Choque cultural e suas cutucadas...

Olá, Coexpat!
Depois das dicas sobre como fazer bons negócios, esticar o dinherim, enfim, comprar melhor, a notícia agora nos programas matinais de TV nesse período pós natal é o que fazer com a mercadoria que você comprou e não quer mais.
Interessante esse negócio por aqui. Você vai à loja, gasta ou investe - como preferir - tempo, paciência e dinheiro e depois ainda tem a oportunidade de se arrepender.
Ainda não precisei apelar ao benefício, mas o fato é que isso pode ser bem legal. Às vezes acontece. Você acha que a blusa vai combinar com aquela saia, mas só quando chega em casa percebe que não caiu bem.
O fato é que tem muita gente que simplesmente compra e só decide se queria mesmo comprar dias e quilômetros depois. Deve ser por isso que o povo vive carregado de sacolas.
É simples. O sujeito arrependido, munido de nota fiscal e da mercadoria sem uso - é importante salientar isso aqui - volta à loja e diz que não quer mais brincar. Devolve o produto e a loja devolve o dindim. Isso mesmo, é verdinha na mão, não tem essa de ter que trocar por outro produto. É satisfação garantida ou seu dinheiro de volta - lembra do slogan da Sears?
Pois bem, tentei traduzir isso para a cultura brasileira. Será que funcionaria no mercado verde e amarelo? Será que as pessoas seriam realmente honestas a ponto de devolver a mercadoria sem uso?
A resposta: não sei e não ouso adivinhar. Sei que por aqui essa estratégia dá o que falar.
Dan Ariely, um renomado estudioso da relação do ser humano com as finanças, acredita que é a oportunidade que define o caráter. Ele traz em seu livro “Previsivelmente Irracional”, alguns dados sobre como o americano lida com a devolução de mercadorias.
De acordo com o livro, as lojas nos Estados Unidos perdem, em média, US$ 16 bilhões por ano com clientes que têm por hábito usar a roupa com a etiqueta escondida para não perder o benefício da devolução.
Esse valor, segundo o autor, é quase 30 vezes maior que a perda que os Estados Unidos têm por ano com os chamados roubos tradicionais, aquele em que o ladrão leva o carro ou invade a casa.
Engraçado que, apesar disso, o mecanismo não sai de cena. É sempre assim, um monte de gente comprando e devolvendo a mercadoria que não deveria, mas está usada.
Dan Ariely fala da perda para as lojas. Mas “pera lá”, será que o comércio perde mesmo ou passa a bola pra frente? Será que o benefício da devolução se mantém porque a mercadoria simplesmente volta para a venda como se fosse sem uso? Quanta gente está comprando o novinho em folha usado só algumas vezes? Será que o prejuízo se limita aos bilhões de dólares ou devemos incluir também outras perdas, como a de confiança nas pessoas e no sistema?
Então, fico aqui pensando...Será que tem muito...ah, deixa pra lá...vou dar uma volta.


Carmem Galbes
Imagem: SXC

3 comentários:

  1. Quanto mais aprendo sobre os "Estados Bunitus", mas acho que é a Terra dos Exremismos. Apesar do absurdo, eu acredito que os lojistas realmente perdem as mercadorias que estão aparentemente usadas, ou absolutamente todas devolvidas por medo dos famigerados law suits... Medo puro...
    Gostei do livro. Vou procurar por aqui.
    Bjs!

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  2. Será que no Brasil isso não funciona porque o pessoal abusa ou o pessoal abusa porque poucos lugares têm essa facilidade?

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  3. Oi Selma,
    Sei lá...brasileiro é desconfiado...
    Bjs.

    Oi Tati,
    Pelo jeito, acho que um comentário é pouco mesmo para essa pergunta...

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