As várias faces de uma mudança.

Até os meus 26 anos eu mudei de endereço apenas duas vezes na vida. A primeira: de dentro para fora da barriga da minha mãe. A segunda: de São Paulo para Campinas. Eu devia ter uns 5 anos.
Foram 20 anos até eu voltar para "capitar". Eu jurava que ali ficaria. Solidificaria minha carreira, geraria filhos, talvez mudasse de bairro, sei lá...
Mas 6 anos de Sampa e pimba! Rio de Janeiro surge como o novo destino.
Estreio no que eu chamo de mudança de responsa, aquela que você tem que preencher mil formulários, dar valores de taça de cristal, dizer se tem obra de arte valiosa, se tem espelho gigante, mesa mega-blaster com tampo de vidro...
Foram dias e dias vendo o povo entrar em casa, encher caixa, fechar caixa, empilhar caixa e ir embora...
Mudamos de cidade e eu dei um novo rumo à minha carreira. Do jornalismo econômico em tv, fui para o outro lado do balcão fazer assessoria de imprensa.
E no Rio, eu e maridão ficamos... por um ano, até que ele recebeu uma proposta para acompanhar um projeto em Houston, nos States.
Um ano no Rio!! Você atentou pra isso? O Rio eterno durou um ano!
Eu ainda devia ter umas 20 caixas para abrir da mudança de São Paulo! Eu ainda tinha armário improvisado em arara - hoje é moda! Eu ainda tinha pouco tempo de trabalho em uma nova área...but...era uma expatriação. E eu nem fazia ideia de como essa vivência iria mudar meus conceitos.
Dessa vez, nada de mudança de responsa, escolhemos exercitar o desapego: levaríamos algumas roupas, sapatos e documentos.
Vendemos um tanto dos nossos móveis, doamos outro tanto, descartamos mais um pouco e contamos com gente linda, leve e solta que emprestou uns metros quadrados para guardar nossas coisas queridas: meu criado-mudo de infância, nossas espreguiçadeiras - primeira aquisição como casal - louças, fotos, recordações e mais isso e aquilo.
Eu não sei o que foi mais louco nesse processo: descobrir que a gente tinha coisa pra caramba ou me dar conta de que não é assim tão difícil se desfazer, seja lá do que for.
Sem mudança para desencaixotar, a vida em Houston foi mais simples.
Como o tio Sam aluga apartamento com cozinha equipada, nos preocupamos apenas em adquirir o necessário: cama, mesa, banho, sofá, escrivaninha... Claro que não pude evitar algumas panelas, um vaso, e velas, e cortinhas. Porque eu amo cortinhas. Já disse? Nossa, como a gente acumula!
Em Houston dei início a esse trabalho que amo: o de pesquisar e falar sobre o impacto que uma trasnferência por motivos profissionais causa em toda a família. O blog Expatriadas nasceu em julho de 2008, poucos dias depois de termos assinado o contrato de aluguel do ap. Nem internet ainda tínhamos em casa.
Foi um ano saboreando o gosto de viver em outra cultura. Um ano de muitas descobertas, inclusive, a de que seria mãe!
Voltamos para o Rio em agosto de 2009.
E eu, que apostava com quem quer que fosse, que nunca pararia de trabalhar remuneradamente - nem depois de ter um bebê - estava totalmente entregue à maternidade, mergulhada na experimentação de conceitos muito novos pra mim, transitando pela maternagem, amamentação em livre demanda, exterogestação, criação com a apego.
Foram quase 5 anos em Copacabana. E Eu? Bem eu era - sou ainda - a Carmem: mulher, jornalista, mãe, esposa, amiga. A Carmem sem sotaque, ou com um pouco de cada lugar que passei. A Carmem que não perdia um passeio no calçadão, porque eu sabia que - a qualquer momento - o Rio poderia virar lembrança. E virou!
Em meados de 2013, mais uma proposta profissional para meu marido. Mais uma mudança a organizar. Dessa vez com um herdeiro!
Não diria que foi uma daquelas mudanças de responsa, porque depois dos Estados Unidos, aprendemos a viver com menos. Mas foi uma transição complexa e muito fértil. Dela nasceu um livro infantil para tratar de mudança de casa com nossos pequenos. 
Nesses quases dois anos de Recife - atualizando: mais de 4 anos -  aprendi mais um tanto de coisas. Descartei umas certezas, reciclei umas experiências, revi algumas atitudes e o Expatriadas, até então um blog, virou um megócio para ajudar a esposa expatriada a encontrar uma motivação pessoal na mudança que não foi provocada por ela. Assim nasceu a Leve!
Se fosse fazer um esquema - porque você já cansou de ouvir que adoro esquema, lista e coisas do tipo - diria que, de Campinas, veio a base. Em São Paulo eu virei gente grande. No Rio aprendi a me virar. Em Houston vi que o mundo é maior do que imaginava e no Recife estou percebendo como posso sempre me reinventar. 
E que venha a próxima mudança! 
Quer aproveitar a expatriação para entrar em contato com a sua melhor versão? Fale comigo. Eu sei como te ajudar! Estou sempre no contato@leveorganizacao.com.br
Mais informações: www.leveorganizacao.com.br
Carmem Galbes

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá! É um prazer falar com você!

Expatriação e divórcio.

Olá, Coexpa t ! Eu poderia começar esse texto com números sobre a taxa de separação entre os casais que embarcam em uma expatriação. Númer...