Quando se está longe de casa e o processo de expatriação ainda não está lá muito bem resolvido na cabeça e no coração, a gente acaba achando que tudo é pessoal. É o bom dia não correspondido, a grosseria da balconista, o descaso do atendente, a indiferença - quando não a violência - das pessoas.
Relaxa...dizem que esse modelo "who cares?" é cultural. Não é que a pessoa não se importe com você - um estrangeiro - ela não se importa com ninguém.
Tanto que quando alguém ousa olhar para o lado, acaba virando herói.
Foi o que aconteceu com um brasileiro na China. Ele alertou uma mulher que ela iria ser roubada. Resultado: ele acabou apanhando dos bandidos em meio a um monte de gente, que se limitou a assistir a cena. No fim das contas, o cara virou manchete e levou uma grana do governo que tenta convencer os chineses de que se importar com o próximo faz bem.
Na matéria divulgada no Estadão, a escritora Lijia Zhang, autora do livro A Garota da Fábrica de Mísseis, dá uma ideia de como as coisas fuincionam na China. "Na nossa
cultura, há uma ausência de disposição de mostrar compaixão por
estranhos. Nós somos
educados para mostrar bondade às pessoas de nossa rede de guanxi,
parentes, amigos e sócios, mas não particularmente a estranhos,
especialmente se tal bondade puder potencialmente afetar seus
interesses."
Não fosse o tal do mercado, você poderia dizer: eles que se entendam.
A questão é que você pode ser o próximo transferido pra lá. Um estudo da consultoria Mercer com as 30 maiores multinacionais brasileiras aponta que metade planeja avançar os negócios no exterior nos próximos dois anos. Um dos principais endereços? China!
Relaxa?!
E você, como lidaria com esse seu ímpeto para ajudar num país que dizem ser tão hostil a solidariedade?
Carmem Galbes
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