Leve Entrevista. Seu dinheiro.

Olá, Coexpat!
Em meio a um período de rendimentos escassos, de nó na garganta nas bolsas e de disposição do governo em taxar a poupança, Xs! espalhados pelo planeta - não apenas nós, claro - seguem em busca de alternativas para, ao menos, proteger o que se tem no porquinho.
Como a distância costuma embaçar impressões e sensações, a saída foi buscar auxílio entre os especialistas em finanças pessoais.
O consultor Gustavo Cerbasi - autor dos livros Casais Inteligentes Enriquecem Juntos e Investimentos Inteligentes - é o nosso guia de hoje nessa viagem por alguma direção.
Aproveite!


Leve - Imóvel, ouro, poupança, renda fixa, ações. Tem especialista que diz que essa é a hora de se proteger, outros dizem que o momento é bom para arriscar. Que orientação o sr. dá para o brasileiro que vive em outro país, mas tem dinheiro no Brasil?
GC - A proteção e a busca do risco para obter resultados diferenciados devem andar sempre juntas. O ideal é ter a maior parte de nossa poupança investida com muita segurança, em renda fixa, ouro ou imóveis para aluguel, e uma parcela menor de nossos investimentos em renda variável, como ações e imóveis em construção ou para revenda. As alternativas de renda variável sempre se transformam em boas oportunidades durante as crises, e não devem ser desprezadas. Para saber quanto poupar em uma e em outra alternativa, uma regra que sigo e recomendo é a chamada regra dos 80, em que devemos subtrair nossa idade do número 80. O resultado da conta é o percentual de nossa carteira de investimentos que deveria estar em renda variável, indicando que devemos nos tornar mais conservadores à medida que envelhecemos.

Leve - O fato de ter conta em mais de um país pode ser usado pelo expatriado como uma estratégia de diversificação, reduzindo os riscos e as chances de perdas? Como? Pode-se falar em percentuais, que parcela o sr. sugere deixar no Brasil e quanto no exterior?
GC - O fato de o Brasil ser uma economia em desenvolvimento com fundamentos bastante sólidos, já testados durante uma grave crise, faz do país um porto seguro. Por ainda estar em um processo de consolidação de seu desenvolvimento, seus títulos públicos rendem bem e as ações são promissoras. Apesar de uma tendência de queda na rentabilidade desses ativos, ainda há muita margem de ganho acima dos mercados desenvolvidos, porém, com grande volatilidade presente, o que incomoda quem está acostumado com mercados mais estáveis. Quem poupa com objetivos bem estabelecidos, deveria deixar no país em que trabalha os recursos para as reservas de emergências e para as compras de curto e médio prazo, e enviar ao Brasil os recursos para usos previstos no longo prazo. Porém, há duas ressalvas: o envio internacional de recursos não é barato, por isso recomenda-se enviar o dinheiro em grandes lotes, após certo acúmulo. E quem não tem planos de retornar ao Brasil deve ter uma reserva maior no país em que vive, permitindo o crescimento de seu relacionamento bancário local.

Leve - Atualmente, quais economias o sr. considera mais arriscadas para manter investimentos?
GC - As economias que foram muito liberais no controle do mercado financeiro foram as que mais levaram seus investidores a perdas, sendo também as que mais estão socializando prejuízos nessa fase de recuperação. No atual estágio da crise, não é correto apontar que uma economia tem mais risco do que outra, porque o risco está, na verdade, nas empresas. Porém, direcionar as reservas financeiras para um país que foi menos afetado pela crise, como o Brasil, significa contar com uma provável recuperação mais rápida nos investimentos.

Leve - A crise pode ter diminuído o ritmo de transferências, mas ainda há empresas expatriando. Que orientações financeiras o sr. dá para quem se prepara para deixar o país?
GC - A recomendação é que não se faça planos de mudança definitiva antes de viver pelo menos 12 meses no exterior. Muitas pessoas não se acostumam com a falta da família e de seus hábitos, e por isso é sempre recomendável deixar as coisas preparadas para uma possível volta. Em termos financeiros, significa manter uma poupança no Brasil, equivalente a, pelo menos, três ou quatro meses do consumo pessoal, necessários para uma possível recolocação. Também é recomendável viajar com reservas para se manter por pelo menos três meses, permitindo ao expatriado se estabelecer em uma atividade que lhe interesse, sem a pressão das contas para pagar. Na prática, é como montar uma empresa: não basta o investimento na empreitada; é preciso contar com algum capital de giro, para que suas escolhas sejam racionais, e não emotivas.

Leve - E quanto ao caminho inverso, que dicas o sr. dá para o expatriado que se prepara para voltar ao Brasil? Vale a pena manter investimentos fora?
GC - Normalmente, a decisão de voltar ao país é mais definitiva do que a de partir. Nesse caso, desmontar a estrutura de vida mantida no exterior é uma escolha menos arriscada. Quanto à uma eventual poupança formada e investida fora do país, é preciso levar em consideração se a família não voltará a fazer viagens internacionais, podendo contar com esse conveniente saldo no exterior, tanto como forma de ter liquidez em gastos fora do país, quanto como forma de diversificação de risco nos investimentos.

Leve - Gostaria de acrescentar algo?
GC - É importante ressaltar que a atual solidez econômica da economia brasileira diferencia o país como oportunidade de multiplicação de poupança. O que diferencia um país emergente de país mais desenvolvido, em termos de comportamento dos investimentos, é a maior volatilidade, ou sobe-e-desce dos indicadores. Isso é decorrência do menor tamanho dos mercados, o que faz com que as decisões de grandes investidores tragam maior impacto de curto prazo. Porém, as boas perspectivas do país nos induzem a reconhecer que, após algum tempo, teremos muito mais subidas do que descidas nos indicadores.

Leve – Além de seus livros, faz alguma sugestão de leitura?
GC - Além dos seis livros que tenho publicados, incluindo Cartas a um Jovem Investidor, para quem está começando, e Investimentos Inteligentes, para quem já procura montar uma estratégia de se diferenciar da média dos investidores, recomendo a leitura dos livros da Coleção Expo Money, todos escritos pelos maiores especialistas em finanças pessoais do Brasil e revisados por mim. Mais informações sobre todos esses livros pode verificar as sinopses que publiquei em meu site,
http://www.maisdinheiro.com.br/livros/

Carmem Galbes

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