Expatriação: a viagem que nunca acaba...

Basicamente o que aprendi com a expatriação:
  • O mundo é imenso! Apesar dos 7 bilhões de habitantes, ainda há muito lugar vazio, muito espaço a ser explorado.
  • Somos imensos. Temos várias facetas e somos capazes de agir até na nossa incapacidade.
  • As pessoas são interessantes. Às vezes é preciso paciência e disposição para perceber, mas - geralmente - as pessoas têm bons ingredientes para acrescentar na nossa receita de vida.
  • A vida sempre muda! Às vezes de repente, às vezes a conta-gotas, mas sempre muda.
  • A experiência é pra sempre! O fantástico é que as lições que se aprende podem ser atualizadas à medida que o mundo, a gente e as pessoas mudam. Basta não parar de viajar...especialmente quando o destino é pra dentro! 
Carmem Galbes

Expatriado feliz, expatriadinho idem.

Tenho a impressão de que tem mãe ou pai por aí que acredita estar criando um ser global pelo simples fato de o pequeno - aos 3 anos de idade - já dizer hello, yellow e Thank you.
Claro que não vou contestar o fato de que aprender mais de um idioma - e logo na primeira infância - pode incrementar nossa mobilidade entre lugares e entre situações.
Mas penso que a lapidação de um expatriado feliz está muito mais nas entrelinhas, nos detalhes, no dia a dia mesmo, do que em um esquema "the book is on the table". Acontece que ensinar pela cartilha do cotidiano exige presença, disponibilidade e um olhar atento de quem cuida.
A gente não pode querer, por exemplo, que o filho entre sem traumas em uma outra cultura se briga para que a prefeitura remova um albergue ou não construa uma estação de metrô porque vai trazer um povo "diferenciado" para o bairro.
Não dá pra acreditar que ele estará apto a experimentar novos sabores se o que sempre provou foi a mesmice das comidas industrializadas, congeladas, de isopor.
É loucura achar que o filho vai se aventurar em ir e vir se ele nunca teve um porto seguro, se nunca soube onde encontrar apoio e amor.
Também não se pode desejar que ele tenha a disposição de encarar o estranho se toda a vida teve que se espremer em um padrão. Aqui faço questão de ser mais específica.
A cena: procura por jardim da infância.
Coordenadora pedagógica de uma escola tida como exemplar diz: "vamos conversar lá fora, parece que seu filho não gosta de lugar fechado."
Aproveitando: "como lidam com uma alma que tem certa resistência à paredes?"
"Então", começa a expert em crianças: "tem que vir da rotina da famíia. Você tem que diminuir as saídas, acostumá-lo a ficar mais dentro de casa."
Ah...tá! Poderia, imagino, começar dizendo a ele que lá fora tem bicho papão, que correr na areia da praia é nojento e que brincar no parquinho pode ser muito perigoso, já pensou no tombo do escorregador?

Ah, e poderia ainda convencê-lo de que vento, Sol e chuva só existem para atrapalhar a vida.
COMO UMA COORDENADORA PEDAGOGICA PODE SUGERIR TAL DOMESTICAÇÃO? Tá, desculpe, me exaltei.

Mas será que não existem outras maneiras de mostrar que também pode ser interessante ficar em sala de aula?
Mas, enfim, não é esse o ponto.
O que penso ser importante na formação do tal ser global - seja na busca por colégio, na escolha do lazer, no emitir uma opinião, no oferecer um prato, é ajudar a armazenar ferramentas para desbravar, abrir caminhos, vasculhar, atravessar opiniões, preconceitos e fronteiras.
Meu papel como mãe é ampliar e não conter. É expandir e não reter. É mostrar que o mundo é grande e repleto de vertentes.
Quero é passar adiante um dos meus principais aprendizados sobre a vida: a de que ela é repleta de possibilidades. E quanto mais arraigada essa ideia, desconfio que mais felizes poderemos ser.
Carmem Galbes

Expatriação: o motivo legalzinho pra chutar todos os baldes!

De todas as possibilidades que envolvem a vida de uma coexpatriada - quem vai pra lá da fronteira por alguém - penso que a mais interessante seja a possibilidade de tirar um período sabático sem ter que dar grandes explicações pra gente mesma e para os outros.
A resposta para todos os questionamentos é sempre "é que ele foi transferido." Simples assim! Pode ser também: "ela foi transferida." É menos comum, mas acontece.
O interessante é notar a expressão de quem iria te escrachar por largar casa, emprego, família, vizinho: "ah, tá...", em uma espécie de tá explicado temperado com uma minhoquinha: por que ela e não eu?
Pra ilustrar:
- O queeee? Vai pedir demissãaaaao, vai deixar a posição que custou zilhões de horas extras, fins de semana, férias adiadas, cabelos brancos e rugas?
- É que ele foi transferido.
- Ah, tá...
- O queeee? Vai alugar o apartamento que você acabou de reformar?
- É que ele foi transferido.
- Ah, tá...
- O queeee? Vai tirar as crianças da escola? Você ficou décadas na fila!
- É que ele foi transferido.
- A tá...
- O queee? Vai vender aquele sofa retrô ma-ra-vi-lhoooooo-so?
- É que ele foi transferido.
- Quanto é?
O fato é que ter a chance de fazer uma pausa pode ser uma grande viagem. A questão é saber onde isso vai dar.
Para mim o que vale mesmo é que o caminho seja cheio de descobertas. Pode ter um atraso ou outro, pneu furado, mapa de ponta cabeça...Mas o importante é que a gente permita a circulação, seja de ideias, energia, emoções.
Um toque: nesse caso a viagem costuma ser só de ida. Nunca mais seremos as mesmas!
Bom trajeto!
Precisa de mais apoio para lidar com sua nova vida longe do ninho? Vamos conversar que eu sei como te ajudar! Estou sempre no contato@leveorganizacao.com.br

Mais informações: www.leveorganizacao.com
Carmem Galbes

Navegar é preciso, o navegante não...

Não é de hoje que mandar gente pra longe pode ser um negócio bem interessante. Que o diga a Espanha ao bancar Colombo.
Pelo jeito também não é de hoje que a volta pra casa pode ser bem dolorida. Dizem que Cabral não experimentou o prestígio pela sua rica "descoberta", rompeu antes com a monarquia portuguesa. Ok, é só pra ilustrar, não vamos entrar no mérito.
Parece que o famoso "bom para ambas as partes" ainda é - na maioria dos casos - apenas uma frase de efeito nesse universo "expatriático". Tanto que os ditos craques no tema vem alertando para a importância de se equilibrar o lucro para a empresa e para o profissional nos processos de exportação de talentos.
Em um boletim, a Mercer trata do tema tomando como exemplo a internacionalização das empresas portuguesas. Para a consultoria, driblar a crise europeia fincando bandeira em outros mercados só trará bons resultados se o processo for bem planejado. Nada de linha de montagem, cada expatriação deve ser um caso em particular . " Para além das questões habituais no início da definição de um processo desta natureza - com quem nos vamos alinhar, quais os indicadores que vamos utilizar na definição dos pacotes de compensação dos expatriados, como vamos abordar o retorno dos colaboradores expatriados e maximizar as competências adquiridas - existe uma série de dimensões que as empresas começam a tentar explorar de forma a otimizar o retorno do investimento efetuado nestes processos de mobilidade que garantem a diferenciação entre as organizações que olham as dinâmicas de mobilidade de uma forma standard e as que cada vez mais procuram com uma abordagem sistemática maximizar o retorno para a organização, em termos de resultados e de recursos humanos", salienta a consultoria.
Viu só?
Agora se você não é o profissional transferido, mas é quem acompanha esse profissional, saiba que ainda há muita mais coisas a serem feitas para a valorização do seu papel: fundamental para o sucesso de uma expatriação.
Não está se sentindo assim tão poderosa nesse processo? fale comigo que eu sei como te ajudar! Estou sempre no contato@leveorganizacao.com.br
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Carmem Galbes

Leve Entrevista: filhos bilíngues.

A família recebe o convite para expatriação: tira vistos, organiza documentos, doa móveis, compra roupa, vende o carro, cancela serviços, desocupa a casa e vai todo mundo para um intensivão para tentar captar algo do idioma local até a chegada ao novo endereço.
Com gente grande é assim. Mas quando tem expatriadinho na mudança? E quando o pequeno "aparece" no meio da missão? Que língua usar? É melhor deixar pra lá o português? Com um idioma em casa e outro fora, a criança pode ficar confusa, perdida, gaga, começar a falar mais tarde, ter dificuldade para aprender a ler e escrever? São tantas dúvidas e caraminholas. O fato é que transformar pensamento, emoção, sentimento em palavras e frases coerentes não é tarefa fácil nem no idioma em que se nasceu ouvindo, por isso tanta aflição em torno da educação dos pequenos que estão longe do nosso burburinho. Colin Baker - considerado um dos maiores especialistas em bilinguismo infantil - diz que há muito mais benefícios que desvantagens em se aprender mais de um idioma ainda na infância. Ele acrescenta que o bilinguismo no começo da vida acaba levando a culpa por problemas que não causou. Nessa linha, a pesquisadora Ivana Brasileiro salienta que o sistema de percepção de sons é mais aguçado na primeira infância, daí a maior possibilidade dos pequenos atingirem a vida adulta com um alto nível de proficiência em uma língua estrangeira. Na tese de doutorado - concluída em 2009 no Instituto de Linguística da universidade de Utrecht, Holanda - Ivana investigou como as crianças fazem para aprender dois idiomas ao mesmo tempo. Dos seus estudos, nasceu um trabalho para ajudar as famílias que vivem pra lá e pra cá. "Tão interessante quanto a pesquisa em si foi o contato que tive com essas crianças e com seus pais. Um "eye-opener" e fonte de inspiração. Tanto que um ano após encerrar a pesquisa comecei a organizar workshops - juntamente com duas colegas - para pais interessados em educar seus filhos bilíngues."

Leve - Quando apresentar ao bebê - filho de brasileiros - o idioma local? 
Ivana Brasileiro - Tanto para o aprendizado do idioma local quando para o aprendizado da língua materna o ideal é que se inicie o quanto antes. Se possível até mesmo antes do nascimento, já que várias características linguísticas - como por exemplo o ritmo, que varia entre idiomas - alcançam o bebê ainda no útero. Isso não quer dizer que a criança não seja capaz de aprender um idioma mais tarde, para várias crianças - e mesmo adultos - isso acontece muito naturalmente.

Leve - Em família, o Português. Fora de casa, o idioma local. Como lidar com o bilinguismo entre as crianças que ainda estão aprendendo a falar? 
Ivana - Da forma mais natural possível. Se levarmos em consideração que no mundo existem mais crianças bilíngues do que monolíngues, podemos concluir que monolinguismo é exceção e bilinguismo a regra. Para uma criança aprender uma língua - local ou materna - a única coisa que ela precisa é exposição nessa língua. Muita exposição: em diferentes contextos, com diferentes pessoas, sobre assuntos diferentes etc. Essa exposição também deve ser ativa, com interação.
Televisão e internet são ótimos meios como suporte para aumentar o vocabulário da criança ou mesmo o interesse dela nessa língua, mas não são substitutos para a interação. Nenhuma criança vai aprender uma língua simplesmente assistindo televisão.
Existem vários mitos sobre o bilinguismo e isso - às vezes - assusta os pais. Um dos mitos mais conhecidos é de que crianças bilíngues começam a falar mais tarde. Pesquisas recentes, entretanto, revelam que crianças bilíngues alcançam todos os marcos linguísticos na mesma idade que crianças monolíngues.
Nos anos 60, até achava-se que crianças bilíngues eram menos inteligentes que crianças monolíngues.
Para os pais é necessário que eles estejam firmemente convictos de que bilinguismo não afetará o seu filho de maneira negativa. Talvez até pelo contrário: um dos efeitos mais espetaculares do bilinguismo é a proteção contra a demência. Uma pesquisa feita no Canadá revela que idosos que foram criados bilíngues desenvolvem demência em média mais tarde e de forma mais leve do que idosos que foram criados monolíngues. Outro problema com o qual pais de crianças bilíngues são confrontados é com a recusa por parte da criança de falar o idioma materno, principalmente quando a criança começa a ir para escola ou quando atinge a adolescência. O meu conselho seria para continuar falando sua língua materna sem dar importância excessiva à recusa. É também importante que a criança tenha contato com outras crianças, família, outros adultos que falem a língua dos pais.

Leve-  Como introduzir o idioma local entre as crianças que ainda estão em processo de alfabetização da língua materna? Ivana - O ideal é que a criança entre em contato com a língua primeiramente em um ambiente informal, com amigos, família etc. Essa é também a forma mais eficiente de se ensinar um idioma para uma criança. Diferente dos adultos, que aprendem uma língua com mais facilidade na escola do que na rua.
Além disso, especialistas recomendam que uma criança seja primeiramente alfabetizada na língua na qual ela é mais fluente e só posteriormente na(s) outra(s) língua(s). Muitas das habilidades e estratégias que a criança desenvolve para aprender a ler e escrever em uma língua serão transferidas para o aprendizado na outra língua, o que significa que o processo de alfabetização não recomeçará do zero. Isso dito, gostaria de acrescentar que a alfabetização bilíngue não é prejudicial para a criança.

Leve - Quais o prós e contras de uma alfabetização bilíngue? Ivana - Com relação somente à alfabetização bilíngue, o benefício mais observado é o da questão econômica: no nosso mundo globalizado saber ler e escrever em vários idiomas aumenta suas chances de trabalho. Não podemos esquecer também a questão cultural: saber ler e escrever em várias línguas significa acesso à uma literatura muito mais vasta. Mas na minha opinião, a maior vantagem da alfabetização bilíngue é o suporte ao bilinguismo de um modo geral. Ou seja, crianças que aprendem a ler e escrever na língua dos pais - no caso dessa língua não ser a língua local - tendem a falar melhor essa língua e, quando adultos, continuarem a falar. Os contras ficam mais na parte prática. Tanto para os pais quanto para as crianças a alfabetização em uma língua que não seja a língua usada na escola da criança custa tempo, e - às vezes - dinheiro. Para a criança, por exemplo, pode ser frustrante ter que ir à escolinha no sábado enquanto todos os seus amiguinhos estão brincando. É necessário tomar cuidado para a que a criança não desenvolva uma atitude negativa com relação a esse idioma.
Carmem Galbes  

Um mundo com trocentos países!

Triste porque está aí e não lá, ou porque está longe e queria estar perto?
Abra a cabeça, o coração e o mapa mundi!
Tem tanto lugar pra se estar!
Aliás, quantos países o mundo tem?
A resposta para essa pergunta é quase filosófica: depende.
A ONU diz que são 191.
Para o Comitê Olímpico Internacional são 202.
A Fifa contabiliza 205.
Pelas contas da Visa seriam 249!
Eu sei, eu sei, não ajudei muito. Mas que você vai dar uma remexida lá nas lembranças das aulas de geografia, ah...isso vai...
Se você não está feliz longe de casa, apesar de todo o potencial de enriquecimento que uma expatriação traz, não se convença que é assim mesmo. Converse comigo que eu sei como te ajudar!
Estou no contato@leveorganizacao.com.br

Não desperdice nenhuma chance de viver a vida que você quer!
Carmem Galbes

Expatriação, direitos x benefícios.

Vira e mexe aparece pré-expatriado ou "prexpatriado" em busca de orientações sobre o que negociar com a empresa antes de partir lá "pro estrangeiro".
A gente sabe que os cartuxos são pessoais e cada empresa sabe - ou pelo menor deveria saber - onde o calo de seu talento aperta. Exemplo: se para alguns é importante ter um profissional para orientar a família lá fora, outros precisam é de ajuda antes mesmo da partida. Resumindo: cada "causo é um causo".
De concreto mesmo é que o trabalho de brasileiro no exterior é regulamentado. Detalhes da lei 11.962 você confere aqui.
Então, antes de negociar benefícios, é preciso ter na ponta da língua o que a empresa TEM que oferecer lá fora.
A advogada Aparecida Tokumi Hashimoto explica que, de acordo com a lei - em vigor desde 2009 - o expatriado tem basicamente os seguintes direitos:


  • Previsão de salário-base e adicional de transferência;
  • Reajuste salarial de acordo com a legislação brasileira;
  • Respeito aos direitos inerentes à legislação brasileira relativa à Previdência Social, FGTS e PIS;
  • Direito de gozo de férias no Brasil, acompanhado dos familiares, com custeio da viagem pelo empregador, após dois anos de estadia no estrangeiro;
  • Direito ao retorno custeado ao Brasil no término do período de transferência ou até mesmo antes, nos casos legalmente previstos (artigo 7º);
  • Direito a seguro de vida e acidentes pessoais - cujo valor não poderá ser inferior a doze vezes o valor da remuneração mensal do trabalhador - por conta da empresa, cobrindo o período a partir do embarque para o exterior até o retorno ao Brasil;
  • Direito a serviços gratuitos e adequados de assistência médica e social, nas proximidades do local laborativo no exterior;
  • A remuneração devida durante a transferência do empregado, computado o adicional de transferência, poderá, no todo ou em parte, ser paga no exterior, em moeda estrangeira. O empregado poderá optar, por escrito, em receber parcela da remuneração em moeda nacional, que será depositada em conta bancária;
  • O período de duração da transferência será computado no tempo de serviço do empregado para todos os efeitos da legislação brasileira, ainda a lei do local de prestação de serviços considere essa prestação como resultante de um contrato autônomo e determine a liquidação dos direitos oriundos da respectiva cessação (artigo 9º).
Para por na balança:
Custeio de passagem, de plano de saúde e de seguro de vida são direitos.
Bancar a adaptação da família, o aluguel e os estudos são benefícios.
Ter um "expatriador" competente para criar cenário e ambiente propícios para o expatriado e oferecer o que tem de melhor são...são tudo de bom, né?
Mudou ou está de mudança por causa da carreira de outra pessoa? Quer encontrar uma motivação pessoal, só sua nessa jornada? Fale comigo, eu sei como te ajudar!
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Carmem Galbes
Imagem: SXC

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...