Desejo e gozo.

Olá, Coexpat!
Numa sexta-feira dessas defendi a importância do ócio, do lazer, do papo pro ar ou o nome que você preferir para o famoso “dar um tempo”.
Engraçado, como é difícil aceitarem - me incluo - que me propus a ficar um período sem seguir a cartilha sócioprofissional. 

Sempre chega a pergunta, 'e aí o que tem feito?' 
É muito estranho responder: nada!
Mas eu estou fazendo nada mesmo. Nada do que dizem que deveria fazer nesse período de coexpatriada. 

Não, não estou fazendo trabalho voluntário. Também não, não participo de grupos de mulheres de-sei-lá-o-que. E não, não estou grávida. 
Desculpe, não, não e não. 
Ok, estou estudando, quero viajar o que puder e experimentar, experimentar e experimentar. Adoro número primo!
Mas não é que envolvida nesse meu projeto bloquímico, sim - porque, pra mim, lidar com tal tecnologia é quase tão difícil quanto entender química - lembrei de uma palestra da psicanalista Maria Rita Kehl.
Ela falava sobre passividade quando soltou a trovoada: "até a morte estamos entre o desejo e o gozo, queremos estar muito mais tempo no gozo, mas a vida é mais valiosa à medida que dedicamos mais esforços em alimentar o desejo."
Não tem jeito, o desejo é o combustível do dia seguinte. A gente morre é de prazer!
Claro que batalho para não cair no desejo comum, alienado. Aqui, pelo menos aqui, quero desejar para o bem, para o meu bem. Busco o desejo que resulte - tomara - em uma satisfação realmente plena e pessoal.
Mas hoje é sexta. E só posso desejar uma coisa: que o mundo tenha um fim de semana de gozo total.


Carmem Galbes

2 comentários:

  1. Como fui apresentada ao seu site ontem, não resisti e li tudo hj! Parabéns, está muito legal e interessante... estabelecer essa comunidade parece-me um grande "desejo" que permitirá pleno "gozo" num futuro não muito distante, e a decisão de cultivá-la e expandí-la pode se tornar em vários outros desejos, servindo de oxigênio para manter a chama acesa! Pensando que poderia trazer outras perspectivas às visões que obtive com as leituras...aqui vão my two cents (or "pennys") of contribution.

    Então, como uma X que também veio pro mundo novo trabalhando, as minhas aflições foram um pouco diferentes. Quando cheguei, com o trabalho e todo o furacão da vida nova acontecendo, não tive tempo algum de sentir falta de nada... tanta coisa ao mesmo tempo que tirou da minha cabeça qualquer preocupação com o que estava ficando para trás. O que eu mais senti falta (depois de gente e da minha cachorrinha que ficou) foi de TEMPO! A vida americana não lhe permite determinados confortos do terceiro mundo, como uma alguém para fazer o trabalho de casa todos os dias! Mas, se for para que todos nós tenhamos uma melhor situação de vida, tô disposta a abrir mão do meu conforto e me tornar mais prática (embora haja controvérsias sobre a minha praticidade, basta conversar com o meu marido) :o)!

    Eu acho que não importa muito em que situação alguém resolve mudar (como ex-isso ou neo-aquilo), mas o que lhe abunda ou faz falta vai depender da posição na qual estiver. Vou me explicar: como havia lhe falado, para mim bem-sucedida(o) é aquela(e) que pode se dar ao luxo de fazer o que quer! Em outras palavras, seja qual for a decisão sobre o que aquela pessoa quer ser naquele momento da vida, se ela puder implementar a decisão, essa pessoa é o que chamo de bem-sucedida! Não importa se a decisão é ser ex-empregada, ex-moradora do país XPTO, ou ainda de ser a neo-mãe, neo-estudante ou neo-qualquercoisa! É a partir daí que as coisas que vc quer ou sente falta mudam (baseado no que vc tem). No meu caso, nos primeiros meses, o item que mais me faltou foi tempo. Somos eternos insatisfeitos (acho que isso deve ser bom!) e por isso as nossas necessidades irão variar com base na posição que estiver (de ex ou neo-algo), satisfação com a posição que escolheu (ou lhe foi escolhida), personalidade e o que é capaz de extrair do ambiente onde está (incluindo a capacidade de concentrar nas coisas boas ou ruins)... ichi, tá virando filosofia, vamos mudar de assunto.

    Falando nisso, não posso deixar de mencionar que MUDAR é uma TROCA (aliás, estas palavras são sinônimos em algumas situações) e a mudança só vai valer a pena se, na troca, existir um equilíbrio. Ou seja, para quem sai do Rio, uma cidade linda e maravilhosa, com família e amigos muito queridos, e ainda um bom conforto, só vale a pena a troca se outros fatores entrarem na equação: segurança (como oposto de violência), possibilidade de conviver com outras culturas, maior poder aquisitivo (o tal do "pé-de-meia"), viagens etc... Enfim, tudo tem um preço, que não é necessáriamente traduzido em pecúnia, mas tem o seu valor na hora do trade-off... não há lugares perfeitos ou pessoas perfeitas... então, coloque na balança tudo o que tem e o que não tem, decida o que está e o que não está disposta a tolerar e, voila, crie a sua fórmula para ser feliz!

    Beijocas.
    Carol Azeredo Guerra

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  2. Carol,
    Quem tem o dom da argumentação é outra coisa, né...
    Obrigada pelas centenas e centenas e centenas... de "pennys".
    Seja sempre bem-vinda! Bjs.

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Olá! É um prazer falar com você!

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