"E a verdade vos libertará."
E que verdade é essa que vai me libertar?
Fui pensando nisso enquanto pendurava a roupa, ainda de olho na unha do
meu indicador, pintada ontem de vermelho - uma raridade - e que tinha
acabado de ganhar uma lasquinha depois de esfregar a camiseta de futsal
do meu moleque. Cadê as luvas de borracha?!
Era um olho na unha,
outro no varal e outro no relógio. Três olhos? Quatro! Porque ainda
estava de olho na tomada onde o bob quente estava plugado - conhece? Uma maravilha, deixa o cabelo pronto para qualquer evento!
E a verdade?
A verdade é que transitar sem se arrebentar entre expectativa x realidade exige muita maturidade, principalmente quando deixamos os nossos planos em segundo plano para apoiar o parceiro que foi transferido para outra cidade, outro país.
Decidimos sempre a partir da expectativa - que teremos uma nova vida mais tranquila, saudável, de descanso, sem stress... mas é na realidade, no dia a dia, que vivemos.
No dia a dia de fartura - sim, de alegria - sim, mas
também de falta de inspiração, de falta de paciência, de incidentes, de
acidentes, de desencontros, de desânimo, de perda de referências e da própria identidade.
Talvez muitos projetos fiquem pela
metade, talvez muitos sonhos nem saiam da fantasia porque nos pautamos
pela expectativa de que o processo de realização pessoal é linear, num
ascendente lindo, liso, em velocidade constante.
Vivemos com a
expectativa de - como num passe de mágica - dar conta de todos os papéis: mulher, mãe, esposa, filha, amiga, profissional. Mas na realidade somos uma só e esses papéis não se
separam.
Tomamos decisões sobre a carreira, por exemplo, a partir
de uma expectativa com relação ao casamento ou a maternidade. Isso dá
mesmo certo? Ou o caminho seria decidir a partir do que realmente somos,
como realmente vivemos? O caminho seria decidir a partir do que a realidade vai nos mostrando?
Quantas vezes na prática a teoria é outra?
Por isso a importância da atenção constante com relação à nós mesmas, às nossas necessidades, aos nossos limites.
Ok, mas qual é a tal da verdade?
A verdade, a minha verdade, é que não há vida em vão, não há presença
nesse mundo que não tenha um motivo de estar aqui. Minha verdade é que
cada ser é único, é uma raridade e onde há raridade não há receita.
A
verdade que me deixa livre é que o que cabe em você pode não servir em
mim. O que te realiza pode não me satisfazer. E tudo bem! Posso seguir
me amando e te amando!
Isso liberta porque faz com que eu volte o
olhar para mim e deixe a sua grama em paz. Isso liberta porque me libera
da necessidade de perseguir objetivos que não são desejados
genuinamente por mim.
E você, qual é a sua verdade?
Carmem Galbes
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