Cinco perguntas e uma boa surpresa! Noruega.

Olá, Coexpat!
Foi nesse ambiente de troca de informações e ideias sobre a vida de expatriada que entrei em contato com Maria Ribeiro.
A oferta profissional para o marido foi o que faltava para ela realizar o desejo de morar fora e ter outras experiências. Diferente de muita gente, que conta no calendário o dia da volta, Maria partiu para Oslo - capital da Noruega - sem a passagem de retorno.
Há sete meses longe, essa pedagoga tem feito mais que colecionar vivências. Pelo o que a gente conversa, percebo que ela tem ido fundo nesse processo de aprender na prática e sentir sem medo. Nesses últimos tempos, por exemplo, Maria tem se dedicado a estudar o universo das crianças expatriadas. Um desafio, já que o Brasil não tem muita pesquisa sobre o tema.
Interessante ouvir o que ela sentiu ao dividir com a gente parte desse processo, “aconteceu uma coisa engraçada, porque quando eu estava respondendo, passou um filme na minha cabeça com todos os fatos, a mudança, os primeiros meses aqui... Foi muito bom reviver esse início, que pode ter tido uma conotação ruim, mas que hoje reflete momentos de amadurecimento. Obrigada pela oportunidade”.
A gente é que agradece, Maria!


Cinco Perguntas:
Leve - Como foi o processo até você realmente se sentir em casa em outro país, ou isso nunca aconteceu?
MR - Meu processo não foi lento, como geralmente acontece. Eu acho que me adaptei rápido demais, o que foi uma surpresa para mim. Antes da mudança, eu pensava/imaginava que teria problemas, que ficaria doente, que choraria de saudade. Na verdade, o período entre o convite de trabalho, a decisão da mudança e a mudança foi muito curto. Não tivemos muito tempo, e ainda tinham as consequências dessa decisão, ou seja, pedir demissão no trabalho, entregar apartamento, casar, arrumar malas. Eu não pensava como seria morar na Noruega, como eu lidaria com o tempo, como seria comer outras comidas. Eu imaginava a mudança, mas não como seria a vida nos primeiros meses, quando os planos inicias mudaram. Então tive que buscar meus caminhos alternativas para lidar com os medos e as inseguranças. Eu me sinto em casa, tenho clareza que não sou norueguesa, mas tenho todos os direitos de um norueguês. Eu acho que isso ajuda bastante, ter os direitos respeitados e ter deveres a cumprir.

Leve - O que é ou foi mais difícil durante a sua expatriação?
MR - O mais difícil é e sempre será ficar longe da família e dos amigos. Isso até é possível amenizar. Com as ferramentas de comunicação online estamos sempre perto, mesmo longe. Quando estávamos organizando a mudança, foi difícil vender meus livros, não tinha onde deixá-los, eram muitos, então, resolvi vender parte deles, o que me fez chorar. Naquele dia senti a mudança, porque me desfazer de objetos foi fácil, mas dos livros foi dolorido. Depois, já com tudo organizado, casa arrumada, objetos no lugar, acho que foi difícil ocupar o tempo. Como eu não trabalho, me senti (talvez até sinta) meio perdida. Mas depois fui buscando coisas, mantive vínculos com alguns projetos no Brasil. Hoje, me falta tempo! Uma coisa que me ajudou muito no início foi aceitar a ideia que minha estada na Noruega não era limitada, não tinha data para acabar. Desde o início, eu pensava em projetos a longo prazo, pensava em uma mudança definitiva.

Leve - O que faria diferente?
MR - Acho que não viria com tanta expectativa em relação a uma determinada situação. No meu caso, tinha uma possibilidade de trabalho, na qual eu me agarrei e fiquei frustrada porque não deu certo. A vaga não foi criada e eu fiquei emocionalmente abalada, questionando se tinha feito o certo. Mas depois eu percebi que não era o momento, porque eu precisava melhorar meu inglês, me adaptar, para depois me aventurar no mercado de trabalho. Então, não criaria tantas expectativas, deixaria acontecer.

Leve - Toparia ser expatriada de novo?
MR - Com certeza! Quero morar em outros lugares, conhecer outras culturas, aprender a fazer comidas diferentes, viajar. Abraçar o mundo!

Leve - Quais expectativas se concretizaram e quais viraram pó depois da mudança?
MR - As expectativas que se concretizaram estão relacionadas à qualidade de vida, esperava ter uma vida mais calma, morar numa cidade segura, ter o Estado presente. Isso é muito importante para o processo de adaptação, quando você percebe que sua vida pode ser melhor do que era antes. Eu imagina que Oslo era uma cidade sem graça, sem muitas coisas para fazer, mas depois, com o passar do tempo, percebi que o que temos é coisa para fazer, como passeios, visitas, viagens. Não comer arroz e feijão também virou pó, pois consigo comprar tudo e até fazer feijoada. Aprendi a controlar a saudade também, manter o contato com os amigos, conhecer pessoas novas. Outra coisa que foi por terra foi o medo do frio, que era uma preocupação inicial. E achava que não aguentaria, que sentiria muito, ficaria doente. Nunca fiquei gripada ou dei um espirro, não deixei de sair de casa nenhuma vez porque tinha neve ou fiquei triste com os dias escuros. Mas confesso que estou ansiosa pelo verão.

A boa surpresa:
Foi perceber que amadureci, deixei minha ansiedade de lado e aprendi a viver um dia de cada vez, sem medos e expectativas.

3 comentários:

  1. Nossa muito legal essa entrevista! Eu quero muito me mudar para a Noruega. Só com o inglês dá para se virar por lá ou é preciso saber falar norueguês mesmo?
    Bjs

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  2. Boa noite Maria!!!

    Parabéns pelo livro!

    Por um acaso você foi aluna da Tia Soninha?

    Crenir.

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  3. Boa noite e parabéns!!!!!!!!

    Por um acaso você foi aluna da tia Soninha?

    Crenir.

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Olá! É um prazer falar com você!

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