • Dirigir e ouvir música.
  • Andar de bicicleta e cantar.
  • Tomar banho e programar um passeio e por ai vai.
Se as tarefas exigirem atenção, só dá para fazer uma por vez.
  • Já tentou conversar com seu filho enquanto ele está jogando?
  • Já tentou responder um email enquanto alguém está te perguntando alguma coisa?
  • Já tentou fazer uma conta e conversar?
  • Já tentou pedir seu café na padaria enquanto atende ao celular?
Para ter sucesso em uma ação a outra - obrigatoriamente - tem que ser interrompida. Então, nesses casos, não fazemos duas coisas ao mesmo tempo, desviamos a atenção - rapidamente - de uma ação para a outra. O problema é que o foco desviado não é recuperado com a mesma rapidez.
Quem aqui já não se irritou ao ser interropida e ter que começar o raciocínio tudo de novo?
Mas por que isso acontece? Lachaux diz que as ações automáticas percorrem uma rede neural diferente das ações não automáticas, por isso uma ação automática e uma ação que exige atenção podem ocorrer ao mesmo tempo, porque percorrem "vias"separadas. Já quando as duas ações não são automáticas, uma tem que ser paralisada para a outra seguir, é como se a rede neural das ações não automáticas fosse uma via estreita, em que só passa uma ação não automática por vez.
Mas por que o textão mesmo, por que tanta neurociência?
Para parar com esse mito e essa cobrança de que toda mulher é malabarista. 
Agora trazendo o tema para o universo de 'quem-deixou-muita-coisa-de-lado-para-apoiar-a-carreira-de-outra-pessoa, eu sei que muita gente acredita - por processos inconscientes, ou não - que, "já que não trabalha" a Coexpat pode dar conta de muita coisa e ao mesmo tempo! Não pode! Não consegue! A gente termina o dia exausta!
E tem mais, quem aguenta conviver com essa angústia e frustração de não fazer algo realmente importante para a gente por falta de tempo, nosso tempo que está sendo usado e usufruido por outras pessoas?
Mas...não consigo evitar, eu preciso perguntar: 
  • Falta de tempo ou desperdício com o foco se perdendo de uma ação para a outra? 
  • Falta tempo ou retrabalho por ter que começar o raciocínio tudo de novo? 
  • Falta tempo ou de disciplina, de agenda, de programação das atividades? 
  • Falta de tempo ou vício em atividades que não somam?
  • Falta tempo ou falta vontade de parar de reclamar e entender os motivos para você não conseguir ter os resultados que espera?
É...eu sei, nem sempre a conversa é doce...
Precisa de mais apoio para resgatar a organização, o foco e a disciplina na sua vida longe do ninho? Vamos conversar que eu sei como te ajudar! Estou sempre no contato@leveorganizacao.com.br
Mais informações: www.leveorganizacao.com.br
Carmem Galbes

Estratégias para afastar os pensamentos negativos que torturam as expatriadas.

Olá, Coexpat!
Vira e mexe tem gente que fala sobre o número de pensamentos que temos por dia. Eu pesquisei e não encontrei nenhuma fonte que trouxesse algum número comprovado científicamente. A internet está cheia de palpites: teríamos de 12.000 a 70.000 pensamentos diariamente. Destes, 80% seriam negativos...Lenda? Exagero? Não sei...O que sei é que um único pensamento negativo pode acabar com o dia da gente, pode nos jogar no fundo do poço e fazer a gente ficar por lá por vários outros dias. 
Ah...me sinto tão sozinha aqui...não tenho mais minha carreira...estou sem renda...minhas amigas estão longe...agora sou "só" dona de casa...Motivo tem de sobra para a gente se afundar - especialmente quando mudamos nossa vida em nome do sucesso da carreira do marido em outro  lugar. O que precisamos é de força e foco para não deixar isso acontecer! 
Dizem que uma boa tática para afastar um pensamento negativo é pôr um positivo no lugar. Mas como ser positiva quando estamos afundadas na negatividade? 

Eu tenho uma estratégia que é tiro e queda: livros e sites de piadas. A-MO! Toda noite temos o momento piada aqui em casa. Não há pensamento mala que resista à uma boa gargalhada! As risadas dessa horinha deixam tudo mais leve, a noite mais relaxante, o sono mais profundo, a mente disponível, com espaço livre para pensar diferente! 
Dizem que dos pensamentos que temos por dia, só 5% são novos, o restante é pensamento repetitivo! Como ter resultado diferente se pensamos e - portanto - sentimos e agimos sempre da mesma forma?

Quando estou sozinha, sem minha trupe da gargalhada, e um pensamento cruel me pega, eu corro para os vídeos. Rápido e fácil! Quando vejo, a risada expulsou o pensamento ruim e já me sinto mais aberta para a positividade!
Quer mais sugestões?
  • Converse com gente alto astral.
  • Assista a um besterol.
  • Vá ver uma comédia no teatro.
  • Ouça e cante uma música pra cima!
  • Namore!
  • Desligue-se um pouco das redes sociais.
  • Medite.
  • Reze.
  • Saia pra caminhar.
  • Vá tomar chuva!
  • Tome Sol!
  • Brinque na neve!
  • Brinque com seu bichinho.
  • Dê um mergulho!
  • Visite uma livraria, uma biblioteca e passeie por temas que você adora.
  • Sente-se em algum lugar e fique observando o povo passar.
  • Faça uma massagem.
  • Teste um penteado ou uma maquiagem.
  • Aplique uma máscara no rosto...
  • Faça um curso online ou presencial.
  • Volte a estudar!
  • Coloque-se em primeiro lugar de novo.
  • Tenha um objetivo e faça acontecer! (A melhor estratégia para se manter positiva).
E você, tem uma estratégia para afastar os pensamentos negativos? Inspire! Inspire-se! Positive-se!
Carmem Galbes

Esposa expatriada e a invisibilidade social.


Invisibilidade Social. Já ouviu falar? 
O termo passou a ser usado em 2004 depois que o pesquisador Fernando Braga da Costa constatou em seu de trabalho de conclusão de curso que - ao usar um uniforme de gari no campus - ficava invisível, inclusive para quem o conhecia, como colegas e professores. A definição do pesquisador: a invisibilidade pública é uma construção psíquica e social. O homem aparece a partir daquilo que ele produz e do preço e valor de sua produção, e a forma como tratamos e somos tratados segue a lógica de mercado.
Os estudiosos do assunto argumentam que essa invisibilidade atinge principalmente o trabalhador de baixa renda, como lixeiro, empregada doméstica, porteiro etc e tals. 
Concordo e vou além. 
Acredito que todos, em algum grau, em algum momento, estamos sujeitos a desaparecer aos olhos do outro, tudo depende da visão de mundo da outra pessoa. E é a nossa visão de mundo que vai nos impedir - ou não - de ser afetada pela deficiência alheia.
Ai penso: invisibilidade ou cegueira social?
Já vi assistente jurídico reclamar da invisibilidade, coordenador de marketing dizer que estava invisível, gerente de comunicação denunciar que não era vista. Já vi gente doente, gente mais velha, gente mais gorda, gente mais baixa reclamar que parecia não ser vista. 
Tenho pensado que deparacer para o outro não é única e exclusivamente uma questão de renda, de instrução. É uma questão do que o grupo em que estamos envolvidas, as pessoas com que nos relacionamos valoriza. 
Percebo muita coexpat sofrer de e com a invisibilidade. Afinal, quem fica no teatro depois que a peça acaba para ver o trabalho de quem arruma o cenário? 
Dizem que só existimos através dos olhos da outra pessoa. Mas em um mundo de cegos, como vamos existir?
Eu já me senti muito invisível. Na época não sabia que tinha esse nome, dizia que eu me sentia "café com leite".
Mas consegui reaparecer!
Como? Quando abri meus olhos para mim mesma, quando passei a olhar para dentro. É certo que não me livrei da produção, mas passei a produzir algo que fizesse sentido para mim.
Ainda tem gente que não me enxerga? Com certeza! Mas essa cegueira deixo pra essa pessoa resolver. Decidi não dar ouvidos a quem não me vê. E assim, valorizando um sentido, acalmando outro, sigo para que eu seja real, totalmente a mostra para mim mesma. E quando eu me percebo, eu me vejo e produzo algo que faz sentido não há cegueira que me afete!

Carmem Galbes

Aproveite a expatriação para usar o tempo a seu favor!

Olá, Coexpat!
Princípo de Pareto: 80-20
Você conhece?
Basicamente: 80% dos resultados vêm de 20% das causas.
Exercício para mostrar como o Pareto opera no dia a dia: abra seu armário. Observe. Você vai conseguir identificar que em 80% do tempo você usa apenas 20% das suas roupas. 
Mesmo? 
Mesmo! 
Depois do susto, vem a constatação: fica muito mais fácil avaliar o que pode ser guardado mais no fundo, o que pode ser vendido ou doado. Facilita até suas compras, já que o Pareto ajuda a desvendar as suas preferências.
O Pareto é bem popular nas empresas e é uma mão na roda na nossa vida também!
Eu uso bastante essa regra nas minhas tomadas de decisão.
Como?
Da rotina que tenho que seguir para minha casa funcionar, avalio quais atividades facilitam mais o meu dia. São essas atividades que vão para o topo da minha agenda. 
No meu caso, uma atividade com grande impacto na rotina é lidar com a cozinha. Se eu levanto e vou pra a cozinha, já tomo café, organizo o espaço, planejo o almoço e identifico se preciso atualizar a lista de mercado. Isso mexe com toda a manhã, porque essa ação vai pautar o tempo para eu organizar o restante da casa, o tempo para eu curtir com meu filho, vai definir se meu menino vai comer de forma saudável, com calma e se vai chegar no horário na escola. E quando isso acontece, me sinto fortalecida para dar todo o gás na minha vida profissional no período da tarde.
Sei que as coisas não são assim tão separadinhas. A profissão invade minha manhã, assim como os cuidados com a casa, a maternidade e o casamento acabam pegando espaço também da minha agenda profissional, mas a organização da rotina faz com que esses atropelos sejam exceção e não a regra.
Então para deixar mais claro como o Pareto é bem  interessante, vou fazer uma substituição no postulado: 80% dos resultados vêm de 20% do esforço.
Sério? Mas por que a gente não percebe isso?
Porque a gente não olha pra gente, para o nosso dia, para as nossas preferências e para o que faz a gente feliz. Se investíssemos mais no autoconhecimento, iríamos ter na ponta da língua quais ações requerem apenas 20% da nossa energia para que a gente fique satisfeita em 80% do tempo.
Assim funciona o Pareto na vida prática: qual é a ação específica que pode trazer mais resultados positivos, mais facilidade pra sua vida, que pode abrir espaço na sua agenda em vez de lotá-la?

E você tem adotado esse princípio? Quer adotar? Não sabe como? 
Um exercício poderoso é anotar, durante uma semana, tintim por tintim, todas as suas atividades, quando tempo dedica a cada uma delas e o motivo. Isso vai se transformar em uma fotografia bem nítida e vai te mostrar se você investe ou gasta o seu tempo.
O dia tem as mesmas 24 horas para cada um de nós. O que você vai mudar para fazer valer esse tempo? Lembre-se, o tempo é o recurso mais valioso que temos. 
Já parou para pensar que a sua expatriação pode não durar pra sempre?
Carmem Galbes

Esposa expatriada, adaptação à nova vida e a síndrome de Ulisses: quando a dor deixa de ser tratada como doença.



Olá, Coexpat!

Você pode estar lidando com seu processo de mudança de forma errada.
Você já ouviu falar na síndrome de Ulisses?
Ela ganhou esse nome como referência à trajetória do herói grego. No poema de Homero, Ulisses é consumido pelo choro, lamento e tristeza enquanto volta pra casa depois combater na Guerra de Troia.
Segundo os estudiosos do tema, "a síndrome de Ulisses é um quadro de estresse muito intenso ligado a fatores específicos relacionados à migração, que são basicamente a solidão forçada, não ter chances de crescimento no país de acolhida, submeter-se a condições difíceis de sobrevivência, estar constantemente com medo e desamparado."
Em entrevista ao UOL, há 3 anos, o professor Joseba Achotegui, que descreveu e pesquisa a síndrome de Ulisses há anos, diz que essa síndrome atinge apenas as pessoas que foram forçadas a ir embora, não inclui os profissionais transferidos ou quem decidiu buscar oportunidades em outro lugar.
Será mesmo?
Será que essa síndrome não estaria atingindo também as Coexpats?
Tracei um paralelo, guardadas as devidas proporções, entre o dia a dia dos refugiados e da Coexpat:
• Obriga-se a partir, mesmo que inconscientemente - para que o marido não perca o emprego ou a oportunidade.
• Não tem chances de crescimento no país de acolhida, já que são raros os casos da Coexpat também ter visto de trabalho.
• Submete-se a condições financeiras humilhantes, muitas coexpatriadas "empobrecem" ao deixarem a própria renda para apoiarem a carreira do parceiro.
• Está constantemente com medo: de não voltar a ter a própria carreira, de não reencontrar a própria identidade.
• Sente-se desamparada: é vista como dondoca, mimada, ingrata ao abordar os próprios sentimentos.

Será que acabamos nos transformando em refugiadas de um sistema que prioriza o dinheiro, a realização profissional e a carreira do homem?

Enviei um email para o professor Achotegui perguntando se essa síndrome não poderia atingir também as Coexpats.
A resposta dele:
"Considero que sí que se da el Síndrome en los casos que planteas."

E qual a importância desse posicionamento do professor, que também é secretário da sessão de Psiquiatria Transcultural da Sociedade Mundial de Psiquiatria?
A ampliação do olhar em direção ao processo de adaptação da Coexpat!
O professor explica que os sintomas da síndrome de Ulisses podem ser confundidos com os de uma doença mental. Acontece que a síndrome e uma depressão, por exemplo, devem ser tratadas de formas diferentes. "Os sistemas de saúde se equivocam e tendem a psiquiatrizar o problema. Por isso, é importante que se entenda que não é uma doença mental, mas um quadro de estresse crônico e múltiplo que requer apoio, ajuda e não uma intervenção psiquiátrica."
Então ganhamos um elemento para turbinar para melhor a vida longe de casa!
RHs/família/parentes/amigos: a adaptação da Coexpat pode não ser frescura, a dor da Coexpat pode não ser depressão, a dificuldade da Coexpat em lidar com o novo modo de vida pode ser uma síndrome!
Então eu pergunto: será que o processo de transferência da Coexpat não precisa de outra abordagem ou de mais abordagens, além dos benefícios mais comuns do pacote de expatriação? Será que não é possível fazer algo para que não seja necessário chegar na medicação para a Coexpat cdfonseguir lidar com respostas que são "normais" diante de tantas perdas? Será que saber que é normal ser atingida por sentimentos "ruins" não incentivaria uma ação preventiva?
São perguntas cujas respostas exigem a valorização do papel da Coexpat nos processos de transferências profissionais. Não tem como lidar com isso sem reconhecer que o estado da Coexpat vai determinar o tom da expatriação.

Mais informações - em espanhol - sobre o assunto: http://www.elmundodelamente.com/
Carmem Galbes

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...